Ursulina Lucas narra os momentos de alegria dos 90 anos de vida - Jornal Cruzeiro do Vale

 

Perfil Ursulina Lucas

Sorriso fácil e alegria contagiante. Apesar de todas as tristezas enfrentadas durante a vida, Ursulina Lucas, 90 anos de idade, faz questão de começar e terminar os dias dessa maneira. Nascida e criada no bairro Margem Esquerda, a querida senhora traz consigo uma grande bagagem cheia de sabedoria, histórias, tristezas, alegrias e lições de vida. Dona Ursulina soube encontrar a felicidade na família que construiu e em cada pequeno momento da vida, e hoje acredita que o tempo foi um grande mestre.

Felicidade em cada momento

Embora tenha completado 90 anos de idade no último dia 27 de outubro, dona Ursulina se mostra uma mulher disposta, forte e com muita vontade de viver. Seus dias são preenchidos pela companhia de familiares e pela doce lembrança daqueles que já se foram, mas que nunca serão esquecidos. 

A história de sua vida ainda está guardada na memória e, mesmo com algumas dificuldades, é relatada com muita paciência e carinho. Com um forte sotaque alemão, Ursulina conta que nasceu no ano de 1922, no bairro Margem Esquerda. Ao lado dos pais e de oito irmãos, a simpática senhora começou muito cedo a trabalhar na roça, moendo cana de açúcar, arrancando aipim, entre outras atividades.

Com um belo sorriso estampado no rosto e uma voz suave, Ursulina lembra que não gostava de ir para a roça e preferia realizar as tarefas domésticas. Por este motivo, trocava com as irmãs que preferiam trabalhar no campo a lavar roupa ou limpar a casa. 

Como as festas de igreja eram a principal diversão dos adolescentes da época, a senhora Lucas e seus irmãos sempre participavam. Foi em um destes eventos, a Festa de São Pedro, que já era realizada naquele tempo, que ela conheceu o primeiro e único grande amor, Harry Lucas. Ainda com um belo sorriso e imersa em algumas de suas melhores lembranças, Ursulina lembra que ele morava no município de Rio do Sul e tinha vindo até Gaspar apenas para participar da festa.

Mesmo com a distância, o namoro teve início. Harry vinha ao município visitar a namorada de trem sempre que podia. Em 1951, eles se casaram e deram início à vida a dois em Rio do Sul. Após oito anos, o casal ganhou um terreno em Gaspar e dona Ursulina voltou a morar na Margem Esquerda, próximo dos familiares.

 

Grandes saudades 

Ursulina e Harry tiveram cinco filhos, porém apenas três continuam vivos. As lágrimas escorrem facilmente pelo rosto da querida senhora ao se lembrar dos dois filhos, que permanecem vivos apenas na memória. O sofrimento em consequência dessas perdas ainda é grande e Ursulina revela que dificilmente deixará de senti-lo, já que o vazio em seu peito não pode ser preenchido.

A tristeza também invade o olhar ao se lembrar do amado marido, que já não está ao seu lado há 21 anos. No início, ela não conseguiu aceitar a perda de Harry, mas com o passar dos anos dona Ursulina tentou se lembrar apenas dos bons momentos vividos com ele. Após a morte do marido, a senhora de 90 anos de idade nunca mais se casou e quando questionada sobre o motivo disto apenas diz, com os olhos cheios de lágrima, que nunca encontrará outro homem igual a ele.

 

 

A família é o motivo para seguir em frente 

 

Apesar das perdas e do sofrimento já vivido, Ursulina Lucas é uma mulher muito feliz e considerada por todos que a conhecem como uma pessoa forte e cheia de garra. Hoje, ela vive com uma filha e mora próximo a vários familiares, no bairro Margem Esquerda.

Seus três filhos, quatro netos e cinco bisnetos são responsáveis pela sua felicidade, bom humor e pela grande parte de seus sorrisos. Com certo orgulho e prazer no tom de voz, ela diz que está sempre recebendo a visita de parentes e amigos próximos para conversar e isto é algo que a deixa muito contente.

Além das visitas frequentes, dona Ursulina completa os dias assistindo às missas, acompanhando os noticiários, lendo jornais e participando do grupo da Terceira Idade. Embora as limitações tenham aumentado bastante com o passar dos anos, ela afirma que permanecer em casa sem poder realizar as tarefas domésticas não é fácil, após ter vivido tantos anos trabalhando incansavelmente.

A querida mãe, avó e bisavó acredita que muitos anos de vida ainda lhe aguardam e garante aproveitá-los da melhor forma possível.

Edição 1438