Por Thiago Moraes
A inflação em 2015 foi cruel. E ainda atingiu a maior alta dos últimos 11 anos, desde que a Fundação Getúlio Vargas começou a calcular o custo de vida de quem ganha menos. A inflação subiu, e ainda mais para as famílias que vivem com até R$ 2 mil por mês. Pelos dados divulgados pela FGV, o custo de vida aumentou 10,53% no ano passado. Mas, para as famílias de menor renda, a alta foi de 11,52%.
Jandira Marques, moradora do bairro Sete de Setembro, abandonou as compras mensais em supermercado para realizar aquisições semanais ou quinzenais. “Está difícil para nós assalariados. Antigamente a carne era o que mais encarecia, atualmente percebo que ela ganhou a companhia de frutas e verduras”, relata a dona de casa de 48 anos.
Os índices de inflação são usados para medir a variação dos preços e o impacto no custo de vida da população. O índice é calculado com base numa cesta de centenas de produtos, como tomate, sabonete e celular, por exemplo. São mais de 400 itens que compõem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, IPCA, a inflação “oficial” do país. “Tenho percebido aumento nos preços de forma geral nas compras que faço no comércio e na alimentação. A questão é cortar custos secundários e priorizar as necessidades básicas, em especial para nós que ganhamos um salário que tem o seu teto baixo”, conta Domingos de Alcântara, morador do bairro Coloninha.
De acordo com a FGV, os produtos e seu peso variam conforme a faixa de renda da população. Por isso, existem diferentes índices de inflação, sendo o mais citado o IPCA, e é feita por órgãos especializados, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, a FGV e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.
Leandro Mendonça de Carvalho, morador do bairro Belchior Baixo, informa que costuma planejar suas contas e também realizar uma reserva financeira para cobrir imprevistos. “A gente sempre tem um custo a mais. Costumo fazer uma reserva na media do possível para evitar problemas em meu orçamento, relata.
De acordo com a economista e professora universitária da Universidade de Guarulhos/SP, Nilza Siqueira, em 2015 o que mais pesou no bolso do brasileiro foi o aumento de preços dos alimentos e das bebidas, conforme o IPCA. No caso dos alimentos, além dos custos adicionais gerados pelo aumento da energia elétrica, combustíveis, frete, os preços também são afetados por fatores climáticos, segundo a economista. “Para o consumidor acarreta perda do poder aquisitivo, que somada a questões como desemprego e inadimplência pioram ainda mais o cenário econômico. Além da crise econômica, o país também vive uma crise política que precisa ser resolvida o quanto antes. Os preços dos alimentos foram, mais uma vez, a maior causa da inflação”, analisa.
Início de ano é sempre um período de muitos gastos, dentre esses dois dos que mais preocupam são o IPVA e o IPTU. Um dos erros cometidos é deixar de se programar para despesas como essas, uma vez que são fixas. Essas contas, somadas a outros gastos, como matrícula e material escolar, acaba complicando o orçamento. “Falando especificamente do IPTU e IPVA, uma dúvida muito comum é em relação à condição de pagamento: à vista ou a prazo? Mas, antes de ter essa resposta, é preciso saber em que situação financeira se encontra: endividado, equilibrado financeiramente ou investidor. Se for a primeira ou segunda opção, já se sabe que não conseguirá realizar o pagamento inteiro de uma vez, sobrando o caminho do parcelamento”, opina Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educação Financeira.
Em Gaspar, os carnês do IPTU estão sendo distribuídos até 29 de fevereiro. O imposto pode ser pago à vista, com 15% de desconto até 20 de março de 2016, ou parcelado em cinco vezes. O reajuste do IPTU foi de 10,97%.
Energia elétrica: Os gastos de energia elétrica são um dos que mais apresentam excessos. Chuveiro utilizado em excesso e quantas vezes as luzes ficam ligadas ou a geladeira aberta são casos recorrentes no dia a dia. Reduzir essa despesa representará uma economia substancial.
Telefone: Deve ser repensado. É preciso comparar o valor das tarifas sempre que possível. A opção deve ser pela menos custosa e não pela mais prática, quer no ramo da telefonia fixa ou de celular.
Reciclagem de produtos: O desperdício é recorrente, portanto, é possível reciclar desde alimentos até roupas e materiais escolares, sem perder a qualidade. Antes de ir ao supermercado, faça uma lista de compras. Tenha também cuidado com as “promoções”.
