Gaspar acaba de perder uma de suas moradoras mais antigas. Maria Alberici dos Santos, mais conhecida como dona Mimi, faleceu na madrugada de quarta-feira, 7 de setembro, de causas naturais. Dezenas de pessoas foram até a Capela Mortuária Bom Pastor, onde seu corpo foi velado, para se despedir da querida senhora. Seu sepultamento aconteceu às 16h30de quarta, no Cemitério Municipal de Gaspar.
Dona Mimi completou 100 anos em 2016 e tinha sua vida marcada por muita luta e determinação. Ela nasceu no bairro Barracão e, ao lado do falecido marido, o primeiro prefeito eleito de Gaspar, João dos Santos, acompanhou o crescimento e o desenvolvimento de Gaspar.
Há alguns meses, a equipe do Cruzeiro do Vale contou um pouco da história de dona Mimi. Confira:
Os 100 anos de dona Mimi
Antúrios, costura, tortéis e política ajudam a contar a história de dona Mimi. A gasparense, que completou cem anos no dia 12 de maio, se chama Maria Alberice dos Santos, mas é chamada por amigos e parentes pelo apelido carinhoso que ficou ainda mais conhecido nos últimos meses. Ela tem sido homenageada pela longevidade em rede nacional. A história de Mimi começa no bairro Barracão, em Gaspar, onde nasceu. Lá, ela sempre participou das atividades religiosas na igreja Nossa Senhora do Rosário. A mesma igreja recebeu um valor em dinheiro no aniversário de Mimi, pois ela fez questão de reverter o valor dos presentes da festa do centenário para a igreja. Foi integralista na juventude, representando o nacionalismo. Casou com 21 anos com o ex-prefeito João dos Santos, com quem teve quatro filhos. Além do marido, filhos e netos também seguiram a carreia política em Gaspar.
Ela sonhava em ser professora, mas foi na costura em que se destacou. Casada, passou a morar no bairro Coloninha, onde reside até hoje. Em 1973 foi surpreendida com a morte do marido em um acidente de carro e passou a sustentar a casa com a costura e cozinhando tortei, uma sobremesa de origem italiana. Para enfeitar o túmulo do marido, ela começou a plantar antúrios no quintal e mais tarde passou a comercializá-los. O dinheiro era usado para ajudar os necessitados da cidade. Hoje dona Mimi ainda lembra e revive essas histórias. Lúcida e sorridente, quando questionada como é ter um século de vida, diz que a idade ela só sente no corpo. “Eu me sinto igual a você. Eu penso que posso levantar daqui, vou para o fogão, para uma vassoura ou para uma inchada. Tudo isso eu penso que eu posso fazer, mas eu não posso. Mas o meu pensamento é novo e acha que pode. Eu pedi para Deus isso, para ele deixar minha cabeça”, explica.
Expectadora das mudanças na cidade e no mundo, dona Mimi afirma que não há comparação com a vida de hoje e a de antigamente. “As pontes eram pontilhões, os esgoto corria a céu aberto, não tinha supermercado. Era tudo feito em casa. Nada se comprava. Não é como hoje que você vai no mercado e até a farofinha está pronta”. Mesmo com a idade avançada e as fraquezas no corpo, dona Mimi tem força e vontade de viver. Nas palavras dela, “estou aqui, vivendo”.
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).