Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

10/06/2008

Exemplos I
Nas colunas que escrevo, o leitor atento e continuado, tem podido observar que enfatizo com muita freqüência, a necessidade de Gaspar crescer, desenvolver-se, integrar-se nos projetos regionais, ter novas idéias e decisivas ações, ser percebida, ter renovação na sua liderança política e dar vez aos jovens. Não se trata de uma implicância, mas de uma necessidade urgente, entendo, para a cidade. Ela precisa ter planos, sonhos, voz e gente disposta a esta determinação. Caso contrário, perderemos o trem da história, da inserção, da oportunidade, da competitividade, da qualidade de vida e do sucesso.

Exemplos II
Sei também que não é fácil fazer qualquer mudança. Isso não é comum em qualquer lugar. A reação é imediata. Resistentes se unem como num passe de mágica. A nossa cidade tem um ritmo. Ela não se preparou adequadamente para superar as dificuldades e as "lideranças" estão divididas. E muitas delas insistem em ter apenas o passado como referência. Não tem sido fácil escrever sobre este assunto. Primeiro porque não sou o dono da verdade. Sou feito de erros e fraquezas. Além disso, pensar estruturadamente e escrever são mais fáceis do que por em prática as próprias idéias. Pior mesmo quando você não pode gerenciar as idéias e quem possa executá-las. Segundo, porque tenho sofrido pressões para mudar o disco. Mas, são justamente elas - as pressões - que me fazem na teimosia do assunto.

Exemplos III
E é nesta batida que hoje eu gostaria de destacar uma entidade: a Associação Empresarial de Gaspar, a Acig. Acabo de receber um folder de prestação de contas. É algo diferente para Gaspar: alguém prestando contas para seus associados e à comunidade. Mais diferente, quando esta prestação de contas tem conteúdo. Contudo, na minha avaliação, há pecados também.

Exemplos IV
A Acig é uma entidade de empresários e executivos, certo? Certo. Devia se preocupar só com os assuntos dos empresários e das empresas deles, certo? Errado. Num mundo cheio de oportunidades, em que os relacionamentos produzem resultados para a sociedade, empresas e empresários não podem estar dissociados da sua comunidade. Em algum ponto, os problemas sociais, de cidadania, ambientais, de infra-estrutura entre muitos outros, se não devidamente cuidados, discutidos e resolvidos, vão prejudicar o desempenho das empresas, contaminar a imagem de empresas e empreendedores, ou produzir o desequilíbrio entre o público, o cidadão, a cidadania e o privado.

Exemplos V
A Acig foi ousada nesse item. Nasceu forte. Entretanto, num momento, tornou-se fraca. É do ciclo da vida. Foi usada politicamente e desacreditada para coisas pequenas. E há dois anos retomou o seu papel de liderança, independência e de convergência com Samir Buhatem. Ela e seu presidente - um jovem - foram questionados, postos à prova em alguns casos. Em outros, claramente confrontados, boicotados e isolados. Também houve momentos de resistência, diálogo e até de revisão. A Acig, cuidadosamente, insistiu em ficar longe e a servir como esteio de aparelhamento de partidos, do poder político de plantão, ou de ser um prolongamento das idéias exclusivas e excludentes dos agentes públicos. Foi plural. Fez bem, penso.

Exemplos VI
Falei-lhes do folder e da prestação de contas. É uma boa peça para análise. Não pela beleza gráfica que ela não tem. Mas, principalmente pelo conteúdo. Primeiro, a Acig saneou e deixou transparente as suas próprias contas; segundo, montou uma sede funcional no centro da cidade; criou uma sala para eventos e uso para palestras, cursos e encontros dos próprios associados; terceiro, montou dois núcleos: os dos contadores e da mulher empresária (devia ser da mulher empreendedora, penso). Ou seja, deu mais voz.

