21/08/2012
OS MUROS DA VERGONHA I
Qual a diferença entre o supermuro do Samae na Avenida das Comunidades e o murinho de arrimo da família Schramm na Rua Frei Solano com a Fernando Krauss, no Gasparinho? No primeiro há verbas, capim e escárnio com todos nós. No outro a face da irresponsabilidade, falta de planejamento e capacidade técnica dos administradores públicos. Pior. Esta é a paga com quem doou parte do seu próprio terreno e não recebeu nada em troca a não ser, a garantia de um muro para proteger o acesso à moradia. Ou seja, pelo gesto de cidadania à comunidade recebeu desprezo, zombaria, humilhações. Os políticos e os técnicos apaniguados empregados, enrolaram a família Schramm durante anos. A prefeitura fez um esculacho de remendo, um favor. E ainda têm a família Schramm como ingrata por pedir o que lhe é de direito. Vergonha.
OS MUROS DA VERGONHA II
Para quem não conhece esta história, conto-a resumidamente. Era o governo do já falecido Bernardo Leonardo Spengler, o Nadinho, PMDB. Ele fez uma troca com a família: ela doava uma parte do terreno para alargamento da Frei Solano e a calçada para atender a população do bairro. Como compensação pelo gesto, receberia um muro de 40 metros de comprimento com um metro numa ponta e dois metros de altura na outra. Negócio fechado. Tudo virou a lei 1915, de 31.08.1999. O muro foi erguido. Mal feito. E por problemas graves de drenagem, começou a rachar, progressivamente. Complicou-se depois da catástrofe ambiental de novembro de 2008. A via crucis da viúva Nésia Terezinha Schramm (Tangará) e sua filha Arleide, todavia, iniciou-se em 2007. Resultado da incúria: em quatro de dezembro de 2010, em meio a uma chuvarada, o muro caiu.
OS MUROS DA VERGONHA III
Detalhes. Em 28.05.2007 o engenheiro Elio Fuck, da Prefeitura, atestou que o muro tinha problemas. Precisava ser monitorado para verificar se haveria agravamento. No dia 19.11.2007 o engenheiro Gércio I. Kussunoki atestou que a situação era grave. Passou o governo de Adilson Luiz Schmitt e nada foi feito. Veio a via dolorosa no governo de Pedro Celso Zuchi. No dia 05.01.2009 Arleide fez um requerimento. Em 23.03.2009 o então secretário de Obras, Joel Reinert, recebeu o memorando do diretor Roberto Marcolino Graciano, da Secretaria de Planejamento, pedindo a construção do referido muro de arrimo. E o que dava base para esta decisão? Um novo laudo, levantamento e um orçamento de R$32.479,41 assinados pelo então secretário de Planejamento Rodrigo Boeing Althoff e o engenheiro Edmundo de Araújo de 25.01.2009. Até ai tudo muito rápido. Eficiente. Até chegar ao poder a dupla dinâmica de enrolões Soly Waltrick Antunes Filho, na Secretaria de Obras e Patrícia Scheitt, no Planejamento.
OS MUROS DA VERGONHA IV
A última etapa da burocracia formal só se venceu no dia 13.09.2009, quando a Câmara aprovou, isto porque estava em regime de urgência, e o prefeito sancionou, a lei 3094 autorizando a reconstrução. Mas, continuou a burocracia das pessoas, dos políticos, dos jogos de poder, das trocas de favores e da humilhação com o contribuinte e a cidadã família Schramm. Desmanchar o que se desmanchava naturalmente por ter sido mal feito e reconstruir o que era necessário, não aconteceu. Prevendo o pior, a família Schramm protocolou no dia 05.10.2010 o seu clamor mais uma vez sobre um direito, reconhecido e já aprovado. Assinaram o protocolo Silvia Amorim, diretora de Gabinete, e Valter Alexandre Siqueira, técnico de projetos, porque o secretário Soly se recusou a receber o papel. Achou a missivista inoportuna pela sua insistência na busca de seus direitos. Não era ainda época de promessas, discursos, trocas de favores e caça de votos. Em dezembro de 2010 o muro da família Schramm como leigos e técnicos previram, caiu. Só não caíram a cara de pau e a máscara dos políticos e suas marionetes técnicas em postos chaves de Gaspar.
OS MUROS DA VERGONHA V
O murinho foi refeito entre setembro e outubro do ano passado. Um deboche. E só agora, em plena campanha eleitoral, foram lá para terminar. As fotos comprovam o temerário. Está no laudo, no projeto e orçamento de 2009: ?importante citar que tão primordial quanto a estrutura de concreto é realizar a sua drenagem, ou seja, o tratamento de águas pluviais provindas do talude?. O murinho de blocos de cimento a para família Schramm está pronto, entretanto, para cair mais uma vez. O que o derrubou um dia, vai derrubá-lo de novo. E quem atesta isto são os próprios técnicos e operários da Secretaria de Obra (Gilberto, Sebastião, Jorge...) que foram lá finalizar a obra com o aterro entre o murinho e o barranco. De lá ligaram para o secretário Soly. Ele está surdo, mesmo engenheiro e sabedor do laudo afirmando que a drenagem é tão importante quanto a estrutura. E vai se pagar mais uma vez, com o dinheiro de todos nós, para corrigir outra nova irresponsabilidade. É assim que funciona. Ninguém fiscaliza. Nem o Crea. E a família da viúva Schramm vai ser feita de boba mais uma vez por anos. Sabe qual a diferença do supermuro do Samae, no Centro, e o murinho da família Schramm, no Gasparinho? Num gastaram mais de R$3 milhões e muito capim. No outro, uma merreca e por isto não se tornou prioridade, mesmo diante de evidências técnicas e éticas. Acorda, Gaspar!
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Você acredita nesta amarração? |
Este é o vão que querem aterrar sem drenar |
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Um muro de contenção com queda anunciada |
Edição 1416
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