Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

20/05/2016

OS CANDIDATOS I
Extraoficialmente, Gaspar possui quatro pré-candidatos a prefeito em outubro deste ano. Até agosto, quando eles se oficializam, todavia, alguma coisa pode mudar. Duas chapas têm inclusive seus vices definidos. O último anúncio e “pré-casamento” aconteceu na terça-feira passada. O vereador e ex-presidente da Comissão Provisória do PSD, que se apresentava como o novo na política, Marcelo de Souza Brick, anunciou a sua candidatura à imprensa. Mostrou o seu vice, o presidente da Câmara, Giovânio Borges, e que há menos de dois meses trocou o PSD de Marcelo pelo PSB que alugou de Paulo Bornhausen, tudo exatamente feito para esta “composição”. E quem irá apoiá-los e já está na suposta coligação? O “democrático” Partido Comunista do Brasil, que sempre esteve com o PT e Pedro Celso Zuchi. E quem deu emprego comissionado na prefeitura para quem tinha o PSB por aqui, a Teresa da Trindade? O PT de Zuchi, José Amarildo Rampelotti, Lovídio Carlos Bertoldi. Tudo em casa.

OS CANDIDATOS II
Então temos agora o eterno candidato, o ex-vereador e presidente da Câmara, Kleber Edson Wan Dall pelo PMDB – e que quase derrotou Zuchi na última eleição. Ele já no ano passado anunciou o seu vice para que nada ficasse de dúvidas sobre esse assunto: o vereador Luiz Carlos Spengler Filho, PP. Está na praça como pré-candidata a vereadora Andreia Symone Zimmermann Nagel, pelo PSDB e sem vice. O anúncio da candidatura de Brick e Giovânio, o vice ficará no próprio PSDB ou no DEM. Está colocada também na cidade pelo PT, a candidatura do ex-presidente do Samae, atual secretário de Obras, Lovídio Carlos Bertoldi. Ele não escolheu o vice. Espera o anúncio de Andreia. E ai fará escolhas dentro do PT – nas eleições anteriores sempre o partido correu de chapa pura – ou então, vai dividir a corrida com o parceiro PDT. Seria a indicação de nome soft, para “melhorar” o discurso diante de um quadro real de dificuldades institucionais contra a sigla PT.

OS CANDIDATOS III
Os leitores e leitoras deste espaço já sabiam de tudo isso e faz tempo. Então não cabe manchete para o que não é novidade, a não ser o empréstimo do Partido Comunista para o Marcelo por Zuchi e o PT de José Amarildo Rampelotti. Entretanto, o quadro sucessório em Gaspar poderá mudar. O PMDB de Kleber, do presidente Carlos Roberto Pereira e do ex-prefeito que lidera verdadeiramente este processo, Osvaldo Schneider e o PP de Lú, Melato e outros, esperam que ainda aconteça um grande acordão em torno da sua chapa. PMDB e PP não desistiram e tentam todas as negociações possíveis. Espalham que com quatro candidatos, o PT enfraquecido, ganha. Com quatro, na verdade, ganha o discurso, a transparência, porque todos eles sabem que tudo é incerto. E é contra esta incerteza que joga o PT, por isso patrocina a quarta candidatura. Igualmente o PSDB que se apresenta como zebra e é atingido pela candidatura de Marcelo e Giovânio com o Partido Comunista. Fica exposto o PMDB que tinha o jogo como ganho, bem como o PSD que vinha se apresentando como o novo e agora é usado pelos velhos esquemas.

TRAPICHE

Com estas candidaturas, seja qual for o vencedor, está claro que algumas novas lideranças poderão ficar no caminho e experimentar o ostracismo: Marcelo de Souza Brick, Giovânio Borges e Andreia Symone Zimermann Nagel.

Luiz Carlos Spengler Filho já tinha anunciado a sua aposentadoria e não concorreria à reeleição como vereador. E quanto Lovídio Carlos Bertoldi, apesar do intencional trabalho que fez para ser candidato no PT, lá nada se renova e Lovídio é apenas a bola da vez.

Por ser um partido hegemônico e de narrativas, o um único que possui cadeira cativa é Pedro Celso Zuchi para a família de Décio Neri e Ana Paula Lima. Na próxima eleição, se o PT não vencer neste ano, tudo passará pelos Zuchis e Limas. Nem mais. Nem menos.

Tem vereador desaparecido que resolveu reaparecer no reduto eleitoral quatro anos depois das promessas e sumiço para tentar se reeleger. E tem gente negando-se à mão. E depois ele diz que ingratos são a imprensa percebe isso e as redes sociais registram. Acorda, Gaspar!

Não desistiram. Vitório Marquetti, presidente do PPS de Gaspar e partido que estava na coligação do DEM, bem como o suplente de vereador do DEM, Laércio Pelé Krauss, entraram com Recurso Especial para obter a vaga de Andreia Symone Zimmermann Nagel, por ela ter trocado o DEM pelo PSDB.

Vitório e Laércio tinham perdido este caso por unanimidade aqui Tribunal Eleitoral Regional. A defesa de Andreia foi feita pelo advogado gasparense Amilton de Souza Filho, com ajuda dos advogados do PMDB e DEM. Agora, este julgamento vai ser revisto em Brasília.

O PMDB não tinha nada a ver com o acordo PT, PP, PSD e DEM pela ocupação da presidência da Câmara nos quatro anos desta legislatura. Tudo porque não foi hábil na montagem de um acordo.

Do nada, em 2015 o PMDB deu os votos para eleger José Hilário Melato, PP, no lugar de Andreia Symone Zimmermann Nagel, na época no DEM, quebrando o acordo. Agora por causa disso amarga os reflexos.

O atual presidente diz Carlos Roberto Pereira diz que não teve nenhuma participação no episódio, mas herda o problema. E por quê? O atual candidato e na época presidente do diretório, Kleber Edson Wan Dall, orientou a bancada a este voto.

Agora, ambos estão transferindo a culpa para outra liderança peemedebista. Se insistirem nesta tese, mostrarão que ambos não dominam o partido. A emenda se vier a público, ficará pior do que o soneto.

Falta de transparência. Depois de mais de 15 dias, o site do município de Gaspar divulgou as informações dos sálarios dos servidores no Portal da Transparência. O que se quer esconder? Estão mais uma vez desafiando a Justiça.

Falta de transparência. Por quê as informações dos servidores do Samae ainda não se encontravam disponíveis até o fechamento desta coluna? Será elas são confidenciais? O que se quer esconder?

Falta de transparência. Por quê as resoluções da mesa da Câmara de Gaspar foram retiradas do site e não mais apareceram? O que se quer esconder? Estão mais uma vez desafiando a Justiça.

A óbvia propaganda eleitoral. Na falta de notícia, o PMDB de Gaspar mandou divulgar que o ex-prefeito Evaristo Spengler, PP, com a sua mulher Dilsa, a Dica, vai apoiar os candidatos Kleber Edson Wan Dall, PMDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP. Ou seja, a notícia é natural e velha, pois Evaristo sempre foi um homem de partido. Notícia seria se Evaristo não desse apoio.

Perguntar não ofende: os R$7,5 milhões que o deputado Décio Neri e a mulher Ana Paula Lima anuciaram como liberados para a ponte do Vale nesta semana, já não foram anunciados no ano passado como tal naqueles R$14,7 milhões?

A mesma imprensa que faz alarido agora, fez naquele tempo, todavia, não se lembrou de tal fato. Os políticos que estão sendo corridos de Brasília, voam para fazer manchete nos grotões e agradecem à amnésia coletiva. Daqueles R$14,7 afirmou-se em novembro como liberados, R$5,2 milhões. Se foram depositados (?) e feitas as contas, faltariam R$9,5 e não R$7,5 milhões.

A pergunta que faltou: se a ponte do Vale há quatro anos tinha um custo licitado de R$42,5 milhões, como é que ela vai ficar pronta com pouco mais de R$30 milhões?

 

Edição 1750

Comentários

Ana Amélia que não é Lemos
23/05/2016 19:03
Sr. Herculano:

Que maravilha! Olha só o que achei no Blog do Aluízio Amorim:

"Pela primeira vez em mais de uma década de anarquia lulopetista não tem preço ver a lei e a ordem serem cumpridas. Refiro-me a ação do PM de São Paulo que durante a madrugada dispersou o ajuntamento de mortadelas liderados pelo colunista do jornal Folha de S. Paulo, Guilherme Boulos, que acampavam nas proximidades da residência do Presidente Michel Temer.

As autoridades de segurança de São Paulo podem ficar certas de uma coisa: no mínimo 90% dos brasileiros apoiam a medida tomada.

O povo brasileiro decente que trabalha, estuda e rala no dia a dia para sobreviver aplaude a medida tomada pela Polícia Militar de São Paulo."

A Polícia Militar de São Paulo está de parabéns.
Xô! Gentalha infernal.
Miguel José Teixeira
23/05/2016 15:22
Senhores,

GOLPE EM CANNES

Os canastrões que não se contentaram em apenas interpretar Aquarius, "uma metáfora sobre o Brasil da corrupção e do cinismo e que é uma rica e misteriosa história de desintegração social", na avaliação do jornal britânico "The Guardian", e que acrescento "qualquer coincidência com o governico dos vermelhóides esquerdopatas é mera semelhança", sofreram um GOLPE EM CANNES, saíram com as mãos abanando, ou melhor segurando a "mortaNdela. . .
Huuummm. . .é o que dá comer "pãocommortaNdela" e "arrotar K-viar com champã". . .
Herculano
23/05/2016 13:49
NÃO MUDOU NADA

O Senador e ministro do Desenvolvimento, Romero Jucá, PMDB, acaba de mandar bananas como qualquer petista fez até agora com os brasileiros.

Todos iguais.

Pego em gravações onde se tramava atrapalhar inquéritos e calar promotores e juízes, Jucá, com a maior cara de pau, disse que o que todos ouviram não eram o que estava gravado e que por isso, não irá renunciar.

Mais fácil é que os eleitores e eleitoras colocarem a viola no saco e pagar as contas do desastre econômico do PT, PMDB, PP, PSD, PCdoB, PDT, PTB, PRB, PR. Sim, o PMDB foi até há duas semanas, avalista e sócio da de todo este desastre. Agora, quer ficar sozinho comandando a esbórnia ética.
Sidnei Luis Reinert
23/05/2016 12:26
Renan contra Temer

Brasil 23.05.16 06:45
O Antagonista descobriu que os grampos de Romero Jucá foram feitos pelo próprio Sérgio Machado.

Como dissemos anteriormente, Sérgio Machado é operador de Renan Calheiros.

Quem passou os grampos à Folha de S. Paulo?

O Antagonista tem uma suspeita: alguém ligado a Renan Calheiros, como Mário Rosa, por exemplo.

Com o objetivo de abater Michel Temer.

http://www.oantagonista.com/posts/renan-contra-temer?platform=hootsuite
Mário
23/05/2016 12:10
Após 12 anos de mandato petista o projeto de lei que rege a previdência dos funcionários do município foi enviada para câmara dos vereadores "Em regime de urgência", porque somente agora ? no Apagar das Luzes ?

Lógico que é para favorecer os companheiros em final de carreira e com salários gordos, pois já estão ciente que vão perder as eleições e a maioria vai pedir aposentadoria para não precisar encarar o novo prefeito.

Outro detalhe do projeto de lei que chama atenção é a parte administrativa do instituto de previdência que cria o cargo de Diretor presidente a um custo R$ 10.373,45 mensais, cargo este comissionado, indicado pelo prefeito, podendo qualquer pessoa sem vínculo com a prefeitura assumir o cargo.

Mas uma vez o previdência do municipal será uma moeda de troca, uma ferramenta política.

É momento dos funcionários de carreira acordarem e do Sindicato fazer algo.

O candidatos a Prefeito também tem que se manifestar pois senão terão uma verdadeira bomba relógio pela frente.

Previdência para funcionários públicos sim, mas de forma responsável.
Herculano
23/05/2016 10:32
MAIS UMA VEZ A IMPRENSA FAZ A DIFERENÇA NESTE JOGO DOS POLÍTICOS PARA OS ANALFABETOS, IGNORANTES, DESINFORMADOS E OS PENDURADOS ETERNAMENTE NOS GRANDES ESQUEMAS QUE SE DISFARÇAM COMO SÉRIOS, MAS COMEM OS NOSSOS PESADOS IMPOSTOS PARA O PODE E A FARA DE POUCOS SEJAM ELES DE QUE PARTIDOS POLÍTICOS FOREM
Herculano
23/05/2016 10:27
IMPEACHMENT FOI PLANO PARA ASSEGURAR IMPUNIDADE, MOSTRA GRAVAÇÃO COM JUCÁ, por Mário Magalhães

O que parecia óbvio para muita gente agora ganha confirmação de viva voz: o impeachment da presidente constitucional Dilma Rousseff foi articulado por próceres do PMDB para assegurar a impunidade de investigados e suspeitos na Operação Lava Jato.

O repórter Rubens Valente obteve gravação de conversa de março entre o atual ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Ambos peemedebistas.

"Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria'', disse Jucá, em sentença que entra para a história da política e da politicagem nacionais.

Machado disputa com o correligionário para ver quem é mais claro: "É um acordo, botar o Michel [Temer], num grande acordo nacional''.

Jucá: "Com o Supremo, com tudo''.

Machado: "Com tudo, aí parava tudo''.

Jucá: "É. Delimitava onde está, pronto''.

A conversa tratava de investigações sobre corrupção no âmbito da Lava Jato.

Cada um interpretará como quiser.

É preciso ser craque em malabarismo retórico para ignorar lição mais evidente: a conspiração que derrubou Dilma, em abril na Câmara, e em maio no Senado, prestou-se a manter impunes aqueles que historicamente aprontam sem ser punidos.

Ecoa a voz do ministro de Temer: "Com o Supremo, com tudo''.

Não é só Romero Jucá quem tem de ser demitido.

Michel Temer deveria ser o primeiro.
Herculano
23/05/2016 10:25
AFINAL QUEM ESTÁ LIMPO NESTA INCRÍVEL HIST?"RIA DE CORRUPÇÃO FEITA EM TODOS OS GABINETES, DESDE OS GROTÕES ATÉ BRASÍLIA?

NÃO É À TOA QUE O PT, PCdoB, PDT ESTÃO INCOFORMADOS. FORAM SACADOS DA GRANDE SACANAGEM E OUTROS PERMANECERAM NELA REPARTINDO A LAMA QUE CONTINUA A INUNDAR NOVOS DONOS DESTE GRANDE CHIQUEIRO CHAMADO BRAZIL
Herculano
23/05/2016 10:16
JUCÁ VIROU DEMISSÃO ESPERANDO PARA ACONTECER, por Josias de Souza

Michel Temer não se deu conta. Mas, ao acomodar Romero Jucá na Esplanada, nomeou um ministro com prazo de validade vencido. Trazida à luz pelo repórter Rubens Valente, a gravação que reproduz os diálogos vadios de Jucá com o correligionário Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, faz do ministro do Planejamento uma demissão incontornável, esperando para acontecer.

- É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional, disse Sérgio Machado a Jucá, antes da votação que afastou Dilma da Presidência.

- Com o Supremo, com tudo, respondeu Jucá, dando asas ao sonho peemedebista de passar uma régua nas apurações da Lava Jato.

- Com tudo, aí parava tudo, animou-se Machado, cujas traficâncias encontram-se sob o crivo do doutor Sérgio Moro.

- É. Delimitava onde está, pronto!, concordou Jucá, em cujos calcanhares de vidro o procurador-geral Rodrigo Janot agarrou.

Em política, nada do que te dizem em público é tão importante quanto o que você escuta sem querer. Há três dias, Romero Jucá dizia aos jornalistas: "Acho que o Ministério Público tem que investigar todo mundo, confio na Lava Jato. Ao sair de tudo isso, nós vamos ter um Brasil melhor." Uma semana antes, Temer dissera que a Lava Jato "deve ter proteção contra qualquer tentativa de enfraquecê-la."

A percepção de que o roubo de verbas públicas passou a dar cadeia no Brasil apavora a clientela da Lava Jato. A ideia de que um acordão pode sufocar a força-tarefa que esfrega a lei na cara da oligarquia parece inviável. Michel Temer tem duas alternativas: ou se livra de Jucá ou reforçará a tese segundo a qual em política nada se perde, nada se transforma, tudo se corrompe.
Herculano
23/05/2016 10:14
O PMDB É S?"CIO DO DESASTRE ADMINISTRATIVO E CONVIVENTE ATÉ O TUTANO DA SACANAGEM DO PT, PCdoB, PDT, PP, PSD, PR, PRB, PTB E OUTROS NO PODER CONTRA OS BRASILEIROS PELOS NOSSOS PESADOS IMPOSTOS

Foi isto que reforçou abaixo as gravações estampadas pelo jornal Folha de S. Paulo. É o velho. Quando o PSDB deu sinais de fraquezas, o PMDB que devia assumir a gestão histórica, preferiu ficar mais uma vez empoleirado e usufruir, e saboreou por 13 anos deste ambiente bandido.

Naturalmente, agora terá dificuldades para dizer que sabe fazer, possui ética e capacidade de realização. Possui, isto sim, capacidade de articulação na senda do crime contra os brasileiros, contra as instituições etc.

Michel Temer terá coragem de proceder a limpeza cirúrgica dentro do PMDB para salvar as aparências?Wake up, Brazil!
Herculano
23/05/2016 07:41
POLÍTICOS MORREM DE MEDO DO JUIZ SÉRGIO MORRO E JURAM QUE MUDANÇA DE GOVERNO ESTANCARIA APURAÇÕES. VERGONHA. MANCHETE DE CAPA DESTA SEGUNDA-FEIRA DO JORNAL FOLHA DE S. PAULO DIZ: EM DIÁLOGOS GRAVADOS, JUCÁ FALA EM PACTO PARA DETER LAVA JATO

Parte 1

Texto de Rubens Valente, da sucursal de Brasília. Em conversas ocorridas em março passado, o ministro do Planejamento, senador licenciado Romero Jucá (PMDB-RR), sugeriu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que uma "mudança" no governo federal resultaria em um pacto para "estancar a sangria" representada pela Operação Lava Jato, que investiga ambos.

Gravados de forma oculta, os diálogos entre Machado e Jucá ocorreram semanas antes da votação na Câmara que desencadeou o impeachment da presidente Dilma Rousseff. As conversas somam 1h15min e estão em poder da PGR (Procuradoria-Geral da República).

O advogado do ministro do Planejamento, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que seu cliente "jamais pensaria em fazer qualquer interferência" na Lava Jato e que as conversas não contêm ilegalidades.

Machado passou a procurar líderes do PMDB porque temia que as apurações contra ele fossem enviadas de Brasília, onde tramitam no STF (Supremo Tribunal Federal), para a vara do juiz Sergio Moro, em Curitiba (PR).

Em um dos trechos, Machado disse a Jucá: "O Janot está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho. [...] Ele acha que eu sou o caixa de vocês".

Na visão de Machado, o envio do seu caso para Curitiba seria uma estratégia para que ele fizesse uma delação e incriminasse líderes do PMDB.

Machado fez uma ameaça velada e pediu que fosse montada uma "estrutura" para protegê-lo: "Aí fodeu. Aí fodeu para todo mundo. Como montar uma estrutura para evitar que eu 'desça'? Se eu 'descer'...".

Mais adiante, ele voltou a dizer: "Então eu estou preocupado com o quê? Comigo e com vocês. A gente tem que encontrar uma saída".
Herculano
23/05/2016 07:41
POLÍTICOS MORREM DE MEDO DO JUIZ SÉRGIO MORRO E JURAM QUE MUDANÇA DE GOVERNO ESTANCARIA APURAÇÕES. VERGONHA. MANCHETE DE CAPA DESTA SEGUNDA-FEIRA DO JORNAL FOLHA DE S. PAULO DIZ: EM DIÁLOGOS GRAVADOS, JUCÁ FALA EM PACTO PARA DETER LAVA JATO

Parte 2

Machado disse que novas delações na Lava Jato não deixariam "pedra sobre pedra". Jucá concordou que o caso de Machado "não pode ficar na mão desse [Moro]".

O atual ministro afirmou que seria necessária uma resposta política para evitar que o caso caísse nas mãos de Moro. "Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo para estancar essa sangria", diz Jucá, um dos articuladores do impeachment de Dilma. Machado respondeu que era necessária "uma coisa política e rápida".

"Eu acho que a gente precisa articular uma ação política", concordou Jucá, que orientou Machado a se reunir com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e com o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP).

Machado quis saber se não poderia ser feita reunião conjunta. "Não pode", disse Jucá, acrescentando que a ideia poderia ser mal interpretada.

O atual ministro concordou que o envio do processo para o juiz Moro não seria uma boa opção. "Não é um desastre porque não tem nada a ver. Mas é um desgaste, porque você, pô, vai ficar exposto de uma forma sem necessidade."

E chamou Moro de "uma 'Torre de Londres'", em referência ao castelo da Inglaterra em que ocorreram torturas e execuções entre os séculos 15 e 16. Segundo ele, os suspeitos eram enviados para lá "para o cara confessar".

Jucá acrescentou que um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional "com o Supremo, com tudo". Machado disse: "aí parava tudo". "É. Delimitava onde está, pronto", respondeu Jucá, a respeito das investigações.

O senador relatou ainda que havia mantido conversas com "ministros do Supremo", os quais não nominou. Na versão de Jucá ao aliado, eles teriam relacionado a saída de Dilma ao fim das pressões da imprensa e de outros setores pela continuidade das investigações da Lava Jato.

Jucá afirmou que tem "poucos caras ali [no STF]" ao quais não tem acesso e um deles seria o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no tribunal, a quem classificou de "um cara fechado".
Herculano
23/05/2016 07:40
POLÍTICOS MORREM DE MEDO DO JUIZ SÉRGIO MORRO E JURAM QUE MUDANÇA DE GOVERNO ESTANCARIA APURAÇÕES. VERGONHA. MANCHETE DE CAPA DESTA SEGUNDA-FEIRA DO JORNAL FOLHA DE S. PAULO DIZ: EM DIÁLOGOS GRAVADOS, JUCÁ FALA EM PACTO PARA DETER LAVA JATO

Parte 3

Machado presidiu a Transpetro, subsidiária da Petrobras, por mais de dez anos (2003-2014), e foi indicado "pelo PMDB nacional", como admitiu em depoimento à Polícia Federal. No STF, é alvo de inquérito ao lado de Renan Calheiros.

Dois delatores relacionaram Machado a um esquema de pagamentos que teria Renan "remotamente, como destinatário" dos valores, segundo a PF. Um dos colaboradores, Paulo Roberto Costa disse que recebeu R$ 500 mil das mãos de Machado.

Jucá é alvo de um inquérito no STF derivado da Lava Jato por suposto recebimento de propina. O dono da UTC, Ricardo Pessoa, afirmou em delação que o peemedebista o procurou para ajudar na campanha de seu filho, candidato a vice-governador de Roraima, e que por isso doou R$ 1,5 milhão.

O valor foi considerado contrapartida à obtenção da obra de Angra 3. Jucá diz que os repasses foram legais.
Herculano
23/05/2016 07:40
POLÍTICOS MORREM DE MEDO DO JUIZ SÉRGIO MORRO E JURAM QUE MUDANÇA DE GOVERNO ESTANCARIA APURAÇÕES. VERGONHA. MANCHETE DE CAPA DESTA SEGUNDA-FEIRA DO JORNAL FOLHA DE S. PAULO DIZ: EM DIÁLOGOS GRAVADOS, JUCÁ FALA EM PACTO PARA DETER LAVA JATO

Parte 4

Data das conversas não foi especificada

SÉRGIO MACHADO - Mas viu, Romero, então eu acho a situação gravíssima.

ROMERO JUCÁ - Eu ontem fui muito claro. [...] Eu só acho o seguinte: com Dilma não dá, com a situação que está. Não adianta esse projeto de mandar o Lula para cá ser ministro, para tocar um gabinete, isso termina por jogar no chão a expectativa da economia. Porque se o Lula entrar, ele vai falar para a CUT, para o MST, é só quem ouve ele mais, quem dá algum crédito, o resto ninguém dá mais credito a ele para porra nenhuma. Concorda comigo? O Lula vai reunir ali com os setores empresariais?

MACHADO - Agora, ele acordou a militância do PT.

JUCÁ - Sim.

MACHADO - Aquele pessoal que resistiu acordou e vai dar merda.

JUCÁ - Eu acho que...

MACHADO - Tem que ter um impeachment.

JUCÁ - Tem que ter impeachment. Não tem saída.

MACHADO - E quem segurar, segura.

JUCÁ - Foi boa a conversa mas vamos ter outras pela frente.

MACHADO - Acontece o seguinte, objetivamente falando, com o negócio que o Supremo fez [autorizou prisões logo após decisões de segunda instância], vai todo mundo delatar.

JUCÁ - Exatamente, e vai sobrar muito. O Marcelo e a Odebrecht vão fazer.

MACHADO - Odebrecht vai fazer.

JUCÁ - Seletiva, mas vai fazer.

MACHADO - Queiroz [Galvão] não sei se vai fazer ou não. A Camargo [Corrêa] vai fazer ou não. Eu estou muito preocupado porque eu acho que... O Janot [procurador-geral da República] está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho.

[...]

JUCÁ - Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. [...] Tem que ser política, advogado não encontra [inaudível]. Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra... Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria.

[...]

MACHADO - Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel [Temer].

JUCÁ - Só o Renan [Calheiros] que está contra essa porra. 'Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha'. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.

MACHADO - É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
Herculano
23/05/2016 07:39
POLÍTICOS MORREM DE MEDO DO JUIZ SÉRGIO MORRO E JURAM QUE MUDANÇA DE GOVERNO ESTANCARIA APURAÇÕES. VERGONHA. MANCHETE DE CAPA DESTA SEGUNDA-FEIRA DO JORNAL FOLHA DE S. PAULO DIZ: EM DIÁLOGOS GRAVADOS, JUCÁ FALA EM PACTO PARA DETER LAVA JATO

Parte 5

JUCÁ - Com o Supremo, com tudo.

MACHADO - Com tudo, aí parava tudo.

JUCÁ - É. Delimitava onde está, pronto.

[...]

