24/01/2014
TRAGÉDIA ANUNCIADA I
Na segunda, dia 27, fará um ano do incêndio da Boate Kiss, na gaúcha Santa Maria. Uma tragédia de 242 mortos. Foi ela que inspirou a professora e novata vereadora Andréia Symone Zimmermann Nagel, DEM, denunciar a calamitosa situação dos prédios públicos de Gaspar, principalmente as escolas e creches, a qual expõe crianças, jovens e professores. Os gasparenses descobriram Andréia e a sua forte convicção em defesa da comunidade.
TRAGÉDIA ANUNCIADA II
Mas, o que avançou? O poder público mandou uma banana para este assunto tão sério. E deveria ser diferente? Como um ente político iria dar atestado de competência à intrometida Andreia, mesmo que isto representasse uma denúncia para a proteção dos cidadãos? A própria Andréia se envolveu com outros temas fundamentais para a cidade e sua comunidade. Dispersou-se e não foi capaz na constituição uma equipe para assessorá-la, inclusive de forma voluntária ou partidária, e assim tornar realidade as boas ideias que teve ou nas bandeiras que desfraldou. O poder de plantão, matreiro, agradeceu a forma como Andréia abraçou o mundo sem ter braços suficientes para as soluções.
TRAGÉDIA ANUNCIADA III
Algumas soluções só vieram preventivamente por medo do Ministério Público. Meu Deus! Na quinta-feira pela manhã nos comentários da coluna no portal e que é líder de acessos, publiquei o que classifiquei como ?uma boa notícia?: a tomada de preços 265/2013 pela prefeitura no dia 6 de fevereiro. É para a execução do sistema preventivo contra incêndio da Escola Norma Mônica Sabel e que possui dois andares. E concluí o comentário, perguntando à vereadora Andréia de como estava este assunto tão bem denunciado por ela. ?As nossas crianças vão ficar reféns da incúria dos gestores públicos e dos discursos dos políticos mais um ano??
TRAGÉDIA ANUNCIADA IV
Andréia, prontamente respondeu à comunidade porque para este colunista, ela e outros não devem explicação nenhuma. Resumindo: como era de se esperar e a olhos vistos, o assunto não andou. Andréia fez dois relatórios das escolas municipais, estaduais e particulares de Gaspar e os comparou: fevereiro com novembro de 2013. Em fevereiro nove educandários estavam regulares; em novembro, o número permanecia nove, mas oito que já estavam regulares perderam esta condição em sete meses. Em fevereiro, 16 prédios escolares tinham a condição de fácil regularização e em novembro oito estavam em processo de regularização. Agora pasmem: em fevereiro eram 19 escolas irregulares. E em novembro? 27. Ou seja, está se enxugando gelo e as crianças, adolescentes e professores cada vez mais expostos ao perigo.
TRAGÉDIA ANUNCIADA V
Andréia até foi, mas não fez uma parceria decisiva e permanente com o Ministério Público. É a única linguagem coercitiva que o poder político e o gestor público são capazes de acatar em Gaspar. A denúncia formal que existe lá é anônima. E foi a que provocou a ?boa notícia?, na iniciativa da prefeitura de Gaspar. Não havia alternativa. Um leitor da coluna, no mesmo debate, foi conclusivo e simples: ?o problema de todas estas obras públicas irregulares é um só: está irregular fecha; se regulariza, abre. Ponto final?.
TRAGÉDIA ANUNCIADA VI
E a derradeira pergunta. Ela mostra as perigosas conveniência e conivência do Corpo de Bombeiros: afinal onde está o tal exercício do ?poder de polícia? na proteção da segurança, saúde, integridade e vida do cidadão? Tudo está irregular aqui nos prédios públicos. E qual a conclusão do leitor que escreveu à coluna? A mais óbvia. Todos enxergam, mas... ?O que mais me deixa puto é que muitas são obras novas, recém-inauguradas. Mas se você cidadão comum, quiser fazer funcionar uma simples lanchonete, você tem que ter todos os alvarás possíveis e olha que a prefeitura é a primeira a cobrar?.
SOBRE O TRAPICHE
Jornalismo chapa branca, ideológico e de preguiçosos descomprometidos com a notícia. A manchete que faltou esta semana. BR 470 vai ser duplicada com apenas uma retroescavadeira. Ou: consultoria ambiental da duplicação da BR 470 levará décadas. Precisou-se de seis meses para liberar o primeiro trecho de 1,1 quilômetro.
Muro de capim. Agora está tudo liberado. Exatamente no dia 14 deste janeiro quando se prorrogou por mais um ano o convênio, foram liberados pelo Ministério da Integração Nacional, o restante R$308.916,09 e que perfaz o total do compromisso do ministério com a prefeitura de Gaspar para a construção deste muro: R$2.351.603,26. Ou seja, entende-se agora parcialmente o jogo de se esticar por mais um ano e no último segundo, um convênio que já estava terminando (7 de janeiro de 2014).
