05/01/2013
EXTRA
Dia de Reis. Dia de reconhecimento. Dia dos presentes. Esta é a quarta (a segunda deste 2013) e a última coluna extra que faço especialmente para o portal durante as férias do jornal impresso Cruzeiro do Vale. Elas foram super-acessadas. A internet é um mundo fascinante para a informação, diálogo fútil, necessário, útil e até ao conhecimento. Agradeço. Na sexta-feira, dia 11, tudo volta à normalidade (aliás, a coluna já está prontinha). Assim espero!
GASPAR VAI RESISTIR?
Esta é pergunta que recebo de Maurílio Schmitt, num extenso desabafo que ele me faz e em cópia para Aurélio Marcos de Souza (?). Maurílio anda sumido da vida gasparense. Eu o encontrei de relance no final do ano passado numa reunião da Acib, em Blumenau, quando se discutia um estudo que tirava a prioridade da BR-470. À saída, ele me falou em desenvolvimento sustentável para Gaspar ou coisa parecida. Não pude dar trela. Estava atrasado para outro compromisso profissional em São Paulo. Liguei mais tarde para me desculpar e reafirmar que estava interessado no tema. É o meu preferido.
MAURÍLIO I
Quem é Maurílio? Gasparense, engenheiro, foi empregado da Cia Hering, na matriz em Blumenau, e dirigiu a VH, uma empresa de obras da Hering. Depois que saiu da Hering, a VH se tornou sua, mas teve que desistir do ramo. Maurílio, auxiliado por Jorge Nesi, foi um competente secretário de Obras no Governo de Francisco Hostins, em 1989. Alinhado com Osvaldo Schneider, o Paca, PMDB, virou o principal personagem no terceiro ano de governo de Hostins e da ?limpeza? de profissionais que tinham ligação com a Ceval.
MAURÍLIO II
Depois disso se afastou e voltou como secretário de Planejamento e Desenvolvimento, e durante um bom período, foi o principal influente do governo do seu irmão mais jovem, Adilson Luiz Schmitt, então no PMDB e ele no PSDB, em 2005. Hoje não convidem os dois para a mesma mesa. Adilson fez a lei contra o nepotismo em Gaspar, aprovada na Câmara Maurílio teve que sair do governo. Foi Maurílio no governo de Adilson quem conduziu Gaspar ao primeiro Plano Diretor e que ainda, desgraçadamente, não integra a cultura de planejamento da cidade. Maurílio participou do Conselho de Planejamento da prefeitura de Blumenau, foi presidente do Sinduscon e assessora o Centro Empresarial de Blumenau.
SEM BASE
De cara, Maurílio me adverte que não quer olhar o passado e quer ajudar a construir o futuro. Legal. Entretanto, recorre à história para referendar o que pensa sobre o futuro. ?Gaspar está há tempos sem uma base de evolução. Vivemos a fase da economia agrícola - arroz, cana e pecuária -, flertamos com a industrialização, o serviço, o turismo ecológico e tentamos manter o arroz. Somos um município localizado em um Vale com inúmeras diferenciações, população eclética, cortados por um Rio, rodovias estaduais e federais e também, por isso temos uma atração de migrante muito acentuada?.
SOCORRO
?Se olharmos os dados do último censo do IBGE, o aumento do número de eleitores, a ocupação do solo de maneira mais irracional possível, a mobilidade agravada a cada dia, a segurança e saúde comprometidas, hoje esta é a Gaspar que está pedindo socorro?.
PERÍODO CONFUSO
?Estamos vivendo um período tão confuso que as chamadas tratativas para se levar Gaspar a algum lugar, esbarram em duas alas muito bem claras e por isso, também, descomprometidas. Se participamos do grupo político instalado no poder, apoiado e alimentado por esse quadro confuso, somos levados a aprovar e aplaudir as pseudos tentativas de fazer. Se por razões, as mais diversas, divergimos, então fazemos a teoria do quanto pior melhor?.
