A sinceridade e a firmeza que transmite em cada palavra fazem de dona Isabel Vargas Zimmermann uma mulher querida e respeitada por todos da comunidade onde mora. Dona Bela, como é conhecida, tem 92 anos de idade e traz consigo milhares de ensinamentos e lições de vida que são transmitidos a todos aqueles que dedicarem alguns minutos do dia a ouvir a simpática senhora. A coragem e a força necessária para continuar vivendo por muitos anos são características facilmente encontradas em Isabel e para isto ela conta com o carinho, o amor e a dedicação de todos que a cercam.
Ao chegar à casa em que dona Bela Vargas Zimmermann mora há 22 anos, no bairro Baú Baixo, em Ilhota, encontramos a simpática senhora sentada numa cadeira de balanço, na varanda de sua residência, já preparada para relatar alguns momentos da bela história de vida.
O sorriso no rosto e a alegria exposta em cada frase são suficientes para perceber o quanto sente orgulho da trajetória de vida. Filha de Vitor Modesto Vargas e Ilária Vargas dos Santos, dona Isabel nasceu no dia 10 de novembro de 1920, em Gaspar. Mesmo sendo natural da cidade coração do Vale, mudou-se muito nova para Ilhota, onde morou com os 17 irmãos no Braço do Baú.
A família ficou por muitos anos neste local e Bela ainda gosta de se lembrar da vida simples, mas feliz que todos viviam naquela época. O bairro era muito pequeno, recorda, e poucos moradores possuíam terras por lá, apenas alguns agricultores que, assim como sua família, viviam do trabalho no campo.
A infância foi marcada pelas atividades na roça e também pelas brincadeiras com os irmãos. A senhora de 92 anos de idade faz questão de lembrar que embora não existissem tantos brinquedos e produtos eletrônicos como hoje, a rotina quando criança era divertida, alegre e também intensa. Os 18 irmãos acordavam cedo para ajudar os pais nos serviços do campo e retornavam para casa na hora do almoço. Mais tarde, todos tinham que rezar o rosário e também ajudar nas atividades domésticas quando fosse necessário. Os domingos eram marcados pela ida à missa.
As festas de igreja serviam também para a diversão de muitos adolescentes, jovens e adultos da época, que se encontravam para celebrar, conversar e dançar, sempre com muito respeito. Dona Bela trabalhava como festeira destes eventos e foi assim que conheceu seu marido, Garcia Zimmermann, no Baú Central. A querida senhora conta, sorrindo e feliz por resgatar alguns momentos da juventude, que os namoros eram diferentes e até mesmo engraçados. Os casais apenas conversavam com certa distância um do outro e não podiam se beijar.
O namoro durou algum tempo, até que Bela e Garcia se casaram e deram início à grande família no Braço do Baú. O casal trabalhava com plantações de cana-de-açúcar e foi assim que conseguiram comprar o primeiro terreno e construir a primeira casa. Os 13 filhos, 10 deles ainda estão vivos, foram criados nesta residência e mais tarde se mudaram para o Baú Baixo, na residência em que dona Bela vive até hoje. O querido companheiro faleceu há seis anos, deixando um grande vazio, mas também uma grande felicidade em poder ter convivido por 63 anos ao lado de uma pessoa tão especial quanto Garcia Zimmermann.
Além de 10 queridos filhos, Isabel recebe também o carinho dos 23 netos e 11 bisnetos, que sempre visitam seu aconchegante lar e são recebidos de braços abertos. Grande parte da família se reúne aos sábados e domingos para tomar café da tarde. Esta já era uma tradição da família Zimmermann quando Garcia estava vivo, e mesmo após sua morte todos continuam fazendo esta refeição unidos.
Com um tom de voz tomado pelo orgulho e um brilho diferente nos olhos, dona Bela revela que a família, além de lhe trazer diversas alegrias, é também responsável por lhe dar tanta saúde e disposição de vida. ?Não me falta absolutamente nada, por isso eu sou uma das pessoas mais felizes do mundo?.
Mesmo aos 92 anos de idade, a querida senhora adora fazer as tarefas domésticas e também cozinhar. Os dias são marcados ainda por orações e pela visita de amigos e vizinhos que vão até a casa da querida senhora conversar e pedir conselhos. Entre as muitas lições de vida que aprendeu com o tempo, dona Bela destaca uma: aceitar a vida como ela é e vivê-la ao lado de quem pode acrescentar algo a ela é um dos maiores segredos da felicidade.
Edição 1442
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