Muito sensata a decisão acordada entre os vereadores de Gaspar, de não conceder reajustes salariais a prefeito, vice, secretários e vereadores. Ainda que os reajustes valessem apenas a partir de janeiro, portanto para a próxima gestão de Executivo e Legislativo, como prevê a Lei, a decisão pode ser considerada como a voz do bom senso, num momento de vacas magras na arrecadação municipal.
Legisladores e administradores públicos são necessários, legítimos, mas custam caro à população. Somados aos salários dos servidores, os vencimentos recebidos pelos agentes públicos engordam a folha de pagamento do município e não permitem que investimentos importantes sejam feitos na infra-estrutura, educação e saúde da cidade. Resta o alento de que parte destes valores não serão reajustados para a próxima gestão, o que também não deixa de ser uma "boa ação política", fator sempre considerado em ano eleitoral.
A máquina pública está trabalhando no limite dos gastos, que são muitos, e um enxugamento racional é projeto que leva anos para ser concluído. Depõem contra esse plano de redução fatores as garantias trabalhistas, o número elevado de servidores, a estrutura administrativa que consome recursos e investimentos cada vez mais pesados e a troca periódica de governantes e secretários, a cada quatro anos (na melhor das hipóteses, a cada oito anos).
Isso porque cada gestor público faz a sua equipe, reordena seus setores de acordo com as suas preferências - algo perfeitamente natural no setor público, impensável na iniciativa privada - e lá se vão longos meses até que a máquina administrativa esteja funcionando a pleno vapor. Desavenças políticas ou ideológicas causam novo redesenho, nova distribuição de cargos, funções e habilidades, o que acarreta nova perda de tempo e recursos. Por isso, congelar os vencimentos por mais algum tempo soa como positivo, uma iniciativa com visão realmente pública no meio de tantos interesses pessoais e corporativos.
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