24/05/2013
ANA PAULA I
Eu tinha definido para eu mesmo dar um tempo neste assunto. Voltaria para mostra-lo num outro contexto, ou seja, na capenga política de assistência social do nosso município, feita por curiosos, ideólogos, teimosos, com economia de investimentos e resultados na inclusão social e proteção de vulneráveis. Para hoje estava pronta outro desmanche. Sobre como um bem público na Arena Multiuso foi vendido por particulares sob a proteção de governantes. Ficará para outro dia. Mas, o que me fez voltar atrás nas minhas decisões? A última sessão da Câmara.
ANA PAULA II
O vereador José Amarildo Rampelotti, PT, líder do prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, num discurso desconexo, sem me mencionar, afirmou que está arrepiado com que eu escrevo. Ué! Antes eu era um Zé Ninguém, não tinha credibilidade (professor de Deus), ninguém me lia... Rampelotti mudou. Repentinamente. Disse que os meus escritos o intimidam e têm o condão de calá-lo. Mais. Que eu estou ditando comportamentos e encurralando os políticos. Será verdade? Pudera. Alguém pode desenhar para ele (e outros) o que eu escrevi até agora sobre o caso das adoções em Gaspar, a famigerada reportagem incompleta e sacana da Globo? Ele deve estar arrepiado é com o que ele falou e está gravado. Isso sim é catastrófico. E contra ele. Baboseiras, mentira e fácil de ser desmentido ou tipificado. O resto? Falta de conteúdo.
ANA PAULA III
Insinuando que queria se esconder algo relevante e podre, Rampelotti afirmou que a juíza Ana Paula Amaro da Silveira tinha ido a juízo por um Mandado de Segurança. Queria impedir a Audiência Pública dos vereadores na qual se pretende discutir e esclarecer as políticas e procedimentos de proteção à crianças e adolescentes no tempo de 11 anos em que ela esteve aqui. Rampelotti mentiu ou foi mal informado (como sempre). A juíza reafirmou que quer a Audiência. Vem com o relatório do Tribunal debaixo do braço. O Mandado de Segurança Provisório pedido por ela foi para o caso de uma CPI. É que um juiz não deve prestar contas das suas decisões jurisdicionais ao Legislativo, mas à Corregedoria e ao CNJ. Outra. O tal Mandado não foi concedido. Simples. Não houve a constituição da CPI.
ANA PAULA IV
O jogador Rampelottti aproveitou o espetáculo. Afirmou que a juíza naquele instante do discurso dele, por convocação, estava em Brasília prestando depoimento à CPI do Tráfico de Pessoas. E sublinhou: a não ser que ela tivesse arrumado uma desculpa médica para tal. O primeiro fato. A vereadora Ivete Mafra Hammes, PMDB, após contato com a juíza, na mesma sessão desmentiu Rampelotti. Ele, infalível, ficou fulo com a petulância da vereadora. Outra. A juíza não foi convocada para a tal CPI. Depois da reportagem do Fantástico, foi ela convidada, por fax, para que, se quisesse, num dia de uma audiência no Paraná, relatar casos ou indícios de tráfico de pessoas. Depois disso nunca houve mais contato, segundo ela. Dissimulado, Rampelotti se aproveitou. A juíza foi atropelada na semana passada em Blumenau. E devido a isto está em licença médica com o pé quebrado. Rampelotti insinuou que a juíza Ana Paula estaria se fingindo de doente para não comparecer a tal CPI. Como se vê, o jogo do PT neste caso (e outros) é pesado, baixo, ridículo, revanchista e faz tempo.
ANA PAULA V
Inconformado com o desmentido de Ivete feito na lata, ou seja, de que a juíza não estaria em Brasília, mas em Florianópolis, onde reside agora, Antônio Carlos Dalsóchio, PT e cunhado do prefeito Zuchi, saiu em defesa do companheiro Rampelotti. ?Pelo menos um caso foi revertido e por ilegalidade?, afirmou referindo-se as adoções ou abrigamentos determinados ao tempo em que Ana Paula era juíza aqui. Nenhum caso, segundo a juíza e o procurador geral, foi revisto por conter ilegalidades, mas porque sempre será possível revê-los no devido processo legal, à mudança de status familiar e porque abrigo não é local definitivo para uma criança e adolescente, mas uma passagem.
