29/06/2012
BRIGA FORA DO AR I
Um princípio ético entre os meios de comunicação é não contar os seus próprios bastidores. Entretanto, o que eu vou expor aqui, com coragem mais uma vez, não se trata de uma briga doméstica, gasparense. Mas, mesmo assim a atinge. Antes, ela é um embate conceitual entre dois tipos de rádios. As chamadas rádios comerciais e tradicionais estão numa guerra declarada contra as rádios classificadas de comunitárias. E qual a razão disso? Mercado. Concorrência. Poder. As primeiras acusam as segundas de fraude (por que há uma limitação técnica, operacional e mercadológica) As rádios tradicionais acusam as comunitárias de concorrência desleal e infringência a lei regulatória de ambas.
BRIGA FORA DO AR II
Aqui em Gaspar temos duas rádios tradicionais: Sentinela do Vale AM e a 89,7 FM. E duas comunitárias: a do Bela Vista e a Vila Nova, aqui no bairro Sete, vizinho ao Fórum, onde se trava uma batalha judicial. A Rádio Vila Nova é do ex-vereador pelo antigo PFL (mas já foi do PSDB e PMDB), Almir (Miro) Sálvio. Todas as rádios tradicionais no Brasil são concessões reguladas pelo governo Federal.
BRIGA FORA DO AR III
Lá. As rádios comerciais do Paraná acionaram a Justiça para combater a veiculação de anúncios comerciais na programação de rádios comunitárias, prática proibida pela legislação. Foram 150 ações contra as associações, ditas como sem fins lucrativos e que controlam as suas rádios comunitárias. Cinquenta liminares foram concedidas. Aplicaram-se multas a sete entidades por descumprimento da decisão. A pena variou, em média, de R$ 500 a R$ 1 mil por dia, mas já houve multa estipulada em R$ 100 mil.
BRIGA FORA DO AR IV
Aqui. O juiz João Baptista Vieira Sell, concedeu liminar favorável à Acaert -Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão - contra a Associação Educativa e Cultural de Radiodifusão Comunitária Vila Nova. O magistrado determinou que a Vila Nova, de Miro Sálvio, se abstenha de veicular propaganda de natureza comercial, jingles, trilha sonora, endereço, mencionar preços, telefones, produtos ou serviços, ou ainda qualquer outra informação de cunho comercial, bem como de extrapolar o raio de cobertura de um raio igual ou superior a mil metros a partir da antena transmissora, sob pena de multa diária de R$ 3.000,00. Foi a maior multa entre as rádios condenadas até aqui em Santa Terezinha, Timbó e Porto União.
BRIGA FORA DO AR V
Do lado das rádios Sentinela e 89,7 está a lei. Do lado das rádios comunitárias uma briga para reconhecê-las como rádios e sua sustentabilidade econômica. Miro disse-me que soube do processo na minha coluna. Afirma ele: ?a nossa luta vai muito além. Queremos mudanças na lei das comunicações para saber quem está realmente infringindo a lei. O Governo Federal vende as concessões de rádios comercias, junto vende a cartelização do meio e o monopólio de grupos poderosos. Isso precisa ser mudado, quem ganha uma concessão para vender serviços para o consumidor, tem que saber que o Governo não pode proteger economicamente esses setores. Já pensou uma empresa só para o transporte Coletivo em Geral? Não poderíamos ter vans, taxis, mototáxis. Talvez fosse a telefonia no Brasil o primeiro passo. Lembram quanto custava um telefone público nos anos 80/90; hoje virou lixo de tanta opção. Nós vamos à luta, Eu vou à luta, não se vai mudar do dia para noite. Às vezes custa caro, mas a recompensa vem. Hoje a Radio Vila Nova oferece seis empregos. Minha luta é por eles também. Há três anos todos recebem em dia?.
