Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

09/09/2008

Pesquisa I

Finalmente, uma pesquisa pública nas intenções de votos para a corrida eleitoral municipal deste ano em Gaspar. Uma pesquisa com selo de origem. Ela está com todas as suas nuances  nesta edição. Com ela se desfaz também algumas argumentações de candidatos e lideranças. Não irei comentá-la hoje aqui. O leitor e eleitor são os melhores analistas para este assunto do que eu. O meu comentário sobre este assunto está no portal do Cruzeiro do Vale a partir das 11h. Acesse-o.

Vergonha?

Candidatos a vereador do PSDB de Gaspar montam propagandas descoladas da chapa majoritária onde até o partido tem um vice. Isto chama a atenção do eleitor mais atento.  Será que eles têm vergonha  ou não acreditam no candidato cabeça-de-chapa? Ou não concordam com a coligação? Ou já estão comprometidos com outro projeto político se eleitos?

Invasão?

Candidato a prefeito de Blumenau  e que está perdendo votos por lá colocou em duas casas às margens da rodovia Jorge Lacerda e perto da entrada das Águas Negras e no Bela Vista, em Gaspar, placas pedindo votos aos eleitores  moradores daqui (?). Na contrapartida, teve candidato a prefeito de Gaspar que fincou a sua propaganda no quintal de uma residência no perímetro urbano de Blumenau, também à beira da Rodovia Jorge Lacerda pedindo os votos dos que moram ou passam por lá. Esta semana, a placa do candidato gasparense sumiu dos domínios blumenauenses.

Articulista

Tem um ex-vereador em Gaspar que virou articulista de plantão nesta eleição. Dizem que isso aconteceu depois de ver seus interesses partidários contrariados. Ele tem sido contundente nas posições, conversas e escritos. E ele pode até estar com a razão. Contudo o ex-vereador fica uma arara quando alguém o relembra de um tipo de lazer que ele tinha na Câmara quando era vereador e que deu o que falar. Acorda Gaspar.

Criminosos I

Na imprensa nacional, os últimos dias foram dominados pela denúncia da Revista Veja sobre a criminosa e vergonhosa indústria dos grampos ( e chantagem) no Brasil. Pois bem. Para mim, democracia é o ancoradouro para quem deseja chegar e promete partilhar o poder num ambiente de liberdade e pluralidade. Lindo. Mas, quando quem promete chega lá, estranhamente e quase sempre, prefere o autoritarismo e a perpetuação desse poder a qualquer custo;  freqüentemente não admite e desmoraliza os contrapontos do poder e das idéias únicas. Formam-se então quadrilhas de todos os tipos, inclusive as ideológicas. Proliferam-se as absurdas justificativas.

Criminosos II

A escuta telefônica clandestina ao presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Gilmar Mendes,  é mais do que um crime. É a deterioração do Estado de Direito, da individualidade e da inviolabilidade das comunicações, estas garantidas de forma quase que absoluta pela nossa Constituição Federal. Acordem brasileiros. Mudanças? Sim. Elas podem começar já neste outubro rejeitando-se os candidatos sem idéias, sem propostas, que precisam de padrinhos e que mentem na maior cara de pau para os eleitores. É por isso que essa gente precisa espionar e clandestinamente. Criminosamente tentam calar, inventam, insistem, filmam, fotografam, constrangem e tramam contra pessoas, adversários, seus próprios pares, juízes, promotores, empresários, jornais, tevês, rádios, blogs e sites e seus profissionais. Isto sem falar na possível interceptação de correspondências.

Criminosos III

Para a Folha de S. Paulo no seu editorial do dia dois de setembro  "há um cipoal de interesses envolvidos, tanto na espionagem quanto na sua divulgação". Para ela, no mesmo editorial "está aí, na atitude leniente dos Poderes da República, a raiz do descontrole no aparelho policial e de segurança. Essa sub-cultura autoritária incrustada no Estado viceja à sombra dos interesses menores dos ocupantes dos cargos mais altos, useiros e vezeiros de dossiês e grampos. Se as instituições não lhe resistirem com comando e vigilância, terminarão carcomidos por ela".

Criminosos IV

Para juristas, analistas, autoridades, políticos e pensadores o Estado de Direito, a demnocracia, a pluralidade e o exercício da dialética estão sendo substituídos pelo Estado Policial, o Estado Totalitário, o autoritarismo, a intimidação e a desmoralização. "Primeiro pegam os judeus, depois as pessoas contrárias ao regime e depois o povo inteiro", afirmou a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, PT, uma das espionadas pelo fogo amigo da companheirada, ou seja, carcomida pelo próprio aparelho que ela incentiva e implanta, ao comparar esse tipo de invasão de privacidade as ações do nazismo.

Criminosos V

Neste mesmo tom, o colunista Cláudio Humberto, ex-porta-voz de Fernando Collor de Mello , parodiou Martim Niemöller (1933) em seu blog. "Um dia grampearam ilegalmente meu vizinho que era comunista. Como não sou de esquerda, não me incomodei. No dia seguinte, grampearam meu outro vizinho magistrado. Como não sou juiz, não me incomodei. No terceiro dia grampearam meu vizinho jornalista. Como não sou jornalista, não me incomodei. No quarto dia, me grampearam, estuprando a minha privacidade; já não havia mais ninguém para reclamar...". Daí a razão de se indignar, retomar os limites legais, expor esses criminosos e levá-los à execração e alguma punição.

Criminosos VI

Mas, prefiro fechar este assunto com um contraponto que julguei muito interessante, inteligente e quase sem retoques. "O Estado não é policial, é frouxo".  O artigo foi escrito no mesmo dia dois setembro na Folha de S. Paulo pelo colunista Clóvis Rossi ao negar que esta atitude se estabelece num Estado Policial e que ele bem chamou de policialesco (possivelmente pela primariedade, barbaridade e desorganização em si no aparelho policial e de segurança).

 

Criminosos VII

 "É  precisamente o contrário. Estado policialesco pressupõe um Estado forte, onipresente, hiperativo. O que existe no Brasil é um Estado frouxo, inerme, ausente exatamente onde a sua presença é mais necessária", escreveu ele.  E concluo: o Estado somos nós. Nós é que somos os coniventes com isso tudo quando silenciamos, quando fazemos de conta que não é com a gente; quando cedemos à chantagem, quando fazemos "parcerias"  (e na maioria dos casos por coisas pequenas)com políticos desqualificados; quando ficamos acuados porque estamos com o rabo preso; quando elegemos gente dissimulada, mentirosa e sem proposta para a nossa comunidade; gente que sabemos faltará com os princípios do respeito,  gente que invocará para si, mas negará aos demais o Estado Democrático e de Direito. Por fim, essa gente renegará  à pluralidade em nome do poder que almeja ou não quer largar quando chegar lá. Acorda eleitor.

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