A difício equação do transporte - Jornal Cruzeiro do Vale

O transporte público, mais precisamente o valor das tarifas, foi o principal estopim para as manifestações que pararam o país em junho do último ano. Em meio a outras cobranças, a redução no preço das passagens e a melhoria na qualidade do serviço oferecido aos passageiros estiveram entre as principais mensagens defendidas pelos manifestantes.

Oito meses depois, pouco mudou na qualidade do transporte público na maior parte do país e também na relação entre serviço e preço da tarifa. A contenção dos valores das passagens, ainda que moderada, talvez tenha sido a principal medida, copiada a esmo pelos municípios brasileiros, mas não foi algo que desencadeou qualquer revolução neste setor.

Em Gaspar, um dos pontos centrais da discussão acaba sendo os horários de ônibus disponíveis aos moradores. Se em bairros com alta densidade populacional a oferta de linhas e itinerários é suficiente para atender a necessidade de deslocamento, o mesmo não se pode dizer de localidades mais distantes, como Macuco e Garuba. Nestes locais, os moradores precisam ajustar seus compromissos aos poucos horários em que há ônibus disponível.

A matéria que o Cruzeiro do Vale traz nesta edição mostra algumas dificuldades que os moradores enfrentam em função disso. No entanto, resolver o problema não é algo simples, já que ampliar as opções de ônibus nesses bairros implica custos com gasolina e manutenção para atender regiões em que a demanda ainda é considerada pequena. No entanto, as próprias deficiências do serviço podem ser os motivos de os moradores buscarem alternativas ao transporte coletivo, colocando em carros particulares pessoas que poderiam usar ônibus.

A difícil missão de equacionar essa relação, levando o maior número possível de horários sem comprometer a qualidade e a viabilidade financeira do serviço, é o desafio do poder público, das empresas ligadas ao setor e, principalmente, da sociedade.

Edição 1566