MACHADO - O Renan [Calheiros] é totalmente 'voador'. Ele ainda não compreendeu que a saída dele é o Michel e o Eduardo. Na hora que cassar o Eduardo, que ele tem ódio, o próximo alvo, principal, é ele. Então quanto mais vida, sobrevida, tiver o Eduardo, melhor pra ele. Ele não compreendeu isso não.

JUCÁ - Tem que ser um boi de piranha, pegar um cara, e a gente passar e resolver, chegar do outro lado da margem.

*

MACHADO - A situação é grave. Porque, Romero, eles querem pegar todos os políticos. É que aquele documento que foi dado...

JUCÁ - Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura, que não tem a ver com...

MACHADO - Isso, e pegar todo mundo. E o PSDB, não sei se caiu a ficha já.

JUCÁ - Caiu. Todos eles. Aloysio [Nunes, senador], [o hoje ministro José] Serra, Aécio [Neves, senador].

MACHADO - Caiu a ficha. Tasso [Jereissati] também caiu?

JUCÁ - Também. Todo mundo na bandeja para ser comido.

[...]

MACHADO - O primeiro a ser comido vai ser o Aécio.

JUCÁ - Todos, porra. E vão pegando e vão...

MACHADO - [Sussurrando] O que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para ele ser presidente da Câmara? [Mudando de assunto] Amigo, eu preciso da sua inteligência.

JUCÁ - Não, veja, eu estou a disposição, você sabe disso. Veja a hora que você quer falar.

MACHADO - Porque se a gente não tiver saída... Porque não tem muito tempo.

JUCÁ - Não, o tempo é emergencial.

MACHADO - É emergencial, então preciso ter uma conversa emergencial com vocês.

JUCÁ - Vá atrás. Eu acho que a gente não pode juntar todo mundo para conversar, viu? [...] Eu acho que você deve procurar o [ex-senador do PMDB José] Sarney, deve falar com o Renan, depois que você falar com os dois, colhe as coisas todas, e aí vamos falar nós dois do que você achou e o que eles ponderaram pra gente conversar.

MACHADO - Acha que não pode ter reunião a três?

JUCÁ - Não pode. Isso de ficar juntando para combinar coisa que não tem nada a ver. Os caras já enxergam outra coisa que não é... Depois a gente conversa os três sem você.
Herculano
23/05/2016 07:38
POLÍTICOS MORREM DE MEDO DO JUIZ SÉRGIO MORRO E JURAM QUE MUDANÇA DE GOVERNO ESTANCARIA APURAÇÕES. VERGONHA. MANCHETE DE CAPA DESTA SEGUNDA-FEIRA DO JORNAL FOLHA DE S. PAULO DIZ: EM DIÁLOGOS GRAVADOS, JUCÁ FALA EM PACTO PARA DETER LAVA JATO

Parte 6

MACHADO - Eu acho o seguinte: se não houver uma solução a curto prazo, o nosso risco é grande.

*

MACHADO - É aquilo que você diz, o Aécio não ganha porra nenhuma...

JUCÁ - Não, esquece. Nenhum político desse tradicional ganha eleição, não.

MACHADO - O Aécio, rapaz... O Aécio não tem condição, a gente sabe disso. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB...

JUCÁ - É, a gente viveu tudo.

*

JUCÁ - [Em voz baixa] Conversei ontem com alguns ministros do Supremo. Os caras dizem 'ó, só tem condições de [inaudível] sem ela [Dilma]. Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca'. Entendeu? Então... Estou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar.

MACHADO - Eu acho o seguinte, a saída [para Dilma] é ou licença ou renúncia. A licença é mais suave. O Michel forma um governo de união nacional, faz um grande acordo, protege o Lula, protege todo mundo. Esse país volta à calma, ninguém aguenta mais. Essa cagada desses procuradores de São Paulo ajudou muito. [referência possível ao pedido de prisão de Lula pelo Ministério Público de SP e à condução coercitiva ele para depor no caso da Lava jato]

JUCÁ - Os caras fizeram para poder inviabilizar ele de ir para um ministério. Agora vira obstrução da Justiça, não está deixando o cara, entendeu? Foi um ato violento...

MACHADO -...E burro [...] Tem que ter uma paz, um...

JUCÁ - Eu acho que tem que ter um pacto.

[...]

MACHADO - Um caminho é buscar alguém que tem ligação com o Teori [Zavascki, relator da Lava Jato], mas parece que não tem ninguém.

JUCÁ - Não tem. É um cara fechado, foi ela [Dilma] que botou, um cara... Burocrata da... Ex-ministro do STJ [Superior Tribunal de Justiça].
Herculano
23/05/2016 07:25
GOVERNO DO PT APARELHOU ESTATAL COM AMIGOS, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros.

A estatal Empresa Brasil de Comunicação (EBC), responsável pela TV Brasil, foi transformada em cabide de boquinhas para amigos de Dilma, do antecessor Lula e do PT. Milhões de reais dos contribuintes foram desperdiçados em programas de amigos petistas. Um deles, o diretor de teatro Aderbal Freire Jr, casado com a atriz Marieta Severo, recebia R$ 91 mil por mês, cinco vezes mais que o presidente da própria EBC.

ASSIM É FÁCIL
Sócia da FBL, produtora do "ABZ do Ziraldo" levava R$ 717 mil/ano, Rozane Braga assinou manifesto "anti-golpe". Inútil: foi cancelado.

CANCELADO
O programa "Papo de Mãe", de Mariana Kotscho, filha de ex-assessor de Lula, custava ao contribuinte R$ 2,4 milhões/ano. Foi cancelado.

CARO PROGRAMA
O programa "Observatório da Imprensa", comandado por Alberto Dines, faturava R$ 233 mil por mês e R$ 2,8 milhões ao ano na estatal EBC.

CORTADO À METADE
O programa "Expedições", produzido pela empresa Roberto Werneck Produções, teve o contrato de R$ 1,6 milhão cortado pela metade.

DILMA DEU R$1 BILHÃO PARA MTST & CIA "FAZER CASAS"
O ministro Bruno Araújo (Cidades) cancelou sem demora o programa "Minha Casa Minha Vida Entidades", que fez o governo Dilma Rousseff distribuir mais de R$ 1,03 bilhão a "entidades" como o MTST para construir 60,1 mil casas. Isso não poderia dar certo, e não deu: apenas cerca de 7 mil foram concluídas. Não admira que sobre tanto dinheiro público para pagar cachês a "mortadelas" que defendem Dilma e o PT.

CADÊ A GRANA?
Dilma previa gastar R$ 2,3 bilhões com 60 mil casas aos movimentos. Deu R$1 bilhão, mas só entregaram 6,6 mil unidades habitacionais.

CADÊ O DINHEIRO
Para as 6,6 mil unidades entregues, as entidades deveriam gastar no máximo R$ 256 milhões, mas torraram quatro vezes mais.

EMPREITEIRA SEM-TERRA
Só o MTST iria receber mais R$ 32 milhões do MCMV para organizar a construção e entrega de 594 casas e apartamentos em São Paulo.

S?" FALTA ROSE
Rosemary Noronha sumiu do noticiário nos últimos meses do governo Dilma. Ré por formação de quadrilha, enriquecimento ilícito e tráfico de influência em segredo de Justiça mal-explicado, Rose era a chefe de gabinete de Lula em São Paulo, e "amiga íntima" do ex-presidente.

FOCO NO CONGRESSO
O ministério de Michel Temer tem representantes de 11 partidos, com 357 votos na Câmara e 60 no Senado. Dos 23 ministros, 19 são ou foram deputados, senadores ou presidentes de partidos.

PÉ NO ACELERADOR
O roteiro de prioridades que o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), recebeu de Michel Temer prevê agilizar a votação da DRU, a revisão da Meta Fiscal e as Medidas Provisórias do governo.

GAVETA
Estacionou no Senado o projeto de Romero Jucá, então senador pelo PMDB-RR, para dar autonomia ao Banco Central. Só deve voltar a andar se tiver a benção do ministro Henrique Meirelles (Fazenda).

PROBLEMA PARA O GOVERNO
Deputados tucanos prometem não seguir orientação do líder do governo, André Moura (PSC-SE). "Não reconheço a liderança de André Moura", sentencia o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE).

O MOTIVO É OUTRO
Alguns petistas garantem que a tristeza de Lula pouco tem a ver com o afastamento de Dilma do cargo. Claramente abatido, o ex-presidente está deprimido com a suspeita de prisão iminente dele e de familiares.

GUINADA À ESQUERDA
O PT decidiu radicalizar o discurso e fazer um giro à esquerda. Enfraquecido no Congresso, o partido busca uma reaproximação com movimentos sociais, para "infernizar a vida de Michel Temer".

DISSE BEM, CHICO
O genial Chico Anysio disse certa vez que nossa elite política "sabe empregar bem os pronomes e melhor ainda os parentes". E ele nem imaginaria o que a dupla Lula-Dilma seria capaz de fazer, criando 23 mil boquinhas às nossas custas e "assassinando" os pronomes.

PERGUNTA NO COMÍCIO
Não era cultura o que faziam artistas, atores, cantores, diretores e produtores antes de 1985, quando foi criado o Ministério da Cultura?
Herculano
23/05/2016 07:17
da série: a prática perversa petista na manipulação dos números da gestão e da economia, que continua em Gaspar.

NOVOS HÁBITOS, por Vinicius Mota, para o jornal Folha de S. Paulo

Ao menos desde 2013, técnicos da Fazenda alertavam o chefe do Tesouro sobre o despautério dos subsídios injetados, na lei e na marra, para evitar um recuo na economia que teria dificultado a reeleição de Dilma Rousseff.

A reação aos alertas era autoritária: quem tem voto define a política econômica. Levadas ao estresse, as instituições restauraram a resposta democrática: a interação dinâmica, competitiva e cooperativa entre agentes públicos eleitos e não eleitos estabelece os limites da política econômica.

É alentador, a esse respeito, que Otávio Ladeira, técnico que vocalizou os alertas desprezados no primeiro mandato da petista, tenha sido nomeado secretário do Tesouro na segunda gestão. Ladeira foi mantido no cargo por Henrique Meirelles.

Outro sinal dos tempos é o respeito do Executivo à liturgia orçamentária. Anuncia a meta mais realista de despesas e receitas e aguarda a avaliação do Congresso antes de qualquer iniciativa. Ganham poder os legisladores, pois sua indefinição pode paralisar os fluxos de pagamento em contratos da União. Talvez surja daí um estímulo aos parlamentares para confeccionar orçamentos menos extravagantes.

Não é que os seres humanos alçados a posições de comando sejam melhores. O temor do impeachment por violações ao Orçamento, fator incontornável daqui para a frente, induz a ajustes nas condutas.

O medo da cassação, entretanto, não é capaz de desencadear sozinho todo o constrangimento para evitar a repetição dos descalabros que produziram, em época de paz, uma depressão típica de nações atingidas pela guerra ou pela peste.

O presidente brasileiro continua com poder excessivo na definição dos preços da energia, dos juros e da infraestrutura, além dos de vários outros contratos menos abrangentes, mas em conjunto importantes, no domínio econômico. É hora de discutir essa relação desequilibrada.
Herculano
22/05/2016 15:16
QUEBRAMOS, por Vinicius Torres Freire, para o jornal Folha de S. Paulo

Quebramos. O governo federal do Brasil está quebrado.

Não é novidade. No fundo, é força de expressão: o governo vai continuar a pagar as contas: vai ainda tomar emprestado, sabe-se lá até quando e a que custo (juros altos, dívida crescente e economia estagnada). No limite do desastre, sem crédito viável, fabrica dinheiro e paga as contas, ao custo de inflação desembestada

Quebramos? Não tem volta? Tem. Nessa volta, teremos de subir uma escadaria de joelhos nus sobre o milho, com uma pedra nas costas.

Se ainda era necessário um alerta final, tivemos a sexta-feira (20). Foi então que o governo anunciou que o deficit deste ano pode chegar a R$ 170 bilhões, o triplo do deficit teratológico de 2015 (já descontadas as despesas extraordinárias das "despedaladas" de 2015).

É um deficit 75% maior que o previsto pelo moribundo governo Dilma Rousseff, faz apenas uns dois meses. Em escala menor, é um episódio Grécia 2010: a lambança e a mentira eram maiores do que se imaginava.

Suponha-se, com razão, que o governo Temer tenha exagerado a herança maldita. Feitas contas alternativas e descontadas despesas extraordinárias, digamos que o deficit esteja correndo na casa de R$ 125 bilhões (deficit primário: em que não entra a despesa de juros).

O que são R$ 125 bilhões? Por exemplo, é o gasto total com os salários dos funcionários públicos federais. São mais de quatro anos e meio de Bolsa Família. É mais que o dinheiro que se paga por ano aos 8,4 milhões de aposentados da Previdência Rural. É um terço da despesa da Previdência. É colossal.

Dá para cortar? Algo, sempre dá. Mas o dinheiro cortável, aquela parte do Orçamento que não está comprometida com gastos obrigatórios, equivale a uns R$ 115 bilhões. Mexer em gasto obrigatório exige mudança de lei: em aposentadorias, em salários, no piso das despesas com saúde e educação.

Supondo que fosse possível cortar sem mais R$ 125 bilhões, o deficit primário cairia a zero. Melhor, mas insuficiente. No zero a zero, a dívida pública continua crescendo.

É verdade que a receita do governo cai sem parar praticamente desde março de 2014, em termos anuais. Desde então, foram-se R$ 142 bilhões, em termos reais (descontada a inflação). Parte maior da perda se deve à recessão; outra parte se deve às reduções de impostos de Dilma 1.

Sem aumentos de impostos, essa receita perdida não vai voltar a correr para os cofres do governo antes que o país recupere o PIB perdido na recessão. E olhe lá. Leva anos, com bom crescimento da economia. Para piorar, desde março de 2014 a despesa cresceu R$ 86 bilhões.

Será preciso esquecer, por vários anos, a meta de contas no azul (superavit primário) bastante para evitar o crescimento da dívida. A proposta modesta de agora é zerar o deficit primário, arrumar uns R$ 125 bilhões e dar um jeito de fazer a economia crescer o quanto antes.

Difícil zerar essa conta sem um baita aumento de impostos e outro tanto de corte dolorido de gastos. Quem acha que é possível fazer tal coisa sem mais impostos justamente distribuídos está brincando, entre outras coisas, com a ideia de que esfolar o povo sai de graça.
Herculano
22/05/2016 15:11
OS DEUSES VENCIDOS, por Carlos Brickmann

1 - José Dirceu acaba de ser condenado a pouco mais de 23 anos de prisão. Dirceu já estava condenado no Mensalão - ou seja, com cartão amarelo, mostrado por um ministro, Joaquim Barbosa, que jamais teve fama de flexibilidade. Por que José Dirceu ficou, à espera do quase infalível cartão vermelho dado agora pelo juiz Sergio Moro? Poderia ter procurado seus amigos bolivarianos, que o receberiam como um Guerreiro do Povo Brasileiro, gente especial, tipo exportação. Ficou, foi preso, está condenado. E agora? Tem mais de 70 anos, sonhava com uma vida em família. Que se terá passado no pensamento de Dirceu?

2 - João Santana também tem milhões de problemas com a Justiça, boas contas bancárias, uma esposa jovem, talentosa, requintada e rica. Estavam ambos fora do Brasil, num país seguro, ganhando bem, trabalhando para a BAAL, Bolivarianos Anti-Golpistas Amigos de Lula, com prestígio e futuro a escolher. Que é que os levou a atender ao juiz Sérgio Moro e fazer esta visita a Curitiba, ainda por cima mascando chicletes?

3 - Gilberto Carvalho foi o homem forte do PT nacional por mais de uma dezena de anos. Seria bem-vindo em todo o mundo latino, do Vaticano a Cuba, passando por El Salvador e Nicarágua (e não iria à Coréia do Norte nem à Venezuela, que Gilbertinho sabe das coisas). Mas preferiu ficar por aqui, enquanto Moro fazia mira cuidadosamente e o atingia com multa e perdas de direitos civis. Por que ficou? Ficou por que?

4- João Vaccari Netto tem tudo a ver com o tal triplex, construído pela construtora que presidia, a Bancoop. Foi réu há tempos, no caso do apartamento, por formação de quadrilha, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro. Escapou. E ficou fascinado, paralisado, admirando os predadores que se aproximavam. Quando chegaram, já não tinha para onde escapar, exceto o presídio de Pinhais, pertinho de Curitiba.

TRISTE DESTINO

Parece que os deuses, acostumados a ignorar e atropelar as derrotas, acharam que as vitórias eram inevitáveis. Em algum momento os Antigolpistas Guerreiros do Povo Brasileiro, talvez pilotando os Sukhoi supersônicos da Aeronáutica venezuelana, desceriam dos céus para salvá-los. Um dia a manobra falhou. E eles estavam no momento errado na hora errada.

IDEIA PUXA IDEIA

José Dirceu é um apparatchik, um homem de partido, absolutamente fiel, disciplinado e capaz de se manter em silêncio diante de pressões inimagináveis. Perdeu o cargo federal, nada falou. Foi condenado, preso, cumpriu pena, silenciou. Dirceu sabe das coisas: se falasse, poderia contar aquilo que poucos sabem. Manteve-se em silêncio.

Mas o tempo passa, o tempo voa. Dirceu pagou claro pela disciplina partidária. Agora tem mais de 70 anos, sabe que entregou seu futuro político a pessoas muito menos merecedoras do que ele, tem a prisão como perspectiva de vida. Seu sonho atual era assistir ao crescimento da filha pequena, sua paixão. Dirceu sabe o caminho para atingir seus objetivos. E se mudar de ideia nesta fase da vida - que bomba!
Herculano
22/05/2016 15:10
PAÍS DO FUTURO, por Carlos Brickmann

Retrato do Brasil: na Comissão de Ética, quem esteve melhor foi Eduardo Cunha.

OS DOIS LADOS

Tudo bem, há gente esquisitíssima (ou melhor, conhecendo nossos políticos, normalíssima) no Governo Temer. Um grupinho ali entraria na antiga Petrobras só pela aparência, sem precisar nem mostrar crachá. Mas, ainda bem, não são os únicos. Alguns nomes brilham como surpreendentemente bons. Maria Sílvia Bastos Marques, Pedro Parente, Ilan Goldfajn são gente ótima e executivos de primeiríssima linha.

A TERCEIRA MARGEM

Em compensação, Temer colocou como seu líder na Câmara o deputado André Moura, do PSC cearense. Moura é réu em três ações penais, como suspeito de participação em tentativa de homicídio e na compra ilegal de alimentos e bebidas com dinheiro, é claro, público.

Só conseguiu autorização da Justiça na última hora para disputar as eleições que o levaram ao Parlamento, livrando-se assim da Lei da Ficha Limpa. Mas é amigo de Eduardo Cunha (que continua mandando muito) desde criancinha, o que lhe garante alto prestígio na área federal.

Teremos momentos interessantes na Câmara. Deputado que tem capivara no lugar de currículo vai acabar gerando confusão. Já imaginou se aparece alguém honesto na mesma fila de poltronas?

QUEM PODE, PODE

Aquele presidente da Câmara Federal com cara de Nicolau Maduro mal acabado, Waldir Maranhão, já teve prestação de contas rejeitada pelo TRE do Maranhão em 2010. Foi reitor da Universidade Federal do Maranhão (o que explica muita coisa), dirigente do PP de Paulo Maluf. E é aliado do governador comunista Flávio Dino, PCdoB Maranhão, na luta contra Dilma, guru e aliada de ambos.

Mas há uma maneira mais fácil de defini-lo: Waldir Maranhão é o mais obediente dos seguidores de Eduardo Cunha. Até que... Salve, mestre, os que vão trair te saúdam
Herculano
22/05/2016 14:23
DILMA RECLAMA NA TV RUSSA DA PLURALIDADE, PROFISSIONALISMO E LIBERDADE DA MÍDIA BRASILEIRA. ELA ESTÁ CERTA. ELA, O PT, O PCdoB, PDT E OUTROS TENTARAM, MAS NÃO CONSEGUIRAM QUEBRAR E SILENCIAR OS PRINCIPAIS VEÍCULOS NACIONAIS. ENTÃO, INTOLERANTES...

1. A mesma acusada hoje de mídia golpista foi a que o PT usou amplamente para chegar ao poder na década de 2000. E naquele tempo nunca reclamou dela, ao contrário, a alimentou com informações, versões e fantasias para um clero de esquerda nas redações. Era a tal causa.

2. Os grandes grupos de comunicação não mudaram de controladores ou de famílias controladoras desde que o PT chegou ao poder. Esses grupos já estão escaldados e acostumados à troca de poder político e o chororô de sempre. Nunca mudará. Todos adulam para tê-los mansos. E quando não conseguem, colocam defeitos, acusam, rotulam, perseguem e acusam.

3. Quem se lambuzou e tornou crime ações de governo ou no governo, foi o PT e a base de podres éticos que ele arrumou para se manter no poder a qualquer preço, mas às custas dos nossos pesados impostos desviados para a roubalheira, má gestão e corrupção nunca antes vistos, ou revelados graças à mídia.

4. Da imprensa golpista, é isto o que o PT reclama: a divulgação dos seus crimes e criminosos, muitos deles tidos como heróis pela falsa propaganda, pela narrativa falsa. Queria como num regime fingido de democrático como o da Rússia, que a imprensa - inclusive a que entrevistou - fosse controlada e deixasse tudo escondido da população, sem antes penalizar esta imprensa e quebra-la economicamente por não se submeter à sua censura de costumes, pensamento e atos.

5. O PT foi mais longe no Brasil, usando métodos bolcheviques impróprios para um mundo sem fronteiras nas comunicações. Criou a sua própria imprensa.

6. Patrocinou com os nossos pesados impostos - e que falta à saúde pública, educação de qualidade, segurança, obras de infraestrutura, suporte social - um monte de jornais, rádios, tevês, revistas e blogs. E o resultado disso foi pífio. E por que? Por falta o essencial: audiência a esses veículos. E por que falta audiência? Exatamente por não possuem estas mídias, credibilidade, a suposta mínima isenção e principalmente, a pluralidade.

7. O PT foi engolido na própria armadilha de comunicação que armou devido aos atos falhos, falsos e criminosos. As redes sociais que julgava ser o seu contraponto desmoralizador à imprensa livre, plural e investigativa, foram as fontes inspiradoras do desmascaramento de um governo incompetente e pelos julgados até agora, ladrão dos nossos pesados impostos.

7. E para suprema ironia, só restou ao PT, ao PCdoB, ao PDT, a Luiz Inácio Lula da Silva, a Rui Falcão, Jandira Feghalli, Vanessa Graziotin, Lindeberg Farias e tantos outros, reclamarem à controlada televisão russa. Farão isto certamente à Coreia do Norte, a Venezuela, Bolívia, Nicarágua, Cuba, ao Estado Islâmico a que um dia pediram à ONU disposição para o diálogo...

7. O que diz a notícia nos sites que ainda se alimentam das grossas verbas estatais que foram liberadas por Dilma Vana Rousseff, antes dela sair da presidência de fato?

A presidente afastada Dilma Rousseff fez críticas à imprensa brasileira em entrevista à versão espanhol do grupo de mídia russo RT. As declarações foram publicadas na quinta-feira 19 pelo site do veículo.

Em uma delas, a presidente faz a seguinte comparação: "A mídia aqui no Brasil tem sido muito crítica quando se trata de mim, meu governo e nossos aliados. Mas de repente ela tende a favorecer o governo interino e evitar criticá-lo - apesar da situação peculiar que tem surgido".

Ainda sobre a imprensa, Dilma acrescenta que a democratização da mídia é um dos temas em debate no Brasil. "Nós não queremos controlar ninguém ou influenciar a posição de ninguém. Somos contra o oligopólio da mídia, que mantém todo o poder nas mãos de poucas famílias", ressalta.
Herculano
22/05/2016 13:42
A BOQUINHA DOS ARTISTAS E PRODUTORES CULTURAIS

Segundo a Receita Federal, a renuncia fiscal em projetos culturais aprovados pela Lei Rouanet é de R$1,8 bilhão.

Esta captação só é possível com lucros nas empresas, quando há geração de Imposto de Renda. Com a crise econômica que a maioria dos artistas e produtores culturais defende, eles próprios inviabilizam esta renúncia e o transporte deste impostos de todos nós para os seus próprios projetos e discursos.

Alguém precisa esclarecer este pragmatismo financeiro a estes poetas do utópico, que pensam que o dinheiro é público - e não do contribuinte antes dele ser do governo - e que cai do céu.
Herculano
22/05/2016 13:32
META DE CÍNICOS, por Lindeberg Farias, senador PT fluminense

No começo da noite de sexta-feira (20/05), os novos ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Romero Jucá (Planejamento), do governo golpista de Michel Temer, convocaram às pressas uma coletiva de imprensa com o intuito de explicar a proposta de alteração da meta fiscal, a ser enviada em regime de urgência ao Congresso nesta segunda-feira para ser votada, a toque de caixa, no dia seguinte. Tudo muito apressado e sem discussão.

Surpreendente o cinismo dos dois ministros. Na maior cara lisa, propuseram, em rede de televisão, um déficit fiscal primário de R$ 170,5 bilhões, alterando para muito mais a proposta original de déficit do governo Dilma, na ordem de R$ 97 bilhões. Mais cínicos, reduziram radicalmente o contingenciamento proposto pela equipe econômica anterior, dirigida por Nelson Barbosa, da ordem de R$ 45 bilhões, liberando gastos de R$ 21 bilhões. O argumento é prover, em conjuntura de crise econômica, recursos discricionários para obras hídricas, como a transposição do rio São Francisco, e investimentos em defesa das Forças Armadas, entre outros.

Reparem: os dois ministros propõem ao Congresso Nacional aprovar uma mensagem de megaexpansão de gastos públicos no momento em que a arrecadação registra queda de 4% em relação a 2015. Propõem acrescentar ao orçamento uma cláusula de gastar a descoberto mais de R$ 70 bilhões. Tentam transferir, sem argumentos críveis, a responsabilidade inalienável de seus próprios atos para Dilma. A presidenta eleita nada tem a ver com as artimanhas de Temer, Meirelles e Jucá. Na verdade, de vontade própria, eles é que estão flexibilizando a meta de 2016 para o alto.

