O nome Waldemar Beduschi pode não ser reconhecido rapidamente por muitos, porém, Marzinho Beduschi é facilmente identificado na cidade. O apelido, que já existe há muitos anos, é uma espécie de identidade para Waldemar, o simpático e alegre senhor de 91 anos de idade. Nascido em 23 de agosto de 1921, no bairro Barracão, Marzinho passou por diversos momentos, desde os mais tristes aos mais felizes, e nunca deixou de lado a alegria e o prazer de viver, que estão presentes em sua rotina e estampados em seu rosto até hoje.
Por Ana Carolina Bernardes
Basta conversar por alguns minutos com o senhor Marzinho para perceber que seus 91 anos de vida, completados na última quinta-feira, 23, lhe trazem muito orgulho. Morador do Centro da cidade, Marzinho é um homem batalhador, trabalhador e com uma vontade imensa de viver, que faz com que todos aqueles que estão ao seu redor se sintam privilegiados por tê-lo ao lado. Sua vida é marcada por diversas conquistas, inúmeras alegrias, e algumas tristezas, que tornaram sua trajetória ainda mais bonita e marcante.
Waldemar nasceu no bairro Barracão, que naquela época pertencia ao município de Brusque. Alguns anos depois, em 1928, ele e sua família, composta por mais quatro irmãos, se mudaram para o Centro, devido ao emprego do pai, que trabalhava na retificação da estrada de Gaspar. Aos sete anos de idade, foi matriculado na Escola da dona Bentinha Cardoso, a primeira professora do município. Ao recordar os momentos de infância, um sorriso fica estampado no rosto deste senhor, provando a saudade que sente daquela época. Naqueles tempos, lembra, a vida de uma criança era mais simples, e a diversão se baseava apenas nas antigas brincadeiras com os colegas.
A escola ficava onde hoje é a Praça Getúlio Vargas, e, conforme recorda, essa parte da rua principal da cidade era muito calma e pouco movimentada. Como em Gaspar os estudos seguiam apenas até o terceiro ano das séries iniciais, aos 10 anos de idade Waldemar se mudou para Itajaí, onde morou com uma tia, para terminar o ginásio, retornando quando tinha 14 anos. Para seu pai, a educação era algo fundamental que, apesar das dificuldades, não podia ser deixada de lado.
Novamente em Gaspar, ele foi trabalhar no escritório da Usina de Açúcar. Como sempre foi muito esforçado e com uma vontade imensa de aprender coisas novas, Marzinho trabalhou por três meses sem ganhar salário, para aprender um pouco sobre escrituração mercantil. E assim começou a sua carreira profissional, que só cresceu com o passar dos anos.
Em 1947, o simpático senhor foi nomeado auxiliar de fiscalização, e depois de um ano, se tornou subfiscal. Devido ao emprego, precisou se mudar para Ibirama, e mais tarde para Chapecó. Com várias lembranças bem vivas em sua memória, Waldemar diz que foi uma época muito difícil, já que o município era muito grande e nada desenvolvido. Em 1951, ele conseguiu passar em outro concurso e se tornou fiscal da Fazenda. Mesmo se aposentando, em 1969, ele trabalhou até os 75 anos de idade. Além disso, durante a Segunda Guerra Mundial, Waldemar trabalhou na Tesouraria do Exército durante dois anos e 10 meses, mas não chegou a ir para a guerra.
Grande dificuldade
Waldemar chegou a morar em Blumenau, juntamente com sua família, formada por cinco filhos, quando conseguiu o cargo de fiscal da Fazenda, e foi neste município que passou por grandes dificuldades. A enchente de 1957 traz diversas lembranças, e a expressão de Marzinho muda um pouco, lembrando-se dos tristes momentos pelos quais passou em uma noite deste mesmo ano. A enchente atingiu sua casa, e resultou na perda de todos os bens que a família possuía. Por algum tempo, ele e sua família precisaram morar na casa dos sogros, já que a casa também ficou destruída.
Com muito medo de que outra enchente pudesse destruir novamente sua casa, Marzinho e a família escolheram um terreno, onde pudessem construir um novo lar, totalmente livre de enchentes, e foi então que voltou a Gaspar, em 1967, onde vive até hoje.
A unida família de Marzinho Beduschi teve início no município de Ibirama, onde conheceu a esposa, Irmgard Beduschi, hoje com 81 anos de idade, com quem já está casado há 61 anos. O namoro foi rápido, já que ele teria que se mudar do município e ir para Chapecó trabalhar. É com um grande sorriso no rosto e um brilho no olhar que ele diz que pediu a mão de Irmgard assim que soube que moraria em outra cidade, sem nem ao menos serem noivos. Tão rápido quanto a pergunta foi a resposta da sua futura esposa, que aceitou o pedido sem remediar.
A partir daí, teve início a cumplicidade e o companheirismo do casal, que duram até hoje. Seus cinco filhos e quatro netos são o maior orgulho, e isto Waldemar faz questão de deixar muito claro. A família se reúne uma a duas vezes por mês, e os encontros são sempre muito esperados por ele, que acredita serem estes momentos os responsáveis por lhe dar mais vontade de viver a cada dia.
Com um grande sorriso, e ainda imerso em suas belas lembranças, Marzinho mostra como a alegria pode estar tão próxima de todos. ?Estou vivo, e isso é o que me faz feliz?.
Edição 1418
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