Sandro Galarça - Jornal Cruzeiro do Vale

Sandro Galarça

30/05/2008 00:00

Há um conceito importante de espaço público em Jürgen Habermas, teórico da segunda geração da Escola de Frankfurt, em seu livro Mudança Estrutural da Esfera Pública, segundo o qual o que deve permanecer como resultado efetivo dos poderes constituídos e suas relações é o bem comum. Vamos traduzir em uma linguagem mais simples: poderes Executivo (a prefeitura, o governo do Estado ou a República), Legislativo (câmaras municipais, assembléias estaduais, Congresso e Senado) e Judiciário (Tribunais Eleitorais e a Justiça, em todas as esferas), somados à imprensa, associações, sindicatos e demais entidades de classe deveriam trabalhar em favor da sociedade.

O bem comum, segundo Habermas, seria o resultado das ações - mesmo não organizadas com este fim - político-administrativa destes grupos. Sem interesse pessoal, sem corporativismo, sem ideologia política. Uma utopia para o mundo moderno, recheado de competitividade, um período em que o TER vale mais do que o SER e onde o que vale é a política da conveniência, do governo de favores, da nomeação por amizades ou ideologias partidárias.

A Justiça, órgão máximo de defesa dos direitos dos cidadãos, anda às voltas com uma crise burocrática que em nada ajuda o cidadão. O Legislativo, político por natureza e um mundo de privilégios e mordomias, vive uma eterna crise pela falta de credibilidade. O Executivo, eleito pelo voto direto para representar os interesses de uma comunidade cada vez menos protegida, não consegue administrar os poderes e os cargos prometidos em campanha.

Vamos analisar a situação política do município em que vivemos: quantos projetos de lei, efetivamente, beneficiaram a qualidade de vida dos moradores desta cidade? Quantos desburocratizaram os órgãos públicos? Quantas reduziram as desigualdades sociais? Quantas evitaram as injustiças praticadas em todos os níveis da sociedade? Como tem se posicionado a Câmara frente ao governo braço-de-ferro de Adilson Schmitt?

E o Executivo? Quantas atitudes administrativas foram tomadas realmente para reduzir a pobreza? Para melhorar o acesso dos menos favorecidos à educação? Quantos projetos levaram tratamento de saúde com qualidade à população carente? E a violência? Como as autoridades competentes atacaram de modo eficaz as causas da violência que cresce em nosso município? E a imprensa? tem cumprido satisfatoriamente o seu papel de jornalismo-denúncia, esclarecimento, interpretação e análise dos fatos?

Diante de tantas perguntas, cabe a seguinte reflexão: não estamos trabalhando de maneira adequada para o crescimento de um espaço realmente público. Do povo. Das pessoas e para as pessoas. Mas, afinal de contas, quem se importa?

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