Simpatia, alegria e bondade são características que definem muito bem Alnoir Barros da Silva, 71 anos. Mais conhecido como Didi, ele leva consigo uma bagagem de ótimas lembranças, pessoas especiais e muitas lições de vida. Apesar das grandes dificuldades e das várias batalhas que precisou enfrentar durante a vida, o morador do bairro Sertão Verde acredita que viver foi o melhor presente que poderia ter ganhado e por isto faz questão de aproveitar cada segundo de seus dias.
Dizer quais são as maiores paixões de sua vida é tarefa fácil para Alnoir Barros da Silva. Entre elas estão a família, os amigos, a poesia e a cidade de Gaspar, local onde vive há mais de três décadas. Foi no município que ele criou seus filhos, conseguiu sair da roça e arrumar um emprego em uma fábrica, cultivou muitas amizades e conquistou a casa própria. Por estes motivos é que ele diz amar esta cidade e afirma que não a trocaria por nenhuma outra.
Embora seu coração seja gasparense, Didi não nasceu na cidade Coração do Vale e sim em Araranguá, no extremo Sul de Santa Catarina, no dia 9 de julho de 1942. Os pais biológicos se separaram quando ele era ainda muito novo e, como sua mãe não teve condições de criá-lo, ele foi adotado por Vicente e Benta Ferreira, casal que lhe criou com muito amor e carinho. Assim que passou a viver com esta nova família ele se mudou para Orleans, em Santa Catarina, e pouco tempo depois para Santo Antônio do Sudoeste, no interior do Paraná. Na época, a cidade não contava com escolas e por isto Didi não teve a chance de estudar, assim como seus pais e irmãos. Mas Didi destaca que a educação que recebeu de seu pai e da sua mãe foi excelente. ?Devo muito aos meus pais que me criaram com tanto amor e me deram uma educação familiar que levarei para toda a vida. Com certeza isso a gente não aprende na escola?.
Desde criança, ele se dedicou ao trabalho na roça ao lado da família, porém não era este tipo de profissão que gostaria de seguir. Didi sempre teve o sonho de se mudar para um lugar maior e conseguir outro emprego, já que sabia que era capaz. Este sonhou tornou-se realidade após se casar, aos 25 anos. A esposa, assim como ele, também gostaria de sair da cidade e, após alguns anos de casados, eles vieram para Gaspar, cidade em que possuíam parentes no bairro Sertão Verde. Cheio de orgulho na voz e carinho nos olhos, seu Alnoir lembra que seis meses após chegar à nova cidade já conseguiu encontrar um emprego na empresa Círculo. ?Eu pude deixar de trabalhar na roça e fazer algo diferente. Foi uma alegria para mim. Acredito que este é o motivo principal que me faz gostar tanto de Gaspar?, ressalta. Na Círculo, Didi trabalhou por mais de oito anos e em seguida passou a trabalhar na Sulfabril, onde ficou por seis anos. Desde então, o trabalho no campo se limitou apenas às pequenas plantações que possui no quintal da sua casa.
Ao lado de sua esposa, Didi teve sete filhos, que são sua verdadeira paixão. Quase todos moram em Gaspar, e isto faz com que as visitas à casa do patriarca da família sejam frequentes. Além dos queridos filhos, o homem de 71 anos possui 15 netos e um bisneto, que também são responsáveis por muitos dos seus sorrisos. Hoje, ele não é mais casado e continua vivendo no bairro Sertão Verde.
Amor pela poesia
Logo depois da família e da cidade em que vive, a grande paixão de Didi é a poesia. Anos após se mudar para Gaspar ele decidiu que tinha tudo o que precisava para crescer na vida. Desta maneira, Didi decidiu iniciar seus estudos no Naes. Foi nesta escola que ele aprendeu a escrever e ler melhor. ?Terminei o Ensino Fundamental e parei quando tinha começado o Ensino Médio. O Naes foi muito importante para mim e pretendo voltar em breve?, afirma. Assim que aprendeu a escrever, o querido senhor descobriu que poderia escrever poesias.
No total, ele escreveu quatro belas poesias que chegaram a ser publicadas e hoje fazem parte do livro ?Vale das Letras?, da Sociedade de Escritores de Gaspar. ?Um dia, há mais de três anos, eu e mais 11 pessoas que adoravam escrever nos reunimos e formamos um grupo de poesia. Era muito legal. Agora faz um tempo que não vou, mas também pretendo voltar a me dedicar a isso?. Estas quatro poesias estão sempre com Didi, que quando não mostra o livro da qual fazem parte, faz questão de declamá-las e mostrar um pouco do seu grande talento.
Edição 1506
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