18/09/2012
ALMA LAVADA I
Este título não é novo aqui. E desta vez não é para meu ego. E também não tenho procuração para quem se lava a alma desta vez. O conteúdo mostra e confronta o palanque com a realidade dos eleitos. No debate dos prefeituráveis no Cristo Rei, no sábado, o candidato à reeleição, Pedro Celso Zuchi, PT, rendeu-se. Ele disse com todas as letras que: a maltratada velha ponte Hercílio Deecke estava uma lástima, um perigo; ameaçava a segurança e a vida dos gasparenses; e que a demora em recuperá-la se deve a esta gravidade encontrada; mais: deve-se à decisão dele de sábio, prudente, líder e cidadão responsável em consertá-la, sem interditá-la por oito meses, como pediu a empreiteira que se arrasta no serviço e inferniza a vida de todos nós diante da conclusão que nunca chega, pior: ainda não se conhece quando isto acabará.
ALMA LAVADA II
Neste assunto vou meter a colher, até porque os concorrentes ao trono de Pedro ouviram e nada contestaram no deboche que proclamou. Se os gasparenses estão mais seguros e livres por enquanto de uma desgraça, eles agradecem, isto sim, à coragem da Ação movida pelo ex-procurador do município, Aurélio Marcos de Souza; à pronta Ação do Ministério Público por meio do promotor que atuou muito tempo aqui na Comarca, Murilo Adghinari, e principalmente, à coragem da juíza, que movida por evidências técnicas, que agora o candidato Pedro confirma publicamente e as negava à época como administrador, mandou interditar a caminhões enquanto ela não fosse recuperada. Mais, o jornal Cruzeiro do Vale e esta coluna, modéstia a parte, têm participações neste desfecho. Nós não nos intimidamos às jogadas e não fizemos coro ao jogo da claque oficial contra a cidade, as cidadãs e os cidadãos. Os vereadores ficaram calados. Assistiram ao invés de fiscalizar em nome do povo.
ALMA LAVADA III
Vamos aos fatos. O Cruzeiro do Vale mostrou a precariedade da ponte; a Prefeitura fez pouco caso. Um dia a ponte tremeu; o prefeito colocou um toco de madeira para segurá-la. Surpreendido com a solução da moderna engenharia na foto flagrante do editor Gilberto Schmitt, novamente a Prefeitura desdenhou. Saiu a dar entrevistas nas rádios insinuando que tudo não passava de armação, coisas da dita e inexistente oposição. Escondidos, a Defesa Civil e a Ditran assinaram um laudo alertando para a doença e o perigo da ponte. Criminosamente ele se entranhou na burocracia da Prefeitura. Eu o divulguei na íntegra. Um corre-corre. Mas, para que? Para apenas identificar, apanhar e punir quem o teria vazado. É isto mesmo. Este foi o exato grau de preocupação de responsabilidade do município. Este laudo, a sua publicação, a insistência do Cruzeiro e desta coluna num assunto tão sério e delicado, sensibilizou Aurélio, Murilo e levou a juíza Ana Paula, fundamentada em razões técnicas e preventivas, em favor de vidas e da população, decretar as restrições de uso da ponte enquanto ela não fosse recuperada. Nem mais, nem menos. Nenhuma iniciativa dos políticos. A Prefeitura foi obrigada ao conserto. Repito: obrigada.