BRIGA FORA DO AR VI
Eu penso serem os argumentos de Miro são frágeis. Os citados por ele são concessões do poder público. Há uma lei específica e restritiva. Miro precisa lutar para modificá-la. Mas eu fiz duas perguntas ao Miro. Você recebe verba pública? ?Não recebo, mas eu encaminhei a solicitação para participar e não fui atendido?. Outra: você está atrelado a alguma campanha neste outubro ou partido (já foi filiado e vereador pelo PFL)? ?Fui militante de esquerda, (ainda sou), gosto de fazer politica, mas estou decepcionado. Prefiro ficar afastado. Tenho feito escolhas avulsas na hora do voto. Escolho pessoas. O PFL na época foi a única opção que eu encontrei para contemplar o meu trabalho comunitário. A comunidade pediu, ajudaram-me e eu não decepcionei. Fui eleito?.
SOBRE O TRAPICHE
Uma frase: do jornalista, dramaturgo, escritor, pensador e torcedor fanático do Fluminense, Nelson Rodrigues: ?não reparem que eu misture os tratamentos de ?tu? e ?você?. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância?.
Outra frase e enviada por um candidato nas eleições de outubro. ?O verdadeiro hipócrita é aquele que deixa de perceber sua falsidade. Aquele que mente com sinceridade?. Ela é de Jacques Antonole François Thibauld.
De Joel Reinert sobre a nota que escrevi aqui na coluna passada. ?Olha, com o Celso (o prefeito) eu nunca tive diferenças do ponto de vista pessoal; algumas na área administrativa e ideológica, mas que nunca afetaram nosso relacionamento?. Minha diferença maior era com o Mesquita (Mário Mesquita, ex-petista, ex-procurador geral do município e que vetou o patrocínio da prefeitura no show de aniversário da rádio de Joel).
A Coper-Vida está prestes a deixar a administração do Hospital de Gaspar. A decisão foi estudada pelo novo presidente do Conselho, o ex-executivo (leia-se Bunge) Sérgio Roberto Waldrich. Nada se falou até agora sobre este assunto. Há receios da exploração política e na imprensa. Na Prefeitura, todavia, a decisão arquitetada em Gaspar, Blumenau e Florianópolis já repercutiu. O prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, e sua turma, não gostaram. Queriam consulta prévia. Hum! Mas, perguntar não ofende? O Hospital é uma entidade filantrópica autônoma ou um órgão da Prefeitura de Gaspar à deriva dos humores do poder políticos de plantão? Acorda, Gaspar!
Frase do twitter e re-postada na quarta-feira nos comentários da coluna no portal do Cruzeiro do Vale pelo Emerson Luiz: ?Nada combina mais com um governo surdo do que um povo mudo?.
Um retrato da vergonha. Está no Tribunal de Justiça a Ação Civil Pública que obriga o município de Gaspar a fornecer ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, local de trabalho adequado para atendimento ao público. A Prefeitura agravou para não dar este local. Na terça-feira este agravo chegou ao gabinete do juiz relator, desembargador Domingos Paludo.
Esta gente não tem jeito. A última reunião feita com a CDL, a prefeitura e a Ditran, anunciaram a tal Área Azul no Centro da Cidade, para o dia 11 de junho. Isto está enrolado há quatro anos. Agora remarcaram para o dia dez de julho. Será? E na Câmara apareceu um projeto de lei, o 55/2012. Ele vai permitir a venda dos talões da Área Azul por entidades filantrópicas. Acorda, Gaspar!
Coincidência. Está na Câmara o projeto de lei 54/2012. Ele aumenta de quatro para sete as vagas de procuradores concursados na prefeitura de Gaspar para dar conta dos mais de 5.600 processos, muitos deles criados por birras e erros. Concurso 001/2012 foi feito recentemente. Não havia vagas, entretanto houve classificação. Os três primeiros lugares com direito a nomeação pelo projeto a ser aprovado são: Luciano dos Santos, Isadora Isis do Carmo Cabral e Luiz Roberto Schmitt Júnior. Luiz Roberto, filho de Bebeto, é sobrinho do ex-prefeito Luiz Adilson Schmitt, PPS e do prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, para quem atuou em vários processos.
Edição 1401
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