A natureza reserva surpresas a quem se propõe a desbravá-la. Para os adeptos a Corrida de Aventura, a prática multiesportiva e o apelo pela preservação do meio ambiente são gratificantes. Mas, percorrer uma trilha formada por desníveis topográficos não é para qualquer um, pois requer preparo. Em alguns trechos é necessário utilizar uma bicicleta para descer morros. Em outros, é preciso um caiaque para se aventurar nas águas de rios desconhecidos. Também devem ser levadas em conta as tirolesas e rapéis que fazem parte do desafio.
Participar desse nicho esportivo é um ato de coragem, ainda mais se a extensão do trajeto for de 500 quilômetros e a expedição for do outro lado do mundo, na Ásia. Você se atreveria? O gasparense Jonas Junckes, de 29 anos, sim. Entre os dias 4 e 10 de junho, ele participa da Xtrail Expedition, etapa mundial de Corrida de Aventura, na China. Sua equipe se chama ‘Essa é a nossa vida’ e já está formada para a fase final da competição tendo o apoio de Aline de Souza, de Florianópolis (SC); Alexandre Rossi, de Getúlio Vargas (RS); e José Pincu, da Argentina. Todos com experiências nas mais diversas competições do gênero ao redor do mundo. A expectativa é chegar ao topo do pódio.
Jonas é formado em Educação Física e conta que seu primeiro contato com a Corrida de Aventura aconteceu em meados de 2002, através do programa dominical Fantástico, da rede Globo. Porém, a oportunidade de competir calhou apenas quatro anos depois, quando o atleta completou 25 quilômetros de disputa. Dalí em diante, não parou mais. Atualmente é bicampeão brasileiro de Corrida de Aventura; e vice-campeão mundial de Corrida de Aventura no Paraguai. No currículo, ele carrega mais de 50 provas, sendo que nove delas duraram mais de uma semana.
Quanto ao sentimento perante o seu esporte favorito, o gasparense é enfático. “Realização e adrenalina. A interligação com a natureza é mágica”, afirma. Nesse sentido, os momentos que mais marcam, para Jonas, são os noturnos, quando há cachoeiras. “Minha lanterna ilumina as partículas de água e reflete a natureza. Parece que estou em um filme”. O atleta se inspira nos competidores neozelandeses Chris Forne e Nathan Favea.
Para facilitar a prática do esporte na região, Jonas está fundando a Associação Gasparense de Esportes de Aventura. Ele instituiu a equipe ‘Essa é a nossa vida’ e por ela compete todas às vezes. No ranking nacional, o time lidera as duas principais categorias: quarteto misto e dupla masculina. O objetivo é tornar, aqueles que aderiram ao esporte, mais ágeis e preparados para grandes competições. Os treinos iniciam no dia 21 de junho na escadaria da Igreja Matriz São Pedro Apóstolo, no Centro de Gaspar. O primeiro mês será gratuito. “É uma forma atraente de chamar a atenção das pessoas para praticarem esporte, cuidarem da natureza a ainda se associarem, encontrando um futuro no esporte”, conclui.
A Confederação Brasileira de Corrida de Aventura regulamenta o esporte no país, agindo como chanceler das competições e dando o devido suporte às federações estaduais, que fomentam a prática. Arnaldo Maciel, presidente da CBCA, define a Corrida de Aventura com um fragmento da vida. “Durante a competição a gente ama, odeia, sofre, fica feliz, se realiza e quer tudo novamente o mais rápido possível. Como na nossa vida, buscamos sempre atingir os objetivos, passando por vários percalços e sentimentos”.
Para o representante da entidade, no pleito 2017 – 2020, do qual será presidente, a divulgação e adesão ao esporte são essenciais. “Estamos com projetos que serão encaminhados ao Ministério dos Esportes para a aquisição de material permanente para a prática do esporte”, conta. A unificação dos procedimentos da organização da Corrida de Aventura também está nos planos, assim como a procura por empresas parceiras.
Entre as histórias que guarda, está a aventura vivenciada na disputa Ecomotion, da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. “Era uma prova de seis dias, tendo que percorrer 600 km. Fiquei perdido por 60 horas em uma serra junto com minha equipe, passando por privações de comida e água. Nesta prova cheguei a colocar em dúvida se correria novamente, logo no fim da corrida este pensamento já tinha ido embora”.
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