Inacreditável que essa revisão de meta e consequente aumento de gastos tenha sido proposta há uma semana da aceitação da admissibilidade do impeachment da presidenta Dilma.

Na coletiva de sexta-feira, quem diria, foi desmontado o principal e pífio argumento ideológico expresso no relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), na comissão de admissibilidade do impeachment. Qual seja, exatamente o dogma ultraneoliberal central daquele texto - a ideia abstrata, muitas vezes tornada senso comum -, de que quando a arrecadação cai, os governos devem, forçosamente, cortar gastos.

Cheguei a dizer na comissão que, ao aprovar aquele parecer, o Senado estava na contramão do mundo - inclusive de instituições como o FMI e o Banco Central Europeu -, criminalizando as estratégias econômicas anticíclicas. De nada valeu o apelo dos senadores de esquerda.

Agora, pasmem, o governo golpista faz uso dos mesmos mecanismos de política econômica que criminalizou e condenou há poucos dias. Em vez de cortar gastos, contingenciar, promover um shutdown (artificio de corte abruto de gastos) no orçamento, ao contrário, os dois ministros sinalizam para aumento de déficit e descontingenciamento. Cadê que fizeram uso das interpretações da Lei de Responsabilidade Fiscal contidas no chamado "relatório Anastasia", segundo as quais, nas revisões bimensais da arrecadação, em caso de queda de receita, os gastos públicos deveriam ser necessariamente, e de pronto, travados?

O cinismo de Temer, Meirelles e Jucá desnudou a inconsistência absurda dos ridículos pretextos orçamentários e fiscais do golpe do impeachment. Estão nus, à maneira daquele rei ditador da fábula dos irmãos Grimm.
Herculano
22/05/2016 13:17
"TEMER ENTROU PELA PORTA DOS FUNDOS, SAIRÁ POR ELA", por Alex Solnik

Parte 1

Me senti de novo nos 70. A Casa de Portugal, em São Paulo, estava abarrotada. Um local habitualmente destinado a bailes e festas ficou tomado, na tarde fria e chuvosa de sábado por uma pequena multidão convocada pelo deputado Paulo Teixeira para um ato de repúdio ao golpe denominado "Grito pela democracia ?" a luta continua". A frase que foi um dos motes da minha juventude.

A diferença em relação aos anos 70, quando quem se reunia eram pessoas da classe média é que a maioria acomodada nas cadeiras brancas, de plástico, era de gente pobre, mal agasalhada, chinelo no pé, gente da periferia, dos movimentos de moradia, estudantes secundaristas, mulheres, brancos, negros, representantes dos movimentos LGBT, todos esses que, em apenas dez dias do governo provisório Michel Temer perderam todos os direitos conquistados nos dois últimos governos, de Lula e Dilma. E que sabem que as perdas apenas começaram. Agitavam bandeiras, gritavam "Fora Temer! Volta Dilma!", "Ai, ai, ai, empurra o Temer que ele cai", cantavam um reagge chamado "A luta continua", vaiavam personagens como José Serra, outrora militante contra o golpe de 64, agora tido como traidor e mostravam disposição e coragem de resistir.

O clima lembrou o do tempo dos generais de cinco estrelas e óculos escuros, quando, unidos, intelectuais, artistas, jornalistas, advogados, cientistas, políticos enfrentaram com galhardia, e sem armas, os algozes que sufocavam os brasileiros.

Muitos deles estavam lá, agora mais calvos, cabelos de algodão, rugas no rosto para dar, no entanto, o mesmo recado: é preciso ir às ruas para evitar a continuação das aberrações consumadas desde que o governo provisório se instalou, com ares de definitivo se não quisermos voltar aos anos lúgubres da ditadura militar: Margarida Genevois, presidente da Comissão Justiça e Paz, que denunciou prisões e torturas, desaparecimentos e assassinatos, evitando que eles prosseguissem; as professoras Marilena Chauí e Maria Vitoria Benevides, sempre coerentes; o jurista Fábio Konder Comparato; o cientista número 1 do Brasil, Miguel Nicolelis; o escritor best-seller Fernando Morais; a cartunista Laerte; os jornalistas Audálio Dantas, José Trajano, Luis Nassif e Chico Malfitani; o homem de teatro Zé Celso Martinez Corrêa; o ídolo de todos, Eduardo Suplicy que levantou a plateia ao chegar; Maria Estela, que falou em nome do marido, o prefeito Fernando Haddad, que não pôde vir por ser o dia da "Virada Cultural". E muitos outros.
Herculano
22/05/2016 13:16
"TEMER ENTROU PELA PORTA DOS FUNDOS, SAIRÁ POR ELA", por Alex Solnik

Parte 2

Conhecido como jornalista esportivo, torcedor do "Ameriquinha", mas apaixonado brizolista desde sempre, Trajano atacou a mídia, que, para variar não estava lá para cobrir o evento, principalmente "a cretina e safada Rede Globo"!

"Depois de ver aquele espetáculo tragicômico, cruel no Congresso Nacional" disse ele "eu desanimei. Mas depois de ver a nossa gente saindo às ruas, ocupando os espaços, Brasil afora, me animei de novo. E essa vai ser a nossa vitória! Nessas horas eu me lembro muito de dois personagens importantes da história do Brasil que fizeram muito a minha cabeça. E que em 1961 não deixaram o golpe militar existir. O golpe só saiu em 64. Tenho muitas saudades de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro. Só que eles não estão mais aqui. Quem está aqui agora somos nós. Estão saindo notícias de que o presidente interino, esse safado do Michel Temer vai voltar atrás, mais uma vez, e recriar o Ministério da Cultura. Mas não pensem eles que isso nos satisfaz! Porque tudo que vier desse governo ilegítimo não terá o nosso respaldo"!

Fernando Morais, mais redondo que nos anos de chumbo, cinco milhões de livros vendidos em todo o mundo também bateu nessa tecla, conclamando enfaticamente a CUT, que acena com uma aproximação, a não negociar absolutamente nada com Temer, para não legitimar esse governo e, num gesto dramático, ele, que durante muitos anos militou no PMDB rasgou, publicamente, a sua ficha de filiação ao partido.

Aplaudidíssima e recebida como pop star, sob o coro "Ma-ri-le-na! Ma-ri-le-na"! Marilena Chauí declarou que "o que se passou no Congresso Nacional - alguns disseram que foi grotesco - foi uma infâmia, uma injúria, um escárnio, foi uma vergonha para a história desse país! Pertence ao campo do inominável! É aquilo que mundo afora hoje se diz a respeito da política brasileira. Um instante no qual tudo o que há de conservador, de reacionário, de fascista, que é o esgoto da política brasileira subiu à tona! Nós temos que lavar e limpar tudo isso! Estão no Congresso Nacional, pela pauta do boi, da bala e da bíblia 55 projetos de lei de desmontagem de todos os direitos conquistados. Todos! Não sobra nenhum! Ao lado disso nós temos essa coisa gigantesca que é com uma canetada golpista considerar que ele pode desmontar a Previdência Social. Que ele pode desmontar todas as secretarias de ações afirmativas. Numa semana ele desfaz o trabalho de 15 anos. Não desfaz! Ele simplesmente anula no bojo da política institucional e burocrática aquilo que nós fizemos, mas ele não pode anular aquilo que nós somos enquanto sociedade"!
Herculano
22/05/2016 13:16
"TEMER ENTROU PELA PORTA DOS FUNDOS, SAIRÁ POR ELA", por Alex Solnik

Parte 3

O jurista Fabio Konder Comparato lembrou que "em 64 tivemos uma tragédia que custou centenas de vidas. Agora temos uma farsa. É preciso, portanto, nos preparar para denunciar a farsa, aqui e no estrangeiro. E eu quero, sobretudo, insistir num ponto. Nós não podemos ficar apenas em manifestações esporádicas e intermitentes, como essa bela manifestação. Nós temos que nos unir solidamente para lutar contra o poder abusivo que foi instalado neste país. Há duas esferas de poder. Há um poder mais aparente, como, por exemplo, daqueles que estão no proscênio do palco, como eu. Mas há um poder mais profundo, que é o dos bastidores. Esse poder dos bastidores nunca, jamais, em tempo algum foi ocupado pelo povo brasileiro. Democracia é poder soberano. E o poder soberano, entre outras coisas, é o de aprovar uma constituição. E aprovar as emendas à constituição.

É o poder de eleger e destituir aqueles que foram eleitos. Nós nunca tivemos nenhum desses poderes com o povo. Nunca uma constituição foi referendada pelo povo. A constituição atual tem 90 emendas. Nenhuma delas foi submetida senão à aprovação, pelo menos à consulta popular. E como é que se tira hoje os presidentes eleitos pelo voto popular? Pelo impeachment! O processo de impeachment não tem, em nenhum momento, a participação do povo. Nós ficamos como idiotas a olhar o abuso de poder pela classe dominante".

O deputado Paulo Teixeira disse que "foi praticado um golpe parlamentar pelo que tem de mais atrasado no parlamento brasileiro, fruto do financiamento empresarial e coordenado pelo cleptomaníaco Eduardo Cunha que hoje manda no governo de Michel Temer! Eduardo Cunha nomeia ministro; nomeou o líder de governo e numa violência e ilegalidade destituíram o Ricardo Melo presidente da EBC e da TV Brasil, que tem um mandato de quatro anos para colocar um representante do Eduardo Cunha. Nós estamos sofrendo um golpe empresarial. Dos banqueiros, da Fiesp e da área empresarial. Com fortes ligações externas com os Estados Unidos. Nós estamos sofrendo um golpe midiático.

A Rede Globo militou por esse golpe. Convocou os atos públicos. E participou ativamente desse golpe. E esse golpe tem uma natureza judicial a ponto de um juiz de primeiro grau quebrar o sigilo bancário da presidenta da República para contribuir com o clima de desarranjo em que se transformou o Brasil. Os Estados Unidos participaram desse golpe! E o Serra quer alinhar a política externa brasileira aos Estados Unidos. E eu quero lembrar que o Michel Temer nomeou para o Gabinete de Segurança Institucional um general chamado Sergio Etchegoyen. Ele é o general mais pró-americano do exército brasileiro.

O pai dele participou da ditadura militar e consta como torturador no livro "Brasil Nunca Mais". E o avô dele ajudou a derrubar Getúlio Vargas. E é por isso que eles não podem ficar: porque não é a escolha do povo brasileiro. Eles entraram pela porta dos fundos do Palácio do Planalto e sairão pela porta dos fundos porque nós vamos falar: Fora Temer! Volta Dilma! E devolva ao povo brasileiro a sua soberania"!
Herculano
22/05/2016 13:00
NENHUM GOVERNO SERÁ LEGÍTIMO SE NÃO FOR DO PT, PCdoB, PDT, PSOL, PSTU, PCO...

Isto obedece à uma lógica ideológica, mesmo que esses partidos, sempre em minoria, forem derrotados numa eleição ampla e legítima. Foi e sempre será assim. Faz parte do jogo, do discurso e das ditas narrativas onde estão sempre no papel de vítimas, nunca de atores transformadores, promotores de resultados ou de vilões.

Os dois artigos acima, o do jornalista engajado Alex Solnik e do senador Lindeberg Farias, PT, são dois, de muitos que retratam este quadro sem retoques. É parte do jogo de forças na democracia e são bem vindos, mas num mundo onde há esclarecidos. Não é o caso do Brasil. Os dois artigos feitos por gente esclarecida, que sabe o que faz, é estruturado para induzir e seduzir uma maioria de propositais analfabetos, ignorantes, desinformados, dependentes e fanáticos criados pela esquerda, onde o poder é o maior bem e valor, mesmo que não se saiba a razão disso (estar no poder).

O presidente em exercício do Brasil, Michel Temer, PMDB, com todos os seus pecados, errou a mão ao extinguir o ministério da boquinha para artistas e produtores culturais, o da Cultura. Pressionado e desgastado, voltou atrás rapidamente. Vai descobrir mais cedo do que pensa, que esta não é a causa de artistas e produtores culturais. Apenas como gente culta e esperta, encontraram uma fuga para ludibriar os incautos na sua causa e dar argumentos mais palatáveis para as mídias.

O que os artistas e produtores culturais querem é na verdade a saída de Michel Temer do lugar que a Constituição lhe permitiu. Michel é um golpista e por uma única razão: por ele não ser, simplesmente, um esquerdista convicto, um artista, um intelectual engajado...

E não importa de que ele não tenha sido eleito. Pois mesmo que fosse por estreita ou ampla maioria do povo brasileiro, a ladainha e os defeitos de origem seriam os mesmos. Ruim mesmo, é o que Michel Temer - até porque seu partido está tão lambuzado quanto o PT, PCdoB, PDT no governo - sinaliza que está disposto a ceder às pressões, mesmo as legítimas, sem antes abrir canais de negociações para assim se legitimar e estabelecer compromissos bilaterais nos recuos (estratégicos ou necessários).

Hoje é o tal ministério da Cultura, ontem já foi o líder do governo que não pode escolher na Câmara, amanhã será a porta do gabinete que não poderá mais acessá-la. Qualquer governo conservador ou liberal que se instalar no Brasil será ilegítimo perante a esquerda. E se eles não se preparem para se livrarem desta culpa, que vai perder não serão os conservadores ou liberais, mas a dialética necessária com a minoria e a população para se mostrar as diferenças ou incoerências ou os atos criminosos por detrás dos discursos, atos e narrativas. Wake up, Brasil!.
Herculano
22/05/2016 12:09
Da série: PMDB sempre foi o partido da boquinha e o PP da sacanagem sem qualquer culpa

RESERVADA PARA O PP, CAIXA DESTOA DA DESPOLITIZAÇÃO FEITA NA ÁREA ECON?"MICA, por Josias de Souza

No discurso inaugural do seu governo provisório, Michel Temer declarou, há dez dias, que "a moral pública será permanentemente buscada" na sua gestão. Referiu-se à Lava Jato como "referência" em matéria de apuração de desvios. Por isso, realçou, a operação "deve ter proteção contra qualquer tentativa de enfraquecê-la."

Observando-se os personagens de que se cercou o novo presidente, fica difícil ouvi-lo falar em "moral pública" sem reprimir o sorriso. É como se a caneta de Temer conspirasse para fazer dele um farsante. Ela toma a Lava Jato como "referência" às avessas. Depois de nomear ministros enrolados no escândalo, prepara-se para colocar no comando da Caixa Econômica Federal um apadrinhado do PP.

PP é a sigla de Partido Progressista. Mas poderia se chamar Partido do Petrolão. Considerando-se a quantidade de filiados sob investigação ?"mais de três dezenas?", a legenda está no topo do ranking da Lava Jato. Ainda assim, o PP já foi aquinhoado com os ministérios da Saúde (deputado Ricardo Barros) e da Agricultura (senador Blairo Maggi).

Numa tentativa de justificar o acréscimo da presidência da Caixa ao butim do PP, auxiliares de Temer alegam que o partido indicou para o posto um funcionário de carreira da instituição bancária estatal. Chama-se Gilberto Occhi. Sob Dilma, ele serviu ao PP como ministro das Cidades entre 17 de março de 2014 e 1º de janeiro de 2015.

Quatro dias antes da votação do impeachment na Câmara, Occhi foi nomeado por Dilma ministro da Integração Nacional. O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), um dos encalacrados na Lava Jato, encostou a barriga no balcão de Temer. Vendeu sua suposta lealdade à presidente petista por dois ministérios e o comando da Caixa. Em carta endereçada a Dilma, Occhi exonerou-se da Integração.

Antes de entregar o controle da Caixa Econômica Federal ao "servidor de carreira" do PP, Temer deveria requisitar cópia do depoimento prestado pelo delator Paulo Roberto Costa ao doutor Sérgio Moro em outubro de 2014. Funcionário de carreira da Petrobras, Paulo Roberto tornou-se diretor de Abastecimento da estatal por indicação do PP.

Se estiver sem tempo, Temer pode se concentrar apenas na última pergunta que o juiz da Lava Jato fez ao delator. Lendo-a, o presidente interino perceberá que o lero-lero do "servidor de carreira" está com o prazo de validade vencido. Antes de dar por encerrado o interrogatório, Sérgio Moro perguntou se Paulo Roberto gostaria de "dizer alguma coisa".

Eis o que disse o delator: "Queria dizer só uma coisa, Excelência. Eu trabalhei na Petrobras 35 anos. Vinte e sete anos do meu trabalho foram trabalhos técnicos, gerenciais. E eu não tive nenhuma mácula nesses 27 anos. Se houve erro ?"e houve, não é??" foi a partir da entrada minha na diretoria por envolvimento com grupos políticos, que usam a oração de São Francisco, que é dando que se recebe. Eles dizem muito isso. Então, esse envolvimento político que tem, que tinha, depois que eu saí não posso mais falar, mas que tinha em todas as diretorias da Petrobras, é uma mácula dentro da companhia?"

Convidado por Temer na semana passada para presidir a Petrobras, o engenheiro Pedro Parente, ex-chefe da Casa Civil do governo FHC, impôs uma condição. Foi atendido. Na entrevista coletiva que concedeu na sequência, Parente informou a boa nova aos repórteres: "Não haverá indicações políticas na Petrobras." O acerto será reproduzido no BNDES, cujo comando foi confiado a uma executiva respeitada: Maria Silvia Bastos Marques, ex-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional. Por que diabos será diferente na Caixa?

Governar o Brasil não é tão ruim quanto parece. O horário é bom, o dinheiro é razoável, viaja-se muito e há sempre a possibilidade de poder demitir o Romero Jucá da pasta do Planejamento e retirar o André Moura da liderança do governo na Câmara, providências que devem resultar em boas sensações. Nos seus primeiros dez dias, Temer ofendeu a inteligência alheia ao trombetear a "moral pública" sob o telhado de vidro. Se levar adiante o plano de entregar a Caixa ao indicado do PP, Temer convidará a nação a fazer papel de boba. Não será atendido.
Herculano
22/05/2016 09:41
O INFERNAL ESTOQUE DE POBRES, por Clóvis Rossi, para o jornal Folha de S. Paulo

Depois de pouco mais de 13 anos de governo do PT, o partido que sempre se considerou o paladino dos pobres, o Brasil conta com 73.327.179 pessoas pobres -o que dá cerca de 36% de sua população total.

Não sou eu quem o diz, mas o sítio oficial do Ministério de Desenvolvimento Social de Dilma Rousseff, ao informar sobre o Cadastro Único para Programas Sociais, que "reúne informações socioeconômicas das famílias brasileiras de baixa renda -aquelas com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa".

Famílias de baixa renda é um piedoso eufemismo para pobres ou, até, para miseráveis, conforme se pode ver quando se separam os cadastrados por faixa de rendimento: de R$ 0 até R$ 77 -38.919.660 pessoas;
de R$ 77,01 até R$ 154 -14.852.534; de R$ 154,01 até meio salário mínimo -19.554.985.

O total é um estoque infernal de miséria e pobreza. Pode até haver mais, porque o cadastro inclui 7,8 milhões de pessoas que ganham mais que meio salário mínimo. Mas não especifica quanto mais.

O estoque existente em janeiro de 2015, a data mencionada no sítio do ministério, torna suspeita a propaganda petista segundo a qual 45 milhões de pessoas deixaram a pobreza nos anos Lula/Dilma.

Se essa informação for verdadeira, ter-se-ia que o estoque de pobres quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu seria de quase 120 milhões (os 73 milhões que continuam de baixa renda em 2015 mais os 45 milhões que escaparam da pobreza). Daria, então, cerca de 60% da população brasileira atual, o que não parece plausível.

Mas o ponto principal nem é esse. O que assusta nos números oficiais é que, se um partido que tinha como retórica permanente a defesa dos pobres lega 73 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza, o que acontecerá agora que o novo samba de uma nota só é o acerto das contas públicas?

A austeridade, condição sine qua non para ajustar as contas, é, pelo menos nos primeiros momentos, inimiga do crescimento, que, por sua vez, é indispensável (mas não suficiente) para reduzir a pobreza.

Basta ver o estrago social provocado, em vários países da Europa, por políticas semelhantes às que se anunciam no Brasil de Michel Temer.

É verdade que os crentes nas virtudes celestiais dessas políticas dizem, sempre, que haverá um pote de ouro no fim do arco íris. Não é bem o que está acontecendo na Europa, mas só resta aguardar.

Por enquanto, dá para desconfiar que tende a se perpetuar a incapacidade de o Brasil livrar-se do aleijão da pobreza. Frei Betto, amigo e confessor de Lula, desiludido com o governo do amigo, deu entrevista ao "Valor Econômico" em que aponta o que ocorreu nos governos petistas:

"Investiu-se mais em facilitar à população acesso aos bens pessoais (celular, computador, carro, linha branca), quando se deveria priorizar o acesso aos bens sociais (educação, saúde, moradia, segurança, saneamento etc)".

Dá para acreditar que o novo governo investirá em acesso da maioria aos bens sociais, tão reclamados nas manifestações de junho de 2013.
Herculano
22/05/2016 09:38
O GOLPE DE 16, por Sérgio Dávila, para o jornal Folha de S. Paulo

Neste domingo (22), "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho, poderá ser o primeiro filme brasileiro a levar a Palma de Ouro no prestigioso Festival de Cannes desde 1962, ano em que "O Pagador de Promessas", de Anselmo Duarte, foi vencedor.

Mendonça e Sonia Braga também são candidatos fortes aos prêmios de diretor e atriz ?"os últimos foram respectivamente Glauber Rocha, em 1969, por "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro", e Sandra Corveloni, em 2008, por "Linha de Passe".

Seja qual for o resultado, o cineasta pernambucano já conseguiu um feito notável.

Ao levantar com colegas de elenco e produção cartazes políticos no tapete vermelho de sua première, ele deu visibilidade internacional à teoria segundo a qual está em andamento um golpe de Estado no Brasil, cujo objetivo é retirar definitivamente Dilma Rousseff da Presidência, para efetivar Michel Temer em seu lugar.

A história é boa e renderia um longa ?"chamemos de "O Golpe de 16"-, que nas mãos de Mendonça certamente seria bom de se ver. Mas estaria na categoria ficção.

Nele, uma elite econômica não se conforma com o resultado das urnas e passa a conspirar com o pior da política e da imprensa para fazer o impeachment de uma presidente cujo único erro foi ser honesta demais, num partido que ousou tirar os pobres da miséria.

O problema é que a realidade é outra, mais feia e nuançada. Dilma foi afastada num processo político-jurídico legítimo, amparado pela Constituição e supervisionado por uma suprema corte insuspeita, que teve 8 de seus 11 integrantes indicados por presidentes petistas.

Se não roubou, não impediu que roubassem. Presidiu sobre a pior crise econômica em décadas, em parte resultado de decisões erradas que ela tomou. Foi alvo das maiores manifestações de rua do país desde as Diretas-Já. Bateu recordes de impopularidade. Isolou-se.

Michel Temer pode ter physique-du-rôle de mordomo de filme de terror, como brincava ACM - se vivo, Bela Lugosi seria uma boa opção para vivê-lo no hipotético filme de Mendonça -, mas foi eleito pelos mesmos 54 milhões de Dilma.

Se o presidente interino perder condições de governar ou se a chapa Dilma-Temer for impugnada pelo TSE, em processo que ainda corre, será afastado ele também, e novas eleições deverão ser convocadas, como aliás defendeu esta Folha em editorial.

Na cena final de "O Dragão da Maldade", de Glauber, há o seguinte diálogo entre os personagens do Professor e de Antônio das Mortes: "Eu divido o inimigo contigo. Só que você briga com sua valentia e eu brigo na sua sombra", diz o primeiro. "Isso não, Professor. Lute com a força de suas ideias, que elas valem mais do que eu", responde o segundo.

Eis um bom conselho. O resto é autoengano
Herculano
22/05/2016 09:32
TEMER, UM PEIXE NA REDE, por Eliane Cantanhede para o jornal O Estado de S. Paulo

A chegada de Michel Temer à Presidência, ainda interinamente, faz emergir com força avassaladora duas realidades brasileiras: Dilma Rousseff deixou um rombo de R$ 170 bilhões que nenhum santo vai cobrir do dia para a noite e Eduardo Cunha domina um Congresso e um sistema político que nenhum demônio imaginaria mais infernais.

Temer lida bem com a economia, depois de alçar Henrique Meirelles à liderança de uma equipe onde brilham alguns dos melhores nomes disponíveis no mercado. Mas tem, curiosamente, lidado mal com a política, com o réu Cunha nomeando réus como bem entende e com as idas e vindas em questões administrativas virando rotina. Temer é um peixe dentro d'água na política, mas nem ele escapa da rede do sistema.

Poucas vezes se viu tal consenso como no anúncio de Pedro Parente para a Petrobrás. Mas, na área política, a coisa não anda nada bem. Os deslizes de retórica de novos ministros, que falam verdades que não podem ser ditas, são apenas o caricato. O pior é constatar que um homem como Eduardo Cunha, afastado da presidência da Câmara e do próprio mandato, ainda manda e desmanda, e não só em um, mas em dois Poderes. Se Parente é o troféu dos acertos, Cunha é o troféu dos erros do governo interino.

Cunha nega, mas até o tapete verde da Câmara saber que foi ele quem impôs para a liderança do governo o deputado André Moura (PSC-SE), réu não em uma, mas em três ações penais no Supremo Tribunal Federal e investigado em quatro outros inquéritos, um deles por... tentativa de homicídio! Sem falar que já foi condenado em Sergipe por improbidade administrativa.

O líder do governo é responsável pela comunicação entre o Planalto e a Câmara, mas, além disso, Cunha tem o dedo na indicação do chefe de gabinete da Secretaria de Governo da Presidência, que é quem atende aos pedidos dos parlamentares, e na escolha de um cargo-chave da Casa Civil, por onde passam os atos do governo. Sinal de que poderá ter algum tipo de controle, no mínimo informações privilegiadas, sobre o fluxo de conversas, pleitos e interesses entre dois lados da Praça dos Três Poderes. E se ele quiser encaixar um caco daqui e dali?

Com Cunha tão forte, André Moura na liderança e o indescritível Valdir Maranhão na presidência interina da Câmara, eis que Temer tem o pior dos mundos no Congresso e sem alívio a partir do "túnel do tempo", onde Renan Calheiros não é da turma dele, muito menos confiável. Isso tudo diante de um processo de impeachment que está longe de terminar e de votações dificílimas para tentar ajustar as contas públicas - o que nunca é apetitoso para políticos e costuma custar muito caro.