TRANSPARÊNCIA E CIDADANIA
Ainda segundo Maurílio, ?Gaspar precisa e muito rapidamente resgatar valores básicos de cidadania. Precisamos de uma comunicação escrita, falada e televisiva que fale aos quatro cantos do município. Mostrar um pouco da História, Cultura e Valores. Aproveitarmos os jovens em busca de oportunidades para refazermos uma matriz de eventos e prioridades e assim estabelecermos o Planejamento possível, real e atingível?.
PLANO DIRETOR
O criador, fala da criatura. ?Gaspar precisa usar o que, mesmo de maneira errônea, já alcançou. Não podemos viver à margem do Plano Diretor de Planejamento, do Estatuto das Cidades, suas ferramentas e fontes de financiamentos. Não é mais possível levar a todos os lados as mesmas receitas de crescimento e sim, aproveitarmos as inúmeras potencialidades da cidade. O que não podemos mais é, somente, na base da pressão, abrirmos ruas, pintá-las de preto sem preocupações com a infraestrutura. O que serve para o Belchior não serve necessariamente para a Lagoa?.
PLANEJAMENTO OU FAVELIZAÇÃO?
?Gaspar precisa de Planejamento, pesquisa de suas potencialidades, pontos fortes e fracos, matriz de resultado, trabalhar o seu potencial arrecadatório e aplicar nas suas prioridades. O caminho da favelização no lugar do verde-amarelo das arrozeiras já iniciou há algum tempo. Gaspar precisa urgente de uma série de etapas corretivas e propositivas. Cremos que a vocação de ver o cavalo passar encilhado não é próprio do gasparense?.
PARASITAS EM BUSCA DE MIGALHAS
E Maurílio conclui num triste óbvio. ?Não podemos culpar só o fator PT. Aliás, merece um estudo à parte para se mostrar e justificar como paradigmas foram e são quebrados, não são atingidos por legislação alguma, riem das desgraças e, eleição após eleição aumentam seus simpatizantes e os parasitas em buscas das migalhas. Enquanto isso e apesar disso, Gaspar vai resistir e o jogo será virado. O tempo dirá. Gaspar planejado, com projetos, com prioridades, com recuperação da autoestima não tem lugar para gente como os atuais mandatários?.
SOBRE O TRAPICHE
A bomba do final de semana é que depois de resistir, o advogado do PPS e do DEM, Aurélio Marcos de Souza, acertou-se com o PMDB e vai permitir que os advogados indicados pelo PMDB possam continuar os processos que, em tese, podem retirar Pedro Celso Zuchi e Mariluci Deschamps Rosa, ambos do PT, da prefeitura e abriria caminho para a posse de Kleber Edson Wan Dall, PMDB e seu vice, Rodrigo Boeing Althoff, PV.
A negociação foi conduzida nos bastidores por Osvaldo Schneider. Ele é o presidente de honra do PMDB. Paca entrou na parada depois que seu grupo de jovens perdeu a corrida para a mesa diretora da Câmara de Gaspar para o PT. O presidente do PMDB, o jovem advogado Carlos Roberto Pereira, está na muda. Paca acha que está na hora de virar o jogo, pois o PT via Lovídio Carlos Bertoldi, está manobrando para anulá-lo. Outra. O acordo com Aurélio Marcos está apalavrado e prometido para esta semana. Mas, todos sabem que o histórico recomenda: comemoração só depois do substabelecimento assinado.
O PT ficou realmente com medo da evolução desta história depois que o próprio Aurélio Marcos lhe deu de presente o adiamento do julgamento marcado para o dia 19 de dezembro e com isso permitiu a posse mais tranquila de Zuchi no dia primeiro. O que mais teme o PT? Que o advogado desta causa passe ser Mário Wilson da Cruz Mesquita. O ex-petista roxo e ex-procurador geral do município está com sede de vingança. Mesquita já deu duas pequenas amostras: na CPI dos Cemitérios e no caso do prefeito de Brusque, o Paulo Roberto Eccel, também do PT. Eccel está com o mandato sob ameaça depois de gastar além da conta em propaganda. Eccel está empossado e trabalhando sob a proteção de uma medida liminar, a mesma proteção jurídica que permitiu Pedro Celso Zuchi assumir a prefeitura de Gaspar mais uma vez, e pegar férias.