ALMA LAVADA IV
E teve outro lance. Com a ponte apenas para carros, o trânsito se agravou na região. Pressão de empreiteiros. A empresa criada pelo poder para recolher o lixo de Gaspar, a Say Muller, deu a cara pelo poder de plantão e foi à Justiça para derrubar a decisão da juíza. Não conseguiu. O Jornal de Santa Catarina, de Blumenau, fez capa. E qual o mote para desmoralizar a ordem judicial e quem sabe colocar em perigo vidas e a própria ponte? De que o caos no trânsito por aqui era provocado pela falta de guardas, todos deslocados para ?cuidar? da enferma ponte. Piada. Trama. Então, caros leitores e leitoras: de quem foi a iniciativa de recuperar a ponte? Da administração pública foi zero, respondo-lhes. E agora, em época de campanha seus porta-vozes aparecem para se aboletar da paternidade e posarem de heróis na busca de votos? E para isto, sem pudor, na maior cara de pau se contradizem, como se todos nós fôssemos uns desmemoriados ao mesmo tempo em que confirma que a situação era grave, necessária e urgente. Mais. Não sabe exatamente quando vai terminar. Mais ainda. A população não sabe o que está sendo feito na ponte e qual vai ser a tonelagem liberada para a passagem quando pronta. Pior, com tudo isto explicado aqui várias vezes, teima-se numa história diferente. E tem gente que acredita. No fundo o que aconteceu? O candidato Pedro lavou a alma da juíza e no debate de sábado, ele chancelou pública e integralmente a sentença dela e ao mesmo tempo desnudou o administrador Pedro. Acorda, Gaspar!
SOBRE O TRAPICHE
Não vou comentar sobre o debate em si. É coisa passada. A minha opinião sobre este necessário instrumento dialético e democrático, está nos meus comentários na internet. Eles foram feitos no próprio sábado.
As palavras mais ouvidas no debate de sábado entre os prefeituráveis: ?quero deixar bem claro...?, Adilson Luiz Schmitt, PPS; ?as pessoas em primeiro lugar...?, Tereza da Trindade, PSD; ?vou diminuir 20% dos cargos comissionados...?, Kleber Edson Wan Dall, PMDB; ?estão me perseguindo, não me deixam trabalhar...?, Pedro Celso Zuchi, PT.
Boneco. Pega mal alguém que se diz experimentado político e administrador não ser capaz de se auto apresentar e falar dos projetos de governo sem o auxílio de algo escrito por outros. Falta-lhe autenticidade, por acaso?
Todos os quatro candidatos levantaram a bola para o chute um do outro durante o debate. O que melhor chutou, posando de vítima, foi Pedro Celso Zuchi. Os outros comeram a bola. Zuchi, questionado sobre a falta de saneamento básico em Gaspar, provou que ele existe e para isto, usou falsamente ou desconhece o assunto, dados da drenagem pluvial. Ninguém contestou. Vergonhoso silêncio.
No caso da Bunge, o candidato Pedro Celso Zuchi se orgulhou dela não ter saído daqui e ainda por cima, ter ampliado os empregos fabris. Citou reunião protocolar do nada ou para a propaganda com a presença de deputados, senadora e até o presidente da Câmara, em São Paulo. A sede nacional da Bunge Alimentos saiu daqui e para ele isto até foi bom. Por quê? Porque esse pessoal morava em Blumenau, Itajaí e Balneário Camboriú (mas alguém se esqueceu de comparar e indicar onde moram os atuais principais assessores comissionados da Prefeitura). Para encerrar. A fábrica da Bunge não foi desmontada porque o Governo do Estado aportou pesados incentivos fiscais. Nada veio do Município que não gerenciou nada neste sentido. Com a bola pipocando no debate, ninguém esclareceu. Estranho.
Hoje é dia de audiência na Justiça Eleitoral aqui em Gaspar. Vai se esclarecer e julgar se é crime eleitoral usar papel timbrado da Prefeitura numa procuração para defesa de processo eleitoral de candidato; se é permitido um funcionário comissionado trabalhar como advogado particular nas ?horas de folga?; se para ganhar licença prêmio não é mais preciso ter cinco anos ininterruptos de trabalho no serviço público; se os atos secretos e irregulares como estes podem valer sem a publicação no Diário Oficial dos Municípios ? aquele que se esconde na internet - etc. Êta coisa enrolada. Acorda, Gaspar!
Campanha pega fogo e da pior forma possível. Espalha-se que concorrentes se renderam numa aliança oposicionista: um vai ser secretário da Agricultura e outro da Saúde do possível vencedor. E tem gente que acredita nisto. Gente que espalha não é séria ou ética. Mente-se e se constrange agora como candidato, o que fará se por acaso for governo? Acorda, Gaspar!
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Edição 1424
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