Uma mulher de coragem, garra e muita determinação - Jornal Cruzeiro do Vale

Uma mulher de coragem, garra e muita determinação

26/09/2012

Por Ana C. Bernardes


fotopg14abrecolorMD.jpgVaidosa, generosa e batalhadora. Esses são adjetivos que definem muito bem a senhora Carmelina Bernardes, 76 anos. Moradora do bairro Santa Terezinha há mais de 50 anos, a conhecida dona Carmen é uma mulher corajosa, que sempre enfrentou as situações da vida com muita garra e dedicação. A senhora de 76 anos de idade carrega consigo todas as lembranças e momentos felizes que a ajudaram a se tornar a mulher, mãe, avó e bisavó que é hoje.

O sorriso no rosto já não é o mesmo de alguns anos atrás, mas nem por isso a vontade de viver e de fazer de tudo para ser feliz diminuiu. Várias lembranças estão impregnadas na mente e coração de Carmelina Bernardes, marcando todos os anos de vida de forma a nunca serem esquecidos.

Com um coração gigante e um grande senso de humor, Carmelina é um verdadeiro exemplo de que o tempo é o responsável pelas maiores lições da vida. Filha de João José Miranda e Maria Schneider Miranda, a simpática senhora nasceu no município de Ibirama, no dia três de julho de 1936. Desde muito cedo trabalhava na roça para ajudar a família e lembra, com muita convicção em seu olhar, que o trabalho era essencial na formação do caráter de uma pessoa e por este motivo começar a trabalhar ainda criança nunca era problema.

Aos 15 anos de idade conheceu o futuro marido, Paulo João Bernardes, com quem formaria uma bela família. Os olhos ainda brilham ao lembrar-se da primeira vez em que se viram. Carmen conta que foi em uma festa de igreja, no município de Indaial. Ela nunca tinha namorado e por isso era uma moça envergonhada, Paulo também não havia namorado, mas apaixonou-se por ela assim que a viu. Rindo, a simpática senhora lembra que o futuro marido planejava ser padre, porém, não conseguiu ver sua vida sem ela e desistiu da vida religiosa.

Após namorar por dois anos, o casal oficializou a união e foi morar em Rio do Sul. Como o lugar em que viviam era muito pequeno, a família mudou para Gaspar, já que Paulo trabalhava na construção de estradas de ferro e poderia exercer sua função no município.

O casal ficou unido por 22 anos, e durante este tempo formou uma grande família, constituída por oito filhos, dos quais seis estão vivos, 13 netos e nove bisnetos. A dor da perda transparece em sua voz, quando recorda a morte do marido, que aconteceu em 1974, enquanto ele trabalhava em Curitiba, no Paraná. O sofrimento de Carmen e sua família foi inevitável, porém, faz questão de dizer, os filhos lhe ajudaram muito e foram os responsáveis por mantê-la firme e forte nesta longa trajetória de vida.

Os anos seguintes foram marcados pela vinda de novas pessoas, milhares de alegrias e mais lembranças inesquecíveis. Hoje, a querida senhora de 76 anos de idade continua vivendo na casa em que morou com seu marido. Vaidosa como nunca, Carmen não deixa que a idade a impeça de continuar vivendo. É por isto que seus dias são marcados por caminhadas pela cidade, visita às amigas, idas ao Grupo de Idosos e, algumas vezes ao ano, longas viagens a diversos estados do Brasil.

 

Marcas da saudade

Após a morte do marido Paulo Bernardes, Carmen ficou sozinha por alguns anos. Porém, voltou a reencontrar um grande amor na década de 1990. Carmen sempre foi uma mulher muito divertida e festeira e com uma risada contagiante, diz que gostava muito de sair para dançar em bailes. Foi em um destes bailes que conheceu Roberto, o segundo companheiro.

Após dançar e conversar a noite inteira, o namoro teve início. Roberto era 10 anos mais velho que ela, porém isto não atrapalhou em nada. Em apenas alguns meses, ele mudou para a casa da querida senhora e começou a fazer parte de sua vida e também de toda a família.

O casal viajava para diversos lugares e se divertia muito, até que em 2010 ele partiu desta vida, deixando um grande vazio no peito de Carmen. As lágrimas caem de seus olhos e a tristeza invade sua voz ao dizer o quanto era feliz ao lado de Roberto e como ele era bom para ela. ?Ele era meu braço direito e eu o amava muito?.

Em meio à saudade e às tristes lembranças, Carmelina Bernardes consegue encontrar algo que lhe deixa feliz, ameniza a grande perda e lhe dá vontade de continuar seguindo em frente: os seis filhos, dos quais tanto se orgulha.

Edição 1426