por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

por Herculano Domício

03/02/2009

Voltei
Leitores, leitoras: voltei ao meu cantinho das terças. Alegria da meia dúzia de leitores teimosos. E motivo de preocupação para outras dúzias com alguma culpa em algum cartório. O que está bombando mesmo é o blog "Olhando a Maré". A ferramenta de estatística é precisa. O blog pode ser acessado pelo portal www.cruzeirodovale.com.br, clique em blogs e depois em "Olhando a Maré". É Gaspar no mundo. Acorda Gaspar.

Blog
Quer um exemplo do blog? Esta foi postada na quarta-feira da semana passada e em cima do fato. Antes das rádios. Antes de qualquer jornal. "A área de Assistência Social do município de Gaspar, agora sob nova liderança, continua patinando na operacionalidade. Também pudera. Quem não consegue sequer resolver ou equacionar o problema criado por um grupo de andarilhos, bêbados e vândalos "plantados" no hall da antiga entrada do prédio da Prefeitura, só pode se dar mal na administração das sequelas e exigências decorrentes da catástrofe ambiental de novembro do ano passado. É algo excepcional, complexo e complicado. Eu sei. E por conta disso, exige-se competência, conhecimento e habilidade. E por falta delas, relatos dão conta que o clima esquentou na área, esta tarde. Acorda Gaspar". E se tornou um caso de polícia.

Invasão I
Aliás, por falar nisso, veja o que está acontecendo com aquela área que está sendo invadida no Bairro Bela Vista de forma comercial e organizada. Ela já rendeu  uma Ação de Reintegração de Posse pelo proprietário. Primeiro, há anos, foi invadida uma área de risco e indenizada com dinheiro público - o nosso -, e hoje chamada de Marinha. Todos fecharam os olhos para a ilegalidade e a imprudência. O poder público o que fez? Política barata, assistencialismo em busca de votos. Não protegeu  cidadão. Com o dinheiro público regularizou aquilo que já estava condenado e indenizado. Deu no que deu. Tornou-se cúmplice e culpado do que poderia ocorrer no futuro. E nós também dos desastres decorrentes da irresponsabilidade dos agentes públicos.

Invasão II
Agora, com a tragédia de Novembro, uma parte dos moradores perdeu suas áreas que não eram suas mas se tornaram por posse não contestada. A outra, exigiu e recebeu amparo público como se tivesse em local permitido, apesar da livre escolha de risco, arbítrio e ilegalidade que fez.  Ou seja, ilegalidade permitida, autorizada não é ilegalidade até porque nenhum de nós responsabilizou ou criminalizou nenhum dos invasores, e nenhum agente público pelo absurdo permitiram em nosso nome.

Invasão III
Orientados, movidos pela sobrevivência e sabedores da recorrente omissão das autoridades, o que fizeram outra vez aproveitando-se das lições anteriores? A poucos metros de onde moravam, orientandos, organizados e liderados, invadiram uma área privada. Parte dela também vai água de enchente. Ou seja, acabaram sair de um e já se meteram e assumiram riscos. Criam o problema e depois querem soluções, caras, políticas como se fossem vítimas de um processo de descaso do poder público para com o problema deles. Todavia, agora o assunto é diferente. O dono quer a área de volta ou ser indenizado pela ocupação do que é seu. Acorda Gaspar.

Asfalto
O governador Luís Henrique da Silveira, PMDB, chegou ontem de helicóptero no pátio do Bunge Natureza. Ele veio assinar a ordem de serviço para a recuperação da SC-470, a rodovia Jorge Lacerda, no trecho  Itajaí a Blumenau. Finalmente. Três detalhes chamam a atenção: fazia tempo que ele não escolhia Gaspar para atos públicos, foi só o ex-prefeito Adilson Schmitt, PSB (ex-PMDB), sair;  a vinda de helicóptero deve ter sido proposital e por segurança, pois a rodovia está em péssimo estado de conservação e ele talvez não quisesse se sujeitar ao engarrafamento do centro de Gaspar que só o Anel de Contorno resolveria; o anúncio e o ato se dão exatamente quando o município oficialmente faz campanha contra a municipalização da rodovia. E foi esse o propósito do governador: recuperá-la e entregá-la ao município que já lhe havia pedido para ser dona dela. Mudou?

Hospital
O governo do estado já entrou com R$ 2,25 milhões na mega reforma do nosso hospital; o município com R$ 525 mil liberados pelo ex-prefeito Adilson Luís Schmitt, PSB. O prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, acaba de liberar a parcela de janeiro e de R$130 mil, das doze previstas para este ano. Ela foi colocada no orçamento pelo prefeito anterior  e aprovada na Câmara de Vereadores. Do governo Federal, motivo de acalorados discursos de palanques, até agora nada. O que se dizia na época, é que todos daqui eram amigos do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Tinham amigos influentes para abrir portas e cofres. Será que eram bravatas? Ou vão esperar uma segunda ou sexta-feira para a vinda e promoção da ministra Dilma Rousseff? Acorda Gaspar.

Hospitais I
A farra e a irresponsabilidade administrativa dos municípios na área da saúde pública usando politicamente os hospitais, não pagando os serviços, materiais, hotelaria e medicamentos e com isso sucateando-os ou até os inviabilizando, pode estar chegando ao fim. O Ministério Público, em Nova Trento, obrigou o Município a manter o contrato para o atendimento das urgências e emergências no Hospital Nossa Senhora da Imaculada Conceição, único da cidade. Se não fizesse isso, o Município teria que pagar uma multa diária de R$10 mil.

Hospitais II
Em tese, como funciona a jogada? O Município tem um orçamento e uma responsabilidade para com a saúde pública e o atendimento da população, previstos inclusive pela Constituição. Numa vertente, o administrador público finge que não é com ele este assunto e quieto deixa o hospital atender via o SUS por pressão e demanda naquilo que é obrigação do Município. Como decorrência, logo vem os problemas financeiros e o sucateamento do hospital. Fica fácil manipulá-lo ou torná-lo cabide de empregos.

Hospitais III
Na outra vertente, o Município firma um convênio, mínimo, e depois o rompe ou não o cumpre, unilateralmente. Problema criado, nasce um jogo do empurra, de busca a culpados, promessas de soluções e que se arrasta por tempos, quando o Judiciário e o Ministério Público não entram e obrigam o atendimento pelo hospital até se encontrar uma saída. E ela não vem. Cômodo.Parte do problema já está resolvido. Há atendimento. Muitas vezes precário, mas há. Tempo suficiente para os desgastes, a crise financeira e o sucateamento do hospital. A população por sua vez, via manipulação política, a mídia e interesses partidários, mas devido à falta e à necessidade de atendimento e assistência,  fica com a impressão que a obrigação do atendimento, independente de onde venha o dinheiro - que não vem mais do Município - é do próprio hospital. E o administrador público ou o político se delicia com esse equívoco. Lava as mãos.

Hospitais IV
O que acontece para tentar estabilizar esta situação? Espertezas. Resultado? Hospital fraco, corpo clínico limitado, financeiramente comprometido, gerenciamento debilitado devido a interferência política, dívidas impagáveis, na maioria feitas de tributos. Experimentados, o Município e seus agentes políticos, normalmente, pedem contrapartidas; querem gerenciamento político; oferecem doações e fazem propaganda com  esmolas que repassam como se eles fossem os redentores da situação;  arrumam culpados; e ainda usam a tragédia como tema de campanha perante a população para se manter no poder. A Federação e a Associação dos Hospitais de Santa Catarina começaram a orientar os seus filiados para esta insólita cena e antigo pesadelo. Até que enfim.

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