07/08/2012
QUADRILHA E A CORRUPÇÃO I
Solene coincidência. Aos leitores e leitoras, hoje vou me dedicar a um tema nacional. Peço desculpas. Todavia, advirtuo-os: Gaspar e Ilhota fazem parte deste Brasil. Vamos lá. Assim encerrou, de forma serena, mas contundente, o Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, na sexta-feira à noite pedindo a condenação dos 36 réus do mensalão: ?Dormia a nossa pátria mãe tão distraída / sem perceber que era subtraída/ Em tenebrosas transações?. Música ?Vai passar? de Francis Hime e letra de Chico Buarque de Hollanda, este declarado amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e defensor incondicional do PT. A irmã de Chico, Ana Maria Buarque de Hollanda, por exemplo, é a sumida e impotente ministra da Cultura de Dilma Vana Rousseff, PT.
QUADRILHA E A CORRUPÇÃO II
Estes três versos, feitos com endereço diferente pelos autores, foram usados agora para declarar e pedir a condenção de gente indiciada por roubo e graves esvios éticos. Nunca antes na ?históriadestepaíz?, se viu tamanha audácia organizada contra a coisa pública, a democracia e a independência dos poderes. A República foi ferida, e de morte. Impressionante foi ouvir a peça acusatória. Mais impressionante é ouvir a lenga-lenga de desculpas dos militantes, parceiros de oportunidade e dirigentes do PT. Assustador é saber que o PT quer ir a Justiça para proibir ela e a imprensa usarem a expressão mensalão. Tenebroso é constatar que o presidente da Câmara, o petista gaúcho Marco Maia censurou o próprio jornal da Casa. Nada se publicou sobre o assunto abordado pelos deputados no plenário. Resumindo: a síntese no fencerramento da acusação foi precisa, mesmo emprestando uma afirmação poética de outrem e para outra circunstância e época. Atualíssima.
QUADRILHA E A CORRUPÇÃO III
Quem frequenta a minha coluna na internet, já leu parte deste conteúdo. Estabeleceram-se clara e contundente durante a longa, simples e didática exposição do Procurador Geral da República, o porquê e como políticos se apropriam do poder: para roubar, manipular e se manter nele à custa dos nossos pesados impostos, com a legitimidade dos nossos votos e da falência das nossas esperanças. Quanto mais se ouvia a fala pausada e serena do Procurador mais assustador se tornava o enredo. Mafioso, criminoso, brutalmente ilegal e injusto com a sociedade e os nossos sonhos, com a nossa prerrogativa cidadã, constitucional e democrática. Vexatório. Vergonhoso. Incompreensível. Este pessoal é capaz de tudo.
QUADRILHA E A CORRUPÇÃO IV
Perverso foi constatar que isto se deu com o partido que para chegar ao Poder, apresentou-se como diferente, limpo e ético. Terrível. Jurou a todos nós que combateria esta nefasta prática que atrasa o país, nos envergonha, ridiculariza-nos e até exclui perante os outros. O PT, ao contrário, dissimulou, mentiu, fingiu, encobriu, ocultou e traiu a confiança da maioria ? a não ser que somos todos ladrões, bandidos e comparsas dos nossos próprios impostos. A não ser que somos todos anárquicos ou clandestinos que fingimos ter leis, Constituição e Judiciário, os quais só funcionam aos nossos próprios interesses ou do bando que pertencemos.
QUADRILHA E A CORRUPÇÃO V
Com o tempo, o PT se mostrou como o pior de todos os partidos, exatamente pela contradição intencional entre o discurso, o ideário, o sonho e a verdadeira prática, que cobra inclusive sacrifícios. Apropriou-se de um mau exemplo, do PSDB mineiro, do qual denunciou, acertadamente. Agora, todavia, se revela bandido, apenas para levar vantagens na propaganda enganosa. Mais. Ampliou a falcatrua e o potencializou e quer ainda a imunidade jurídica e popular. Quer a absolvição formal e informal como se entidade satânica, diabólica, fascista, mafiosa, clandestina, terrorista, paraestatal ou santificada suprema fosse e que em nome de uma causa, o poder pelo poder, estaria isenta ou livre de qualquer comentário, julgamentos e punições formais pelos tribunais e principalmente da análise do povo pelo voto.