A isso, some-se... o que dizer? Some-se o constrangimento de ter um ministro do Planejamento, Romero Jucá, sob duas frentes poderosas. Numa, o Supremo autorizou a quebra de sigilo bancário e fiscal. Noutra, a Procuradoria-Geral da República pediu a abertura de investigação contra ele e três outros correligionários de Temer pelo rumoroso caso de Belo Monte. Confortável não é.

Há muitas diferenças entre Eduardo Cunha e Jucá. Cunha tem o único objetivo de trabalhar em benefício próprio, enquanto Jucá quer mostrar competência, fazer a ponte entre os planos de Meirelles e os votos no Congresso e sair dessa confirmando o perfil de bom economista. A opinião pública, porém, embola tudo no mesmo saco. E a Justiça, como se sabe, é cega. Ainda bem.

Nesse bolo todo, o fato é que o Brasil tem um déficit de R$ 170 bilhões e é preciso energia, suor, competência e confluência das forças políticas e econômicas para ir fechando o rombo e aplainar o caminho da recuperação. Temer tem de usar todo o seu instrumental político para tentar equilibrar o êxito nas escolhas da economia com o desastre de certas escolhas políticas. E o tempo corre contra ele.
Herculano
22/05/2016 09:23
RECUO BEM-VINDO, por Merval Pereira, para o jornal O Globo

O presidente Michel Temer deu uma demonstração de humildade raramente vista em nossos dias ao recriar o Ministério da Cultura (MinC), diante da reação negativa da classe artística. A junção da Cultura com a Educação foi considerada um retrocesso, e claramente o governo Temer não estava preparado para uma reação de dimensão nacional como a que aconteceu.

Os diversos recuos já contabilizados no novo governo indicam certa descoordenação, mas, também, a capacidade de mudar rapidamente, que pode ser confundida com fraqueza, mas será melhor entendida como disposição democrática de ouvir os contrários e, constatado o erro, revê-lo.

A disposição ao diálogo já havia sido exibida pelo agora ministro da Cultura, Marcelo Calero, e veremos, a partir da revisão do governo, quem estava se aproveitando da situação para fazer luta política, e aqueles que se preocupavam mesmo com o futuro da cultura no país.

Quem diz que não reconhece esse governo como legítimo, pode continuar assumindo essa postura à espera de que a presidente afastada, Dilma Rousseff, seja reconduzida novamente ao cargo.

Nada indica que isso acontecerá, e os que escolherem o caminho da radicalização terão que encontrar novos meios de financiarem suas atividades culturais, pois é impensável imaginar que mais à frente, diante da realidade que se recusam a aceitar, voltem a buscar no governo "ilegítimo" o apoio de que precisarem.

Assumir a posição política de considerar ilegítimo um governo respaldado pela Constituição Federal, pelo Congresso e pelo Supremo Tribunal Federal (STF) é praticamente transformar se em pária na sociedade. Vão parar de pagar impostos? Vão se recusar a aceitar as obrigações impostas pelo Estado, como ter um CPF, uma ID, se identificar às autoridades quando necessário? Vão se recusar a parar no sinal de trânsito?

A partir do momento em que se considera que o presidente da República é ilegítimo, tudo o mais perde a legitimidade em uma sociedade que é organizada a partir de direitos e deveres dos cidadãos e do Estado, numa relação legitimada no cumprimento diário de obrigações e no exercício de direitos.

Muito diferente é discordar de uma decisão do governo e combatê-la, dentro da legalidade, como está fazendo a maioria dos artistas e intelectuais, em diversos pontos do país, para protestar contra o fim do Ministério da Cultura. É uma posição de defesa de uma concepção do que seja cultura, a qual eles têm todo o direito de fazer.

Até as ocupações de prédios públicos, mesmo afrontando a lei, estão sendo compreendidas como atos políticos legítimos, simbólicos do que a classe artística defende.

Mas aproveitar a ocasião para transformar a defesa da cultura em defesa da derrubada de um governo legítimo, que dá mostras de ser capaz de rever posições e dialogar, é atitude de rebeldia oca, que dificilmente levará a um levante popular para colocar Dilma Rousseff na Presidência da República novamente.

Se o bom senso prevalecer, é possível que a classe artística ganhe mais terreno para ampliar a atuação do Ministério da Cultura, e é isso que deveria estar sendo discutido a partir da bem-sucedida ação de protesto
Herculano
22/05/2016 09:15
O PROJETO TOTALITÁRIO DO PT, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

A resolução divulgada pelo PT no dia 17 passado finalmente expôs por inteiro o projeto totalitário do partido. Ficou claro, pelo texto, que os petistas pretendiam submeter o conjunto da sociedade brasileira, inclusive suas instituições basilares, a seus tenebrosos propósitos, tornando-a prisioneira de um simulacro de democracia que, a pretexto de satisfazer os interesses do "povo", serviria apenas para permitir que um sindicato de mafiosos se apossasse definitivamente do poder.

Não se trata de nada revolucionário, tampouco inédito. Pelo que se depreende da resolução, o modelo almejado - além de ter salientes aspectos do gangsterismo sindical - é o do populismo militar, cujo exemplo sonhado pelos lulopetistas é o do caudilho venezuelano Hugo Chávez.

De acordo com esse pensamento, as Forças Armadas não existem como instituição do Estado, cuja função é zelar pela integridade territorial e pela garantia dos Poderes constitucionais, mas sim como um braço do Executivo em sua tarefa de sufocar os demais Poderes e, no limite, ser a vanguarda da militarização de toda a sociedade, deixando-a sempre de prontidão para obedecer às ordens do líder, sejam elas quais forem. Enquanto isso, a vanguarda partidária e associados podem assaltar o Estado à vontade.

Movidos por esse espírito, os petistas chegaram ao atrevimento de sugerir, em sua resolução, que os militares deveriam ter interferido no processo de impeachment em defesa da presidente afastada Dilma Rousseff - e só não o fizeram, conforme se deduz do texto, porque falta às Forças Armadas um oficialato com vocação democrática e nacionalista. Ou seja, para o PT, o Exército deveria igualmente afrontar as demais instituições e submeter-se de corpo e alma ao projeto do partido, já que este, segundo a convicção dos ideólogos petistas, é o único porta-voz e intérprete do povo, o que inclui os militares.

Na resolução, o PT colocou a questão militar entre os "descuidos" que cometeu ao longo dos mais de 13 anos em que esteve no poder. Depois de declarar que o partido deveria ter se preocupado não apenas em realizar "administrações bem-sucedidas", mas principalmente em concentrar "todos os fatores na construção de uma força política, social e cultural capaz de dirigir e transformar o País" - ou seja, aparelhar todo o Estado -, o PT disse ter falhado ao não "modificar os currículos das academias militares" e ao não "promover oficiais com compromisso democrático e nacionalista".

Ou seja, os petistas acreditam que as Forças Armadas carecem de líderes alinhados aos interesses do "povo" que o PT julga representar, razão pela qual os militares não entenderam o impeachment de Dilma como um movimento "golpista" essencialmente oligárquico e estimulado pelo imperialismo americano, como se lê na resolução do partido.

"O que eles queriam, que os militares tivessem ido às ruas defender o governo?", questionou o general Gilberto Pimentel, presidente do Clube Militar, ao Estado. "As Forças Armadas são uma instituição de Estado. O erro deles, entre outros, foi ter tentado nivelar o Brasil por governos populistas como Bolívia e Venezuela", completou Pimentel, expressando a indignação que a resolução petista causou entre os militares.

Na mesma linha foi o general Rômulo Bini Pereira, ex-chefe do Estado Maior da Defesa, para quem os petistas "queriam militares que abaixassem a cabeça para eles, como se tivéssemos Forças Armadas bolivarianas, como na Venezuela".

O comportamento sereno das Forças Armadas em meio a toda a tensão causada pelo processo de impeachment é exemplo cabal da consciência dos militares a respeito de seu papel na democracia. Somente aqueles desprovidos de vocação democrática, como o PT, são capazes de enxergar nesse distanciamento dos militares um sinal de descompromisso com o País e com o povo. Felizmente a ousadia populista e autoritária do PT, que confessou agora sua intenção de aparelhar também o Exército, foi devidamente denunciada.

Completou-se o círculo. Vê-se pela resolução do PT, além de qualquer dúvida, que o objetivo do partido era - e é - moldar todas as instituições nacionais para que servissem a uma ideologia e a um bando que de democráticos nem o nome têm.
Herculano
22/05/2016 09:06
JOGO CHINÊS, por Elio Gaspari, para os jornais O Globo e Folha de S. Paulo

O companheiro Xi Jinping, presidente da China, avançou sobre o seu antecessor Hu Jintao.

Numa noite de 2012, uma Ferrari 458 Spider encaçapou-se num muro, matando o motorista e uma das jovens seminuas que estavam a bordo. O garoto era filho de Ling Jinhua, principal assessor do presidente Hu. Alguns amigos do mundo do petróleo compraram silêncios e a operação abafa foi um êxito.

O companheiro Xi vem decapitando as quadrilhas de poderosos. Encarcerou um rival, meteu na cadeia o chefe dos serviços de segurança. Agora o poderoso Ling vai para a cana.

Começa-se a suspeitar de que a campanha contra a corrupção esteja acompanhada de um projeto de poder pessoal de Xi.

A MÁGICA DE CUNHA

Eduardo Cunha tem um aliado em André Moura, o novo líder do governo na Câmara, e não se pode dizer que tenha um adversário no Palácio do Planalto.

Para fechar sua grande mágica, Cunha precisa eleger o novo presidente da Câmara. Ele sabe que ninguém conseguirá o lugar sem o apoio de sua bancada particular.

DINASTIA

José Mendonça Bezerra, pai de Mendonça Filho, o ministro da Educação na caravana Temer, elegeu-se sete vezes deputado federal por Pernambuco.

O ministro é genro de Marcos Vilaça, autor de um dos melhores livros sobre o patriarcado político nacional. Chama-se "Coronel, Coronéis - Apogeu e Declínio do coronelismo no Nordeste" e foi publicado quando Vilaça tinha 26 anos.

Alguém poderia retomar o assunto. Temer tem três ministros que se identificam pela condição de "filho" (Mendonça, Sarney e Fernando Coelho).

O Barão do Rio Branco era filho do poderoso Visconde e tinha a mesmo nome do pai, mas ninguém teve a ousadia de chamá-lo de Paranhos Filho.

O PATO DE SKAF

Se Temer aumentar um imposto, coisa que parece inevitável, o doutor Paulo Skaf, presidente da Fiesp, deverá recolocar aquele grande pato amarelo diante da sede da guilda.

A volta do enfeite poderá significar uma de duas coisas, ou ambas: O pato era Skaf. O pato era quem acreditava em Skaf.

VENEZUELA

O comissariado petista diz que o impedimento de Dilma Rousseff foi um golpe. Já as malfeitorias do presidente venezuelano Nicolás Maduro seriam aperfeiçoamento da democracia direta.

Tem razão o grande Pepe Mujica: "Maduro está louco como uma cabra".

A BOLSA FIES ALIMENTA GATOS GORDOS

O ministro da Educação, Mendonça Filho, tem sobre a mesa uma pasta de pleitos. Nela estão as pressões das empresas que controlam instituições privadas de ensino aninhadas no Fundo de Financiamento Estudantil, o Fies. Querem mais fregueses (leia-se recursos) e menos controles. Em 2014, a Viúva botou quase R$ 14 bilhões no programa.

Em tese, o Fies ajuda os estudantes. Na prática, por violar normas elementares do crédito, financia faculdades privadas e estimula calotes.

Quem estiver interessado na exposição desse truque, pode buscar o artigo "O Efeito da Disponibilidade de Crédito para Estudantes sobre as Mensalidades", dos professores João Manuel Pinho de Mello, do Insper, e Isabela Ferreira Duarte, da PUC-Rio.

Eles ralaram nos números de 2010 a 2013 e concluirão que o dinheiro do Fies provocou um aumento de seis pontos percentuais acima da inflação no preço das mensalidades das faculdades privadas. No período, a lucratividade do Grupo Kroton (o maior do mercado) dobrou. Metade dessa bonança viria do "efeito Fies".

O texto em inglês está na rede: "The Effect of the Availability of Student Credit on Tuitions: Testing the Bennet Hypothesis using Evidence from a Large-Scale Student Loan Program in Brazil".

É coisa para quem entende economês.
Herculano
22/05/2016 08:53
A CARAVANA DO ATRASO, por Elio Gaspari, para os jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Conservador é uma coisa, direita é outra, mas os males de Pindorama nunca vieram de uma nem da outra. Vieram do atraso que sustenta um pedaço do andar de cima.

Michel Temer entrou no Planalto com a bandeira da reforma da Previdência. Ela gira em torno da elevação da idade com que os brasileiros podem se aposentar. Faz sentido que ninguém vá para a conta da Viúva antes dos 65 anos. Falta explicar como ficarão as pessoas do andar de baixo que estão há décadas no sistema do INSS. Não foram eles quem quebraram a Previdência.

Foi o atraso. Michel Temer, procurador do Estado de São Paulo, requereu sua aposentadoria em 1996, aos 55 anos. Desde então, passou a receber R$ 9.300 mensais. Naqueles dias, o cardiologista Adib Jatene, ícone da medicina brasileira comentava: "Tenho 66 anos de idade e 38 de serviço público. Não me aposentei". À época, o deputado Temer relatava a reforma da Previdência dos outros.

O deputado Ricardo Barros, ministro da Saúde de Temer, diz que o SUS deve restringir suas atividades e aplaude a proliferação de planos privados. Ele não é freguês do SUS, mas sua campanha recebeu uma doação de R$ 100 mil do presidente da operadora de saúde privada Aliança.

Já o ministro do Desenvolvimento Social, doutor Osmar Terra, ponderou que é preciso "oportunizar" a saída de gente do Bolsa Família e que esse cheque não pode virar "coleira política". Tem toda razão, mas nem todo mundo é capaz de "oportunizar" um acesso à "coleira" da Odebrecht, que injetou R$ 190 mil na sua campanha eleitoral.

Como disse Temer ao justificar seu pedido de aposentadoria, tudo foi feito dentro da legalidade, pois do contrário pareceria que era um "safardana". Nem ele, nem Barros ou Terra são safardanas. São apenas parte de um enorme e histórico processo de predominância do atraso.

Os doutores nem novidade são. O patrono do ensino de economia no Brasil é José da Silva Lisboa, o visconde de Cairu (1756-1835). Ele foi o primeiro professor de "ciência econômica" e propagava as ideias do escocês Adam Smith, o da "mão invisível" do mercado. Quando foi transferido de escola, Smith ofereceu-se para devolver aos alunos o dinheiro do curso. Cairu aposentou-se aos 50 anos e nunca deu uma aula.

A COBRA QUE RI

Se Lula tiver saúde e estiver no uso e gozo de seus direitos políticos, será candidato a presidente em 2018.

A ideia de que se esmagou a cabeça da cobra da jararaca é prematura.

Essa especulação poderá ser mais bem avaliada depois da eleição municipal. Se o PT segurar a Prefeitura de São Paulo, a jararaca voltará a sorrir.

EM AÇÃO

Na quinta-feira (19), o secretário-executivo Moreira Franco e seu colega Raul Jungmann, ministro da Defesa, almoçavam no restaurante Laguiole, no Rio.

Um curioso fez a conta: eram acompanhados por seis seguranças.

Com a linda vista do Museu de Arte Moderna, o Laguiole é um dos mais caros da cidade.

No início do consulado petista, o mesmo curioso estava no Piantella de Brasília e percebeu que havia algo de novo no país quando viu a relação de Jair Meneguelli, ex-presidente da CUT, com uma taça de vinho. Ele manuseava o copo com a coreografia de um Rothschild no Maxim's.
Herculano
22/05/2016 08:44
'ERRO' DE RENAN DEU CARGOS MAIS CAROS A DILMA, por Cláudio Humberto na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Aprovado o afastamento de Dilma Rousseff, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), seu aliado, concedeu-lhe várias regalias como seguranças, do Alvorada, aviões da FAB e assessores. Fixou em 35 o número de assessores de Dilma enquanto ela estiver afastada, mas não os especificou, possibilitando a manobra esperta de Dilma, ainda presidente, de reservar os cargos mais caros para sua turma.

CARGOS "FILÉ"
A turma de 35 dilmistas terá remuneração que varia de R$ 10 mil a R$31 mensais, durante o afastamento da presidente, por até 6 meses.

MALANDRAGEM
No dia 12, quando foi tocada para fora do Planalto, Dilma publicou no Diário Oficial atos de "promoção" de assessores como Giles Azevedo.

OUTRA MALANDRAGEM
Além de reservar os 35 melhores cargos para sua turma, Dilma ainda orientou outros assessores a solicitar "quarentena remunerada".

TUDO POR NOSSA CONTA
Mais de 80 assessores e ex-ministros como o advogado-geral de Dilma, José Eduardo Cardozo, pediram "quarentena remunerada".

JANOT QUER PROIBIR A VAQUEJADA NO NORDESTE
O procurador-geral, Rodrigo Janot, mineiro urbano, alega "práticas contra o meio ambiente" para tentar fazer o Supremo Tribunal Federal proibir a vaquejada, esporte que faz a alegria da gente pobre e simples do sertão nordestino. Carioca do asfalto, o ministro Marco Aurélio apoia Janot. Os defensores da vaquejada garantem que os animais são muito menos maltratados que os das milionárias festas de peões boiadeiros.

TORTURA
Os bois saltam porque sentem dor, com a corda que lhe roça e aperta os testículos, e não pelo incômodo com a montaria do vaqueiro.

RICOS X POBRES
A Festa do Peão de Barretos (SP) movimenta R$ 200 milhões por ano. As vaquejadas nordestinas atraem muita gente, mas são festas pobres.

TEMA POLÊMICO
Os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fachin votaram pela improcedência da ação de Janot contra a vaquejada. Luís Roberto Barroso pediu vista.

CHORA E MAMA
Kleber Mendonça Filho, diretor do filme Aquarius que protagonizou o papelão do protesto em Cannes, estava devidamente pendurado em uma boquinha no MEC. O salário do comissionado é de R$ 4.688,79.

OPERAÇÃO ODEBRECHT
A Polícia Federal investiga a Odebrecht em ao menos três frentes: Operações Acrônimo, Lava Jato e, agora, Janus, que investiga as traficâncias de Lula, mundo afora, a serviço da bilionária empreiteira.

QUEM PODE, PODE
Após tomar posse, Pedro Chaves (PSD-MS) foi à barbearia do Senado dar um tapa no visual. Ao pagar pelo corte de cabelo, que custa R$ 25, se espantou: "Só isso?", questionou. E deu gorjeta de R$ 25.

FIEL ESCUDEIRO
"Não se pode esperar que o André Moura (PSC-SE) faça algo contra Eduardo Cunha", lamenta o líder do PSB, Paulo Foletto (ES). Moura foi escolhido líder do governo e até já atua no socorro a Cunha.

NA BALA
"Se não resolver no diálogo, resolverá na bala", provocou o deputado dilmista Sílvio Costa (PTdoB-PE), sobre a escolha de André Moura (PSD-SE) para líder do governo. Moura responde por homicídio.

FORA, MARANHÃO
A Câmara ainda não encontrou uma maneira de se livrar do presidente em exercício, Waldir Maranhão. "A Casa não aceita ser presidida por ele", avisa Jerônimo Goergen (PP-RS), que é seu correligionário.

VIRA CASACA
O presidente Michel Temer andou se aconselhando com o empresário Abílio Diniz. Conversam sobre possíveis nomes para escalões da área econômica. Até dias atrás, Abílio compunha o "Conselhão" de Dilma.

ONDE ELA ERROU
Nas reuniões no Palácio do Alvorada para tentar descobrir onde a "coisa desandou", dilmistas avaliaram que a demissão de Moreira Franco da Aviação Civil afastou o vice-presidente e o PMDB de Dilma e acabou deixando o ex-ministro livre para trabalhar por Michel Temer.

PENSANDO BEM...
... Lula disse ao sindicato dos metalúrgicos que o momento atual "é como se Dilma estivesse viajando". Quem estava "viajando" era outro.
Herculano
22/05/2016 08:36
UM GOLPE NO SUS, por Bernardo Mello Franco, no jornal Folha de S. Paulo

O PP exigiu o Ministério da Saúde para votar contra o impeachment. Não levou. Depois exigiu o Ministério da Saúde para votar a favor do impeachment. Levou.

A junta de salvação nacional entregou a pasta ao deputado Ricardo Barros. Ele não é médico, mas parece entender de operações. É tesoureiro do partido que tem mais políticos investigados pela Lava Jato.

O novo ministro estreou com uma polêmica. Em entrevista à Folha, disse que é preciso rever o tamanho do SUS. A repórter Claudia Collucci lembrou que o direito universal à saúde está previsto na Constituição.

"Nós não vamos conseguir sustentar o nível de direitos que a Constituição determina", respondeu Barros. Faltou explicar se a ideia é fechar hospitais ou cortar o fornecimento de remédios aos doentes.

Repreendido pelo Planalto, o ministro voltou atrás. Passou a dizer que o SUS é uma "garantia absoluta" do cidadão. No dia seguinte, novo susto. Barros declarou que não pretende fiscalizar a qualidade dos planos de saúde. "Ninguém é obrigado a contratar. Não cabe ao ministério controlar isso", afirmou, ao jornal "O Estado de S. Paulo".

O ministro parece indiferente aos pacientes, mas demonstra sensibilidade com os financiadores de campanha. Seu maior doador preside uma administradora de planos de saúde. A empresa é registrada na ANS, a agência federal criada para fiscalizar o setor. Será que ele já ouviu falar?

As ideias de Barros têm assustado profissionais da saúde. Em nota, o conselho da Fundação Oswaldo Cruz afirmou que suas declarações causam "profunda preocupação".

Para a professora Ligia Bahia, da UFRJ, "um bom ministro precisa pedir recursos e ser solidário com o sofrimento do povo". "Ele está fazendo o contrário", critica. A doutora já andava desanimada com os rumos do governo Dilma. Agora define o início da gestão Temer como "um desastre total". "Já é possível ver um golpe no SUS", alerta
Herculano
22/05/2016 08:19
ESCRUTINAR A MÁQUINA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

A urgência e a dimensão da tarefa de colocar ordem nas contas públicas são tamanhas que o debate se concentra nas iniciativas de maior impacto isolado. Uma grande alteração na Previdência, o recurso a algum imposto ou uma redução linear de despesas com saúde ou educação representariam dezenas de bilhões de reais no balanço do governo de uma só tacada.

Por importantes ou controversas que sejam, tais medidas desviam a atenção da necessária reestruturação administrativa. É preciso racionalizar o uso de recursos.

Na transição para o governo de Michel Temer (PMDB), muito se falou em redução do número de ministérios. Ocorreu mudança, todavia, apenas na superfície. Não há análise de fundo acerca de programas e estruturas que tais pastas, fundidas ou não, abrigam. Os projetos ainda são úteis, se sobrepõem?

Sabe-se que os servidores federais são quase indemissíveis. É preciso discutir tal regra, mas algo já pode ser feito. Os funcionários estão nas funções devidas? A reposição de quem se afasta é necessária? Avalia-se a eficiência do trabalho? A política de reajustes não pode ser revista levando-se em conta remuneração e desempenho?

A revisão dos privilégios das autoridades constitui outra frente. Em uma República, o acesso a postos de responsabilidade não pode se associar ao enobrecimento do cidadão, que passa a contar com motorista, carro e verbas indenizatórias muito maiores que o salário médio no país. Isso tem de ter fim.

Ressalte-se a palavra eficiência. São raras as medidas da produtividade do serviço público, como se fosse irrelevante aproveitar melhor os recursos. Inexistem, a rigor, planejamento de longo prazo das ações do Estado e cálculo de previsão e provisão de verbas.

Carreiras, programas, prédios e benefícios para servidores se acumulam em camadas arqueológicas. A força política da corporação ou da clientela atendida define o orçamento, jamais revisto pela raiz.

Além de se tornarem permanentes, os gastos são aprovados com largueza. Com frequência o preço de produtos adquiridos pelo Estado supera aqueles do varejo. Quanto poderia render a revisão de contratos e mecanismos de concorrência?

O trabalho de reestruturação é penoso em termos políticos e técnicos. Rende resultados a médio prazo. Tem um caráter incremental. Mas é necessário não apenas pelo seu impacto econômico ?"por menos que seja seu efeito no presente, nenhum recurso é dispensável em um país ainda manchado por pobreza e carências atrozes.

Tal programa de racionalização teria também o condão de implantar uma nova disciplina no serviço público. Não é possível aceitar sem mais o custo e o desempenho da máquina administrativa brasileira, que jamais passou pelo devido escrutínio
Herculano
22/05/2016 08:12
ESCRUTINAR A MÁQUINA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

A urgência e a dimensão da tarefa de colocar ordem nas contas públicas são tamanhas que o debate se concentra nas iniciativas de maior impacto isolado. Uma grande alteração na Previdência, o recurso a algum imposto ou uma redução linear de despesas com saúde ou educação representariam dezenas de bilhões de reais no balanço do governo de uma só tacada.

Por importantes ou controversas que sejam, tais medidas desviam a atenção da necessária reestruturação administrativa. É preciso racionalizar o uso de recursos.

Na transição para o governo de Michel Temer (PMDB), muito se falou em redução do número de ministérios. Ocorreu mudança, todavia, apenas na superfície. Não há análise de fundo acerca de programas e estruturas que tais pastas, fundidas ou não, abrigam. Os projetos ainda são úteis, se sobrepõem?

Sabe-se que os servidores federais são quase indemissíveis. É preciso discutir tal regra, mas algo já pode ser feito. Os funcionários estão nas funções devidas? A reposição de quem se afasta é necessária? Avalia-se a eficiência do trabalho? A política de reajustes não pode ser revista levando-se em conta remuneração e desempenho?

A revisão dos privilégios das autoridades constitui outra frente. Em uma República, o acesso a postos de responsabilidade não pode se associar ao enobrecimento do cidadão, que passa a contar com motorista, carro e verbas indenizatórias muito maiores que o salário médio no país. Isso tem de ter fim.

