30/07/2013
OS DOENTES I
Os políticos (e médicos) não querem o Hospital de Gaspar aberto, capaz, profissional, referência, confiável para os gasparenses, doentes, fracos e desassistidos. Quer-no mendigo, dependente, cabide de emprego e se possível, morto. Quem acompanha o que eu escrevo, sabe disto há anos. Está em curso mais uma sórdida ação capitaneada pelo prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, para matar o Hospital minimamente eficaz. É para desmoralizar e humilhar pessoas. Elas teimam na sobrevida de algo humanitário. O sórdido possui a complacência do governo Federal, sua política de saúde, o SUS; a omissão ou silêncio condenável do governo de Dilma Vana Rousseff; de Raimundo Colombo, PSD; dos deputados federais e estaduais que juram defender nossa comunidade. Que a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e a alma do exemplar Frei Godofredo, toquem essa gente.
OS DOENTES II
Zuchi em campanha acusou Adilson Luiz Schmitt, PPS, de fechar o Hospital. Mentiu. Só ai, dava a dica do jogo que viria nestes seis anos. Prometeu reabri-lo. Não era da sua alçada. Pediu para ?limpar? o Hospital de gente que ele enxergava como adversários, não importando se eles eram capazes no resultado para o Hospital e à comunidade. Equivocadamente atenderam-no. Agora paga-se por esta indevida submissão. Então o PT e Zuchi, aproveitaram-se para colocar lá genro (de triste lembrança) e um fiscal do partido, saído da folha de gabinete de um deputado Federal. Alto salário. ?Fiscalizava? a verba. E nunca viu nada de irregular. Saiu.
OS DOENTES III
Para pagar o que muito mais tomava no Hospital, Zuchi sugeriu o nome ?neutro? do novo presidente do Conselho. Agora, Zuchi e o PT, depois de não conseguirem tomar o Hospital como planejaram para os seus companheiros; de entregá-lo à Furb ? uma entidade que nem consegue fazer funcionar o seu em Blumenau -; depois de fazer propaganda das novas verbas como favores, espertamente só na época de campanha eleitoral, agora não apenas atrasa, mas as renega. E o que alega para tal? Suposta falta de documentação adequada. Truque. Chantagem. Crime. Disputas. Aparelhamento. Poder.
OS DOENTES IV
Vamos aos indícios deste crime. Primeiro fato. Os atendimentos que o Hospital faz geram um custo de R$500 mil por mês. Recebe da prefeitura R$245 mil. Só ai há um buraco de R$255 mil (R$3 milhões ano). Havia um convênio com o governo do estado de R$180 mil por mês. Ajudava. Mas, terminou dezembro. O governo do estado enrola. Atende a outros hospitais e não renova Gaspar. A SDR do PMDB calada, impotente. Absolutamente incompreensível. Descaso. Pior. Há uma dívida que sufoca planos. Ela é de R$9 milhões em tributos, encargos, fornecedores de décadas e que precisa ser gerenciada, paga.
OS DOENTES V
O segundo fato. Estes R$500 mil de custos são gerados por 2.500 atendimentos em média no Pronto Atendimento, sendo que 95% deles são comprovadamente residentes em Gaspar e mais de 90% deles vêm pelo SUS (85% na internação). Ou seja, não há venda de serviços como quer fazer crer a prefeitura. Há sim, atendimento público de saúde que deveria ser feito pela prefeitura. E por quê? Porque falham os postos de saúde da rede pública, a começar pelo CARS que o prefeito Zuchi em campanha escreveu que ele permaneceria aberto 24 horas por dia, sete dias, se eleito (e foi). Mentiu mais uma vez. Fechou parcialmente o CARS, tão logo o Hospital reabriu com festa em louvor a Zuchi (outro erro imperdoável dos que permitiram isto e hoje colhem problemas e vingança, todas elas antecipadas por esta coluna). Zuchi sabe quanto custa manter o CARS aberto 24 horas por dia. Economizou no seu orçamento. Mandou a conta intencionalmente para o Hospital moribundo. A remuneração do SUS é criminosamente defasada. Mais: o ideal seria o Hospital atender apenas 60% dos que vêm do SUS e não mais de 90% como é hoje. Assim a dívida se agrava.
