Alguém para dividir tristezas, multiplicar alegrias e compartilhar bons momentos. Um ombro amigo para as horas mais difíceis e um companheiro para as mais divertidas aventuras. Uma pessoa especial como esta é um verdadeiro tesouro que, quando encontrado, deve ser preservado com o tempo. Maria de Lurdes Otiquir, 89 anos, e Alidor Otiquir, 90 anos, encontraram todas estas qualidades um no outro e hoje, após 70 anos casados, sabem que o maior tesouro de suas vidas é a união que preservaram por tantas décadas.
Para os mais jovens, o Dia dos Namorados é uma data cheia de importância. Presentes, jantares, surpresas e mimos. Neste dia, tudo aquilo que demonstrar um pouco do amor que os namorados sentem um pelo outro deve ser feito. Mas qual a importância da data para quem já está casado há várias décadas? Maria de Lurdes Otiquir, casada com Alidor Otiquir há 70 anos, responde: ?não comemoramos a data há algum tempo, mas sabemos que ainda somos um casal de namorados e muito mais que isso. Somos amigos e companheiros há sete décadas?, revela, com um sorriso carinhoso.
Embora a data não seja comemorada por eles há muitos anos, Lurdes e Alidor ainda podem ser considerados um ótimo casal de namorados. Carinho, amor, companheirismo e cumplicidade são características que nunca faltaram em seu relacionamento. Além disso, eles nunca deixaram de ser melhores amigos, dividindo entre si toda a felicidade que encontraram pela longa trajetória de vida.
A história do simpático casal teve início em 1940. Ambos haviam nascido e crescido em Gaspar, mas em bairros diferentes. Na época, grande parte dos jovens da cidade se reunia aos domingos para dançar e se divertir nas famosas domingueiras. Foi em uma destas festas que Alidor e Lurdes se conheceram. ?Aquele tempo era muito divertido. Todos dançavam um com o outro e conversavam com muito respeito. Era uma inocência boa?, relembra o senhor de 90 anos, olhando carinhosamente para sua esposa.
Assim que viu Lurdes, Alidor a convidou para dançar e a partir daí eles começaram a se relacionar. Durante os dois anos de namoro, eles se encontravam apenas aos domingos à tarde e com a presença de algum amigo ou familiar. ?Se começasse a anoitecer e eu estivesse na casa dela tinha que ir embora rápido. Era proibido nos vermos durante a noite?, lembra Alidor.
O casamento foi no Salão Cristo Rei, já que a Igreja Matriz São Pedro Apóstolo ainda não estava totalmente pronta. Cheio de lembranças, o casal diz que o início da vida de casados foi muito difícil. O primeiro lugar onde moraram foi atrás da antiga Linhas Círculo, já que Alidor trabalhava na empresa. ?Eram dois pequenos cômodos e tínhamos que nos virar ali mesmo. A gente precisou trabalhar muito para conseguir se manter e, mais tarde, manter também nossos filhos?.
Mais tarde, eles se mudaram para a Margem Esquerda e, em seguida, para o bairro Sete de Setembro, onde vivem até hoje. Juntos, o querido casal teve três filhos, os quais criaram com muito amor e carinho. ?Foi trabalhoso cuidar deles, já que eu e o Alidor precisávamos trabalhar muito, mas é recompensador. Eles são, com certeza, nosso maior tesouro e felicidade?. Os quatro netos, sete bisnetos e três tataranetos também são o orgulho do casal e responsável por grande parte de seus sorrisos.
Olhando um para o outro, Alidor e Lurdes revelam que para se chegar a um casamento de tantas décadas há alguns segredos simples, mas valiosos. ?É preciso, principalmente, ter muita paciência e amor. Hoje, a gente vê que os casais não têm mais paciência e brigam por tudo devido a este pequeno segredo. Com muita paciência e amor o casal vai conquistar tudo e também a sua felicidade?, conta o senhor de 90 anos. A querida Lurdes concorda com o marido e diz ainda que para manter uma relação saudável e cercada de amor é imprescindível a união e o diálogo. ?Em todos estes 70 anos, nós nunca ficamos sem nos ver por muito tempo ou sem conversar. As brigas existem, é claro, duvido que algum casal nunca tenha discutido, mas é necessário conversar. Isto mantém o amor?.
Alidor Otiquir nasceu em Gaspar no dia 26 de julho de 1923. Filho de Carlos Henrique e Catarina Otiquir, ele cresceu no bairro Margem Esquerda ao lado de três irmãos. Como precisou trabalhar desde cedo na roça, não pôde se dedicar aos estudos, e por isto estudou apenas até o 4º ano. Após se casar com Lurdes, Alidor trabalhou em algumas indústrias e também na roça. Até hoje, ele continua cuidando de suas plantações e animais com muita disposição.
Maria de Lurdes Otiquir também é gasparense e nasceu no dia 23 de agosto de 1923. Filha de Pedro e Ana Wan-Dall, ela é a mais velha de quatro irmãos. Lurdes começou a trabalhar aos 15 anos prestando serviços a famílias e também trabalhou na Círculo. Após se casar, ela começou a trabalhar no campo, onde ficou por muitas décadas. Assim como o marido, a senhora de 89 anos é uma pessoa muito disposta e cheia de vontade de viver.
Edição 1496
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).