Ressalte-se a palavra eficiência. São raras as medidas da produtividade do serviço público, como se fosse irrelevante aproveitar melhor os recursos. Inexistem, a rigor, planejamento de longo prazo das ações do Estado e cálculo de previsão e provisão de verbas.

Carreiras, programas, prédios e benefícios para servidores se acumulam em camadas arqueológicas. A força política da corporação ou da clientela atendida define o orçamento, jamais revisto pela raiz.

Além de se tornarem permanentes, os gastos são aprovados com largueza. Com frequência o preço de produtos adquiridos pelo Estado supera aqueles do varejo. Quanto poderia render a revisão de contratos e mecanismos de concorrência?

O trabalho de reestruturação é penoso em termos políticos e técnicos. Rende resultados a médio prazo. Tem um caráter incremental. Mas é necessário não apenas pelo seu impacto econômico ?"por menos que seja seu efeito no presente, nenhum recurso é dispensável em um país ainda manchado por pobreza e carências atrozes.

Tal programa de racionalização teria também o condão de implantar uma nova disciplina no serviço público. Não é possível aceitar sem mais o custo e o desempenho da máquina administrativa brasileira, que jamais passou pelo devido escrutínio
Herculano
22/05/2016 08:08
DOMINGO DE CHUVA

Dia para ler, escrever, reler processos do Ministério Público contra os gestores públicos... acessar sites ditos da transparência da gestão publica...
Herculano
22/05/2016 08:06
DE PESOS E MEDIDAS, por Dora Kramer, para o jornal Folha de S. Paulo

Vista assim do alto no sentido superficial do termo, a nova configuração do espaço compreendido pela Praça dos Três Poderes e Esplanada dos Ministérios parece abrigar dois governos distintos: um pautado por excelência e meritocracia, outro sustentado nos pilares da coalizão à moda antiga.

O caro leitor e a prezada leitora já sabem do que se trata, pois acompanharam a formação da equipe de Michel Temer, cuja diferença de padrão entre os grupos é abissal. Isso é não dito para desmerecer os políticos nomeados para o primeiro escalão. Muitos ou alguns (e talvez nenhum) deles podem vir a se revelar bons gestores e corretos administradores do bem público.

Não é por serem políticos que necessariamente são reprováveis. Da mesma forma, a chancela técnica não é apólice de seguro para probidade e eficiência. Aí estão os técnicos da Petrobrás presos em Curitiba para demonstrar, como de resto mostram também as condenações e prisões de homens e mulheres do mundo dos negócios em decorrência do desmonte dos dois (em um) maiores esquemas de corrupção de que se tem notícia.

A ideia aqui é traçar um paralelo entre os critérios de escolha que nos leve a olhar a questão de maneira menos maniqueísta e mais realista que a ótica de alguns autores. A equipe econômica, o Itamaraty, a Petrobrás, o BNDES foram escolhidos conforme o figurino da boa governança e à imagem e semelhança do que se esperava para o estabelecimento de mudança de padrão. Ao que consta, as demais estatais e os bancos públicos seguirão o modelo.

Por bom senso atrelado à demanda da realidade: se é para consertar, é preciso acertar com a escolha dos melhores. Henrique Meirelles, o "top" no quesito confiança; José Serra, o homem da quebra das patentes na área de Saúde, perfeito no quesito enfrentamento necessário ao reposicionamento da política externa; Pedro Parente e Maria Silvia Bastos Marques, indispensáveis à recuperação da confiabilidade do Estado. Todos eles enquadrados na categoria de notáveis no tocante à inquestionável competência e à expectativa de resultados.

Já a possibilidade de ganhos concretos pautou a escolha da banda parlamentar, recebida com compreensíveis senões. Michel Temer optou por não inventar nem tergiversar, foi logo ao possível atendendo no Ministério aos partidos aliados. Na escolha da liderança do governo na Câmara, optando por não criar um atrito desnecessário com um Eduardo Cunha. Trilhou caminho oposto ao de Dilma Rousseff.

O deputado André Moura era o melhor? Claro que não. Mas, dada a quantidade de senões, inquéritos, acusações e más condutas, mais prudente deixar que ele caia de maduro para, mais adiante, recolocar posições. A antecessora não soube fazer esse jogo, bateu de frente e perdeu.

Temer trabalhou com a herança recebida: um Parlamento dominado pelo baixo clero transformado em cardinalato nas gestões petistas que acreditavam no enfraquecimento do Legislativo para fortalecer o Executivo.

Falso brilhante. Eduardo Cunha é articulado, esperto, inteligente, aplicado, corajoso, racional, atrevido, um autêntico herdeiro da dinastia de Paulo Maluf no tocante à distorção dos fatos.

Nada disso, porém, afasta o fato de que perdeu a Presidência da Câmara em decorrência da suspensão de seu mandato de deputado, de que é alvo de inquéritos, réu em ação no Supremo Tribunal Federal, personagem de relatos feitos no âmbito de delações premiadas em sede de investigação, visto como inimigo público número um e político cuja companhia é repudiada pela maioria de seus pares.

Cunha anuncia volta à Câmara amanhã. Confronta o Supremo, mas o fará da sala 510 e não mais do gabinete da Presidência da Câmara. É rei posto e majestade com prazo de validade.
Herculano
22/05/2016 08:05
DOMINGO E CHUVA

No silêncio contumaz e familiar da Defesa Civil de Gaspar, a Epagri informa. A chuva deve aumentar, com rajadas de ventos até 60k por hora principalmente na região do norte e nordeste, divisa com o Paraná. Aqui esse chove, molha, chove e para em boa parte do dia.
Lesma Zúque
21/05/2016 20:45
170 bilhões é o rombo? Meireles errou nas contas.
Não é 170.
É 171.
Mariazinha Beata
21/05/2016 19:06
Seu Herculano;

A jornalista Carolina Bahia, RBS, diz que a ex-presidente Dilma Rousseff está magoada com o governador catarinense Raimundo Colombo.

É que o governador traiu-a vergonhosamente, mandando sua tropa votar no impeachment.

Antes da traição, Dilma e Colombo andavam aos abraços e beijos.

O prestígio do governador era de tal magnitude que até o governador Ivo Sartori do Rio Grande do Sul usava a mão do colega para chegar ao Planalto.

Depois da traição, Colombo anda aos abraços e beijos com Michel Temer.

Quem traiu o povo brasileiro foi ela.
Velha caduca, ninguém manda-a pastar?
Bye, bye!
Herculano
21/05/2016 15:16
FALA DILMA. À REVISTA "CARTA CAPITAL", PRO-GOVERNO E ESQUERDA,FORTEMENTE FINANCIADA POR ANÚNCIOS DE BANCOS E EMPRESAS PÚBLICAS DO GOVERNO DO PT E DE BAIXÍSSIMA CIRCULAÇÃO, A EX-PRESIDENTE ARMA O PALANQUE CONTRA TEMER E DIZ QUE A TENTATIVA AJUSTE FISCAL EM 2015 FOI UM ERRO. TUDO PARA ESCONDER O DESASTRE ECON?"MICO QUE FEZ CONTRA O PAÍS E OS BRASILEIROS

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. presidente afastada Dilma Rousseff afirmou, em entrevista à revista "Carta Capital", que tentar fazer um ajuste fiscal em 2015 foi um erro.

"As pessoas tentam e às vezes erram. Nós pensamos que seria possível um processo de ajuste de um ano, mas era incompatível em 2015 com a realidade política do país."

Segundo Dilma, houve resistência política a aumento de impostos e a reformas que significassem reduzir os recursos destinados a alguns setores da população.

A petista afirmou que o presidente interino, Michel Temer, adotou um programa que visa a terminar com projetos sociais, acabar com o pré-sal e "sair privatizando", totalmente diferente das propostas da chapa pela qual foi eleito com ela em 2014.

Parafraseando Leonel Brizola (1922-2004), seu padrinho político, Dilma afirmou que lutará "em todas as dimensões e consequências" para não perder definitivamente o mandato. "Primeiro vamos fazer uma grande mobilização democrática, na sequência podemos apresentar um programa de muitas forças."

Dilma classificou a gestão interina de Temer como "governo de homens brancos aflitos pela misoginia". E acusou o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de continuar dando as cartas no governo, na Câmara e no Senado. Segundo ela, houve uma reagrupação de forças conservadoras de direita dentro do PMDB que deu hegemonia a Cunha e seus aliados.

Dilma criticou ainda as declarações do ministro de Relações Exteriores, José Serra, que, na opinião dela, subestimam a importância da América Latina e do Mercosul para o Brasil. E afirmou que a posição do economista em relação à África revela "certo colonialismo".
Sidnei Luis Reinert
21/05/2016 12:22
Recado dado pelos militares da ativa

O Comando da Aeronáutica encaminhou mensagem, ao Presidente do Clube de Aeronáutica, para divulgação aos seus associados, nos seguintes termos:
"O Comando da Aeronáutica considera totalmente infundados os comentários relativos à formação e à promoção de militares contidos no documento do Diretório Nacional do PT, divulgado no dia 17 de maio de 2016 e intitulado "Resolução sobre Conjuntura".
O atual currículo das escolas militares da Aeronáutica enfatiza aspectos de disciplina, ética, caráter moral e profissional, valores fundamentais para o exercício de uma carreira de Estado. Além disso, o currículo praticado garante plenamente a formação militar, acadêmica, técnico-operacional e cidadã do nosso efetivo, haja vista que a Força Aérea Brasileira está constantemente sintonizada com as aspirações da sociedade. Já os critérios de promoção de oficiais são baseados na meritocracia verificada ao longo da carreira em rigoroso processo de avaliação, que buscam destacar aspectos profissionais, intelectuais e morais.
Por fim, como pertencemos a um Estado Democrático de Direito, não há dúvidas de que nossos militares possuem real compromisso com a democracia e com a Nação Brasileira."
CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA AERONÁUTICA

http://www.alertatotal.net/
Herculano
21/05/2016 11:04
MEU PALAVRÃO PREDILETO, por Bolívar Lamounier, sociólogo para o jornal O Estado de S. Paulo

Parte 1

Como grande parte dos cientistas sociais brasileiros e latino-americanos, às vezes sinto uma vontade irresistível de empregar o adjetivo "liberal" como xingamento. Nesta parte do mundo, como bem sabemos, liberal é um feio palavrão.

Meus eventuais leitores por certo já repararam nisso. Por mais que procurem, os intelectuais, o clero, os dirigentes partidários e os chamados formadores de opinião não conseguem atinar com um termo mais adequado quando querem se referir depreciativamente a um economista, empresário, partido político ou ao próprio governo.

As entonações usadas são especialmente notáveis quando o personagem inquinado de fato propõe ou professa algo suscetível de ser considerado liberal. Pobre do partido político que fale em privatizar estatais deficitárias, ineficientes ou que simplesmente não tenham uma justificativa clara para serem mantidas no setor público. Maldito o governo que insista em manter as contas públicas e a inflação sob controle. "É um liberal", alguém logo dirá. Ou, muito pior: "Não passa de um neoliberal".

Resumindo, creio não exagerar quando digo que, entre nós, menoscabar o liberalismo se tornou uma atitude generalizada, direi mesmo um indicativo de qualidade intelectual: uma norma "culta". Como isso aconteceu é uma história um pouco longa, mas farei o possível para contá-la no restante deste artigo.

A primeira causa ?" aliás, por definição ?" é o liberalismo político ser a teoria da democracia representativa ?" tanto assim que às vezes a designamos como democracia liberal; o oposto, portanto, do fascismo e do comunismo. Segue-se que o adjetivo "liberal" diz respeito a uma forma política dotada de instituições voltadas para a preservação da liberdade dos indivíduos e a autonomia de associações dos mais variados tipos. Como ideologias, o fascismo e o comunismo comportam exegeses imensamente complexas, mas os sistemas políticos que se propuseram a aplicá-las na realidade histórica foram totalitários, sempre e sem nenhuma exceção. Uma conclusão preliminar é, pois, que algo há de estranho em nossa alma latino-americana, ou pelo menos na alma das categorias profissionais a que me referi. Parece que odiamos viver em liberdade e esperamos um dia viver em Estados baseados no partido único, na polícia secreta e na censura generalizada dos meios de comunicação.
Herculano
21/05/2016 11:03
MEU PALAVRÃO PREDILETO, por Bolívar Lamounier, sociólogo para o jornal O Estado de S. Paulo

Parte 2

Outra causa perceptível é que o antiliberalismo geralmente aparece em estreita associação com o antiamericanismo. Odiamos a liberdade porque os Estados Unidos a cultivam e simbolizam. Porque tiveram a ousadia de se desenvolver economicamente de uma forma espetacular; por terem saltado de uma condição cultural de terceira classe para a dianteira em todos os setores do conhecimento, fato atestado por todos os rankings das universidades de todos os continentes. E, sobretudo, por sua visão atomística do individuo, uma filosofia abominável, eticamente inferior ao "comunitarismo" que nos guia e inspira, assim como inspirou ditaduras fascistas e comunistas pelo mundo afora.

Deve ser por esses e outros horrores do liberalismo em vários campos de atividade que nosotros tendemos a rejeitá-lo. Nossos corações e mentes pendem para o antiliberalismo, tão bem representado no século 20 por um Mussolini, um Stalin e até um Perón; e no passado recente, por um Hugo Chávez, o grande inspirador da revolução bolivariana e do progresso de seu país, a Venezuela.

Marxistas por formação ou simbiose, os antiliberais, como disse, tomam-se de sacrossanto horror quando pressentem a proximidade de um "neoliberal". Esse, ao ver deles, é um indivíduo que não se contenta com manter a moeda estável e as contas públicas em ordem, com melhorar a eficiência no gasto público; não, eles querem mais que isso. Querem retirar do Estado suas atividades mais nobres, desde logo as que exerce por meio de empresas públicas, direcionando suas energias para tarefas comezinhas como a educação das crianças e dos jovens, para tentar minorar o sofrimento dos que acorrem aos nossos serviços públicos de saúde (cuja qualidade Lula certificou como sendo de Primeiro Mundo), ou ainda, a segurança pública e a defesa nacional.

Como pode alguém querer um Estado que faça "só isso"? - perguntam os petistas, os intelectuais de esquerda, alguns clérigos e, naturalmente, aquela parte do empresariado que gosta do capitalismo, mas odeia a concorrência.

Mas qual é, afinal, o ponto mais importante da disjuntiva liberalismo x antiliberalismo? O problema de fundo, o verdadeiro divisor de águas, parece-me ser o papel do Estado. O papel e, portanto, a dimensão e os tipos de atividades que devem permanecer na esfera pública, para bem assegurar os objetivos e a soberania nacionais. Antigamente, o que os antiliberais em geral e os fascistas em particular não toleravam era o que chamavam de Estado gendarme, guardião e protetor dos interesses burgueses; hoje, mais ou menos na mesma linha, o que causa urticária nos marxistas por formação ou simbiose é a (suposta) ideia do Estado "mínimo". O que não deixa de ser curioso, tendo eles sempre acreditado que, depois da revolução socialista, o Estado pouco a pouco fenecerá, ou seja, perderá seu "caráter político"; por falta de função, ele se tornará cada vez menos necessário.

Escusado dizer que jamais algo parecido aconteceu em algum país socialista. Mas o ponto que importa é este: os segmentos intelectuais a que me referi, que tão exacerbadamente combatem o "neo"-liberalismo, na verdade, o fazem em nome de um "paleo"-liberalismo.
Herculano
21/05/2016 09:09
DÉFICIT COMO ELE É, por Miriam Leitão, de O Globo

A diferença entre o rombo anunciado pelo governo Dilma e o que foi anunciado agora pelo governo Temer é a eliminação de certos artifícios. Agora não há descontos e os números querem dizer o que os números dizem. Não entra na conta o que não está certo, o que é apenas intenção enviada ao Congresso. O número ficou mais feio sem a maquiagem, mas é melhor que seja real.

O déficit como ele é - R$ 170,5 bi - assusta. Afinal, o país está assumindo que terá um primário negativo em 2,75% do PIB. Para se ter uma ideia, o economista-chefe da Mauá Investimentos, Alexandre de Ázara, calcula que seja necessário um superávit primário em torno de 3% do PIB para equilibrarmos a dívida/PIB. Estamos, portanto, a quase seis pontos percentuais do PIB de onde deveríamos estar para começar a desfazer o estrago provocado pelo arrastão Dilma Rousseff. O que foi este governo que passou por nós nos últimos cinco anos? Convenhamos, a presidente afastada abusou do direito de errar.

Um erro explicado ontem pelo ministro Henrique Meirelles era o de projetar um aumento da receita em plena recessão. Se conseguisse seria fato espantoso. A projeção feita pelo governo anterior no Orçamento era de um aumento de arrecadação de 17% nominal e 9% real. Achava que conseguiria isso com novos impostos como a CPMF, indiferente ao fato de que houve uma imediata demonstração de rejeição a esse imposto. A nova meta prevê uma queda de 4% de arrecadação, o que já será difícil porque até abril a receita caiu 7,9%, mas é pelo menos factível.

Houve outra mudança importante que foi a decisão de não ficar dando desconto para uma coisa e para outra. Se havia uma mania do governo Dilma que perturbava era dizer que a meta era um número, porém o resultado seria maior, porque haveria descontos para alguns gastos que não entrariam na conta. O tormentoso secretário do Tesouro do primeiro mandato Arno Augustin inventou essa fórmula que foi adotada pelo ex-ministro Nelson Barbosa. Ele descontou gastos emergenciais para a Saúde, dinheiro para completar as obras da transposição do Rio São Francisco. O novo governo fez diferente: incluiu essas despesas na lista de despesas, como deve ser.

A meta anunciada ontem reduziu o contingenciamento, ou seja, libera gastos que foram congelados pelo governo Dilma. Os ministros Henrique Meirelles e Romero Jucá explicaram que não se pode contar com um corte inexequível, como o que depende de que não se pague coisas como o auxílio moradia dos embaixadores.

Meirelles e Jucá repetiram várias vezes que em seguida apresentarão medidas de aumento de receitas e de cortes de gastos que precisarão ser enviadas para o Congresso, mas não quiseram fazer esses anúncios junto com os avisos sobre a nova meta fiscal. Como precisarão de apoio legislativo, eles não contarão com o efeito dessas medidas como se a aprovação do Congresso fosse favas contadas.

Por outro lado, acham que conseguirão aprovar o ajuste da meta na Comissão mista do Orçamento na segunda-feira e aprovarão na terça. Detalhe, a próxima semana tem um feriado na quinta-feira. Para acreditarem nisso, devem ter negociado antes.

Jornalistas tocaram em vários pontos sensíveis. Quiseram saber por que eles acham que o mercado considerará essa meta austera se antes, quando a previsão era de R$ 96 bi, no governo Dilma, foi vista como ampliação de gasto. Meirelles disse que esta meta é realista e transparente. Quiseram saber se essa meta será mudada novamente depois, como era comum no governo Dilma, e o ministro Romero Jucá disse que meta não é novela. Perguntaram por que houve frustração de receitas, e Meirelles respondeu que o governo anterior superestimou a receita.

O governo Temer tinha mesmo que chegar e pôr os números na mesa com toda a frieza e objetividade. É terrível um desequilíbrio desses, só não é pior do que tentar escondê-lo com artifícios contábeis e pedaladas. No esforço de aumentar a transparência, o governo determinou que a Eletrobrás calcule as perdas com a corrupção, para que o balanço possa ser auditado. Hoje a estatal está fora da Bolsa de NY por não saber dizer de que tamanho é a corrupção. A meta está muito longe da necessidade, mas pelo menos pode estar perto da realidade. É um primeiro passo.
Herculano
21/05/2016 08:53
VAI DOER NAS EXCELÊNCIAS? por Plácido Fernandes Vieira, para o Correio Braziliense

Dez em cada 10 economistas sérios afirmam ser necessária e urgente uma reforma na Previdência. Até aí, tudo bem. O problema são os termos dessa mudança. "Todos terão de dar sua cota de sacrifício", disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em entrevista exclusiva ao Correio Braziliense, ao falar das decisões impopulares que terá de tomar contra a crise. Ninguém esperava que fosse diferente. Até porque, além de afundar o país na mais grave recessão em 80 anos, Dilma deixou um rombo astronômico nas contas públicas.

De volta à Previdência. Se há a ambição, expressada pelo próprio Meirelles, de que os dispositivos da reforma valham para homens e mulheres do serviço público e da iniciativa privada, eles deveriam se estender a todos. Mesmo. Incluem-se aí os integrantes, sem exceção, do Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público no país. Ora, por que magistrados, deputados, senadores devem ter privilégios se o princípio básico da democracia e da Constituição é a de que somos todos iguais perante a lei?

No Brasil, as regalias, mordomias e outras vantagens inconfessáveis transformaram os cargos eletivos - desde os municipais aos federais - em prêmios mais valiosos que muitas megassenas acumuladas. Se é para fazer um ajuste sério, de verdade, é preciso acabar com o escracho de políticos com o dinheiro público, como as astronômicas verbas de gabinete e cotas parlamentares. Afinal, o Brasil está entre os 30 países que mais arrecadam com tributos. Destaca-se, porém, como o que presta os piores serviços públicos.

Na Suécia, país europeu onde parlamentares se orgulham de não terem luxo nem privilégios, os serviços públicos são de primeira qualidade. Lá, eles ganham apenas 50% a mais do que o piso de um professor primário, dormem em apartamentos funcionais de no máximo 40m², lavam e passam a própria roupa, andam de ônibus e ninguém tem secretária nem assessor. Carro oficial e motorista? Nem pensar. Já no caso do Brasil, é de morrer de vergonha.

No DF, por exemplo, deputados distritais, além de receberem um dos maiores salários do funcionalismo na capital, têm secretárias, dezenas de assessores, carro oficial com direito a motorista e dispõem de verbas para todas as regalias possíveis e imagináveis. Só com combustível, já chegaram a gastar em um ano o suficiente para dar 32 voltas na Terra. E tudo à custa de cidadãos que trabalham cinco meses por ano só para pagar impostos. Não à toa que, aqui, hospitais e escolas públicas estejam na situação que você, leitor, tão bem conhece.
Herculano
21/05/2016 08:47
OS NOVOS VELHOS TEMPOS, por André Singer, ex-assessor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para o jornal Folha de S. Paulo

O governo Michel Temer começa exatamente onde o de Fernando Henrique Cardoso parou quase duas décadas atrás: tentando instituir uma idade mínima para a aposentadoria. A proposta era de 60 anos para os homens e 55 para as mulheres, restrita apenas aos que entrassem no mercado após a promulgação da emenda. Foi barrada na Câmara em 6 de maio de 1998.

O atual inquilino do Planalto deve lembrar bem, pois era então o presidente da Casa, aliado de FHC. Não retrocedemos à República Velha; voltamos à idade de ouro do neoliberalismo tupiniquim. Agora a equipe temerária fala em estabelecer limite de 65 para ambos os sexos, valendo também para os que já estão na labuta.

Nesta saison retrô, duas ideias serão testadas. A primeira é minha. Por volta de 2010, argumentei que o realinhamento de 2006 poderia consolidar a proteção social existente, mesmo que a oposição viesse a ganhar eleições posteriores. É verdade que Temer não foi eleito, assumiu a Presidência graças a um golpe parlamentar. Mas julga ter base suficiente para impor o desmonte do precário Estado de bem-estar nacional.

Aqui a diferença com golpe militar cobra força. Nele, as mudanças são impostas pela força. Os que discordam são levados à prisão, ao exílio e à tortura. Os generais só prestam contas à história. Na arruaça legislativa, diferentemente, é necessário manter a maioria legislativa que derrubou Dilma e logo submeter-se ao voto popular.

Quantos deputados serão candidatos a prefeito em outubro? Quantos apoiam ou são apoiados por chefes do Executivo municipal? Como reagirão as suas bases quando verificarem que o benefício previdenciário, com o qual contavam, será adiado por X anos?

Aí está a explicação de por que escolher parlamentar ficha suja para liderar os governistas. O presidente interino sabe que apenas a metodologia rudimentar de Eduardo Cunha é capaz de tanger dezenas de políticos abespinhados por eleitores.

A segunda análise a ser repensada é aquela de acordo com a qual o lulismo foi apenas uma apresentação diferente do cardápio tucano. No fim das contas, Lula também reformou a Previdência em seu primeiro ano de mandato, um dos maiores indícios em favor do argumento da continuidade.

Ocorre que Lula optou por sacrificar os funcionários públicos ?" o que provocou a justificada aparição do PSOL ?" para depois manobrar a favor dos trabalhadores como um todo, sobretudo por meio da elevação real do salário mínimo. Temer, diferentemente, dá continuidade plena ao projeto de fazer do Brasil um espaço capitalista livre dos constrangimentos impostos pela Constituição de 1988.

O neoliberalismo retornou animado. Vejamos se veio para ficar.
Herculano
21/05/2016 08:41
PT ASSALTOU O BRASIL, por Ronaldo Caiado, médico, senador de Goiás, DEM, no jornal Folha de S. Paulo

Como era previsível, o PT, na sua primeira semana de retorno à oposição, fez cobranças ao novo governo com a autoridade de quem se presume vítima - e não réu - dos delitos expostos.

O país está arruinado. Os números da economia são bem piores do que se imaginava. As contas ainda não estão inteiramente levantadas, já que o governo deposto - e o termo é esse, pois ninguém de bom senso cogita vê-lo de volta - se recusou a providenciar o processo de transição.

Tal recusa a um procedimento meramente técnico equivale a uma confissão de crime, que os números confirmam. Não há outra expressão: o PT assaltou os brasileiros, dilapidou o Estado, deixou atrás de si um rastro de destruição.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, chegou a um deficit estratosférico: R$ 120 bilhões. Logo na sequência, porém, o ministro do Planejamento, Romero Jucá, constatou que o rombo é maior: R$ 160 bilhões.

Nenhum desses levantamentos incluiu a novidade que se anunciou na quarta-feira: as perdas da Eletrobras, suspensa pela Bolsa de Nova York por não apresentar o balanço auditado de 2014. A perda imediata é de R$ 40 bilhões, mas pode aumentar, já que o escritório Hogan Lovells, que investiga a estatal brasileira, ainda não chegou ao fim da linha. Segundo a agência Reuters, "a cada apuração feita, encontram-se novos indícios de irregularidades que estimulam novas investigações".

