Dona Animi relembra trajetória construída no bairro Gasparinho - Jornal Cruzeiro do Vale

Dona Animi relembra trajetória construída no bairro Gasparinho

06/03/2013

Recordar momentos de alegria é tarefa fácil para dona Ana Maria Dagnoni, carinhosamente conhecida como dona Animi, apelido que o pai trouxe da Alemanha. A poucos dias de completar 87 anos, a simpática senhora acredita que sua vida é marcada pela vontade de trabalhar, pela dedicação à família e pelo desejo de querer seguir em frente sempre. Os momentos de maior felicidade, os dias que foram responsáveis por algumas lágrimas e as pessoas que lhe ajudaram a trilhar este longo caminho ainda estão guardados na memória e são lembrados diariamente.

 

Lembranças de amor à família e ao trabalho

fotopg9abreMD.jpgLogo ao chegar à casa onde dona Ana Maria Dagnoni já vive há décadas, no Gasparinho Quadro, é possível perceber o quanto seus filhos, netos e bisnetos são essenciais em sua rotina. Isto é rapidamente comprovado ao trocar as primeiras palavras com Animi, que inicia mostrando as várias fotos que possui ao lado dos familiares. O orgulho ao falar sobre cada um deles invade o olhar, assim como o carinho demonstrado na voz.

Após demonstrar o amor que sente pela grande família, dona Animi conta a trajetória de vida, que teve início em 7 de março de 1926, em Indaial. Filha de Antônio Augusto Barkhofen e Maria Barkhofen, ela cresceu ao lado de quatro irmãos. A família morou em Ascurra até Ana completar dois anos de idade, quando se mudou para o Centro de Gaspar. Neste bairro eles ficaram por cinco anos, até que foram morar no Gasparinho Quadro. Como o pai de Ana era alemão, todos os filhos cresceram falando este idioma e dificilmente o português. Ao chegar a Gaspar, a convivência com pessoas da cidade fez com que o alemão fosse, aos poucos, substituído. Porém, na década de 1930 toda a família Barkhofen precisou deixar para trás o idioma de origem e falar apenas o português, já que o alemão havia sido proibido em razão da Segunda Guerra Mundial.

 

Infância

Como a maioria das crianças da época, dona Animi também precisou trabalhar na roça por algum tempo durante a infância, mas conseguiu conciliar a rotina com os estudos e frequentou as aulas até a quinta série. Além disso, conseguiu fazer um curso em que aprendeu a fazer tricô e bordado. Mais tarde, aos 16 anos, Animi começou a trabalhar no setor de expedição da Linhas Círculo. Esta época ainda está muito viva na memória da doce senhora, que trabalhou na empresa ainda com apenas 71 empregados. Na Círculo, ela ficou até se casar, já que mulher casada, na época, não podia continuar trabalhando. A senhora de 86 anos conheceu o marido aos 16 e se casou aos 21. Fausto Dagnoni e ela se conheceram na Festa de São Pedro e a partir daí nunca mais se separaram. Há 17 anos, morte de Fausto deixou um vazio e uma imensa saudade no peito de dona Animi e de toda a família.

 

Viver intensamente cada novo ano

fotopg9retrancacolorMD.jpgAlém de 14 queridos filhos, Ana Maria Dagnoni recebe também o carinho de 37 netos, 11 bisnetos e muitos outros amigos, que sempre a visitam e são recebidos de braços abertos. Grande parte da família se reúne aos fins de semana e em época de festas. Toda a família adora uma festa e sempre se reúne na casa de dona Animi.

Com um tom de voz tomado pelo orgulho e um brilho diferente nos olhos, ela revela que a família, além de lhe trazer alegrias, é também responsável por lhe dar saúde e disposição a cada novo ano que lhe é oferecido.

Mesmo aos 86 anos, Ana Maria adora fazer algumas tarefas domésticas e também cozinhar. Os dias são marcados ainda pela visita de amigos e vizinhos que vão até a casa da querida senhora conversar e pela confecção de peças de tricô, que faz desde sua adolescência. O único pedido de aniversário que faz esse ano é simples: ter a oportunidade de viver por muito tempo ainda e ter sempre ao lado a família, que lhe traz toda a felicidade do mundo.

 

Edição 1467