Direitos Humanos não têm idade - Jornal Cruzeiro do Vale

Direitos Humanos não têm idade

Por Cristian Reis da Luz, presidente da Sociedade de São Vicente

Falar em Direitos Humanos significa, antes de mais nada, promover ou restaurar a dignidade da pessoa. Nessa semana, em que celebramos 72 anos da Declaração dos Direitos Humanos, convido à reflexão: Direitos Humanos não têm idade! Diante de uma crise sanitária que assola o mundo, na qual vemos os idosos cada vez mais vulneráveis, é importante chamar a atenção para a qualidade dos cuidados que são oferecidos à população idosa do nosso país – um público que cresce a cada ano.

Isso porque, vale destacar, o fato de as pessoas estarem vivendo mais, não significa que elas estejam vivendo com melhor saúde e tendo suas necessidades atendidas. Diante do novo cenário, é fundamental compreender as implicações das mudanças demográficas, para que as sociedades estejam preparadas para atender uma população envelhecida. No Brasil, especificamente, isso é ainda mais importante, pois o envelhecimento populacional ocorre rapidamente e ainda diante de muitos conceitos inadequados.

À uma situação extraordinária como essa não se pode dar uma resposta usual, mas uma reação nova e diferente. A ONU, por meio da iniciativa Década de Envelhecimento Saudável (2020-2030), por exemplo, sugere a atuação consistente em quatro áreas: combate ao preconceito etário, construção de ambientes amigáveis, alinhamento dos sistemas de saúde, cuidado a longo prazo.

Combater ao preconceito etário começa por mudar a forma como pensamos, sentimos e agimos com relação à idade e ao envelhecimento. Hoje, apesar de todas as contribuições e ações que as pessoas idosas fizeram às suas comunidades e familiares, ainda existem muitos estereótipos (como pensamos), preconceito (como nos sentimos) e discriminação (como agimos) em relação às pessoas com base em sua idade. O envelhecimento afeta pessoas de todas as idades, mas tem efeitos particularmente prejudiciais sobre a saúde e o bem-estar das pessoas idosas.

A construção de ambientes amigáveis diz respeito a lugares onde as pessoas possam crescer, viver, trabalhar, brincar e envelhecer, ou seja, uma comunidade amigável à idade é um lugar melhor para todas as idades.

Os sistemas de saúde devem estar preparados para prestar uma assistência de saúde de boa qualidade as pessoas idosas, que seja integrado entre prestadores e serviços e esteja ligado à prestação sustentável de cuidados de longo prazo. Integrar os setores saúde e social em uma abordagem centrada nas pessoas é fundamental para um melhor cuidado com as pessoas idosas. Além disso, a implantação de serviços orientados à manutenção e melhoria da capacidade funcional é essencial para alcançar o envelhecimento saudável.

Cuidados a longo prazo são necessários, pois a diminuição das habilidades físicas e mentais pode limitar a capacidade das pessoas idosas de se cuidarem e participarem da sociedade. A maioria das pessoas que precisa cuidados de longo prazo é de pessoas idosas, sendo que grande parte vive em comunidade e recebe cuidados de cuidadores informais (familiares, amigos).

Ligados à administração de mais de 600 Lares de Caridade filantrópicos distribuídos por todo o país, nós, da Sociedade de São Vicente de Paulo, sabemos que a rotina para oferecer os cuidados necessários aos idosos carentes é desafiadora.

Essa realidade, entretanto, pode ser modificada com uma pequena contribuição de todos. E o início dela é a conscientização. Para que os idosos sejam vistos como um dom e um recurso, e não apenas como vulneráveis, separados das comunidades. Os idosos são parte integrante da família, uma fonte de apoio e de encorajamento para a geração mais jovem.

 

Edição 1981

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