A Eletrobras é uma das muitas caixas-pretas a serem abertas - como BNDES, Dnit, Caixa Econômica, Banco do Brasil, fundos de pensão. Como se diz na roça, "a cada enxadada, uma minhoca".

Na Petrobras, os prejuízos são de R$ 42 bilhões ?"mas os danos são bem maiores. Além de ter perdido a oportunidade de leiloar mais de 40 áreas do pré-sal, quando o barril valia US$ 120, vende agora todos os ativos a preço de banana. É, hoje, a empresa mais endividada do mundo.

Outra descoberta assombrosa relaciona-se à publicidade. A Secretaria de Comunicação da Presidência da República, sob Dilma Rousseff, já gastou toda a verba prevista para 2016: R$ 152 milhões.

Essa verba alimenta, entre outras coisas, os blogs sujos da internet, pagos não só para defender a quadrilha do PT mas, sobretudo, difamar seus adversários. Esses blogueiros estão organizando um congresso na Bahia, para junho, em que esperam a presença de Dilma e Lula, para tratar do "combate ao golpe".

A insistência criminosa no termo "golpe", para definir o processo constitucional de impeachment, mereceu reação por parte da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, que pediu esclarecimentos à presidente afastada, dando-lhe o prazo de dez dias para se manifestar. Não o fará, por falta de argumentos.

A letal conjunção de corrupção sistêmica e gestão desastrosa, que os números atestam, produz efeitos em todos os setores da vida nacional, atingindo sobretudo a parcela mais desprotegida da população.

Na saúde, por exemplo, segundo levantamento divulgado pelo Conselho Federal de Medicina, perderam-se nada menos que 24 mil leitos de internação do SUS, ao longo dos últimos cinco anos ?"tempo que corresponde à presença de Dilma na Presidência.

A tragédia do desemprego ?"11 milhões de vítimas?", da qual a militância do PT estava poupada, é outro subproduto dessa herança maldita.

E uma das medidas preliminares de higiene moral - e de cunho pedagógico - é fazer uma assepsia da máquina pública federal demitindo os milhares que foram nomeados para partidarizar o Estado. E esperar que a Justiça seja célere em julgar e condenar os que assaltaram o Brasil.
Herculano
21/05/2016 08:29
A CONTAMINAÇÃO DO PT, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

É uma história bem triste: lá estavam eles, os épicos petistas, empenhados em salvar o povo brasileiro da opressão quando, não mais que de repente, "eles" chegaram e "contaminaram" o PT com o "financiamento empresarial de campanhas" por meio do qual "as classes dominantes se articulam com o Estado". Embora tenham, supõe-se, resistido bravamente, os petistas acabaram "envolvidos em práticas de partidos tradicionais".

Parece piada, mas é exatamente esse o estapafúrdio argumento central da "autocrítica" feita pelos dirigentes nacionais do PT, na qual admitiram erros na condução da economia, todos eles atribuídos a Dilma Rousseff.

O presidente do partido, Rui Falcão, fez questão de explicar que o PT não está "pedindo desculpas nem fulanizando avaliações", mas admite: "Pontuamos como autocrítica, por exemplo, o fato de tardarmos a reconhecer que havia um esgotamento da política de desenvolvimento que imprimimos". Mas a direção nacional petista, fingindo acreditar que Dilma Rousseff voltará a exercer a Presidência da República, deixou claro, no documento que serviu de base para discussão no encontro, que a responsabilidade pelo "erro" é toda dela: "O Partido dos Trabalhadores propõe que a presidenta Dilma Rousseff apresente rapidamente um compromisso público sobre o rumo de seu governo, depois de derrotado o golpismo, defendendo uma ampla reforma política e medidas capazes de retomar o desenvolvimento, a distribuição de renda e a geração de empregos".

Quanto à "ampla reforma política", Falcão não se deu ao trabalho de explicar por que o PT não moveu uma palha para promovê-la nos 13 anos em que ocupou o poder, embora a explicação pareça implícita na admissão do fato de que o partido foi "contaminado" e preferiu dedicar-se a usufruir os benefícios da corrupção que instituiu como método de cooptação política e de fundamento da "governabilidade".

Quanto à economia, o documento petista persevera no voluntarismo ?" ou caradurismo ?" que é a principal característica de seu populismo irresponsável. Propõe para o triunfante regresso de Dilma a demagógica obviedade de "medidas capazes de retomar o desenvolvimento, a distribuição de renda e a geração de empregos", como se essas medidas pudessem se concretizar pela simples vontade dos governantes. Ora, o desenvolvimento econômico é desejado por todo mundo, não apenas pelos petistas. Mas foi a incompetência e teimosia do governo do PT que resultaram não no desejado desenvolvimento, mas em retração econômica, com suas graves consequências sociais. Essa tragédia é produto da absoluta inépcia administrativa do lulopetismo, aliada à espoliação sistemática do Tesouro e dos recursos da Nação.

A distribuição de renda de que falam os lulopetistas é outra empulhação paternalista, porque, por razões eleitorais, querem fazer o povo acreditar que se trata da ação unilateral de um governo generosamente disposto a "distribuir" dinheiro do próprio bolso ?" como se esse dinheiro não fosse de todos ?", escamoteando o fato de que a verdadeira distribuição de renda é o justo compartilhamento, por toda a sociedade, da riqueza que ela própria cria. Bolsa Família, por exemplo, não é distribuição de renda. É medida governamental de emergência destinada a atender carências básicas.

Finalmente, "geração de emprego", condição indispensável ao crescimento econômico e ao desenvolvimento social, é uma expressão que hoje o PT deveria ter vergonha de mencionar, já que os cerca de 14 milhões de brasileiros evidenciam o retumbante fracasso de sua "nova matriz econômica".

Afastado do poder como consequência dos crimes de responsabilidade de que Dilma Rousseff é acusada, e também porque se demonstrou incapaz de abrir para os brasileiros as portas do prometido Paraíso, o PT preocupa-se agora exclusivamente com sua sobrevivência política. Dividido, não consegue definir a melhor estratégia para recuperar o prestígio perdido. Muitos petistas, como Lula, pensam em "voltar às raízes" e reencetar a luta por um "governo popular". Não será tarefa fácil, porque perdeu a identidade, a credibilidade e o poder de garantir o apoio de movimentos "de esquerda" mantidos com verbas públicas. Foi no que deu ter-se deixado "contaminar", não pelas "classes dominantes", mas pelo embuste e pela corrupção.
Herculano
21/05/2016 08:25
PT CONFIRMA APARELHAR EM NOME DO "PROJETO", editorial do jornal O Globo

Documento do diretório nacional do partido lamenta não ter intervido nas cúpulas da PM, do Ministério Público e mudado os currículos das academias militares

O documento "Resolução sobre conjuntura", aprovado pelo diretório do PT no início da semana, é prova cabal da validade do provérbio "o papel aceita tudo". Escrito numa linguagem de militância revolucionária das décadas de 60 e 70, o texto trata de um país imaginário chamado Brasil, em que houve um "golpe", desfechado pelo imperialismo internacional com apoio da burguesia doméstica, "as classes dominantes", e pelos "monopólios da informação", diante do qual é preciso resistir.

Assim como a literatura de cordel tem uma linguagem própria ?" guardadas as diferenças, a favor do cordel ?", com este tipo de texto de panfleto de doutrina acontece o mesmo. Mas chama a atenção que, no documento, o PT assuma de forma escancarada o aparelhamento do Estado, para colocá-lo a serviço de um projeto de poder nada democrático e republicano.

Ao fazer autocrítica, o PT se penitencia por haver priorizado o "pacto pluriclassista" na eleição de Lula ?" ele deseja um governo uniclassista, só dos trabalhadores; impossível, se for pelo voto. E lamenta, por outras palavras, ter sido ineficiente na infiltração nos organismos de Estado.

Considera-se descuidado com as estruturas de mando da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, assim como por não ter modificado "os currículos das academias militares", nem promovido "oficiais com compromisso democrático e nacionalista". Tampouco fortalecido "a ala mais avançada do Itamaraty", e por não ter redimensionado ''sensivelmente a distribuição de verbas publicitárias para os monopólios da comunicação". (Desconhecem que é ínfima a parcela desta publicidade na receita que financia o jornalismo profissional).

Não que tenha caído a máscara do partido; afinal a verdadeira face do projeto lulopetista nunca esteve completamente oculta. Mas chega a ser um registro histórico um documento em que o diretório nacional do partido assume sua faceta ?" esta sim ?" golpista. Várias iniciativas, desde o primeiro governo Lula, expuseram o real sentido do projeto lulopetista. Um exemplo é a Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (Ancinav), esculpida no MinC de Gilberto Gil e Juca Ferreira com a intenção de controlar o conteúdo do setor.

Diante da previsível grita, houve recuo. O mesmo aconteceu no projeto do Conselho Federal dos Jornalistas, também com intenções intervencionistas: patrulhar profissionais nas redações e puni-los com base em algum "código de ética".

Houve mais casos. Importa é entender, de uma vez por todas, que este é um projeto que pretende instalar no Brasil um regime bolivariano. Não conseguiu, nem conseguirá, diante da demonstração de solidez das instituições republicanas.

O PT deveria aproveitar que escancarou o projeto em documento, para passar a defendê-lo abertamente e colocá-lo sob o teste das urnas. Só assim terá alguma chance de se defender da acusação de ser o verdadeiro golpista.
Herculano
21/05/2016 08:20
DUAS MARIAS VÃO À GUERRA, por Demétrio Magnoli, geógrafo e sociólogo para o jornal Folha de S. Paulo

Sinto, editores e leitores "modernos", mas não as elogiarei por serem mulheres. Nesse tempo e país, símbolos valem mais que substância - mas, anacrônico, prefiro a segunda. Maria Helena de Castro na secretaria-executiva do MEC e Maria Inês Fini na presidência do Inep são uma ousadia do ministro Mendonça Filho: a decisão de proteger os direitos dos estudantes contra a aliança entre a politicagem triunfante e o corporativismo sindical, grudados por uma gosma ideológica. Infelizmente, as duas Marias serão expostas a uma guerra suja, como sabem por experiência própria.

Maria & Maria têm uma plataforma para a Educação. 1) Base curricular unificada, com foco no "aprender a aprender"; 2) Avaliação sistemática das escolas, baseada em metas definidas; 3) Qualificação permanente dos professores; 4) Bonificação por mérito para escolas e professores.

Elas sofrerão, por isso, intensa sabotagem de camarilhas políticas, interessadas na colonização do sistema de ensino por cabos eleitorais, da burocracia aparelhada do MEC, consagrada a diversos tipos de doutrinação ideológica, e de associações sindicais de professores, avessas a distinções meritocráticas de remuneração. Todos esses grupos tecerão pactos de conveniência contra as duas Marias, boicotando suas iniciativas. São eles os "conservadores": querem conservar um ensino público que conspira contra o direito à educação dos filhos dos pobres.

Maria Helena assumiu a Secretaria da Educação de São Paulo em julho de 2007, mas durou apenas até março de 2009. O Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp) registrou avanços em 70% das escolas. Contudo, de olho na sua campanha presidencial, o então governador José Serra entregou a cabeça da secretária numa bandeja de prata, cedendo à campanha da Apeoesp contra a unificação curricular, a avaliação das escolas e a bonificação por mérito. Numa entrevista, Maria Inês disse o que se sabe ("A maioria dos professores são heróis: dão 60 horas de aula por semana. É por isso que as melhores cabeças estão indo para qualquer outra área, menos para a sala de aula") e também o que não é óbvio.

Os professores "são preparados para transmitir informação, não para promover a cultura do conhecimento". Nas escolas, "dificilmente se ouve o estudante", mas "nenhum professor pode ter medo do que o aluno pensa" pois "é fundamental ter acesso às estruturas de pensamento da turma". No governo FHC, idealizou o Enem como ferramenta de avaliação da "cultura do conhecimento" e de investigação das "estruturas de pensamento".

Depois, os bárbaros desvirtuaram o exame, convertendo-o em vestibulão nacional e, às vezes, em megafone de delinquências extremistas (ano passado, uma questão celebrava o antiamericanismo de Slavoj Zizek, para quem Pol Pot "não foi radical o suficiente").

Na guerra contra as duas Marias, as universidades federais ocuparão lugar de vanguarda. A ordem de tiro partirá de cima: em setembro de 2014, 54 reitores das federais prostraram-se diante de Dilma Rousseff, oferecendo-lhe seus préstimos na campanha eleitoral. De acordo com o texto que assinaram, eles tomavam posição "enquanto dirigentes universitários eleitos", forma despudorada de expor uma concepção sobre as relações entre universidade, política e partido. Suspeito que, além das tradicionais reivindicações corporativas, a próxima greve das federais será movida por objetivos político-partidários.

Ao aceitar as nomeações, Maria & Maria revelam a coragem de enfrentar poderosas máquinas políticas e sindicais sem contar com "ninguém" por trás: os escolares, crianças ou adolescentes, são o "povo desorganizado" na sua máxima fragilidade. A esperança de mudança no ensino passa a depender das convicções de Mendonça e do improvável compromisso de Michel Temer com os interesses de quem não têm voz.
Herculano
21/05/2016 08:03
ROMBO NA PREVIDÊNCIA

1. O modelo que se pratica atualmente não garante o pagamento assegurado aos que já estão aposentados. E isto muitos escondem do debate.

2. Se não garante aos que já adquiriram o direito, não tem como garantir aos que estão prestes a se aposentar e também tem direitos assegurados.

3. Se os que possuem direitos garantidos e assegurados estão ameaçados, o que dizer daqueles que possuem a expectativa desse direito?

4. Então é preciso mudar e equilibrar. No final todos vão perder menos e ganhar menos num sistema que deverá se autosustentar com que se arrecada e poupa.

5. A outra saída, é a de punir todos, aumentar e usar os impostos de todos - incluindo jovens e pobres - via o tesouro, para alimentar um sistema injusto e falido, prejudicando ainda mais a saúde pública, a educação dos mais pobres, bem como o desenvolvimento econômico que pede obras de infraestrutura com os pesados impostos que o governo arrecada de todos nós.
Herculano
21/05/2016 07:52
"JANUS", MAS PODE CHAMAR DE "OPERAÇÃO LULA", por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros.

O noticiário sobre a Operação Janus, nesta sexta (20), da Polícia Federal, fez parecer que, apesar do envolvimento do sobrinho, o ex-presidente Lula não era investigado. Porém, é mais que isso: trata-se do principal investigado. Nota do Ministério Público Federal do DF deixou claro que o objetivo da "Janus" é apurar se Lula "praticou tráfico internacional de influência em favor da construtora Odebrecht".

É SO O COMEÇO
A primeira fase da Janus, nesta sexta, teve a ver apenas com o financiamento do BNDES para uma obra da Odebrecht em Angola.

VEM MAIS POR AÍ
Lula e quem o ajudou a batalhar negócios para a Odebrecht no exterior podem esperar novas fases da Janus. Experimentarão fortes emoções.

PILANTRAGEM FOR EXPORT
Também são investigados os contratos do BNDES relativos a obras em Cuba, Venezuela, República Dominicana e Angola, entre muitos outros.

OS INVESTIGADORES
Três desassombrados procuradores pilotam a Operação Janus: Francisco Guilherme Bastos, Ivan Cláudio Marx e Luciana Loureiro.

NA OPERAÇÃO JANUS, PF INVESTIGA "CRIME PERFEITO"
A Operação Janus investiga o que o submundo da corrupção em Brasília chamava de "crime perfeito". A suspeita é que Lula fechava acordos com ditadores, a maioria africanos, para o BNDES financiar grandes obras naqueles países, mediante juros ínfimos, longo prazo de carência e contratos secretos, sob a condição de serem entregues a empreiteira brasileira. No Brasil, mandava o BNDES financiar a obra.

OPERAÇÃO TRIANGULAR
Após o entendimento de Lula, o Brasil assinava acordos de cooperação com a ditadura atraída para o esquema, que contratava a Odebrecht.

DIRETO, SEM ESCALA
O BNDES financiava a obra lá fora, mas pagava a Odebrecht no Brasil. Dinheiro público saído do Tesouro para a empreiteira, sem licitação.

POR QUE ERA "CRIME PERFEITO"
Ditaduras não se deixam fiscalizar, nem os órgãos de controle do Brasil podiam auditar os contratos no BNDES, classificados de "secretos".

NA NOSSA CONTA
O Tribunal de Contas da União investiga os pedidos de "quarentena" à Comissão de Ética Pública da Presidência. Já passam de 80 os espertalhões ligados a Dilma Rousseff que querem receber salário integral sem trabalhar, como esta coluna revelou em abril passado.

TRAIR E COÇAR...
...é só começar: o PDT do ex-ministro dilmista Carlos Lupi avalia não seguir o PT e o PCdoB na oposição ao Michel Temer. Pretende adotar "linha independente", de olho nas eleições municipais de outubro.

IMPOSTO À VISTA
Senadores não descartam a criação de impostos para tentar "salvar a economia". No entanto, avisaram ao presidente Michel Temer que a medida só pode ser adotada após "esgotadas todas as opções".

MARCA DO DEPUTADO
"Os deputados têm que colocar as digitais, mostrando se são favoráveis ou contrários", afirma o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), sobre o processo no Conselho de Ética contra Eduardo Cunha.

NO MEIO DO CAMINHO
Petistas menos ortodoxos dizem que Michel Temer tem "ótimas intenções", mas a permanência de Eduardo Cunha na Câmara mancha o governo. Aliados do presidente concordam: Cunha precisa sair.

E AGORA?
O deputado Paulinho da Força (SD-SP), expoente do impeachment de Dilma, tem um nó para desatar. O partido, com base sindical, é contra recriar a CPMF. Mas o imposto ainda não foi descartado pelo governo.

VACINAÇÃO LIBERADA
Após liberar vacina H1N1 apenas para parlamentares, o Senado conseguiu mil doses para seus servidores. A direção do Senado garante que não haverá custo para os cofres públicos. Humm...

FUNDAMENTAL
O presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA) é comparado ao ex-presidente da Câmara Severino Cavalcante, que também era nordestino e do PP. "A diferença é que Severino tinha Inocêncio Oliveira, que sabia tudo de regimento", diz um experiente deputado.

PERGUNTA NO ALVORADA
Se o governo fosse do PT, o Brasil ficaria sabendo do rombo de R$ 170 bilhões nas contas públicas? Ou iria "pedalar" a má notícia para 2017?
Herculano
21/05/2016 07:42
TARDE DEMAIS, por Hélio Schwartsman, para o jornal Folha de S. Paulo

Michel Temer não recebeu da população um mandato para cortar benefícios sociais. Não obstante, se o Estado brasileiro quer manter-se solvente, é o que tem de ser feito. Assim, a melhor chance de o governo Temer chegar a 2018 é abrir rapidamente o saco de maldades, garantir que sejam aprovadas no Congresso e torcer para que produzam logo efeitos positivos sobre a economia, legitimando "a posteriori" o que não o fora "a priori".

A lista de medidas impopulares é longa e há tribulações para todos. A primeira vítima são os sindicalistas. Já foram avisados de que terão de engolir a reforma da Previdência. Sua grita é grande, mas o assunto já foi exaustivamente debatido e não há dúvida de que será preciso fazer as pessoas trabalharem por mais anos.

O problema é, no fundo, aritmético e determinado pelas curvas demográficas. Pelo nosso sistema de repartição simples, os proventos dos aposentados são pagos pelas contribuições dos trabalhadores em atividade. A questão é que não só as pessoas estão vivendo mais como também estão tendo menos filhos. Isso significa que teremos cada vez mais aposentados recebendo por mais anos e menos gente na ativa para sustentá-los.

Em 2013, havia 9,3 trabalhadores ativos para cada idoso. Em 2030, essa relação cairá para 5,1 e, em 2060, para 2,3. A menos que tomemos uma atitude, deixaremos para nossos filhos um esquema fadado ao colapso.

A exemplo do que já fizeram muitos países com sistemas semelhantes ao nosso, será preciso estabelecer uma idade mínima para concessão dos benefícios e igualar as condições de homens e mulheres, além de rever aspectos da aposentadoria rural e do regime dos servidores públicos.

Fazer com que as mudanças só valham para quem ainda não entrou no mercado, como querem políticos e sindicalistas, é adiar os efeitos do ajuste para perto de 2050. É certamente tarde demais para Temer, mas provavelmente também para o país.
Herculano
21/05/2016 07:37
APERTA O CINTO, VOCÊ ESTÁ ATERRIZANDO NO BRASIL, por Josias de Souza

Um campo minado ou areias movediças, escolha sua metáfora para o cenário escolhido por Michel Temer para aterrissar os brasileiros depois que sua equipe sobrevoou por sete dias as ruínas herdadas de Dilma Rousseff. Um pouso forçado num Brasil com aparência de sumidouro talvez seja a descrição mais adequada para o que está acontecendo.

Na segunda semana do seu governo provisório, Temer apresentará o resultado do inventário preparado por sua equipe. Juntará casos de barbeiragem administrativa, irregularidades e insinuações de sabotagem para pintar um quadro caótico. Depois de diagnosticar todas as culpas ao governo de Dilma, Temer dirá que, para que o país saia do caos, será necessário aumentar a dose do purgante.

Nesta sexta-feira, os ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Romero Jucá (Planejamento) prepararam o pouso. Saímos de uma meta de superávit de R$ 24 bilhões para 2016, que Dilma já havia pedido ao Congresso que convertesse num buraco de R$ 96,7 bilhões. E chegamos numa cratera que, depois de estimar em até R$ 200 bilhões, a turma de Temer fechou em R$ 170,5 bilhões - um buracaço.

Jucá criticou o vaivém que marcou a gestão Dilma, conhecida por divulgar metas que não se cumpriam. "A postura deste governo será diferente", disse o novo titular do Planejamento. "A meta fiscal não é novela para ser feita em capítulos. Vamos trabalhar para fazer com que os números ganhem confiança. A visão deste governo é diferente do outro exatamente porque não estamos escamoteando a verdade."

Meirelles ecoou Jucá. A meta "é transparente e realista", disse. "A mensagem fundamental é essa. É uma meta realista e estimada dentro de critérios rigorosos - o mais próximo possível do estimado hoje pelo mercado. Ela é feita com parâmetros realistas e próximos a parâmetros de mercado", acrescentou Meirelles, antes de enumerar os imprevistos que podem conspurcar o realismo da nova meta.

Nas palavras de Meirelles, os novos cálculos incluem itens com "margem grande de incerteza". Ele citou, "por exemplo, a questão da regularização de capitais do exterior. Existem determinadas provisões sobre o que será arrecadado com isso. Existe a renegociação da dívida dos Estados, o pagamento de passivos e despesas. Existe uma série de previsões que estão consolidadas nessa meta."

Quer dizer: os economistas do novo governo tomam as decisões que precisam tomar, apertam os botões que têm que ser apertados e depois são obrigados a esperar para ver como reagirão esses seres terríveis e imprevisíveis que são as pessoas.

Quantos brasileiros se animarão a repatriar o dinheiro de sonegação escondido em contas abertas no estrangeiro? Os governadores de Estados endividados vão cooperar? São tantas as variáveis que condicionam o resultado da equação que a economia fica parecendo uma forma de bruxaria.

De certo mesmo, por ora, só os 11 milhões de desempregados, o PIB de 2016 apontando para nova queda nos arredores dos 4%, a inflação renitente e a perspectiva de mais sacrifícios. Alguém precisa pensar nas mães e nos pais que sobreviverem ao pouso forçado no sumidouro. Eles têm cada vez menos exemplos para dar aos filhos. "Não minta, meu filho, não minta. Olha que você acaba trabalhando no Palácio do Planalto."
Herculano
21/05/2016 07:29
REORIENTAÇÃO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Entre tropeços de seus ministros e elevada tolerância a personagens envolvidos em corrupção, o governo de Michel Temer (PMDB) dá ao menos um sinal positivo ao formar um dique de proteção técnica em cargos de direção da economia, de estatais e de órgãos públicos.

A chegada de Pedro Parente ao comando da Petrobras talvez seja o melhor símbolo dessa mudança de orientação. Gestor de reconhecida competência, o ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) aceitou a tarefa sob condição até outro dia impensável: "Não haverá indicação política".

Profissionalizar a gestão da petrolífera é fundamental para recuperar uma empresa marcada pelo maior escândalo de nossa história.

O esforço para reerguê-la terá papel fundamental na reativação de vários setores acoplados à cadeia de fornecimento, com impacto na geração de empregos.

Igualmente importante é a escolha de Maria Silvia Bastos Marques para a presidência do BNDES. Assim como a Petrobras, o banco necessita de uma revisão geral e de uma nova posição estratégica ?"preservado, naturalmente, seu papel de órgão de fomento.

Nos governos petistas, buscou-se dinamizar o capitalismo brasileiro com a seleção de "campeões nacionais" alimentados com crédito subsidiado. Depois de R$ 523,8 bilhões em aportes do governo, o resultado é bastante questionável.

Afirma-se, de um lado, que o investimento teria caído ainda mais sem isso e que o banco supriu a falta de um mercado de financiamento privado de longo prazo.

Por sua vez, críticos apontam para a dívida pública aumentada em cerca de 9% do PIB, sem que se note um impulso ao investimento capaz de compensar os subsídios pagos pelo contribuinte, que podem chegar a R$ 323 bilhões até 2060.

O debate precisa se dar em novos termos. O BNDES deve estimular, mas não substituir o setor privado.

Tome-se a infraestrutura. Detendo evidente competência técnica, o banco deve atuar em projetos e concessões no setor. Não faz sentido, no entanto, que continue a financiar 70% das empreitadas.

Tal participação serviu em grande medida para compensar as reduzidas taxas de retorno arbitradas pelos governos petistas, bem como minimizar os riscos oriundos da falta de confiabilidade dos projetos e da regulação setorial. Desenhos melhores decerto permitiriam atrair mais recursos privados.

Seja na Petrobras, seja no BNDES, a reorientação precisa necessariamente incluir a adoção de conduta mais responsável, transparente e atenta às limitações no uso de recursos do contribuinte.

