10/07/2012
A DIFERENÇA I
Na semana passada eu lhes escrevi e demostrei com alguns exemplos concretos, a diferença entre buscar verbas governamentais e efetivamente ter ideias, buscar fontes de recursos, gerenciar prioridades e realizar mudanças estruturais, preparando uma cidade para suportar as demandas futuras, ter sustentabilidade e produzir qualidade de vida. O comentário gerou mal-estar, desconfianças, aplausos e irritação. Dependeu do ponto de vista de quem leu os meus escritos. Houve até quem achasse injusta a comparação entre Gaspar e Blumenau. Eu tenho opinião diferente. Há empresas pequenas e grandes bem administradas. E há as pequenas e grandes empresas que não são. E os resultados para as pequenas e grandes de um ou de outro grupo são desiguais não pelo tamanho delas, mas pela forma de administração, previsão, ação, visão e resultado de cada grupo.
A DIFERENÇA II
Na mesma semana que os que tinham verbas à disposição e mesmo assim não realizaram, justificavam-se, queixavam-se e me intimidavam para me constranger e calar (mais uma vez), outro exemplo apareceu para corroborar com a minha tese. Estimulado, visitei o www.institutodejoinville.org.br. E lá vi que se criou o Conselho da Cidade (e faz tempo). As entidades vivas, plurais e não aparelhadas, a exemplo de algo semelhante que começou em Maringá e deu certo, há muito, discutem sem paixões da ignorância e da política partidária. Assim constróem a cidade longe da miséria intelectual e partidária dos políticos para os votos. Isto vale para uma cidade pequena ou grande. Vale para quem pensa no coletivo. Aqui se pensa no grupo, no indivíduo e no poder (e se comemora). E isto se faz com a propaganda enganosa, ou o aparelhamento, a compra, o enfraquecimento e o constrangimento das entidades bem como dos diferentes.
A DIFERENÇA III
E o que está no site para qualquer um ler, pesquisar e contestar? ?O Conselho da Cidade foi formado por uma parcela significativa do Tecido Social de Joinville. Foram 73 entidades participantes entre órgãos públicos e instituições da sociedade civil. A tarefa de decidir como a cidade conduzirá o processo de construção do futuro teve duplo peso para os membros do Conselho da Cidade. Primeiro, pela importância dessas decisões para um futuro melhor para a cidade, e depois pela responsabilidade de traduzir o pensamento da entidade representada. A transparência, o rigor técnico e o respeito às diferenças de pensamento são itens que contribuíram para que o processo, mesmo amplo e complexo, fosse conduzido de maneira tranquila e eficaz.?. É ou não de se invejar? Isto é grande. O resto é pequenez, antes de ser de alguém que reclama que Gaspar é pequena para ser comparada.
A DIFERENÇA IV
E qual a missão do Instituto Joinville? ?Contribuir para ser uma cidade sustentável, solidária, hospitaleira, empreendedora, voltada à inovação, com crescente qualidade de vida, motivo de orgulho da sua gente, onde se realizam sonhos.? Não me digam que isto é coisa só para cidade grande? E não é mesmo. Mas, de gente que ama a sua cidade, integra e não quer ser a dona dela para, unicamente, impor o seu ideário político e de poder. Aqui a primeira coisa que se faz é desqualificar as pessoas e entidades que pensam (diferente). O segundo é aparelhá-las e torná-las fracas e submissas; e por último manipulá-las para legitimar os seus interesses de poder, atraso e continuísmo.
A DIFERENÇA V
Agora compare Joinville e Gaspar. Está na Câmara de Vereadores daqui, o Projeto de Lei 65/2012. Ele altera o número de vagas, promove trocas ou exclui alguns representantes do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano. Dez são representantes de órgãos governamentais e 16 não governamentais. Não governamentais, mas que estão aparelhados pela Prefeitura, como a Acig, a Ampe, ou os controlados, os quais não podem divergir dos que aparelham a Prefeitura; se divergir sai debaixo que vem pau, humilhações, constrangimentos, ou sai do tal Conselho.
A DIFERENÇA VI
É só olhar o que está na justificativa deste projeto que está na Câmara de Gaspar e como sempre, em regime de urgência. Ele vai se moldando com o objetivo de validar daqui a pouco a revisão do Plano Diretor, o qual está sendo feito em gabinete ideológico ou da vingança. Escreve o prefeito nas justificativas do projeto: ?no que tange ao Rotary Club, a despeito de sua importância e tradição, especialmente no amparo às pessoas necessitadas, também foi necessário optar por uma só entidade, haja vista as exigências do Concidades. Deste modo, entendeu-se que os interesses desta entidade já estão abarcados pela representatividade do Lions Club de Gaspar, restando mantida apenas esta entidade. Ademais, também há que ser considerado que o Rotary Club, apesar de ter sido sempre convocado inúmeras vezes, não tem comparecido às reuniões do CMDU?. Esta é a Gaspar: pequena, ausente, distante, com medo, de poucos e que exclui à pluralidade de opiniões de muitos. Só para lembrar: o Instituto Joinville lida com 2020. Blumenau com 2050. E nós? Pelo jeito ainda não chegamos ao século 21. Acorda, Gaspar!
SOBRE O TRAPICHE
A concorrência 63/2012 para a construção da praça de esporte e cultura no Gaspar Mirim está suspensa. A Soberana, de Blumenau e do companheiro Roberto Carlos Imme, entrou com Mandado de Segurança na Justiça e ganhou. A liminar foi concedida pelo juiz João Batista Vieira Sell contra a habilitação da Cadecron Engenharia e Tecnologia. É que a Comissão Permanente de Licitação de Gaspar aceitou o atestado de qualificação técnica, emitido pela própria Cadecron. Vão para os acertos.
Na Prefeitura, alguns colocaram as barbas de molho. A promotora Juçara Maria Viana, da Segunda Vara e que cuida da Moralidade Pública, acaba de instaurar dois procedimentos preparatórios. Um para verificar a regularidade do recente concurso público 001/2012 e o outro para apurar a regularidade do preenchimento de vagas do concurso público do Samae de Gaspar. Hum!
Numa cidade em que os seus dirigentes estufam o peito sobre as verbas governamentais que inundaram a cidade, mas pouco foi feito, é no mínimo humilhante os revezes que sofrem no desleixo com o social e as políticas de proteção às crianças e adolescentes. Já tivemos casos aqui em que abrigo para jovens se adquiriu sob a obrigação legal e depois o prefeito queria inaugurá-lo com festa como se fosse de sua iniciativa para o constrangimento de quem o obrigou a esta ação por via judicial. Temos aquele relatório de 31 páginas e recentemente abordado aqui, isto sem falar na visita do corregedor e que se divulgou como um ato de agradecimento do muito que já se fez por aqui nesta área social. Será?
Então veja mais esta. Falta creche. A vice-prefeita Mariluci Deschamps Rosa, PT, conhece bem esta situação, (pois é servidora de carreira como berçarista). Mas, para se obter lugar em uma delas, só com ajuda da Justiça. Foi o que acabou de decidir a juíza Ana Paula Amaro da Silveira, da Primeira Vara. ?Concedo a liminar pretendida para determinar que os impetrados (prefeitura) procedam, no prazo de cinco dias, a matrícula dos impetrantes Gustavo Santos e Felipe Santos no CDI Vovó Leonida, a fim de que frequentem o CDI em período integral, sob pena de multa diária de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais)?.Isto não é um caso isolado e também não é recente, como quer as desculpas e a propaganda oficial. Acorda, Gaspar!
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