A arte de viver da terra. Uma profissão rara na atualidade - Jornal Cruzeiro do Vale

A arte de viver da terra. Uma profissão rara na atualidade

02/06/2011

Por Júlia Schäfer Dourado

Arroz, repolho, aipim, milho e feijão. O agricultor Célio Benevenutti planta toda esta variedade de alimentos em suas terras. Alguns produtos são vendidos e outros ficam apenas para subsistência ou para servir de trato à criação de animais. Célio é dono de uma das cerca de 1400 propriedades rurais que existem em Gaspar e que ajudam a movimentar a economia do município.

O repolho é o carro-chefe do agricultor, que chega a plantar até 30 mil pés por ano. ?É difícil depender apenas de um tipo de agricultura, pois o preço varia muito. Com mais de um tipo, você perde de um lado, mas ganha do outro?. Outro fator que pode influenciar muito no faturamento dos agricultores, de acordo com Célio, é o tempo. Ele dá como exemplo o repolho. Para que este se desenvolva bem, é preciso de tempo seco. Com as chuvas no começo do ano, ele chegou a perder 4 mil pés do vegetal.

O produto vendido por Célio não é um dos mais plantados em Gaspar. De acordo com Josi Rodrigues Prestes, engenheiro agrônomo da Epagri, o arroz irrigado é o principal produto agrícola do município. Cerca de 300 famílias gasparenses trabalham com o cereal.

Em seguida, vem a pecuária e então pequenas lavouras, em que os alimentos mais plantados são milho, cana e mandioca. ?De modo geral, Gaspar tem médios e pequenos produtores. Os pequenos geralmente possuem agricultura de subsistência, vendendo o excedente?.


Dia do Agricultor

O dia 25 de maio marca o Dia do Trabalhador Rural. Trata-se de uma homenagem a estes homens e mulheres que tiram seu sustento da terra, que lutam contra o tempo e baixa de preços para conseguir viver bem.

Célio Benevenutti conta que trabalhou como agricultor até os 18 anos de idade, então passou 12 anos trabalhando em empresas para depois deste período voltar à agricultura. ?Na verdade, nunca me adaptei nas empresas. Gosto demais de trabalhar com a terra, e aqui faço isto praticamente sozinho?. A vida do agricultor não se resume a plantar e colher. É ele também quem faz o transporte das hortaliças e tira nota fiscal da venda delas. O estilo de vida de Celso é compartilhado com mais de mil famílias gasparenses, que têm a terra como instrumento de trabalho e passam por todas estas etapas para trazer dinheiro para dentro de casa.


Sindicato defende as necessidades da categoria

O dia 7 de abril de 1968 marca a fundação do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Gaspar. Desde então, a entidade luta pelos direitos dos agricultores, une a classe e busca novos direitos que garantam uma vida melhor a quem vive da terra.

Ivanilde Rampelotti é presidente do sindicato desde 1995 e neste ano foi reeleita para ficar mais quatro anos à frente da entidade. Das conquistas conseguidas nos treze anos de trabalho, Ivanilde destaca a luta pelo fim dos roubos de máquinas agrícolas. ?Hoje não vemos mais isto acontecer. Foi um trabalho liderado pelo sindicado de Gaspar e que foi feito por todos os sindicados do estado, há cerca de cinco anos?. Entre os feitos, ela elege outra conquista: colocar a documentação do sindicato em dia. Antes, o estatuto não era registrado, hoje é adaptado ao novo código civil, devidamente registrado e de acordo com leis do Ministério do Trabalho. A presidente acredita que ainda há mais pelo o que lutar. ?É preciso mais incentivo, subsídios para a agricultura em nível nacional, como acontece em outros países, que por isso conseguem vender produtos por preços mais baixos que o Brasil?. Um problema que tem preocupado os agricultores neste momento é o transporte de máquinas para a colheita do arroz, pois a carreta que as carrega não possui placa. Ivanilde conta que pedem escolta da polícia para este transporte, porém sem o emplacamento o agricultor acaba sendo multado. Para resolver este impasse, uma reunião foi marcada para o dia 30 de maio, às 19h, na sede do sindicato com autoridades municipais e policiais. Como se pode perceber, ainda há trabalho pela frente.


Missa vai reunir centenas de agricultores dia 5 de junho

Uma missa de ação de graças ? promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais em parceria com a Secretaria de Agricultura, Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e a direção da Capela Santa Terezinha ? deve acontecer às 9h do dia 5 de junho. É o segundo ano em que os trabalhadores rurais se reúnem em uma celebração para agradecer pela colheita. ?Mesmo que a safra não tenha sido boa, acredito temos que agradecer pela vida?, comenta Ivanilde. Após a celebração, haverá uma confraternização entre os agricultores em um almoço. O sindicato fará a venda dos cartões que dão direito a churrasco e buffet livre. Haverá também sorteio de brindes para os participantes. ?No ano passado chegamos quase a mil pessoas, surpreendeu. Para este ano, esperamos um público parecido para este dia de confraternização. É um momento em que os agricultores podem se encontrar, compartilhar suas alegrias e tristezas?, define a presidente.

 

edição 1297

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