Terá como condição necessária, ademais, o total afastamento dos esquemas de pilhagem que vinham sendo utilizados pelo PT, pelo PP e, não custa lembrar, pelo PMDB do presidente interino.
Carrapataço
20/05/2016 21:58
Já acabamos com a Dilma e o PT no governo central.
Agora falta pouco pra acabar com o PT no governo municipal.
Sidnei Luis Reinert
20/05/2016 18:23
O rombo é de R$ 170 bilhões

Brasil 20.05.16 18:06
Gerson Camarotti informa que o valor do déficit fiscal revisado pelo governo Michel Temer é de R$ 170 bilhões. O Antagonista confirmou o número com um ministro.

Henrique Meirelles e Romero Jucá vão detalhar os números numa coletiva em instantes.

https://www.facebook.com/oantagonista/?fref=ts
Odir Barni
20/05/2016 16:13

GASPAR PERDE O MAIS DEMOCRATA DE SEUS PREFEITOS.

COISAS QUE OS ELEITORES GASPARENSES PRECISAM SABER.

caro, Herculano:

Fui nesta manhã à Gaspar dar meu último adeus ao já saudoso prefeito, Francisco Hostins. Me emocionei ao cumprimentar seus familiares e amigos; foi nesta Igreja que Chico Padre fez muitas orações em prol de sua comunidade. Não me emocionei por ver um ex-professor, diretor de colégio, um ex-vereador e um ex-prefeito no caixão. Minha emoção se deu por saber que Gaspar perdeu uma de seus homens públicos mais importantes. Como fundador e primeiro presidente do Sindicato dos Servidores - SINTRASPUG, pequei a fase mais difícil do sindicato;Constituição de 1988. Nossa batalha em defesa dos servidores so não terminou no tapa porque Gaspar tinha Francisco Hostins como prefeito, Júlio Cesar Junges, como secretário de finanças e Paulo Schmitt, como secretário jurídico. Nossos pleitos, naquela época eram todos encaminhados à Justiça do Trabalho em Blumenau. Dezenas de audiência foram realizadas para chegarmos ao intendimento. Num determinado dia, 30 de abril, na Travessa Carlos Wehmuth, eu e Seu Chico quase fomos às vias de fato, estava próximo seu irmão, Marcos Hostins que nos pediu calma; era o último dia para a prefeitura enviar a contra proposta de nossas reivindicações, caso contrário nossos advogados,Dr. Cláudio Roberto da Silva e Dra. Albabeza Tonet entrariam na Justiça, como eu sempre tinha uma procuração assinada, em confiança, com os advogados, sem eu saber o DISSIDIO COLETIVO foi encaminhado para a Justiça Trabalhista. Seu Chico enfureceu. Expliquei minha posição e no dia seguinte ele me chamou para conversarmos. Assim era Chico Hostins, temperamental quando precisa e um pai nos demais dias de sua vida. Outro fato que me chamou atenção: quando ele me convidou para ser professor de contabilidade no Colégio Frei Goodofredo, vago com a saída do saudoso Eloi Fachini, tinha pela frente uma política local ferrenha. Como diretor do colégio, era indicado pela ARENA , partido do governador evereador na Câmara de Gaspar. Num certo dia , Seu Chico, veio conversar comigo, dizendo: Odir eu tenho recebido reclamações de que vc está dizendo que o governador rouba. Eu logo fiquei indignado pronto para entregar o cargo. Expliquei ao Diretor que eu estava ensinando o PROCESSO LICITAT?"RIO, dizendo que são as grandes onbras que os governos roubam sem o saber, o chamado super faturamento, fatos que hoje tornou-se rotina. Após a conversa o sensato diretor me disse: Odir, continue seu trabalho, você está fazendo o correto! Caro, Herculano, quero deixar bem claro que na minha visão a grande obra de Fracisco Hostins, foi a implantação da Reforma Administrativa, dentro dos padrões exigidos pelo Constituição de 1988: Implantação,, juntamente com o SINTRASPUG do ESTATUTOS DOS SERVIDORES; Plano de Cargos e Salário; Plano de Carreira; Concurso Público e Enquadramento dos servidores menos escolarizados que tinham muitos anos de serviço no município. Além disto foi feito o parcelamento da dívida do município com o FGTS e INSS. Ficou estabelecido que o município pagará seus servidores até o dia 30 de cada mês, antes era previsto até o dia 5 do mês subsequente. Todas estas conquistas ficarão na história sem muitos servidores terem conhecimento. Os que mais reclamavam hoje fazem parte dos omissos, gente que só viu defeito nas grandes ações. Espero que Gaspar no decorrer de sua história encontre mais Francisco Hostins; que nunca leve em conta a cor partidária dos servidores; que não discrimine; que não oprima e valorize o trabalho de cada um, por mais humilde que seja.
SALVE GASPAR!
Herculano
20/05/2016 15:43
da série: só são perturbadoras e inaceitáveis as manchas dos outros

A GRANDE EXPIAÇÃO, por Vladimir Saflate, professor de filosofia da USP, para o jornal Folha de S. Paulo

Parte 1

"Sete CITados na Operação Lava Jato viram ministro e ganham foro privilegiado", "Novo ministro dos Transportes é suspeito de desvio de verba de merenda escolar", "Itamaraty fornece passaporte diplomático a pastor citado na Lava Jato", "Brasil tem pela primeira vez presidente acusado de ser ficha suja", "Gilmar Mendes [quem mais?] reenvia processo contra Aécio Neves à Procuradoria-Geral da República em menos de 24 horas", "Novo líder do governo na Câmara é acusado de homicídio".

Digamos que todo o processo de "impeachment" de Dilma Rousseff tivesse sido, de fato, impulsionado pela indignação popular contra a corrupção sistêmica no governo.

Se este fosse realmente o caso, teríamos, neste exato momento, um barulho ensurdecedor de panelas, milhares de pessoas iradas vestindo verde e amarelo nas ruas e a imprensa em coro pedindo a destituição do presidente interino e seu governo postiço de corruptos. Uma semana bastou para mostrar ao mundo o grau zero de comprometimento contra a corrupção da oligarquia que tomou de assalto o poder.

Mas não, meus amigos, vocês não estão ouvindo panelas, nem vendo seu vizinho urrar impropérios contra o governo, nem o senhor Sérgio Moro continua no noticiário com sua pretensa caça implacável e destemida contra usurpadores do bem comum.

Não há nada no horizonte das famílias que tiravam selfies com a Polícia Militar que indique um desejo incontido de gritar "agora, é fora Temer". Na verdade, agora é "ordem e progresso", ou se quiserem uma versão mais honesta do lema positivista, agora é "repressão e espoliação direta", com direito a ministros falando sobre o fim da universalidade do SUS, cortes na construção de 11 mil casas populares e preparação da população para mais uma reforma previdenciária com limitação de direitos trabalhistas. Em outras palavras, a violência de sempre.

Mas se, de fato, toda esta história sobre indignação contra a corrupção era uma farsa tosca, o que realmente aconteceu? Digamos que o Brasil viveu nestes últimos meses uma grande expiação, uma espécie de Carnaval macabro de liberação da frustração social que tinha como única finalidade tirar dessa liberação sua potência de transformação real e transformá-la em uma ação espetacular e improdutiva. Como em uma terapia catártica, a frustração social foi expiada por meio da imolação de uma presidenta. E assim tudo pode depois voltar ao normal.

Era claro que o Brasil entrara, desde 2013, em um compasso insuportável de frustração. Haviam prometido ao povo brasileiro que nosso país seria a quinta economia do mundo, que a Copa do Mundo e as Olimpíadas seriam momentos mágicos de aquecimento da economia e reconstituição da infraestrutura de nossas cidades, que estaríamos nadando em dinheiro do pré-sal com 75% destes rendimentos aplicados em educação.
Herculano
20/05/2016 15:42
da série: só são perturbadoras e inaceitáveis as manchas dos outros

A GRANDE EXPIAÇÃO, por Vladimir Saflate, professor de filosofia da USP, para o jornal Folha de S. Paulo

Parte 2

No entanto, o que se viu foram cidades cada vez mais excludentes com preços exorbitantes de imóveis, serviços públicos sucateados, desenvolvimento concentrado e aumento exponencial do endividamento das famílias. Contra isso, o governo Dilma só ofereceu imobilismo e o discurso de que "o Brasil tinha avançado muito, mas precisa avançar mais".

Ninguém precisa ser PhD em psicologia social para perceber a situação explosiva em que nos encontrávamos. Duas saídas eram possíveis.

A primeira era a consolidação de uma dinâmica de transformações sociais radicais por meio da abertura de espaço à emergência de novos sujeitos políticos com clara força de atualização de visões alternativas de desenvolvimento social. Mas isto não ocorreu, a classe política brasileira estava completamente envelhecida para abrir tal espaço, até mesmo as forças oposicionistas eram incapazes de mobilizar alguém em prol de um projeto. Elas só conseguiam mobilizar as pessoas contra algo.

Sobrou então a segunda alternativa, a saber, a simples tradução deste desencantamento generalizado em frustração social bruta, com direito a rituais de expiação e espetáculos de liberação de falas "politicamente incorretas" contra inimigos imaginários. Falas que repetem o mero prazer infantil de enunciar palavras proibidas marchando ao lado de patos gigantes e bonecos infláveis que pareciam saídos de desenhos animados. A temática da corrupção foi apenas a senha para começar esse Carnaval impotente. Seu destino era terminar ali.

Expiada a frustração, sacrificados os inimigos, todos podiam então voltar para casa e se submeter aos mesmos políticos corruptos de sempre, enquanto eles espoliam ainda mais nossos direitos. Assim, a era das panelas em fúria terminou. Agora, a verdadeira era da indignação pode começar.
Sidnei Luis Reinert
20/05/2016 15:13
O PT queria um golpe militar

Brasil 20.05.16 09:11
Só há um grupo verdadeiramente golpista no Brasil: o PT.

O partido queria que o Exército pusesse tanques nas ruas para defender o mandato de Dilma Rousseff.

Na última semana, os dirigentes petistas publicaram a seguinte safadeza:

"Fomos descuidados com a necessidade de reformar o Estado, o que implicaria impedir a sabotagem conservadora nas estruturas de mando da Polícia Federal e do Ministério Público Federal; modificar os currículos das academias militares; promover oficiais com compromisso democrático e nacionalista; fortalecer a ala mais avançada do Itamaraty e redimensionar sensivelmente a distribuição de verbas publicitárias para os monopólios da informação".

O general Rômulo Bini disse ao Estadão que o documento expõe "total desconhecimento de como funcionam as Forças Armadas. Eles queriam militares que abaixassem a cabeça para eles, como se tivéssemos Forças Armadas bolivarianas como na Venezuela? Isso é um absurdo".

Um general quatro estrelas do Alto Comando do Exército, que pediu anonimato, disse à reportagem:

"Isso é uma confissão de tentativa de aparelhamento em vão das Forças Armadas. Estão todos furiosos e incrédulos. Isso é quase uma declaração de guerra a nós. Os petistas queriam que nós fôssemos Forças Armadas bolivarianas, como a da Venezuela ou da Bolívia".

https://www.facebook.com/oantagonista/?fref=ts
Sidnei Luis Reinert
20/05/2016 15:02
Vamos ter de pagar 1,5 trilhão de dívidas da PETR4

De Magno Malta:
18 de maio às 23:44 ·

HOJE FOI DECRETADO O "HOLOCAUSTO ECON?"MICO BRASILEIRO" E PRATICAMENTE NIfNGUÉM FICOU SABENDO
Decisão é uma derrota para a Petrobrás, que está sendo processada nos EUA
Hoje é um dia emblemático para o Brasil, um dia triste e que vai passar em branco para a população, em uma manobra ardilosa do governo para não criar pânico. Acontece que a corte dos EUA autorizou a abertura de processos grupais contra a Petrobras, que arruinou fundos de pensões americanos devido à quebra da empresa pela corrupção e má administração. Os americanos estimam que a corrupção no Brasil gerou um rombo de US$ 28 bilhões o que em reais atinge perto R$ 130 bilhões, alegam também que os balanços foram mentirosos e fraudulentos. Além da corrupção, a má gestão condenou a Petrobras à um atoleiro de dívidas que chegam a R$ 600 bilhões. Com os processos autorizados hoje e as dividas, as indenizações e ressarcimentos podem chegar na casa astronômica dos R$ 1,5 trilhão. Isso vai trazer ainda mais recessão e crise para o Brasil e mais uma vez quem vai pagar será a população, porque para quitar o rombo da Petrobras, o governo terá que aumentar a arrecadação, penalizando ainda mais quem produz e extorquindo ainda mais dinheiro do trabalhador, gerando um empobrecimento para o país que vai repercutir em todos os ramos da economia e, usa a cadeia produtiva.
Via: Estadão
Mais 16 países irão processar a Petrobras.
Repassem está bomba, que o governo corrupto do PT, está tentando esconder para não causar alarde. Esse é o legado que o governo da Dilma e o chefe da facção criminosa PT, Luiz Inácio Lula da Silva, nos deixou.
Nada sobre Ilhota?
20/05/2016 14:52
Herculano, não tem nada sobre Ilhota hoje? Como foi na Câmara de vereadores ontem? Não estava em chamas?
Almir Ilhota, não tem nada para falar hoje? O gato comeu a língua? Melhor você por o rabinho entre as pernas mesmo e ver se cria vergonha na cara, da tamanha mentirada que você fala por aí.
Daleee Daniel Bosi, RUMO A REELEIÇÃO!!! A oposição PIRA KKKKKKK
Sidnei Luis Reinert
20/05/2016 14:26
"A economia brasileira está pior do que eu imaginava" - disse o ministro da Fazenda à Bloomberg.

Déficit beira a 200 Bilhões.

http://www.infomoney.com.br/bloomberg/mercados/noticia/5002062/economia-brasileira-esta-pior-que-imaginava-diz-meirelles

- A sapa com cara de satanás dizia que beirava a 96 bi, mas quem estoca vento bolivariano com a tica e teca sabe contar?
Herculano
20/05/2016 12:25
CARA DE PAU NÃO FALTA AO PT E AO PREFEITO DE GASPAR

A RBS TV de Blumenau, no Jornal de Almoço de hoje, ela mostrou que o prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, promete publicamente e não cumpre. A solitária coluna, está mais uma vez de alma lavada.

No ano passado, no estúdio da emissora, em Blumenau, cobrado, Zuchi garantiu que tinha R$6 milhões aprovados para a infraestrutura do loteamento precário que ele próprio criou para votos e sacrifícios dos moradores das casinhas de plásticos lá na BR 470, no Belchior Baixo, e vingança ao dono do terreno.

Daquele dia da promessa no estúdio para cá? Nada! O jornalismo da RBS revistou o calendário de promessas dos políticos para com as suas comunidades e foi lá cobrá-lo.

E com a maior cara de pau, Zuchi foi lá gravar, justificar, colocar a culpa nos outros e prometer tudo de novo.

E quando vai ficar pronto? Em setembro.

Ou seja, Zuchi jogando, está em plena campanha eleitoral para o PT e seu protegido, o Lovídio Carlos Bertoldi, PT, exatamente o secretário de Obras, e quem deveria ter dado a solução ao problema.

E por aparecer no loteamento às vésperas das eleições, mais uma vez e por causa disso, é que o partido já foi parar na Justiça quando ele se reelegeu prefeito.

Outra. No final do ano passado, o secretário Lovídio, e o secretário do Planejamento (e pau para todas as obras de Zuchi nos seus mandatos), Soly Waltrich Antunes Filho, com vereadores do P`T foram lá no loteamento das casinhas de plástico fazer igual promessa de solução. De verdade, até agora, nada, como comprovou sempre esta coluna e mais uma vez, a RBS.

Na entrevista, os moradores, cansados, escaldados, perderam o medo e lascaram a lenha contra a administração do descaso. Acorda, Gaspar!
Herculano
20/05/2016 11:25
NÃO TEM JEITO. NOVA OPERAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL MIRA EMPRESÁRIO LIGADO A LULA

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Bela Megale, Rubesn Valente e Gabriel Mascarenhas da sucursal de Brasília. A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (20) uma operação para investigar a prática de tráfico de influência envolvendo pessoas ligadas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Estão sendo cumpridos quatro mandados de busca e apreensão e dois de condução coercitiva em Santos (SP).

A Folha apurou que uma das pessoas levadas a depor é Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho da primeira mulher de Lula.

Batizada de "Janus", a operação tem como objetivo verificar se contratos da Odebrecht com uma empresa pertencente a Santos foram utilizados para o pagamento de vantagens indevidas. Segundo a investigação, a empresa, de pequeno porte, foi contratada pela empreiteira para reformar a hidrelétrica Cambambe, em Angola. A obra foi recebeu financiamento de US$ 464 milhões no BNDES.



No ano passado, Santos chegou a ser convocado para depor na CPI do BNDES, suspeito, segundo deputados, de ter integrado a comitiva de Lula em viagens à África e a Cuba.

Na ocasião, deputados do PT protestaram contra a convocação e afirmaram que ele tinha uma relação de parentesco distante com Lula e que não tinha relação com o BNDES.

JANUS

O nome da operação desta sexta é uma referência ao Deus romano Janus (ou Jano) que segundo a mitologia olha ao mesmo tempo para o passado e para o futuro.

A ação é desdobramento de um Procedimento de Investigação Criminal do Ministério Público Federal que pretendia investigar se a construtora Odebrecht teria, entre os anos de 2011 e 2014, pago propina em troca de facilidades em troca de empréstimos do BNDES.

Segundo a revista "Época", o ex-presidente Lula está sendo investigado pela Procuradoria desde o ano passado, suspeito de usar sua influência para facilitar negócios da empreiteira Odebrecht com governos estrangeiros onde a empresa faz obras financiadas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
Redação Cruzeiro do Vale
20/05/2016 09:56
HERCULANO DOMÍCIO E CONVIDADOS FAZEM PALESTRA EM GASPAR

O Jornal Cruzeiro do Vale completa 26 anos de no dia 1º de junho e nada mais justo do que marcar a data com uma palestra sobre liberdade de imprensa. O evento acontece no Auditório da CDL de Gaspar, a partir das 19h, e o assunto será explanado por Herculano Domício, responsável pela coluna Olhando a Maré. O radialista Joel Reinert e o jornalista Sandro Galarça serão os responsáveis pela mediação do bate-papo, que terá também a contribuição dos participantes.

Intitulada 'A imprensa faz diferença na democracia', a palestra tem como objetivo abordar assuntos como política, informação, o papel da imprensa na defesa da comunidade e a construção da democracia. "O Cruzeiro do Vale sempre foi muito isento e parcial em seu conteúdo. Por isso, surgiu a ideia de marcar o aniversário do jornal com uma palestra sobre liberdade de imprensa e democracia. Será um momento de debate de idéias", afirma o diretor do jornal, Gilberto Schmitt.

A palestra será dividida em dois momentos: haverá troca de idéias entre o palestrante e os mediadores e, ao final, os presentes poderão fazer perguntas e expor seus pontos de vida. O evento é destinado a pessoas ligadas a partidos, empresários ou qualquer membro da comunidade antenado aos acontecimentos.
Interessados em participar podem entrar em contato através do telefone 3332-9060 ou do whatsapp 9933-8373. O evento é gratuito e a entrada será feita mediante prévia inscrição.

Redação Cruzeiro do Vale
Herculano
20/05/2016 09:47
O BRASILEIRO CONTINUA PAGANDO CARO PELOS DESMANDOS DO GOVERNO DO PT, PMDB, PP, PSD, PDT, PCdoB, PTB, PR, PRB E OUTROS QUE INCLUSIVE JÁ MUDARAM DE LADO POR CONVENIÊNCIA OU ATÉ, CONVICÇÃO. A MÁ NOTÍCIA DESTA SEXTA-FEIRA: PRÉVIA DA INFLAÇÃO ACELERA A 0,86% E É A MAIOR PARA MAIO EM 20 ANOS

Conteúdo da agência Reuters e do Uol (Folha de S. Paulo). O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor - Amplo 15), considerado uma prévia da inflação oficial (IPCA), voltou a acelerar e ficou em 0,86% em maio. É o maior IPCA-15 para o mês em 20 anos, desde 1996, quando foi de 1,32%.

Em abril, o indicador havia ficado em 0,51%. Em maio do ano passado, foi de 0,6%.

Os dados foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (20). Em 12 meses, o indicador acumula 9,62%.

A prévia da inflação continua acima do limite máximo da meta do governo. O objetivo é manter a alta dos preços em 4,5% ao ano, mas há uma tolerância de dois pontos para mais ou para menos, ou seja, pode variar entre 2,5% e 6,5%.

A inflação oficial no Brasil fechou 2015 em 10,67%, acima do limite máximo da meta. Foi a maior alta de preços anual desde 2002 (12,53%).

Alta no preço dos remédios

O IPCA-15 de maio foi puxado principalmente pelos preços dos remédios, que subiram 6,5%. No início de abril, entrou em vigor uma alta de até 12,5% nos preços dos medicamentos, com reflexo em maio.

Os preços dos alimentos, com grande peso no índice, também influenciaram a prévia da inflação. Os destaques foram a alta no preço da batata-inglesa (+ 29,65%), do feijão carioca (+5,04%) e do leite (+2,82%).

Taxa de água da Sabesp subiu 35,93%

O encerramento da política de bônus, com desconto na conta de quem economizava água na região metropolitana de São Paulo, também impactou a prévia da inflação.

Com o fim dos descontos na conta da Sabesp, a taxa de água e de esgoto na região subiu 35,93%. Em 12 de maio, entrou em vigor um aumento de 8,5% nas contas de água dos municípios atendidos pela empresa.

Em todo o país, a taxa de água e esgoto teve alta de 9,03%.

Passagem aérea fica mais barata

Entre os itens que ficaram mais baratos no início do mês, os destaques são as passagens aéreas (-8,59%) e o etanol (-8,54%).

Perspectivas

A expectativa de economistas é que a inflação recue em direção à meta neste ano e no próximo, mas não de forma rápida o suficiente para que o Banco Central se sinta confortável em baixar a Selic (taxa básica de juros) na próxima reunião, em junho.

De acordo com analistas consultados pelo BC para a pesquisa Focus, a estimativa é que a inflação de 2016 seja de 7%. Para os próximos 12 meses, a projeção de inflação divulgada na última segunda-feira (16) caiu de 6,15% para 6,09%. Em relação a 2017, os economistas também reduziram a previsão para a inflação, de 5,62% para 5,50%.

Metodologia

O IPCA-15 refere-se às famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia.

A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, considerada a inflação oficial; a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.
Herculano
20/05/2016 08:56
A NOVA POLÍTICA EXTERNA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Os aplausos dos diplomatas durante o discurso de posse de José Serra no Ministério das Relações Exteriores dão bem a dimensão do alívio sentido no Itamaraty pelo fim da ingerência lulopetista. A promessa de retomada da diplomacia profissional - isto é, assentada nos interesses nacionais, e não nos objetivos de um partido político ?" devolve ânimo a um setor crucial para o desenvolvimento do País, que a companheirada havia reduzido a um mero puxadinho do PT.

Nos 15 minutos em que delineou as novas diretrizes da política externa, Serra deixou claro o que estava ficando para trás. "A diplomacia voltará a refletir de modo transparente e intransigente os legítimos valores da sociedade brasileira e os interesses de sua economia, a serviço do Brasil como um todo e não mais das conveniências e preferências ideológicas de um partido e de seus aliados no exterior", disse o chanceler. Foi uma clara referência à opção preferencial dos governos petistas de se alinhar a parceiros da esquerda terceiro-mundista latino-americana, sem que isso representasse nenhum ganho efetivo.

Ao contrário, o Brasil perdeu oportunidades de fazer bons negócios na última década porque se viu preso a compromissos ideológicos que manietaram sua diplomacia.

A nova etapa inaugurada agora prevê, segundo Serra, o abandono da obsessiva visão multilateralista das relações comerciais, privilegiando os acordos bilaterais. "O multilateralismo que não aconteceu prejudicou o bilateralismo que aconteceu em todo o mundo. Quase todo mundo investiu nessa multiplicação, menos nós. Precisamos e vamos vencer esse atraso e recuperar oportunidades perdidas", destacou Serra, para quem o comércio exterior estará no centro das preocupações do Itamaraty, em sintonia com a política econômica.

Essa nova abordagem, disse o chanceler, prioriza a relação com a Argentina, principal parceiro comercial do Brasil na América Latina. Não se trata de ignorar o Mercosul - cujas travas, muitas delas de caráter ideológico, representaram intolerável atraso comercial para o Brasil ?", mas sim de aproveitar o fato de que a Argentina está sob nova direção, muito mais aberta a negociações comerciais.

Quanto ao Mercosul, Serra disse que é preciso "fortalecê-lo" e "construir pontes, em vez de aprofundar diferenças, em relação à Aliança do Pacífico", bloco formado por Chile, Peru e Colômbia, muito mais dinâmico do que o Mercosul.

Serra sinalizou ainda que reavaliará as chamadas relações Sul-Sul, talvez a principal marca da estratégia diplomática do lulopetismo, cujo objetivo era demonstrar que as economias em desenvolvimento poderiam, se unidas, romper a hegemonia comercial e geopolítica do "Norte", isto é, dos Estados Unidos e da Europa. Serra anunciou a ampliação dos negócios com os americanos e os europeus, "parceiros tradicionais", disse que é "prioritária" a relação com a China e garantiu a continuidade do intercâmbio com a África, mas com investimentos concretos, e não apenas como obrigação derivada de laços culturais e históricos. "Essa é a estratégia Sul-Sul correta, não a que chegou a ser praticada com finalidades publicitárias, escassos benefícios econômicos e grandes investimentos diplomáticos", afirmou Serra.

O novo chanceler também foi muito aplaudido ao dizer que trabalhará pela recuperação das finanças do Itamaraty. A megalomaníaca passagem do lulopetismo por lá, com a abertura indiscriminada de embaixadas mundo afora, especialmente em lugares com escasso interesse comercial para o Brasil, resultou não na almejada vaga no Conselho de Segurança da ONU, mas em um brutal esgotamento dos recursos disponíveis e em crescente desmoralização. O País não apenas passou a atrasar o pagamento de suas contribuições para organismos internacionais, como deixou de quitar até mesmo as contas de luz de embaixadas.

