Por Ana C. Bernardes
Nem o tempo conseguiu apagar todas as boas lembranças de Ana Werner, hoje com 85 anos de idade. Os momentos que mais lhe arrancaram sorrisos, os dias que foram responsáveis por algumas lágrimas e as pessoas que lhe ajudaram a trilhar este longo caminho ainda estão guardados na memória e são facilmente lembrados pela doce senhora. Moradora do bairro Lagoa há muitas décadas, Ana Werner é uma pessoa batalhadora e dona de muita coragem e sabedoria, que tenta transmitir a todos os familiares e amigos.
O sorriso estampado no rosto e a simpatia em sua voz parecem estar presentes na vida de Ana Werner todos os dias. Em sua casa, no bairro Lagoa, onde já vive há quase seis décadas, ela nos recebe com muitas histórias, alguns sorrisos e uma grande vontade em relatar uma pequena parte dos seus 85 anos.
Pensativa, a senhora Werner relembra alguns bons momentos de sua infância marcada pela união da grande família e pelo trabalho no campo. Nascida no dia 9 de março de 1927, a filha de Bernardino Alves de Andrade e Maria Mathias Alves de Andrade se criou no bairro Lagoa, juntamente com outros 15 irmãos. Desde cedo, trabalhava nas plantações da família de cana de açúcar e milho.
Ana se recorda que, naquela época, trabalhar mesmo quando criança era algo fundamental e uma espécie de tarefa a ser cumprida todos os dias, acima de qualquer coisa. É por isto que muitas vezes ela precisou acordar cedo para, antes de ir à escola, realizar algumas atividades no campo. Mesmo não sendo fácil, a simpática senhora afirma que sente muitas saudades da infância, principalmente por ainda ter todos os irmãos reunidos e também por trabalhar nas plantações da família.
Aos 15 anos de idade, Ana conheceu o homem que viveria com ela por quase 60 anos e iria construir ao seu lado uma bela e grande família. Pedro Werner e Ana se conheceram em uma missa e a partir de então se encontravam sempre que podiam nas domingueiras e celebrações religiosas. Com 19 anos, e ele próximo dos 21, o casal se uniu matrimonialmente.
Ana e seu ?velho?, como ela costuma chamá-lo, realizaram o casamento em uma pequena igreja onde alguns anos depois seria construída a Igreja Matriz São Pedro Apóstolo. O casal foi morar em Rio do Sul, onde morava o pai de Pedro, e lá deram início à família. Com um tom de voz firme e vários pensamentos na mente, a senhora de 85 anos de idade diz que o início da vida de casada não foi nada fácil. Em Rio do Sul, eles viviam em uma casa muito pequena e sem conforto algum. Além disso, ela não conseguiu se adaptar muito bem ao município e, por isso, fez questão de voltar a Gaspar, sua querida cidade, para ter sua primeira filha.
Como cresceu em uma família muito grande, Ana lembra, com um grande sorriso no rosto, que seu desejo e de seu marido era também de ter muitos filhos. O desejo foi realizado e juntos eles tiveram 15 filhos, 26 netos, nove bisnetos e um trineto, que procuram pela atenciosa mãe, avó, bisavó e trisavó sempre que podem.
Uma vida muito boa
As palavras de Ana sobre como avalia estes longos anos de sua história soam simples, porém trazem também uma grande verdade. ?Com certeza, foi uma vida muito boa?. Apesar das dificuldades enfrentadas, das pedras colocadas em seu caminho e das perdas que sofreu, Ana faz questão de dizer que a vida e o tempo foram muito generosos com ela, dando saúde suficiente para chegar aos 85 anos de idade, filhos maravilhosos que são seu maior orgulho e um bom marido que foi seu companheiro por quase seis décadas.
Muitos gasparenses já devem ter ouvido em algum lugar o nome Pedro Werner. Isto porque uma pequena ponte, localizada na estrada geral do bairro Lagoa, recebeu este nome como uma homenagem ao marido de Ana Werner. A explicação de o nome ter sido dado à ponte é dada por ela e é muito simples: Pedro era muito conhecido em toda a cidade e morou no bairro por muitos anos. Por este motivo, o prefeito da época decidiu dar o nome deste homem ao passeio.
Este é apenas um pequeno detalhe da vida de Pedro, que foi um grande homem para o município. Dona Ana tem muito orgulho de dizer isto. Falecido há seis anos, Pedro foi uma das pessoas que tiveram grande participação na construção da atual Igreja Matriz de Gaspar. Além disso, ele também trabalhou para construir o Hospital Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Ao falar sobre seu esposo é possível perceber que os olhos de Ana trazem uma grande saudade, mas também muito carinho e a garantia de que viveu quase 60 anos ao lado de um grande companheiro e exemplo de pessoa. Hoje, a querida senhora vive na mesma casa que construiu ao lado de Pedro, com uma de suas filhas.
Edição 1434
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