QUADRILHA E A CORRUPÇÃO VI
A opinião que expresso e esclareço não é minha não. Está no relatório lido pelo Procurador Geral da República. Contra ele, antes de defender no contraditório, a quadrilha tentou e tenta pressionar, desmoralizar, ridicularizar, intimidar, expor, desqualificar etc. Esta é tida como melhor e eficaz arma deste tipo de bando, gang, ou quadrilha. As mais de cinco horas de Gurgel na sexta-feira no STF foram suficientes para ratificar o que o nós esclarecidos já sabemos há muito. Está no poder uma quadrilha que não hesita em criar, usar e ter meios ilícitos, marginais e condenáveis para se apropriar de vantagens de todos os tipos, inclusive de recursos públicos, e distribuir entre poucos para unicamente se manter no Poder. E mais do que isto: continuar roubando em nome de uma causa, o poder vitalício.
QUADRILHA E A CORRUPÇÃO VII
E esta prática nefasta e criminosa não parou com a descoberta do que se convenciou chamar e se conhece como mensalão, não. Ao contrário ela se aperfeiçoou, fortaleceu-se e se estabeleceu como uma verdadeira rede nos estados, nos municípios e nos poderes constituídos. São as tais polpudas verbas federais ? de que tanto se orgulham e dizem serem donos ou consegui-las - para projetos e obras. Elas, de verdade, não se completam, não se sustentam em retorno nos resultados para a população, os cidadãos, as cidadãs e as cidades. A quadrilha é maior que o mensalão. Espalha-se pelo Brasil, com seus testas-de-ferro, de fala mansa, fingindo ser um do povo comum, de lábia e discursos convincentes. Esta rede se auto sustenta e se auto alimenta. Compra consciência, apoios e votos. Inclusive nas eleições municipais.
QUADRILHA E A CORRUPÇÃO VIII
Uma compra com dinheiro público (o nosso) do Legislativo (vereadores e deputados) para impedir a fiscalização das falcatruas ou para fazer leis de interesse da quadrilha (e não da população), as quais permitam corromper e se roubar ainda mais com o nosso suado dinheiro e que pagamos aos governos por meio dos nossos pesados impostos. E quem pode deter, enfraquecer ou interromper este estado lastimável e degradante contra os nossos direitos de cidadãos e cidadãs? Não é o Judiciário ou o parlamento. E sim, nós mesmos, por meio do voto. E em outubro haverá eleições. E talvez nelas possamos dar as primeiras respostas para depurar, quebrar a rede de delinquentes e diminuir o poder dos bandidos, os quais usam a política e cargos em comissão para nos enfraquecer, humilhar e subjugar.
QUADRILHA E A CORRUPÇÃO IX
E por que desta preocupação? Como se vê no julgamento do mensalão, esse pessoal, sem qualquer puder ético é capaz de aparelhar o Judiciário como se fosse o seu quintal de seus interesses. Não vamos longe. E exemplo? A alta corte do país onde há um ministro que foi advogado do PT, assessor do chefe da quadrilha, exatamente na época do roubo, que teve a namorada defendendo acusados da quadrilha. Vem só: ele não se sente impedido e vai julgar com ?isenção? em causa própria ou da quadrilha. Quer mais? Um sub-relator, o qual trabalha deliberadamente para procrastinar e dificultar o julgamento, tanto que tinha escondida na manga, uma laudatória e bem constuída defesa (70 páginas) para o desmembramento do processo. Pasmem. Apenas para atender ao estrelado advogado, ex-ministro do partido, defensor de um dos réus. Ou seja, é algo sério para uma República, se ela não for de bananas e bandidos.
QUADRILHA E A CORRUPÇÃO X
Concluindo: uma vergonha que só se atenuará com a nossa consciência, análise cuidadosa, interferência e os nossos votos nas urnas. Os membros desta rede criminosa que destrói a nossa democracia, independência dos poderes, as liberdades individuais e de expressão estão todos ai, mansos, pedindo votos de nós (mas preferencialmente para pobres, desassistidos, desinformados, manipulados, ignorantes além dos fanáticos que vivem de vantagens como os empregos públicos do aparelho de poder). E para que? Para continuar a usurpar as nossas esperanças de uma cidade, um estado e um país melhor. Se vencerem, vão tornar ainda mais forte esta quadrilha. Vão roubar, ameaçar, humilhar, chantagear, intimidar como qualquer outro bandido quando demarca o seu território e nos deixa acuado. Em outubro haverá eleições. A depuração depende de cada um de nós e de forma silenciosa, atendendo a um julgamento muito particular da nossa consciência. Não podemos dormir e sermos subtraídos, em tenebrosas transações.
Edição 1412
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