Medo dentro de casa - Jornal Cruzeiro do Vale

As lágrimas que escorrem pela face de Valdilene Machado são reflexo da falta de segurança que os moradores da localidade do Baú Baixo enfrentam diariamente. Ficar em casa com as janelas fechadas e as portas trancadas a chave e dormir sentado em uma cadeira na sala são atitudes que se tornaram necessárias na vida de muitas famílias da até então pacata localidade de Ilhota.
O medo que toma conta destas famílias, já muitas vezes furtadas de sua dignidade ao encontrar suas casas invadidas por assaltantes, é resultado do aumento da criminalidade, que, por sua vez, é consequência da falta de ação da própria polícia, que muitas vezes se omite, seja por medo ou por falta de estrutura, e da falta de investimentos em políticas públicas que promovam uma vida digna para as classes menos favorecidas.
Excluídos do sistema social, muitos jovens recorrem ao uso de substâncias entorpecentes para se sentirem realizados, felizes, e acabam entrando no tráfico para conseguir manter o vício. E é ela, a droga, a causadora de praticamente todos os problemas que atingem o Baú Baixo e muitos outros bairros de Ilhota e Gaspar.
Em sua maioria os pequenos furtos, que tiram o sono e roubam a segurança das famílias, são praticados por estes delinquentes, que precisam roubar para ter condições de sustentar o vício no crack, na cocaína, na maconha.
Os policiamentos são necessários e poderão coibir a ação destes pequenos bandidos, mas não irão acabar com o problema. Enquanto as autoridades não acordarem para a necessidade de investir na família, de promover espaço para que os jovens sintam-se inseridos em seu meio e enquanto o poder público não oferecer políticas que mostrem aos jovens uma alternativa de vida além da droga, nada irá mudar. De nada adiantará enviar viaturas, policiais, realizar operações, se não houver investimentos na melhoria da condição de vida da comunidade.

Edição 1263