Ivonete Prihn, faccionista do bairro Sete, conta que atualmente trabalha com malharias que reconhecem o trabalho feito por sua equipe, porém, já enfrentou muitas dificuldades devido ao aumento de trabalho e pouco pagamento por parte de muitas malharias. Segundo ela, a cada dia surgem novas peças no mercado, com muitos detalhes e bordados, que exigem muito trabalho das costureiras. "Quanto mais detalhes as peças têm, mais trabalho enfrentamos para produzi-las. Tem peças que nós temos que passar umas quatro vezes na overlock, depois na cobertura, depois na reta, para então ficar pronta e recebemos só 0,45 centavos por cada uma. É muito pouco. Para termos lucro precisávamos receber pelo menos R$1 por peça", conta.
Para a faccionista Rubia dos Santos, os preços baixos são conseqüência do excesso de mão de obra. "Têm muitos malheiros que oferecem para a gente um valor muito baixo, nós não aceitamos, mas tem outras facções que estão sem trabalho e aceitam receber o valor inferior", destaca Rubia.
Segundo a categoria, o que falta na cidade é um sindicato que represente as facções e possa reunir todos os proprietários para ajudar na decisão do valor a ser pago por cada peça produzida. "Se tivéssemos mais união na categoria seria mais fácil receber o valor que cada peça realmente vale. Muitas vezes trabalhamos muito sem receber o valor devido", comenta Ivonete.
Um outro faccionista, que não quis se identificar, destaca que os maiores problemas enfrentados pelas facções hoje são conseqüência da falta de reconhecimento por parte das malharias. "Como não recebemos o valor real de produção de cada peça, enfrentamos dificuldades. Não conseguimos pagar o INSS, água, luz, pois trabalhamos sem receber o valor devido de cada peça produzida", reclama o faccionista que revela que para muitas malharias, além de receber um pagamento irrisório, os facccionistas ainda têm que fornecer a linha utilizada no produto.
Sindicato
Renato Valim, diretor do Sindicato das Indústrias da Fiação, Tecelagem e Vestuário, Sintex, destaca que, sendo empresa devidamente constituída as facções estarão ligadas ao Sindicato. O diretor revela que esta é a primeira vez que recebe este tipo de reclamação, mas alerta que trata-se meramente de uma relação comercial, onde o faccionista presta serviço a outra empresa e segundo ele, como entidade representativa o Sindicato não tem como agir em relação a questão.
O que Renato recomenda aos faccionistas é que façam contratos bem elaborados na hora de prestar o serviço, e procurem otimizar os custos internos, para não perder a competitividade.
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