Elas se preocuparam em aumentar a rentabilidade ? muito mais do que simplesmente gerar mais receitas ?, revisaram processos internos para reduzir custos e investiram no treinamento de seus colaboradores. Estas são as características que moldam o perfil das 250 pequenas e médias empresas que mais crescem no Brasil, de acordo com levantamento realizado pela consultoria Deloitte e publicado em edição especial da Revista Exame PME.
O ranking, baseado na expansão da receita líquida entre 2008 e 2010, engloba companhias com faturamento entre R$ 5 milhões e R$ 250 milhões com sede no Brasil e que estão em atividade há pelo menos cinco anos. Na edição deste ano, 12 empresas catarinenses figuram na lista. A boa notícia para o Estado é que a campeã nacional é daqui. A pomerodense Ekotex teve o maior crescimento entre as avaliadas ? foram incríveis 1.145,5% nos últimos três anos.
A lista barriga-verde ainda tem Queiroz Mello (6ª), Microvix (28ª), Cianet Networking (45ª), Vitsolo (57ª), Selbetti (69ª), Copa & Cia (97ª), Domínio Sistemas (100ª), Grupo Kily (152ª), Dudalina (191ª), Farben (205ª) e Altenburg (244ª). Juntas, estas 12 empresas faturaram em 2010 cerca de R$ 733,0 milhões ? um crescimento de 34% em relação a 2008, quando somaram R$ 547,3 milhões.
Quatro empresas se mantém da lista
Santa Catarina tem um representante a menos no ranking em relação à pesquisa feita em 2010 ? no ano passado eram 13 empresas do Estado na lista. Neste caso, o comparativo não tem muita importância. Isso porque as empresas destacadas apresentam taxas de crescimento superiores à média brasileira e também de seus segmentos. Além disso, é preciso considerar que o cenário econômico-político pode beneficiar ou prejudicar determinados setores da economia. Também é difícil imaginar que o ritmo frenético de crescimento de alguns casos se estenda ano após ano. Por tudo isso é bastante comum que empresas que apareceram em listagens anteriores, mesmo tendo registrado expansão de receita em 2010, não estejam nesta edição.
Apesar dessa série de variáveis, cinco empresas catarinenses que estavam no ranking em 2010 repetiram o feito este ano. A Queiroz Melo ocupava a quinta posição e passou para a sexta. Entre 2007 e 2009, o incremento de faturamento da empresa foi de 628,2%. Entre 2008 e 2010, no entanto, este índice já foi menor, de 453,4%.
A Domínio Sistemas é outra que marcou presença novamente este ano. Aliás, a fabricante de softwares para a área contábil de Criciúma vem colecionando uma série de títulos. Só este ano já figurou em dois levantamentos das melhores empresas para trabalhar no Brasil ? no geral e também na área de TI, ambos do Great Place To Work. O diretor comercial Emerson Colombo lembra que o sucesso de uma empresa passa pelos seus colaboradores, e como o principal objetivo é a busca da liderança, o aprimoramento faz parte dessa caminhada. ?Esse aprimoramento constante é que faz com que a empresa garanta aos seus clientes rapidez, segurança e sistemas de qualidade?, destaca. ?A Domínio acredita no valor das pessoas, que aqui se sentem valorizadas e motivadas?, acrescenta. Entre 2008 e 2010, a empresa contabilizou um crescimento na receita de 68,6% ? entre 2007 e 2010 foi de 91,9%. O faturamento para este ano, estima Colombo, deve chegar aos R$ 48 milhões.
As demais empresas que estão pelo segundo ano seguido no ranking são a Vitsolo, de Balneário Camboriú, que contabilizou expansão de 109,6% entre 2008 e 2010 ? de 2007 a 2009, esse índice foi de 104,1%; o Grupo Kyly, de Pomerode, cuja receita subiu 45% entre 2008 e 2010 ? a variação foi de 59,6% entre 2007 e 2009; e a Farben, de Içara, que viu a receita subir 30,7% de 2008 a 2010 ? índice que foi de 41,4% entre 2007 e 2009. Portátil, Wheb Sistemas, Grameyer, Librelato, Reivax, Lepper, Senior Sistemas e Lojas Certo, que figuravam na lista no ano passado, não estão nesta edição.
Os segredos da campeã Ekotex
A vida de Marcos Frederico Neves Pessanha mudou em 2008 quando ele decidiu comprar parte das ações da Ekotex, empresa de Pomerode que fabrica e comercializa insumos químicos para a indústria têxtil. ?Eu trabalhava em uma empresa concorrente, tinha um bom salário e estabilidade. Mas decidi sair da minha zona de conforto?, conta, em entrevista ao Noticenter.
Quando Fred, como o empresário é mais conhecido, assumiu os trabalhos ? ao lado do sócio Antonio Carlos Primarano ?, a Ekotex tinha problemas com fornecedores e na administração do negócio. A ordem foi fazer uma faxina completa. O primeiro passo foi modernizar a gestão. ?Instalamos um novo ERP, já que o sistema antigo não atendia as nossas necessidades?, lembra. A empresa também começou a tratar clientes de forma diferenciada, oferecendo descontos aos melhores compradores.
Essas medidas ajudaram a estabilizar o caixa, mas foi a conquista de quatro grandes clientes que fez a receita disparar: Malwee (da qual a Ekotex é responsável hoje por todo o acabamento), Têxtil Farbe, Cores e Tons e Malhas Menegotti. ?Foram clientes que acreditaram no trabalho da Ekotex, mesmo sendo uma empresa pequena. É claro que, depois, ter o aval delas ajudou a abrir muitas portas?, conta Fred.
O faturamento da Ekotex passou de R$ 404 mil em 2008 para R$ 5,0 milhões no ano passado ? uma variação de 1.143,5%, a única que superou a barreira milenar entre as empresas do ranking. O empresário faz questão de creditar o sucesso à sua equipe. Hoje a Ekotex tem apenas 11 funcionários, entre engenheiros e técnicos químicos, pessoal administrativo e aprendizes, que ganham benefícios como assistência médica e bolsas de estudo para cursos de graduação e inglês. ?Temos uma equipe pequena, mas coesa. Graças a essa proximidade todos participam das decisões da empresa?, diz Fred.
A Ekotex tem uma capacidade instalada para produzir, por mês, de 400 a 500 toneladas de insumos químicos, que variam entre produtos para acabamento, preparação e tinturaria. A empresa possui 32 clientes, que incluem outras gigantes têxteis como Hering e Marisol. De acordo com Fred, a meta é encerrar o ano com 40 clientes. Ele sabe que o ritmo de crescimento da empresa não será intenso quanto nos últimos anos, principalmente em função das recentes turbulências do mercado têxtil. Mesmo assim, projeta um aumento de 20% nas vendas para 2011.
Confira abaixo a lista de empresas catarinenses:
Posição | Empresa |
1 |
Ekotex |
6 | Queiroz Mello |
28 | Microvix |
45 | Cianet Networking |
57 | Vitsolo |
69 | Selbetti |
97 | Copa & Cia |
100 | Domínio Sistemas |
152 | Grupo Kyly |
191 | Dudalina |
205 | Farben |
244 | Altenburg |
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