Compare os preços: Seja em lojas, supermercados ou até restaurantes; é fundamental que se faça essa comparação, pois as variações são, muitas vezes, consideráveis. Evite produtos de “grife”, uma vez que nem sempre representam um produto de qualidade superior, mas apenas status.
Economize ao utilizar o veículo: Não é necessário fazer tudo de carro; andar pode ser saudável e econômico. Além disso, é importante manter o carro revisado para que imprevistos não estourem as finanças.
Para muitas empresas, 2015 foi um ano de grandes dificuldades, em consequência da crise econômica no país. Em 2016, o cenário econômico não é dos mais animadores.
O comerciante Dionei Silveira, que tem estabelecimento no Centro de Gaspar, conta que nos últimos tempos, de fato, a atenção foi redobrada com os custos de sua empresa. Segundo ele, é preciso extremo cuidado com as despesas de saída, entrada, além dos demais controle de finanças. “As vendas continuam boas, mas o problema é o aumento do custo de produtos, o que onera o orçamento e os pedidos de materiais ao empresário. Nos tempos atuais, o empresário precisa ter um controle bem disciplinado, caso contrário não conseguirá manter seu negócio”, comenta.
O consultor da SBA Consultores Associados com formação Contábil e especializações em Administração Financeira e Mercado de Capitais, Roberto Machado, ressalta que as empresas devem aproveitar o momento de crise para planejar e rever estrutura e processos, reduzir custos e despesas. Para o consultor, o momento do planejamento gera uma oportunidade de reavaliar as perdas de processo, custos de matérias primas e outras despesas fixas e variáveis da área de produção. “Em momentos como esse, as empresas perdem faturamento e os gestores se obrigam a reduzir custos e despesas. Com essas reduções de gastos desencadeiam-se ideias inovadoras, normalmente com excelentes resultados, e que a partir deste momento passarão a fazer parte da empresa, gerando mais resultado quando a instabilidade passar”, afirma Machado.
Segundo Roberto, ainda exciste a necessidade de rever e retificar a Estrutura Organizacional e fazer uma análise criteriosa dos custos de produção projetados assim como as depesas administrativas. Após essas etapas é hora de alimentar a modelagem financeira e analisar se os objetivos foram alcançados. “Sensibilidades de volume e preço de venda, reajustes salariais, número de pessoas, despesas com marketing, produtividade, inflação, taxa de juros, entre outras, devem fazer parte da análise para estar pronto para uma reestruturação das despesas e dos custos o mais rápido possível”, pontua.
Com a chegada das férias escolares de fim de ano, muitas famílias pensam em viajar e aproveitar mais o tempo com as crianças. No entanto, seja qual for o programa, é preciso planejamento, pois, caso contrário, o que era para ser um período de diversão e descontração será um verdadeiro pesadelo financeiro.
No caso dos irmãos Rafael e Evandro Schwartz foi um sonho transformado em realidade. A dupla foi para Cancun, cidade que fica na costa do estado de Quintana Roo, no México, e é um dos principais pontos turísticos do mundo. Segundo Rafael, o planejamento de férias começa pela compatibilidade com a disposição no trabalho. O segundo passo é escolher uma agência de viagens de confiança e o terceiro é poupar mês a mês. “Financeiramente falando, a satisfação das férias não pode se tornar um pesadelo depois. O mais importante é sair para descansar sem deixar dívidas. Orçar e poupar durante o ano são as dicas principais, procurando algo que cabe no bolso. Eu e o meu irmão tivemos uma experiência maravilhosa no Caribe”, conta Rafael.
De acordo com Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educação Financeira, não adianta fazer o que não pode, com o dinheiro que não tem, a alegria será momentânea e as dívidas se arrastarão por meses e, dependendo do tamanho, poderão fazer com que fique inadimplente. “É possível aproveitar dentro do que o orçamento permite.
O princípio é justamente analisar a situação financeira em que se encontra, sonhar, nesse caso, a viagem, pesquisar as melhores opções com melhores preços e poupar, para, só então, realizá-lo”, analisa.
Caso a família esteja endividada, talvez seja melhor abortar a ideia de viagem nas férias, indica Reinaldo. “Pode deixar a viagem para outro momento. Não é para deixarem de se divertir, afinal de contas, ninguém vive apenas para pagar contas, é preciso ter lazer. Só terá que fazer alguns ajustes; se estavam pensando em ir para outro estado, por exemplo, podem tentar ver alguma cidade mais perto que possam visitar ou então programas culturais na própria cidade em que vivem”, orienta.
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