Exemplo de alegria, determinação e sabedoria. Esta é Natalina Vancini, que aos 88 anos continua colecionando e repassando ensinamentos de vida. Moradora do bairro Coloninha há mais de 30 anos, esta querida senhora leva consigo uma grande bagagem, carregada de bons momentos, ótimas lembranças e pessoas especiais. Os valores essenciais que formaram o caráter de dona Natalina ainda estão presentes na personalidade e são responsáveis por torná-la uma mulher querida por todos que a conhecem.
Natalina Vancini leva este nome por um motivo muito especial. Nascida no dia 23 de dezembro de 1924, seus pais Francisco e Ana decidiram que a filha receberia um nome que fizesse alusão ao Natal, uma data importante e abençoada para a família, assim como ela.
Durante uma hora de conversa, a querida senhora relatou grande parte dos melhores momentos vividos ao lado dos parentes e amigos. As lembranças são resgatadas facilmente e transmitidas com orgulho e carinho. Natalina nasceu no município de Rodeio e foi criada com 12 irmãos, dos quais 10 continuam vivos. Com apenas 8 anos, já trabalhava nos cafezais da família. Ela lembra que o esforço para realizar as atividades do campo era intenso, mesmo sendo apenas uma criança. Por ter que trabalhar na roça durante muito tempo, a senhora de 88 anos de idade estudou apenas por quatro anos.
Com um forte sotaque italiano que ainda possui, ela explica que naquele tempo não se aprendia Português em sala de aula, apenas a língua italiana. Como toda a família falava este idioma, Natalina não encontrou dificuldades. Porém, alguns anos mais tarde, quando se mudou para Gaspar, ela viu a necessidade de aprender o idioma local.
Ainda na cidade de Rodeio, conheceu o futuro marido, Silvio Vancini. Ele foi o primeiro e único namorado de Natalina, que a conheceu muito jovem, com 15 anos. Pouco tempo após iniciar o namoro, o casal teve que se separar, pois Silvio foi convocado a ir para a Guerra. Durante quatro anos, a única maneira de se comunicarem era por cartas, sempre enviadas por Silvio. Cheia de orgulho na voz, Natalina revela que ficou à espera do futuro marido durante todo este tempo. Para ela, não havia dificuldade alguma em esperar pelo homem que lhe ajudaria a construir uma linda família e uma bela história.
Com uma grande alegria preenchendo os olhos, a simpática senhora conta que assim que o futuro marido retornou, a felicidade invadiu seu peito. Seis meses após voltar, Silvio e Natalina se casaram e se mudaram para o bairro Barracão, em Gaspar. Neste local, o casal deu início à bela família, composta por seis filhos. Mais tarde, eles se mudaram para o bairro Coloninha, onde Natalina vive até hoje. Imersa em algumas das lembranças mais marcantes, ela conta que Silvio faleceu há sete anos. Desde então, nunca mais se casou, pois acredita que um amor verdadeiro só aparece uma vez na vida.
Hoje, dona Natalina vive sozinha em sua casa no bairro Coloninha, mas conta com o apoio de duas mulheres que lhe fazem companhia durante o dia e a noite. Além disso, os seis filhos, 17 netos e 12 bisnetos sempre a visitam. Para Natalina Vancini, o encontro entre os familiares é algo muito esperado. Conversas, risadas e confraternização marcam esses momentos, que são realizados com frequência.
A senhora de 88 anos, como era de se esperar, já não trabalha, mas diz que ainda tem muita vontade. ?Só não trabalho porque meus filhos não deixam e isso me incomoda um pouco. Sou bem disposta ainda?, acrescenta. Assistir televisão, ler jornais e ir à missa são algumas das tarefas que preenchem a rotina de dona Natalina.
Refletindo sobre a longa vida, ela revela que, apesar das dificuldades e das batalhas que precisou enfrentar, a alegria e a vontade de viver sempre foram maiores que os problemas. Natalina ainda faz questão de dar um conselho muito simples, mas que, segundo ela, é na verdade um segredo de vida: pensar positivo em relação a tudo é a melhor forma de atrair coisas boas e também proporcionar muitos anos de vida.
Edição 1450
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