09/10/2015
O POVO CONTRA I
A ampla reportagem de Jean Laurindo na sexta-feira no jornal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, o de maior circulação e o mais acreditado, provou três fatos, além do profissionalismo e conteúdo esclarecedor. Há espaço para reportagens completas e que mostram os labirintos do poder e poderosos; o leitor não está tão distante destes assuntos áridos e sacanas, os quais somem com o dinheiro que está faltando na Saúde, por exemplo (foi o evento mais acessado no portal e por alguns instantes rivalizou com a coluna; nela todas as opiniões foram contra o projeto, o prefeito, os políticos, o PT de Gaspar e algumas delas impublicáveis diante de tanto asco); e que o relato não estava completo: a reportagem não conseguiu acompanhar o aperfeiçoamento da sacanagem dos “inventores” deste despropósito contra a cidade e que teve gente na imprensa fingindo ser ele de outro planeta.
O POVO CONTRA II
O que apareceu na Câmara depois deste projeto 49/2015 que divulguei aqui pela primeira vez há três semanas? Uma emenda modificativa. As tais emendas modificativas geralmente são feitas pelo PT, para não chamar a atenção e que na maioria dos casos é mais feroz do que o próprio projeto original. E neste não foi diferente. Ela além de incluir o vice-prefeito que “esqueceram”, ditou: “o direito à assistência jurídica integral compreende também, consultas e assessoramentos realizados a título preventivo, a defesa de seus direitos em juízo em decorrência de prejuízos morais ou materiais em razão do exercício de suas atribuições governamentais”.
O POVO CONTRA III
O que significa preventivo? Antes, o projeto era para que os políticos e agentes públicos usassem os advogados da prefeitura ou contratassem terceiros com o dinheiro dos nossos pesados impostos e que falta ao essencial, para a suposta defesa deles. A emenda que veio silenciosamente, amplia a sacanagem e a farra dos políticos com o dinheiro público: autoriza usarem o mesmo expediente para entrar com ações contra quem ouse denunciá-los como os cidadãos gasparenses, adversários, a imprensa, entre outros. Mais: tem endereço certo como a juíza Ana Paula Amaro da Silveira, que move reparações criminais e civis contra os políticos do PT daqui por injúria e difamação. Se a esperteza dos políticos trabalhasse a favor da população, como trabalha para livrá-los das culpas e obrigações, o paraíso estaria muito próximo de todos nós.
O POVO CONTRA IV
E para não ir adiante, hoje, por falta de espaço aqui, gostaria de contestar o cálculo cuidadoso e modesto, por dever oficio e profissional, que a promotora da Moralidade Pública da Comarca, Chimelly Louise de Resenes Marcon, fez sobre o buraco que esta lei causará no Orçamento municipal. Ela projetou uns R$ 300 mil, por ano. Afeito a números, ouso multiplicar por várias vezes no tempo para trás e para frente, não tão longo. São de cara uns possíveis 100 beneficiados e que se renovam, que podem se multiplicar exponencialmente. A procuradoria da prefeitura, naturalmente, não vai dar conta da demanda dos folgados. E aí entra a tal licitação por inexigibilidade, amparada pela notória e necessária especialização de advogados. Isso permite se cobrar o que bem entender – e dá margens à corrupção – além de se ampliar os custos por peritagem, pareceres, cálculos etc. Será um sangradouro eterno nos muitos anos em que Ação ficar aqui na Comarca, nos muitos recursos que rolarem nos tribunais por décadas, além de outras exigências como representação, despesas de audiências etc. Vergonhoso desequilíbrio entre as partes e gasto milionário com dinheiro público sem controle. E tem vereador que disse não possuir opinião sobre este assunto em algo tão crucial e claro. Uma aberração. Tem mais valor quem se declarou a favor do que os indecisos. Acorda, Gaspar!
A Margem Esquerda mais uma vez sofre na administração de Pedro Celso Zuchi, PT. Para se chegar à ponte Hercílio Deeke, filas quilométricas e falta de agentes de trânsito para dar ritmo e ordem. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
Se a lei retroage... A esperteza do PL 49/2015 tenta, entre outras, livrar Pedro Celso Zuchi, PT, que no caso do caso do caminhão pipa, está condenado e obrigado pelo Tribunal de Justiça a ressarcir o uso indevido de José Carlos Schramm (que virou mais tarde procurador do município) seu defensor no caso, pago pela prefeitura. Acorda, Gaspar!
O promotor Henrique da Rosa Ziesemer já não está mais em Gaspar. Ele atendia a terceira Vara e cuidava do meio ambiente e foi um dos mais duros promotores contra as mazelas da administração pública de Gaspar.
Henrique estava de férias. Ele assumiu em Jaraguá do Sul numa promoção que obteve (tem petista daqui que comemora, como tivesse influência nesta mudança). Para o seu lugar aqui está chegando Marcelo Sebastião Neto de Campos. Ele vem da Comarca de Videira, no Vale do Rio do Peixe, no Meio Oeste catarinense.
Transparência zero. Exemplo, o pior possível. Esta é a Câmara de Gaspar, a que devia fiscalizar, prestar contas aos cidadãos e cidadãs gasparenses. Esta é a avaliação do Ministério Público de Gaspar. Ela está numa daquela dezena de Ações que a promotora Chimelly Louise de Resenes Marcon, da Moralidade Pública, mandou para o judiciário no mês de agosto. Chimelly quer que o Portal Transparência se efetive em 90 dias, se se isto não acontecer, uma multa diária de R$ 1 mil.
A Câmara tem um “portal”. Eu já escrevi aqui, bonitinho, mas não cumpre a sua missão com a cidade. “Muitas foram as irregularidades constatadas no referido veículo de comunicação. Constatou-se a ausência de informações referentes aos horários de atendimentos ao público, informações referentes à carga horária dos servidores efetivos, atualização das informações, publicação de informações obrigatórias, dentre outras 72 omissões diagnosticadas”, relatou a promotora.
Lei de Acesso à Informação foi publicada em 18 de novembro de 2011 e se deu 180 dias para a sua implementação. “Não parece razoável o descumprimento de prescrições legais”, assinalou a promotora. Mas o pior estava por vir. Advertida pela promotoria, a Câmara mandou uma banana, como se estivesse acima dos cidadãos que a sustentam e da lei que a regulamenta.
“Frise-se, mais uma vez, que foi ofertada a celebração de Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta, com prazos razoáveis para que o ente público se adequasse ao ordenamento jurídico vigente. Contudo, incoerentemente, a Câmara, por meio de seu Presidente à época, afirmou expressamente não ter interesse em corrigir as inconsistências verificadas, ainda que os prazos para o adimplemento das obrigações fossem consensuais e elastecidos, sinalizando seu desinteresse em aclarar e publicizar seus atos e dispêndios à comunidade que representa”, escreveu Chimelly. Acorda, Gaspar!
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