ANA PAULA IV
Estranho mesmo é esta continuada conotação de vingança política que o PT possui contra a juíza que obrigou à construção de casas lares (que o prefeito não queria); a proteção de menores (que a política não previa); exigiu e fiscalizou a implantação de políticas públicas sociais (se resiste até hoje); exigiu verbas para os abrigamentos (que a prefeitura não queria); anulou a licitação dos transportes coletivos (na qual não se cumpriu o edital e favoreceu o ganhador); mandou reparar a ponte Hercílio Deecke (cujo laudo a prefeitura escondeu da população e autoridades); no calor de uma campanha eleitoral, impugnou a candidatura a reeleição do PT, (fato que ainda se questiona na Justiça). E ainda há gente que escreve e não vê esta conotação de revanche nisso tudo. Acorda, Gaspar!
ASSESSORIA I
O vereador Antônio Carlos Dalsochio, PT, apresentou um projeto de lei. O PL torna obrigatória uma parede divisória entre os caixas e o público. Segundo o vereador para gerar mais segurança aos clientes. Nada a contestar. O PL chegou aos detalhes das medidas. Ridículo. Por isso, não se preocupou e não cuidou do essencial. Dalsóchio ficou exposto duas vezes. Falta-lhe assessoria ou conhecimento. Sobram-lhe desculpas e culpados. A primeira dúvida veio por redação e justificativas imprecisas. Não se sabia se a obrigação só se aplicava aos bancos e loterias (estas com margens mínimas para suportar mais esta exigência do vereador) ou se todos os estabelecimentos comerciais da cidade nos caixas estavam obrigados a tal parede. Resolveu-se.
ASSESSORIA II
A segunda se referia à extorsão. Sim. A multa proposta por Dalsóchio aos infratores não é apenas abusiva, mas surreal. Piada. Nem vou explica-la. Deixo para o Emerson Pereira, da própria Câmara. Escreve aos vereadores: ?o art. 2º do PL 18/2013, prevê uma multa diária pelo descumprimento da Lei no valor equivalente a 700 UFMs. Pelo Decreto Municipal nº 5.287, de 18/12/2012, foi fixada a UFM em R$ 78,40. Assim sendo, 700 UFMs diárias correspondem a R$ 54.880,00 (por dia). Então, vejamos: 1 dia = R$ 54.880,00; 10 dias = R$ 548.800,00 (mais de meio milhão); 30 dias = R$ 1.646.400,00 (mais de um milhão e meio),?
ASSESSORIA III
E continua Emerson. ?Com certeza, Lei não é elaborada para ser descumprida, entretanto, faz-se o alerta porque todo texto legal deve se balizar pelos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Assim, compare-se a multa proposta no PL com as multas de trânsito?. Emerson ensina o óbvio. Trabalha-se meio expediente por semana e não sobra tempo para discutir este assunto, ler melhor o que escreve ou usar uma calculadora? E assessoria tuiteira o que faz? Turismo? Resumindo: fica exposto porque quer. Como se vê esse pessoal gosta é de milhões, mas dos outros. E depois sou eu o bocudo, que arrepia...
SOBRE O TRAPICHE
Três do Bela Vista. O presidente da Associação dos Moradores do Bela Vista, Pedro José Garcia, teima em vender parte da área para se fazer comércio nas terras que foram doadas para uso comunitário. A desculpa dele é que com isso vai acabar com os vândalos. Usa o aval de uma Assembleia. Quem está vandalizando o patrimônio de dar inveja a outros, é ele. E pode se dar mal.
Este assunto da Marinha ou Jardim Primavera, no Bela Vista, está fervendo. Os vereadores Marli Iracema Sontag, PMDB e Silvano Borges, PSD, só entraram depois da fervura atingir uma temperatura razoável. Mais interessante e atrasada foi a entrada na chapa quente do presidente da Associação, Pedro José Garcia.
O assunto não é simples. Tem conotações políticas partidárias.E por elas esse pessoal já foi explorado. Está calejado e sentiu o bafo do poder e do PT quando se encaminhou a tal compra de votos em 2008 via o Afonso Hostert . Há erros estratégicos de todos os envolvidos. Mas, a minha visão sobre o assunto é a seguinte. Chega de olhar para trás. Está na hora de se reconstruir não apenas casas, mas vidas, uma comunidade.
A reurbanização é um caminho para a humanização e inclusão social. E tudo começa pelo diálogo dos envolvidos e deveria terminar nos compromissos formais. O problema é que a prefeitura não está disposta ao diálogo e nem à transparência. Pior, não costuma cumprir o que promete e discursa. E ai, todos olham para trás. Uma vergonha. Falta credibilidade ao PT até para as boas e necessárias ações. Vão esperar a festa do CTG passar para a derrubada sem negociação. O pessoal da Marinha tem razão de desconfiar. Lamento.
Edição 1491
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