Exemplos VII
E a lista é maior para os dois anos de mudanças na Acig. Vejam. Criaram-se benefícios para os associados como a emissão do Certificado de Origem e apoio ao pequeno e médio exportador; autenticação e registro dos livros fiscais na Jucesc (e que foi interrompido temporariamente pela prefeitura meses atrás e normalizado posteriormente); estruturou-se os serviços de informações cadastrais do Serasa e Sinfor; permitiu-se o micro crédito com o Banco do Vale; Uniodonto; Unimed; lançou-se o programa de contratação de estagiários nas empresas; criou-se cursos de capacitação do Sebrae; e o cartão de compras para os empregados com débitos nas folhas de pagamentos.

Exemplo VIII
E você leitor me perguntaria: mas isso tudo beneficia os empresários e as empresas deles, apenas? Não. Tem uma repercussão social muito grande porque ao fortalecer ou complementar as necessidades das empresas, a Acig direta e indiretamente, garante apoio para novos empregos, a manutenção dos atuais, bem como e a sua permanente qualidade e qualificação. Entretanto, a sua possível observação leitor, pode ter alguma procedência. E foi da outra parte do folder-relatório que recebi, que mais me chamou a atenção. Ele mostra a outra face da Acig: a de uma entidade de classe atualizada em seu tempo.

Exemplo IX
Primeiro, a Acig trabalhou com outras entidades locais, regionais e estaduais como a CDL, a Ampe, a Facisc e outras organizações similares de Blumenau, Brusque e Itajaí, Rio do Sul, Indaial, Timbó e Rio do Sul, por exemplo. Ela entendeu claramente, que sozinha não poderia fazer nada, ou pelo menos teria muitas dificuldades. Por isso, sempre manteve canais abertos com o governo do estado, com os partidos políticos, com a Câmara de Vereadores, com os deputados e senadores de todos os partidos em Florianópolis e Brasília. Não foi sectária. Bem, com a prefeitura de Gaspar, as coisas nem sempre foram boas. Logo aqui. Entende-se. Os leitores também podem avaliar melhor as razões disso.

Exemplo X
E nesta batida que a Acig foi à comunidade; foi participativa e foi alvo também. Não poderia ser diferente: quem ousa e quem faz provoca reações. Além disso, a unanimidade é algo perigoso. Voltando. E a mais importante dessas ações está na reconstrução, saneamento, modernização e sustentabilidade do novo Hospital de Gaspar. Não tem sido fácil. Eu, particularmente, tenho testemunhado esta ação, sem falar que sou uma testemunha desse assunto, histórias, explicações e desculpas por mais de 25 anos. Todavia, penso que a fase mais difícil, a da dúvida e a do boicote (isso mesmo, boicote), já está passando. Querem mais? A Acig foi atrás do Cefet para Gaspar e o bairro Bela Vista; ela lidera a idéia da Ponte do Vale, do Anel de Contorno, do Voto Consciente, do Porto Seco, absorveu a Fundação Frei Godofredo e foi decisiva na vinda da Procwork, quando algumas forças políticas locais, quase a retiraram do cenário produtivo local.

Exemplo XI
A nova Acig é uma grata surpresa. É um exemplo para Gaspar, os gasparenses e outras entidades. Pode ser o sinal de que alguma coisa está mudando. Daí, justificadamente, alguns acidentes e questionamentos. Contudo, a sua diretoria acaba de ser reeleita. Este exemplo na minha opinião, só estaria completo se tivesse havido uma renovação expressiva da diretoria reeleita para que novos nomes pudessem ser contaminados, propor novas idéias e mudanças consistentes para Gaspar em prol de sua gente. Mais. Falta à Acig dizer quais são os novos desafios para a nova gestão nesses próximos dois anos. Isto é outro avanço. É comprometimento público com a comunidade e com a classe que ela representa. Não se pode dormir nos louros que plantou e colheu nos dois primeiros anos. Mesmo assim, ainda ela é uma das faces da Gaspar acordada.

Registro
O acionista majoritário e presidente do Grupo Lince, Leopoldo Adolfo Schmalz, esteve conversando recentemente com o executivo e presidente da Bunge Alimentos, Sérgio Roberto Waldrich. Na pauta dos dirigentes das duas maiores empresas do município estavam negócios, Gaspar, futuro e o novo Hospital.

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