23/01/2015
O DINHEIRO DA PONTE I
Eu estava quieto. Julgava ser um assunto velho, repetido e esclarecido, inclusive para os políticos envolvidos. Entretanto, o prefeito Pedro Celso Zuchi, de Gaspar, o PT daqui, de José Amarildo Rampelotti, e o de Blumenau, que anima, alimenta e se esconde neste caso, provocaram, mais uma vez. Zuchi, porta-voz de uma verdade, foi à rádio CBN de Blumenau. Disse que até junho deste ano, a meia (devido à falta das alças de acessos do povo da Margem Esquerda) ponte do Vale estará concluída. Rir é pouco. Escárnio.
O DINHEIRO DA PONTE II
A rádia de lá endossou mais essa papagaiada. Ela é igual àquela do Ginásio João dos Santos. Ali se jurou, aplaudiu-se e se propagandeou que tudo estava resolvido. As obras da ponte estão paradas desde março do ano passado (data que a gasparense honorária Ideli Salvatti prometeu inaugurá-la no aniversário dela e da cidade). Tudo por blefe e falta de pagamento. Agora, liberaram R$14,7 milhões. Só no papel. De verdade? Nada chegou aqui até este momento.
O DINHEIRO DA PONTE III
Já expliquei. Vou repetir e desenhar. A dívida que obrigou a empreiteira mineira Artepa Martins a parar a obra chega a quase R$ 9 milhões. Aí não estão os juros, a correção e outras penalidades contratuais. Então essa verba já está comprometida quase totalmente com o passado. E para terminar a ponte, vão ser precisos mais outros R$ 14,7 milhões. No mínimo. Outra. Não precisa ser engenheiro (eu não sou; Zuchi não é, mas está cercado deles, inclusive o amigo de décadas Soly Waltrick Antunes Filho, aquele que colocou um toco para segurar a ponte Hercílio Deeke) para saber que até remontar o canteiro de obras e finalizar o que tem para terminar, no mínimo mais oito meses de trabalho duro e muitas horas extras. Fico abestado como a imprensa participa desse circo. Seja na crença, ou na omissão, ou no conluio.
O DINHEIRO DA PONTE IV
Como se vê, é uma enrolação atrás da outra. E tem mais. Na primeira coluna deste ano registrei que o prefeito de Gaspar foi em surdina (por quê?) a Brasília no dia 22 de dezembro, como reportou Jean Laurindo no portal do Cruzeiro do Vale, o mais acessado e o mais acreditado, depois de ouvi-lo. Era quase Natal (?). Em Brasília? E o que Zuchi foi fazer lá? Ele próprio foi ?empenhar? os R$ 14,7 milhões para a ponte do Vale. É algo que qualquer estafeta poderia fazer por ele e por Gaspar. Nem isso Zuchi ? com a proteção de Ideli Salvatti, Décio Neri de Lima e a amizade que ambos dizem possuir com Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Vana Rousseff - conseguiu.
O DINHEIRO DA PONTE V
Como Zuchi é insistente e tem atração por Brasília ? o distrito onde mora Dilma e que o PT de Agnelo Queiroz acaba de estraçalhar administrativamente, como registra o noticiário -, ele fará tudo para ir lá de novo. Pode apostar. Na licitação, a ponte do Vale custava R$ 42,5 milhões e tinha direito a crescer mais 25% nos famosos aditivos. Isso subiria para uns R$ 54 milhões. Com os atrasos, o custo aumentará ainda muito mais. O que Zuchi esconde e o PT de Blumenau, que manda aqui, também, é que mais de R$ 20 milhões ? e exatamente que faltou para terminar a ponte no tempo, pois os R$19,5 milhões que o governo federal se comprometeu já os enviou integralmente, era compromisso documentado pelo próprio Zuchi ao governo federal de Gaspar com a empreiteira. E Zuchi e Gaspar deram para trás. Então a ponte não se terminou porque Zuchi, PT e a prefeitura não cumpriram o que prometeram por documento (e que já publiquei a réplica) ao governo federal na contratação do primeiro financiamento e à empreiteira na contratação da obra. Nem mais, nem menos.
O DINHEIRO DA PONTE VI
Por outro lado, quem agora poderá dar uma mãozinha para o prefeito Zuchi e o PT para a liberação dessas verbas da ponte do Vale e que eram obrigações iniciais do município de Gaspar, além dos do PMDB, que se alinharam com o PT daqui? Os vereadores Marcelo de Souza Brick e Giovano Borges, ambos do PSD. É isso mesmo! Eles são os pupilos do novo ministro das Cidades, Gilberto Kassab, PSD. O Ministério das Cidades originalmente tinha a verba. E de lá sumiu e foi para outra obra em outra localidade, quando o PP de José Hilário Melato e do ex-deputado João Alberto Pizzolatti Filho era o ?dono? daquela pasta. Uma traição daquelas com a cidade e a região.
O DINHEIRO DA PONTE VII
Só para esclarecer e mostrar que os discursos e entrevistas por aqui (e Blumenau) carecem de perguntas básicas e por isso a população é enrolada. No início do mês, a presidente Dilma Vana Rousseff assinou um decreto congelando os repasses obrigatórios. Ora, se ela trancou até o que é obrigatório por falta de Orçamento e caixa, imagina-se o que acontecerá para as outras necessidades, como as obras enroladas em tempos de petrolão. Como aqui as notícias desse tipo demoram a chegar, não custa arrumar mais uma desculpa esfarrapada para ir a Brasília e conferir o que escrevo. Eu não ganho diária nenhuma e a Brasília não tenho ido nem a turismo. Acorda, Gaspar!
Edição 1655
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