Outra. Originalmente este convênio era maior. Depois, misteriosamente ele se ajustou para menos. O total era de R$ 3.651.548,56, sendo R$ 3.026.854,39 do Ministério da Integração e R$ 624.694,16 da prefeitura. E esta posição ficou exposta e não foi modificada no site do Ministério e da Transparência até a liberação no dia 27 de fevereiro de 2012 da primeira parcela de R$ 1.042.687,17, mesmo sabendo-se que o valor da licitação tinha sido bem menor, ou seja, R$2.556.090,50.
Afinal, temos ou não temos dengue em Gaspar? O que se esconde e o que se fantasia?
Quais são as cinco maiores contas de despesas de manutenção da prefeitura de Gaspar a cima de um milhão de reais? Em primeiro lugar o lixo: foram empenhados em 2013, R$4.004.050,61 e efetivamente pagos no exercício R$3.992.793,75 (a diferença fica para 2014, pois o que vale é o empenho e que reconhece a dívida). O segundo, energia elétrica: empenhados R$2.861.025,37 e pagos 2.485.188,69. Em terceiro, manutenção e conservação de estradas e ruas: empenhados R$1.170.698,33 e pagos R$959.220,38. Em quarto, limpeza e conservação: empenhados R$1.123.752,13 e pagos R$1.119.184,63. E em quinto, vigilância ostensiva e monitorada: empenhados R$1.020.521,42 e efetivamente pagos, R$944.831,13.
E a conta do lixo em 2013? Coleta e descarte do lixo hospitalar dos postos de saúde, empenhados R$33.029,18 e pagos R$21.762,32 à Recicle, de Brusque. Na coleta de lixo reciclado, que é um negócio para quem faz, a prefeitura empenhou e pagou R$412.041,00 para a Reciclar, de Gaspar. Para recolher o lixo com características domiciliares, pois o industrial e o comercial são obrigações de coleta e destino por quem gerou o lixo, a prefeitura empenhou e pagou R$1.710.260,47 para a Say Muller, empresa gasparense criada na administração de Pedro Celso Zuchi. E para depositar o nosso lixo, a prefeitura empenhou e pagou R$1.848.729,26 à Recicle, de Brusque.
Gaspar fatura. Este é o título de uma retranca de uma reportagem Jornal de Santa Catarina, de Blumenau sobre os nossos balneários de águas. O que ficou claro? De que não é nenhum favor com a região do Belchior a manutenção e pavimentação das estradas. Belchior gera muito imposto e com os atrativos. De acordo com a diretora de Turismo, são de 250 mil a 300 mil pessoas que passam por lá a cada temporada. Isto é de dar inveja a muito balneário catarinense no litoral em plena temporada. Como todos pagam para entrar e consomem, há receitas e tributos para o município. Em tempo: como a secretaria de Turismo, Indústria e Comércio tem certeza que vão para as cascatas todos os anos todas estas pessoas de outros lugares?
Depois choram e se dizem perseguidos. Mas gostam do perigo. Faz-se uma licitação para adquirir luminárias ( não postes e mão de obra para instalação de postes e luminárias). Pior. A empresa que venceu o pregão não fez o serviço porque não possui o equipamento para tal. Quem fez então? A que não deu lance final e perdeu a chance de fazê-lo. Então...
Quais as maiores diárias acumuladas em 2013 na prefeitura? Pedro Celso Zuchi (R$15.373,00), Renato César Zimmerman (R$10.319,00), Edson Carlos Pereira (R$8.057,00), Mariluci Deschamps Rosa (5.503,00), Arnaldo dos Santos (R$4.321,00), Neilvado Silva (R$ 4.125,00), Solange Regina da Silva Venturini, Rosemeri Moser Melato e Marili Spengler Cordova (todas, R$3.935,00), Talita Sheila Salini (R$3.914,00), Roberto Procópio de Souza (R$3.911,00), Lovídio Carlos Bertoldi (R$ 3.826,00), Valter Alexandre Siqueira (R$ 3.398,50) e Josiani Toloni Ferrari (R$3.330,00).
Ao todo, a prefeitura com as suas fundações e autarquias, bem como a Câmara, somadas pagaram em 2013 aos comissionados, políticos e servidores, R$202.202,01 em diárias. Na Câmara, o funcionário com mais diárias foi Rui Donizete de Góis Vieira (R$2.670,00) e os três vereadores que acumularam mais diárias foram o ex-presidente José Hilário Melato, PP (R$2.670,00), Antônio Carlos Dalsóchio, PT (R$ 2.160,00) e Ivete Mafra Hammes, PMDB (R$1.805,00).
Tinha visão. O terreno de 2.700m2 onde vai ser construído o novo Fórum foi desapropriado e doado em 2007 pelo ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, PPS.
Edição 1556
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