Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

26/08/2008

Hospital I

Os candidatos a prefeito de Gaspar dizem que vão abrir o Hospital. Ótima notícia. Tem até um que diz que vai construir um novo (e que levará muitos anos para funcionar, certamente). Outro diz ter milhões reservados para tal. Fácil abri-lo com palavras ainda mais numa campanha eleitoral. Tudo bobagens se não disserem como. Primeiro nenhum candidato quando eleito poderá abrir na marra um hospital que não é do município e que nem é administrado pela prefeitura. Segundo, se não participa do atual mutirão para reerguê-lo e prefere a fofoca e a picuinha, como então pode fazer algo pelo Hospital no futuro sem conhecer a sua realidade? Se há milhões para investir no Hospital, onde está esse dinheiro e qual a razão para não se juntar ao grupo apolítico que tenta reabri-lo? Acorda Gaspar.

Hospital II

Na falta de uma proposta séria, os políticos, seus assessores e partidários confundem e fazem discursos vazios para os desinformados. Criam factóides. Dissimulam. Manipulam. Mentem. Arrumam culpados. Estão atrás de votos fáceis. Só isso. Alguns nem subiram o morro ainda para ver o muito que já foi feito até agora. É falsa a informação que circula nas reuniões políticas de que foi a prefeitura quem fechou o Hospital. Neste quesito, os governos municipais, indistintamente de partidos, coligações e tempos, contribuíram para seu o fechamento. Não há um culpado. Somos todos culpados. Inclusive eu quando me omito diante dessas barbaridades. Mas, há tempo e oportunidade para mudar tudo isso. Acorda Gaspar.

Hospital III

Então quem fechou o Hospital de Gaspar? A falta de foco, a falta de profissionalismo, a sua desatualização, a falta de racionalidade administrativa, competência e gerenciamento competitivo, a falta de integração com os hospitais de Blumenau, o seu corpo clínico fechado em si mesmo, a falta de diálogo interno, o clientelismo político, o assistencialismo, o modelo caritativo, a falta de aplicação das necessárias e doloridas mudanças organizacionais, a disputa política partidária e o aparelhamento de poder, a defasagem tecnológica, o sucateamento das suas instalações (nem esgoto tinha!) e a crítica situação financeira devido as irrisórias diárias e procedimentos pagos pelo SUS (leia-se governo Federal), bem como o alto custo de manutenção do Pronto Atendimento (PA) contra uma remuneração beirando a piada e o escárnio(leia-se governo Municipal). Acorda Gaspar.

Hospital IV

Veja. Com o fechamento do Hospital, repentinamente a prefeitura se viu obrigada por lei, a prestar um serviço à comunidade feito a ela por intermédio do Hospital ( que com isso ainda economizava em postos de saúde, ambulatórios e medicamentos ). Serviço vergonhosamente muito mal remunerado pelo município ao Hospital. Irresponsavelmente criou-se com isso, um progressivo rombo nas contas do Hospital; impediram-se com isso à manutenção, os investimentos e não se honrou as dívidas na opção para deixá-lo aberto. Conseqüentemente, tornou-se fraco, moribundo e doente. Pior ainda. Não satisfeitos, prefeitos e políticos de plantão propagandeavam por ai, que a irrisória remuneração de tal serviço pago pelo município se tratava de uma ajuda espontânea, um favor, uma caridade política ou uma doação. Acorda Gaspar.

Hospital V

É este quadro o nó central do passado e principalmente do futuro do Hospital. É sério. É para este rombo que causa o município quando usa o Pronto Atendimento do Hospital para atender a população naquilo que é sua obrigação, que os candidatos devem dizer claramente para os seus eleitores como eles vão resolver. Onde está o dinheiro, a dotação orçamentária? Até agora, nenhuma proposta. Então, o que adianta reabrir o Hospital e levá-lo ao prejuízo, ao sucateamento e fechá-lo novamente arrumando-se culpados para se ter discursos políticos em épocas de campanha eleitorais ou para a projeção pessoal? Acordem candidatos. Acorda Gaspar.

Hospital VI

Retomando. Com o Pronto Atendimento 24 horas do Hospital fechado, a prefeitura criou emergencialmente o CAR - Centro de Acolhimento de Risco. Segundo a atual secretária da Saúde, Teresa da Trindade, o custo do CAR para funcionar 17 horas (e não 24 horas como no Hospital), em cinco dias (e não em sete como no Hospital, pois sábados e feriados o CAR fica aberto apenas 12 horas e aos domingos, está fechado), é de aproximadamente R$150 mil por mês, incluindo aos medicamentos. Este, coincidentemente, é o custo do Pronto Atendimento do Hospital de Indaial, semelhante ao projetado para Gaspar e que a prefeitura de lá cobre em sua totalidade esses custos. Algo coerente, transparente, pactuado e justo para ambos. Quem ganha? A comunidade. Não há heróis e mágicos. Acorda Gaspar.

Hospital VII

Mas, aqui, ao longo dos anos foi diferente. Teve prefeito que quando não atrasava, pagava por este serviço R$17 mil, R$23.200 e R$25 mil por mês. E orgulha-se porque antes era apenas R$10 mil. Só a partir de 2005 é que os reajustes foram mais generosos: R$ 30 mil, R$40 mil, R$50 mil e a previsão para este ano era de R$75 mil por mês. Aumentou-se bastante, reconhece-se, mas ainda está muito longe de se cobrir os custos do serviço que é obrigação do município, ou seja, da prefeitura para a população. Acorda Gaspar.

Hospital VIII

E é este um dos buracos financeiros -e dos grandes -, de gestão e sustentabilidade do Hospital causado por uso político indevido ou esperteza da administração municipal. É aqui no município que ele pode ser resolvido. É isto que empresários, voluntários e entidades estão tentando administrar e não gostariam de vê-lo como um problema no futuro. Acordem políticos. Acordem administradores públicos. Acordem eleitor. Acorda Gaspar.

Hospital IX

Político que fala do Hospital de Gaspar sem ser parte concreta da solução, não fala sério. Faz demagogia rasteira. Usa o tema para se promover. Beira à irresponsabilidade. É falta de respeito com quem tenta, diuturnamente, encontrar soluções para esse passado. Os voluntários de hoje tentam criar fundamentos da sustentabilidade para o futuro do novo hospital. Se são por falta de conhecimento e esclarecimento, mais uma vez, como um dos membros do grupo gestor das obras eu mesmo estou à disposição de qualquer candidato ou de qualquer membro da comunidade para acompanhá-lo numa visita ao Hospital. Posso indicar outras pessoas do grupo gestor para fazer isto, se preferirem. Posso mostrar todos os números e iniciativas. São públicas. São transparentes as dificuldades e os avanços. É só me acessar no meu e.mail. Deixo o meu trabalho e faço questão de acompanhá-los. Acorda Gaspar.

Hospital X

Finalmente. Gaspar precisa do Hospital aberto, moderno, sem política partidária, desaparelhado ideologicamente e acolhedor para o seu povo. Ele deve ficar fora do centro de disputas bobas e pequenas. Ele tem que ser motivo de orgulho de todos e não de um grupo, de um político, de um empresário ou um partido. Não há espaço para salvadores da pátria. É preciso respeito antes de tudo. Chegam de política, discursos vazios e irresponsabilidades com ele. Por causa disso é que o Hospital fechou. É por causa disso que os gasparenses nascem em Blumenau. É por causa disso que os gasparenses estão desassistidos e ainda por cima, usados por políticos sem propostas sérias para os grandes problemas da nossa cidade. Acorda Gaspar.

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