Só quem reside em áreas distantes conhece as dificuldades enfrentadas diariamente pelos moradores da localidade do Alto Baú.
Situado no interior da cidade de Ilhota, o bairro oferece pouca ou nenhuma infraestrutura para as 69 famílias que escolheram o local para viver. Os horários de ônibus são escassos, a coleta do lixo é rara, não há linha de telefone fixo, faltam professores na única escola que atende as 39 crianças do bairro, faltam vagas no Centro de Educação Infantil, e faltam médicos e enfermeiros para atender a comunidade.
Apesar dos problemas, a lista de dificuldades enfrentadas pelos moradores da longínqua localidade vai diminuir a partir desta sexta-feira, 20, quando será reinaugurado o posto de saúde do bairro, que passará a oferecer atendimento médico uma vez por semana. No local também trabalhará uma enfermeira, que estará três vezes por semana disponível para atender a comunidade. ?Finalmente vamos voltar a ter médico aqui em nosso bairro. Estávamos sendo atendidos primeiro no posto do Braço do Baú, depois no Baú Central, e agora seremos atendidos aqui perto de casa. Vai facilitar muito a nossa vida?, comenta a moradora Irene Waltrich, 60 anos, que utiliza a rede pública de saúde mensalmente.
Os avanços na área da saúde animam os moradores, que esperam um dia também resolver os outros problemas que atingem a pequena comunidade. ?Aqui vamos mais para Blumenau do que para Ilhota, pois há mais horários de ônibus para lá. Acho que se tivéssemos mais linhas para Ilhota iríamos mais para lá?, comenta o morador Jeferson Fauro.
O morador Luiz Fernando Kuth é o professor responsável pela Escola Pedro Teixeira de Melo. Ele também espera, em breve, ver solucionado o maior problema da escola: a falta de professor de Artes e de Educação Física. ?Enquanto estes profissionais não são contratados eu e a outra professora é que estamos dando estas aulas?, revela.
Empregos
Mas nem só de dificuldades vivem os moradores do Alto Baú. No local onde há tantas faltas, sobram empregos. A Associação das Costureiras, fundada após a catástrofe de 2008, está com trabalho sobrando e precisa de profissionais para o quadro de colaboradores. No local trabalham 14 pessoas , que no momento prestam serviços para a empresa Teka. Os trabalhos acontecem em um galpão ao lado da escola, pois as obras de construção da sede própria ainda estão só no fundamento.
A sobra de empregos é consequuência da falta de creches para deixar as crianças. Cirlene Aparecida de Lima é uma das muitas moradoras do bairro que não pode trabalhar, pois não tem com quem deixar a filha de quatro anos de idade. ?Já pedimos muito por uma creche, mas ainda não fomos atendidos. É difícil porque não posso trabalhar sem ter onde deixar minha menina. Agora ela está indo no Pré, com apenas quatro anos, mas também é só por meio período?, comenta.
Apesar da afirmação da mãe, a equipe da Secretaria de Educação explica que as crianças do Alto Baú são atendidas no CEI do Maria Terezinha Hammes Schmittz, no Braço do Baú, e que há vagas em praticamente todas as creches do município. Os pais interessados devem entrar em contato com a secretaria.Lixo
A coleta do lixo na localidade do Alto Baú acontece apenas de quinze em quinze dias. Segundo a moradora Irene Waltrich antes a coleta era ainda mais precária e acontecia apenas uma vez ao mês. ?Precisávamos que fosse coletado pelo menos uma vez por semana, pois nossas ruas ficam sempre cheias de lixo?, comenta a moradora. Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, a coleta de lixo ocorre uma vez por semana e só não acontece quando ocorre algum problema técnico com o caminhão ou quando há muita chuva e ocorre algum deslizamento. Ainda segundo a assessoria, não há necessidade de ser mais do que uma vez, pois não há demanda.
Tragédia
Além das dificuldades normais de uma localidade distante, os moradores do Alto Baú ainda enfrentam as dificuldades deixadas pela tragédia de novembro de 2008. O local foi bastante destruído e as marcas ainda estão pelas ruas para lembrar a todos o difícil momento vivido com a queda das barreiras. Uma das últimas barreiras do bairro está sendo removida pela equipe da Secretaria de Obras, que nesta semana estava trabalhando no local.
Escola
A escola Pedro Teixeira de Melo atende 39 crianças que residem no bairro. Dois professores trabalham no local, que oferece aulas de pré a quarta série. Além da falta de professores de educação física e artes, a escola ainda enfrenta outra dificuldade: os alunos que precisam de atendimento especial precisam ser levados até à Secretaria de Educação para serem atendidos. ?Em todas as outras escolas da cidade a Secretaria envia psicólogo e fonoaudiólogo para atender as crianças na própria escola, mas aqui, como é muito distante, os profissionais não vem e como não tem ônibus preciso levá-los com meu carro?, revela o professor responsável, Luiz Fernando Kuth. Segundo a equipe da Secretaria de Educação, estes dois profissionais pediram a conta na semana passada e a Secretaria já está em busca de novos profissionais. Em, no máximo duas semanas, estes novos profissionais já estarão atuando nas salas de aula.
Ônibus
Apenas os ônibus da empresa Verde Vale circulam pelo Alto Baú e fazem os transportes dos moradores até a localidade do Belchior. Os ônibus passam apenas ao meio, para levar os trabalhadores para a fábrica, e à noite, quando os trabalhadores retornam. Ônibus da Secretaria de Educação fazem o mesmo trajeto, e levam os estudantes maiores para a escola Frei Godofredo, no Belchior. Para ir até Ilhota, os moradores que não possuem carros precisam se programar, pois apenas duas vezes por semana é que podem utilizar o ônibus da Secretaria de Educação, que leva as pessoas até a escola do Baú Central, onde eles pegam outro ônibus para chegar até o centro da cidade. Conforme explica a assessoria de imprensa da Prefeitura, os ônibus da Secretaria de Educação transportam os alunos até a escola e como há apenas dois horários de aula, matutino e vespertino, a equipe justifica que não há necessidade de ampliar os horários.Igreja
Depois de ver seu templo destruído pela lama que caiu dos morros durante a tragédia de novembro de 2008, os fiéis da Assembleia de Deus começam agora, quase dois anos depois, a construir uma nova igreja.
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