Espera-se que agora, apesar das dificuldades, o Itamaraty tenha condições objetivas para recuperar sua excelência e, como prometeu Serra, exercer plenamente sua capacidade de ação, tão necessária ao País.
Herculano
20/05/2016 08:52
NOVOS RUMOS, por Miriam Leitão, para o jornal O Globo

O Itamaraty pode ter uma importante correção de rumo se o ministro das Relações Exteriores, José Serra, seguir o que disse no seu discurso de posse: ter uma diplomacia de Estado e não de governo ou partido. Uma das ideias de Serra é criar um Conselho de Política Externa e chamar para integrá-lo algumas mentes brilhantes de embaixadores que deixaram a ativa.

Serra me disse numa entrevista logo após a posse, na quarta-feira, que a nota crítica aos países bolivarianos foi necessária para corrigir a interpretação que estava sendo defendida por países da região, e associações de países, a respeito dos acontecimentos políticos no Brasil. Quando perguntei sobre o fato de que a tese de que houve um golpe no Brasil foi aceita por alguns jornais estrangeiros e tem sido motivo de manifestações como a de artistas em Cannes, ele disse que, como "a ideia não está fundamentada, pouco a pouco vai passar".

O melhor no caso dos países vizinhos, com os quais o governo passado cultivava afinidades ideológicas a ponto de distorcer princípios caros da diplomacia brasileira, é que se consiga trabalhar as relações permanentes, sem hostilizá-los pelos governos que têm. Só assim será possível corrigir o rumo e fazer uma política externa de país e não de um governo ou um partido. O mais difícil dos testes será a Venezuela. O governo Nicolás Maduro está se movendo cada vez mais para a ilegalidade e para o caos econômico.

Outra mudança será no comércio exterior. Serra disse que o assunto será tratado em várias frentes do governo e não apenas no Itamaraty, mas quer um diplomata com experiência para dirigir a Apex. Sua orientação é a de buscar acordos bilaterais:

?" O governo anterior apostou tudo no multilateralismo e mesmo os países ultraliberais em comércio, como os Estados Unidos, firmaram acordos bilaterais.

O debate entre essas duas vertentes só se resolve, na verdade, se houver uma ação dupla. A OMC fracassou em Doha e o erro dos governos Lula e Dilma foi esperar demais por essa negociação. Mas a OMC tem conseguido fechar acordos setoriais importantes nos quais o Brasil precisa estar, como o da área agrícola. Por outro lado, o grande erro foi, como disse o ministro Serra, abandonar os esforços pelos tratados bilaterais. Serra disse que já determinou que se busque os caminhos para uma negociação com o Irã:

- O Irã está se abrindo ao mundo e tem um potencial de importação de US$ 80 bilhões.

Quando ministro da Saúde, Serra tentou fazer um acordo com a Índia, de onde importou um grande volume de medicamentos ao implantar a política dos genéricos. Na época, foi informado que a negociação entre Brasil e Índia só poderia ser realizada se houvesse a concordância dos parceiros do Mercosul.

Serra sempre foi crítico do Mercosul, porque ele acha que tem impedido que o Brasil negocie outros acordos. Perguntei se como ministro continuaria crítico do bloco. Ele preferiu dar uma resposta ao estilo do Itamaraty. Disse que aposta na imaginação dos diplomatas brasileiros para encontrar uma saída para o desafio de manter o Mercosul e encontrar formas de viabilizar acordos comerciais. Aliás, a primeira viagem internacional do novo ministro será exatamente à Argentina.

Não faltarão problemas ao ministro das Relações Exteriores, um deles, bem doméstico:

- O governo Dilma fez um corte desproporcional no Itamaraty. Os embaixadores estão com quatro meses de atraso de auxílio moradia. Nós estamos com risco de não poder votar em algumas organizações que fazemos parte por causa dos atrasos nas mensalidades que temos que pagar.

A isso se referia quando disse, no discurso, que tiraria o Itamaraty da "penúria". A crise fiscal do Brasil é tão grave que está difícil tirar qualquer ministério da penúria, mas o governo anterior vivia a contradição de querer ser membro do Conselho de Segurança da ONU e atrasar a anuidade da ONU.

No seu discurso de posse, Serra definiu algumas diretrizes. Entre elas, fortalecer o Itamaraty. Nos governos petistas, o Itamaraty viveu dois insultos. O ostracismo de brilhantes diplomatas e a subordinação do Ministério ao ex-secretário Marco Aurélio Garcia. O Itamaraty precisa reencontrar o veio natural de uma política externa que defenda o país e não um partido.
Herculano
20/05/2016 08:44
O MUNDO POP DO GOLPE, por Eliane Cantanhede, para o jornal O Estado de S. Paulo

O "exército do Stédile" estava perdendo a guerra da opinião pública e os que ainda insistem em falar em "golpe" trocaram os carimbados MST, CUT, UNE e MTST por uma tropa de elite: os artistas, que se misturam às mocinhas bonitas da classe média alta de Rio e São Paulo que ilustram as manifestações da Avenida Paulista e as capas dos jornais.

Como a turma do vermelho é a minoria da minoria, a estratégia petista é usar a transformação do Ministério da Cultura em Secretaria como pretexto para mobilizar os aliados do ambiente artístico, que acham chiquérrimo ser "de esquerda" e, a partir disso, defendem qualquer coisa.

Os "movimentos sociais" dividem, mas o PT acha que esse "mundo pop" soma. É assim que artistas e assemelhados invadem prédios da área de Cultura, para ganhar espaço nas TVs e atrair simpatias entre os que não entenderam nada das pedaladas fiscais e caem na história do "golpe".

Se ainda há dúvidas sobre por que Dilma Rousseff foi afastada, basta olhar o rombo das contas públicas: o governo dela admitia que era mais de R$ 90 bilhões e Henrique Meirelles e equipe - aliás, excelente equipe ?" já trabalham com quase R$ 200 bilhões. R$ 200 bi!

As pedaladas foram exatamente isso: Dilma gastou o que tinha e o que não tinha e, mesmo depois de estourar o Orçamento, continuou contraindo mais dívida, inclusive sem permissão do Congresso. Ou seja: ela "pedalou" para esconder o rombo, para continuar gastando mais e mais em políticas populistas e para se reeleger. É ou não crime de responsabilidade?

Aliás, há quem diga, principalmente nas Forças Armadas e na diplomacia, que um outro crime de responsabilidade de Dilma foi, e é, insistir na história do "golpe" no exterior. Para parlamentares, isso configura calúnia e difamações contra as instituições brasileiras: o Supremo, a Câmara e o Senado. Sem falar nos ataques do PT ao MP, à PF e à mídia, pilares da democracia.

Se faltava cutucar os militares, não falta mais, depois da Resolução do Diretório Nacional sobre Conjuntura em que os petistas lamentam terem aproveitado os tempos de poder para modificar os currículos das academias militares e promover oficiais "com compromisso democrático e nacionalista". Por em dúvida o compromisso democrático e até o nacionalismo de generais, almirantes e brigadeiros é um insulto às Forças Armadas.

Apesar de as três Forças terem mantido silêncio e distância da crise política, econômica e ética, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, não resistiu. Ontem, ele me disse que, com coisas assim, o PT está agindo como nas décadas de 1960 e 1970, aproximando-se do "bolivarianismo" de Cuba e Venezuela e "plantando o antipetismo no Exército". Essa declaração de um comandante militar, convenhamos, não é trivial.

No próprio plano externo, a tese do golpe está ficando restrita aos próprios "bolivarianos". Os Estados Unidos já se manifestaram em sentido contrário na Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Argentina e o Paraguai, entre outros, abortaram ameaças conjuntas contra o Brasil. Venezuela e seus seguidores podem ficar falando sozinhos.

Nicolás Maduro diz que há um golpe no Brasil, mas ele é que está na mira da OEA. O diretor-geral da organização, Luis Almagro, o chamou de "ditadorzinho". Maduro reagiu dizendo que ele é "agente da Cia". E, como Almagro foi chanceler do Uruguai, o ex-presidente Mujica tomou as dores: "Maduro está louco como uma cabra".

Temos, pois, que Dilma anda mal de defensores. Os artistas farão manifestações inconsequentes internamente e Maduro tem de se preocupar mais com ele e com a OEA do que com o Brasil, enquanto Michel Temer toureia um Congresso rebelde e Henrique Meirelles tenta descobrir o tamanho do rombo e o fundo de um poço que parece não ter fim.
Herculano
20/05/2016 08:37
CUNHA IMPÕE A TEMER O MESMO CERCO PARLAMENTAR QUE ASFIXIOU GESTAO DILMA, por Josias de Souza

Michel Temer imagina estar lutando por um lugar na história. Mas, por ora, cuida mesmo é da unidade dos partidos ditos aliados, que querem apenas as benesses do poder, não um bom verbete na enciclopédia. Filiado ao mesmo PMDB de Temer, Eduardo Cunha dedica-se a dificultar-lhe a vida. Repete agora a mesma estratégia que utilizara para sitiar a gestão de Dilma Rousseff na Câmara.

Afastado do mandato pelo STF, Cunha reuniu na última terça-feira (17), na residência oficial da Câmara, líderes dos partidos que integram sua infantaria parlamentar. Para elevar o poder de barganha, os comensais de Cunha decidiram se juntar num megabloco partidário. Têm potencial para colocar 225 votos no plenário. Juntando-se aos 66 deputados do PMDB, roçam os 300 votos.

Em fevereiro de 2014, quando ainda era apenas líder da bancada do PMDB, Eduardo Cunha formara um aglomerado partidário semelhante para cercar a gestão Dilma. A diferença está no nome. Há dois anos, o ajuntamento foi batizado de "blocão". Hoje, chama-se "centrão". Age com a mesma sutileza de elefante. O ato inaugural do grupo foi atravessar na traqueia de Temer um deputado indigesto: André Moura (PSC-SE).

Apinhado de deputados do baixíssimo clero, o centrão exigiu que Moura fosse nomeado por Temer líder do governo na Câmara. Ameaçou rebelar-se se o Planalto insistisse em entregar o posto para o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), como pretendia. Temer e seus operadores piscaram. A despeito de o preferido de Cunha arrastar correntes em oito processo no STF - de improbidade até uma tentativa de homicídio - Moura foi acomodado no posto de líder.

O grupo tem a grandeza da vista curta e é movido a interesses mesquinhos. Integram-no partidos que apoiaram os governos petistas e traíram Dilma no impeachment - legendas como PP, PR, PSD, PRB, PSC, PTB, SD, PHS, PROS, PSL, PTN, PEN? Isolados, piam pouco. Juntos, gritam muito. Sob Dilma, deixaram PT e PCdoB falando sozinhos no plenário. Agora, tentam impedir que PSDB, DEM e PPS, recém-embarcados no ônibus governista, reivindiquem assentos na janelinha.
Herculano
20/05/2016 08:16
SEM IMPOSTO, NÃO VAI DAR, por Vinicius Torres Freire, para o jornal Folha de S. Paulo

Dá pra entender um tanto do pânico dos economistas que acabam de chegar ao governo. A arrecadação continua a diminuir em ritmo cada vez mais rápido, mês a mês, soube-se nesta quinta (19), pela Receita.

Ainda assim, parecem espantosas as novas previsões de deficit das contas federais para este ano, que sobem a cada dia de Michel Temer. Começaram na casa de R$ 120 bilhões. Nesta quinta, estavam "perto de R$ 180 bilhões", segundo o pessoal do governo.

Isso é um deficit 90% maior que o previsto pelo governo de Dilma Rousseff. Equivale a um deficit primário de uns 2,9% do PIB. Se a revisão se confirmar, seria um repeteco de Grécia 2010 em termos de imprevisão do descalabro.

De mais preciso sabe-se que a receita caiu 7,4% em termos anuais, nos 12 meses até abril. Em janeiro, baixava ao ritmo de 5,8%. Em um ano, evaporaram cerca de R$ 102 bilhões. Todas as contas estão em termos reais: descontada a inflação.

No chute informado do governo dos últimos dias de Dilma e de muito economista do setor privado, a receita cairia de 3% a 5% ao fim deste ano. Otimismo.

Com R$ 102 bilhões dá para pagar mais de três anos e meio de Bolsa Família. É dinheiro bastante para cobrir um ano de deficit da Previdência dos trabalhadores do setor privado.

Ressalte-se que a receita líquida do governo federal não anda no mesmo ritmo da arrecadação: entram mais alguns dinheiros, saem outros. Mas o andar geral da carruagem é na direção do precipício.

A receita cai cada vez mais rápido mesmo com as tentativas de elevar a arrecadação, medidas baixadas no ano passado. Algumas desonerações (reduções) de impostos não estão funcionando.

Tanto faz a alíquota, as empresas não faturam ou, em muitos casos, preferem adiar o acerto de contas com a Receita. Não pagar imposto é muitíssimo mais barato do que pegar dinheiro emprestado no banco para fechar as contas.

Trata-se de alerta para quem imagina que será possível cobrir rombos com o fim das desonerações ?"algum se pode arrecadar, mas não grande coisa. Por vezes, simplesmente não há faturamento para pagar tributo.

Outros devaneios, passados e presentes, como fazer dinheiro com a Cide, se frustraram. O "imposto da gasolina" rendeu até agora, neste ano, R$ 1,9 bilhão ?"extrapolando, não dá R$ 6 bilhões por ano. No ano passado, esperava-se fazer uns R$ 12 bilhões anuais com esse tributo. Mesmo que a cobrança fique mais pesada neste ano ou no próximo, a receita faria apenas coceira no deficit monstruoso.

Até março, o deficit anual do governo federal estava em 2,3% do PIB. Mas aí está embutida a despesa extraordinária do pagamento das pedaladas, que o governo foi obrigado a fazer em dezembro.

Sem isso, o deficit estaria em 1,3% do PIB. Como o deficit chegaria a 2,9% do PIB, mais quase R$ 96 bilhões, até o final do ano, como vai chutando o governo Temer?

Afora a necessidade óbvia de enfim acertar e explicitar as contas depois da bagunça Dilma Rousseff, o número importa para se saber do futuro. Quer dizer, o quanto é possível esperar de deficit "normal", recorrente, sem esqueletos no armário. De qualquer modo, parece quase impossível atravessar esse desastre fiscal sem um aumento brabo de impostos.
Herculano
20/05/2016 08:11
TEMER EM 7 DIAS, ACERTOS E ERROS, por Reinaldo Azevedo, de Veja

Michel Temer está há uma semana à frente do governo. Há menos turbulência do que eu imaginava. Mas também há mais erros do que recomenda a prudência. Já chego lá. Antes, terei de voltar à cartilha.

Não! A legalidade e a legitimidade da posse e do exercício do mandato de Temer não são matéria de gosto, de opinião, de lado e outro lado, de pluralidade. Ou bem se acatam a Constituição e a lei ou bem não. Se não, há dois caminhos. Um deles é a luta política para mudar os diplomas legais; o outro é a luta armada.

O nhe-nhe-nhem supostamente antigolpista não é uma das vozes da pluralidade, mas o eco de um atraso, próprio de quem repudia a democracia. Agora ao ponto.

Temer acertou no essencial, e o melhor, nesses poucos dias, foi seu discurso inaugural. Ouviu-se de novo a voz da institucionalidade, não de uma facção, como virou regra nos últimos 13 anos e pouco.

O presidente levou para o primeiro plano da política o rombo nas contas públicas - e é obrigatório que faça um pronunciamento à nação dando o estado das artes -, a necessidade de empreender reformas, especialmente a da Previdência, e acena com privatizações. No Itamaraty, José Serra evidenciou a guinada em favor da racionalidade.

Mas também se errou mais do que o razoável. A transformação do Ministério da Cultura numa divisão do MEC, ainda que se aumentem os recursos para o setor, foi a crônica do berreiro anunciado. Antevi, em texto, a balbúrdia. Adverti. Artistas atraem holofotes. É da profissão.

Boa parte dos políticos brasileiros vive na era pré-redes sociais. Eles ainda não se acostumaram à velocidade dos fatos e dos boatos que viram fatos. Uma fala, um deslize, um pensamento solto... E o mal está feito.

Por que diabos Ricardo Barros, ministro da Saúde, tem de dizer que acha o SUS muito grande se, efetivamente, não há e não haverá em prazo alcançável a olho nu proposta para encolhê-lo? O que vislumbra quando afirma que pretende debater com a Igreja a questão do aborto, esgrimindo números que são escandalosamente falsos a respeito?

As considerações do experiente Henrique Meirelles (Fazenda) sobre a idade mínima para a aposentadoria faziam sentido num tempo em que governos lançavam balões de ensaio para testar a reação da opinião pública, que demorava até se plasmar numa opinião. Hoje, a especulação é logo tomada por uma intenção, e, antes que o governo possa respirar, vê-se obrigado a recuar da decisão que nem tomou.

Por mais conciliador que seja Temer, e isso é bom, é evidente que não pode permitir que alguém com a biografia de André Moura (PSC-SE) seja líder do governo na Câmara. A rigor, esse senhor tem é folha corrida: réu em três ações penais no STF, investigado em três inquéritos - um deles sobre tentativa de homicídio - e condenação por improbidade administrativa em Sergipe. Se o tal "centrão" veio com o fato consumado, eis uma boa hora de dizer "não".

André Moura não pode ser o representante na Câmara de um governo que só se instalou porque a titular do que caiu cometeu crime de responsabilidade. É uma questão de... responsabilidade! E não me venham com a história de que a política é a arte do possível. Se Moura é o possível, melhor a gente brincar de outra coisa.

Urge que Temer imponha o silêncio obsequioso aos ministros, que só poderão falar sobre decisões já tomadas. E também tem de deixar claro que não será refém daquelas forças com as quais sua antecessora não conseguia nem governar nem romper.
Herculano
20/05/2016 08:04
GARÇOM DEMITIDO NO PLANALTO ERA ESPIÃO DE DILMA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Um garçom lotado no Palácio do Planalto foi demitido após ser flagrado relatando a assessores da presidente afastada Dilma Rousseff detalhes da primeira reunião ministerial do novo governo. A reunião, realizada sexta (13), foi convocada pelo presidente Michel Temer para definir diretrizes. Altas fontes da Presidência da República confirmam que o espião a serviço de Dilma foi flagrado pela segurança presidencial.

SERVIÇO DEMORADO
Seguranças notaram que o garçom demorava demais servindo água e café no "salão oval", onde os ministros discutiam a portas fechadas.

FLAGRANTE DELITO
Discretamente, um dos seguranças do presidente Michel Temer seguiu o garçom, até flagrá-lo relatando pormenores do que ouviu na reunião.

DISPENSA IMEDIATA
Tão logo a nova administração palaciana tomou conhecimento do flagrante, o garçom foi dispensado e devolvido ao órgão de origem.

BISBILHOTICES
Alguns garçons arapongas, lotados no Planalto, são treinados pela inteligência do próprio governo para ouvir conversas no trabalho.

DETRAN-DF DESAFIA STF E VAI USAR ARMA DE CHOQUE
O Detran-DF deve achar que uma "instrução normativa" assinada pelo seu diretor vale mais que uma decisão do Supremo Tribunal Federal: autorizou seus agentes, burocratas que prestaram concurso de fiscal do trânsito, a usar pistolas de choque, como as que mataram um brasileiro na Austrália. Na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 1182/03, o STF decidiu que Detran não é órgão de segurança pública e, portanto, seus agentes devem ser proibidos de usar armas.

DETRAN NÃO É POLÍCIA
O STF decidiu que estados devem seguir o modelo federal do Art. 144 da Constituição: polícia é rodoviária, ferroviária, federal, civil ou militar.

OLHA O NÍVEL
No DF, o Detran ser "órgão de segurança", contrariando o art. 144 da Constituição, virou pauta de reivindicação de sindicato.

OAB É CONTRA
Citando a Carta Magna, a Comissão de Assuntos Constitucionais da OAB-DF já se manifestou contra uso de armas por servidor do Detran.

CONTRIBUINTE GOLPEADO
O projeto Santander Cultural recebeu em 2014 R$ 13,8 milhões, via Lei Rouanet. Pobre contribuinte brasileiro, financiando atividade cultural de um dos maiores bancos do mundo. E nem pode reclamar de "golpe".

ARTE DO ARTISTA
O diretor de teatro Aderbal Freire-Filho tem o direito de ser governista, de difundir a lorota do "golpe" e de achar o Ministério da Cultura o máximo. Ele faturava R$ 91 mil por mês em programa de audiência raquítica, na TV do governo, e captou via Lei Rouanet R$ 2.221.090,00.

CUSTO DILMA
O rombo a ser anunciado pelo ministro Henrique Meirelles (Fazenda) deve ultrapassar os R$ 160 bilhões. O senador José Agripino (DEM-RN) é menos otimista: ele acha que chega aos R$ 200 bilhões.

ÚLTIMOS DETALHES
Michel Temer avalia falar em rede de rádio e TV. Deveria ser avisado que o seu "raio-x da economia" repercutirá menos que o barulho de meia dúzia de panelas de ex-ocupantes de cargos no governo Dilma.

PRAZO DE VALIDADE
Deputados federais do Rio se movimentam para influenciar na escolha do substituto do secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame. Duvidam que ele dure muito após as Olimpíadas.

SALVE-SE SE PUDER
O líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), tenta salvar o mandato de Eduardo Cunha. Em reunião para definir a pauta de interesses do governo, ele tentar sensibilizar os líderes partidários à sua causa afirmando que Cunha "fortaleceu a Câmara" na era petista.

BB POUPADO
Michel Temer avisa aos representantes partidários que o Banco do Brasil ficará de fora das indicações políticas. É crescente a romaria de parlamentares que tentam emplacar um nome na presidência do BB.

TOME TENTO, DEPUTADO
O ainda presidente da Câmara, Waldir Maranhão, reluta em renunciar, mas foi advertido: os aliados de Michel Temer derrubaram Dilma, e com certeza não terão a menor dificuldade de fazer o mesmo com ele.

NUNCA ANTES, NA HIST?"RIA
Sem indicações políticas, como Temer prometeu, o próximo passo de Pedro Parente será levar a Petrobras a explorar petróleo na lua.
Herculano
20/05/2016 07:49
AS VERDADES DE CUNHA, por Bernardo Mello Franco, para o jornal Folha de S. Paulo

Com o broche de deputado na lapela, apesar de estar com o mandato suspenso por decisão do Supremo Tribunal Federal, Eduardo Cunha voltou nesta quinta (19) à Câmara para falar ao Conselho de Ética.

Em quase sete horas de depoimento, ele negou ter mentido aos colegas, negou ter recebido propina, negou ter contas no exterior e negou que esteja dando as cartas no governo Michel Temer. A sessão terminou antes que negasse o próprio nome.

"Eu não tenho conta no exterior", iniciou Cunha, ignorando tudo o que já foi revelado por procuradores do Brasil e da Suíça. O relator perguntou por que o nome da mãe dele era a senha registrada em formulários do banco Julius Baer. "Não é minha autoria. Não é minha letra", respondeu, sem mover um músculo da face.

E por que o lobista João Henriques, preso na Lava Jato, disse ter transferido US$ 1 milhão para sua conta na Suíça?, questionou um deputado. "Isso não faz parte da representação", desconversou Cunha.

O peemedebista insistiu na versão de que os milhões na Suíça não são dele, e sim de um trust. "O trust não tem dono, não é conta, não é investimento, não é patrimônio. O trust é uma benção!", ironizou o deputado Sandro Alex, do PSD. "Não existe bênção", respondeu Cunha, dono de uma empresa chamada Jesus.com.

"Se o dinheiro dessa conta compra um vinho de US$ 1.000, eu pergunto: Quem bebe o vinho, o senhor ou o trust?", perguntou Júlio Delgado, do PSB. O depoente fingiu não ouvir.

Em meio a tantas negativas, Cunha também ajudou a deixar algumas coisas mais explícitas. Depois de emplacar uma série de aliados no governo Temer, ele disse não ser responsável por nenhuma nomeação.

"Não tem um alfinete indicado neste governo por Eduardo Cunha", afirmou, falando de si mesmo na terceira pessoa. "Eu não indiquei nem indico ninguém. Mas se eu o tivesse feito, eu teria legitimidade, porque é o meu partido que está no poder", disse. Será que agora ficou claro?
Herculano
20/05/2016 07:36
reeditado de ontem às 18.42

MORRE O PROFESSOR E EX-PREFEITO FRANCISCO HOSTINS

O professor, ex-secretário de Educação no governo do ex-prefeito Bernardo Leonardo Spengler, o Nadinho, PMDB, já falecido, e ex-prefeito Francisco Hostins, faleceu ontem a tarde em Gaspar.

Eleito pelo Partido Democrata Cristão, PDC, Francisco Hostins governou de 1989 a 1992. Ele sucedeu a Tarcísio Deschamps, que também já faleceu. Ambos eram do mesmo partido do que é hoje o PP. Hostins trocou na última hora para ser candidato a prefeito num convite feito pelo ex-deputado estadual, ex-presidente da Acig, ex-presidente da Facisc, e ex-executivo de finanças da antiga Ceval, Francisco Mastella.

A eleição de Francisco Hostins marcou uma mudança na gestão de Gaspar que teve nos dois primeiros anos a ajuda de profissionais habituados com a administração empresarial. Depois ele rompeu com este grupo apartidário e se aliou ao PMDB.

Hostins pegou um município com problemas graves de caixa e manutenção. E com a equipe de profissionais, livres de políticos, somada a relação do grupo de Mastella no meio empresarial local e político estadual, deu solução aos mesmos num espaço relativamente curto.

Teve como vice-prefeito o empresário e representante do hoje distrito de Belchior, Mário Siementecosky, cunhado de outro político do Belchior, mas identificado com Blumenau, Wilson Rogério Wan Dall, que viria a ser mais tarde deputado estadual e hoje é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Divergiu com o vice por questões administrativas.

As principais obras de Francisco Hostins foram a construção do prédio da Escola Básica Norma Mônica Sabel, de outras quatro escolas, duas creches e postos de saúde; pavimentação de praças e ruas; ampliação de estradas e construção de pontes de concreto no interior; aquisição da patrulha mecanizada para a agricultura e a primeira ambulância; e aquisição de área onde foi construído o Fórum.

Depois da sua gestão, os prefeitos que o sucedeu tiveram dificuldades de realizar transformações tão rápidas nas suas administrações para os gasparenses. Isto sempre se deveu a preferência dele nos primeiros dois anos por profissionais executivos ou especialistas no lugar de políticos, sem experiência de gestão e resultados.

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