Para finalizar este assunto. Até aqui Aurélio Marcos de Souza foi vencedor na causa. Só falta o PMDB perdê-la.
E para começar outro assunto e futuro. Futuro? E se o PMDB ganhar, o Kleber assumir e o PT virar a oposição articulada e que infernizou a vida de Adilson? O PMDB não deixa de pensar nisto.
Não convidem para a mesma mesa os até então inseparáveis Adilson Luiz Schmitt e Aurélio Marcos de Souza, ambos do PPS. Luiz Nagel, presidente do DEM está prudentemente distante dos dois.
?É um descaso. Isso dá nojo. Nojo dos políticos?. Esta afirmação eu assisti, ao vivo, na TV Bandeirante e é de Zeca Pagodinho, ao ver a sua Xerém, em Duque de Caxias, na baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, tomada pela água, lama da enxurrada e lixo que não era recolhido há três meses.
O ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, PPS, manda-me um e-mail com o título de uma notícia no Santa e compara com a nossa Gaspar: "Em Blumenau, Napoleão Bernardes faz primeira reunião de colegiado". E completa com o seguinte comentário: "Já em Gaspar estão todos de férias. Mas que férias? Os secretários, prefeito e a vice são agentes públicos"? Hum! Em tempo. Adilson além de entender porque já foi prefeito, dá exemplo. Ele está em Florianópolis, trabalhando e no serviço público (que não está de férias). Acorda, Gaspar!
O governador Raimundo Colombo, PSD, faz mudanças para construir alianças à sua reeleição. Reclama da falta de recursos, manda correr atrás dos empresários sonegadores (o que é certo) mas extinguir o cabide de empregos (isto era a qualificação dele próprio quando ainda não tinha a aliança com Luiz Henrique da Silveira, PMDB) das tais secretarias regionais, até agora nada. Ou seja, não tem legitimidade para chorar.
O PMDB de Gaspar quer ser governo, entretanto, está com calafrios. Passam pela cabeça de gente coroada do partido os tempos de Bernardo Leonardo Spengler, o Nadinho e o de Adilson Luiz Schmitt. Muita briga por cargos e empregos. Resultado para a cidade que era bom, quase nada. Acorda, Gaspar!
Do leitor Sidnei Luís Reinert. "Prefeitura fechada? Não faz diferença!"
O vereador mais votado de Gaspar, Marcelo Brick de Souza, PSD, continua sob o fogo cruzado do inconformismo dos peemedebistas que o queriam do seu lado, mas não negociaram nada com o presidente do PSD, Fernando Neves. Pior, o PMDB conhecido por não cumprir acordo, não foi atrás de outro voto para ser maioria e fazer a mesa diretora da Câmara como sonhou, mas não trabalhou para tal. Acorda, Gaspar!
É um direito o seu pleito. Mas, esta do prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, querer ser presidente da Fecam ? Federação Catarinense dos Municípios ? vai deixá-lo exposto na mídia. Até uma semana atrás, os veículos de comunicação esqueciam em pô-lo na lista com problemas para se legitimar no mandato. Hoje, toda Santa Catarina já sabe que ele está com problemas, e sérios.
Teimoso. O prefeito Pedro Celso Zuchi está sendo tragado pelos erros bobos e repetidos, todos eles gerados na sua própria equipe de governo e na sua família. E faz tempo.
Para pensar, nesta semana que vai ser de muita expectativa em Gaspar. Político precisa de sorte? Sim, mas de votos. Administrador público precisa de capacidade, visão, coragem e equipe capaz para promover mudanças e resultados diferenciais antes de ter apenas sorte.
Perguntar não ofende. Quando assumiu em 2001, Pedro Celso Zuchi mandou reformar e pintar o prédio da prefeitura. Repetiu a dose em 2009. O que fará em 2013? Acorda, Gaspar!
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