OS DOENTES VI
O terceiro fato está na manipulação de dados, verbas, falta de diálogo, esclarecimentos e transparência para a cidade, cidadãos, cidadãs. Gaspar possui a obrigação constitucional de investir 15% do seu orçamento anual em saúde. Investe 16%. Ótimo. Mas não é bem assim. Em números macros: Gaspar tem um orçamento de R$123 milhões; reserva R$20 milhões para a Saúde. E ai a conta não fecha. O Hospital recebe quase R$3 milhões deste total para 30 mil atendimentos ano. Os outros R$17 milhões vão para seis postos (que podem fazer parcialmente os atendimentos assemelhados ao do Pronto Socorro do Hospital). A secretária de Saúde, Márcia Adriana Cansian jura fazer 480 mil atendimentos por ano (?). Número que não fecha. O ministério e a Organização Mundial da Saúde trabalham com um índice anual de 1,5. Ou seja, se Gaspar possui uma população de 60 mil pessoas, o normal seria atender 90mil em seus postos. Ou somos doentes demais com um índice absurdo de oito, ou algo precisa ser esclarecido.
OS DOENTES VII
Quer ver um exemplo de como os postos e saúde da prefeitura não funcionam e transferem o serviço deles para o Hospital, ocupando uma estrutura cara para maior complexidade? Incentivado, um paciente vai à rádio. Reclama que esperou muito por uma simples ?receitinha? do médico. Vira um escândalo. Um debate na cidade. Na Câmara, encenação. Condenação. Não contra a prefeitura. Contra o Hospital. Quem não funciona neste caso concreto? O posto de saúde. Receitinha, curativo, dor de barriga, ferimentos superficiais, unha encravada, medição de pressão arterial etc. é no posto de saúde. O Pronto Atendimento é para casos mais graves, avaliações, diagnósticos e decisões complexas. O tempo do médico no PA é para este tipo de urgência e emergência. Não para simples receitinhas.
OS DOENTES VIII
Na semana passada o Hospital, como um mendigo, um salafrário e fraudador, rotulado pelo PT e o prefeito Pedro Celso Zuchi perante a população, teve mais uma vez que ir à Justiça pedir o dinheiro que a prefeitura lhe deve por contrato. Ela alegava falhas na documentação. O Hospital pediu uma auditoria para apontar estas supostas falhas e corrigi-las. Foi lá Cleones Hostins. Resultado: cinco quilos de novos documentos. É isto mesmo. Está ai a foto. Entregue, nada se resolveu. Deboche. A Prefeitura não pagou o que devia. Mais. Mandou uma banana para a Justiça. Desrespeitou uma ordem judicial. Como se vê, é afronta e molecagem, não apenas contra o Hospital, mas contra instituições ou gente séria que trabalha para dar solução a um problemão de anos.
OS DOENTES IX
Tudo isto é orquestrado. PT, prefeito, secretária de saúde e vereadores da base governista na Câmara. O vereador Mitinho, Hamilton Graff, líder do PT, mas viúvo do PMDB de Nadinho, virou um ?especialista? em gestão hospitalar. Impressionante. Mas não sabe a diferença entre ministério da Previdência, da Saúde, o SUS e o hospital. O até então dono de cancha de bocha e boteco, não entende onde o Hospital coloca ?tanto? dinheiro que recebe da prefeitura e a razão pela qual, o médico do PA não está disponível, imediatamente, para dar uma receitinha ao seu eleitor que chega lá por não ser atendido nos postos da prefeitura. Faz bem Mitinho em pedir explicações se verdadeiramente as quer. Só não entendo a razão do Hospital não explicar com clareza o que escrevo aos gasparenses. Está com medo do quê?
OS DOENTES X
E a encenação se completa com Euclides Rampelotti, irmão de José Amarildo Rampelotti, líder do prefeito na Câmara. Ele é o presidente do Conselho Municipal de Saúde. Como se vê tudo armadinho contra o Hospital, contra gente decente, contra os fracos, doentes e os pobres. Eles estão apenas atrás de poder, empregos e uso total do dinheiro, como fazem com os outros R$17 milhões ?gastos? com Saúde em Gaspar. Está mais do que na hora do presidente do Conselho, Sérgio Roberto Waldrich desmascarar esta situação. Ou ele vai por panos quentes mais uma vez? O Hospital está colhendo o que plantou. Abriu sem sustentabilidade econômica e técnica. Sérgio acreditou em Zuchi e no governador da época, Luiz Henrique da Silveira, PMDB (que escolhe os secretários da Saúde, todos do PMDB, e mantém a SDR coveira do Hospital). Zuchi e LHS devem. Acorda, Gaspar!
Edição 1510
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