Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

18/03/2016

Ilhota em chamas. Na foto, o ônibus do transporte de estudantes que quebrou a barra de direção (veja a roda da frente) e só parou batendo no barranco. Havia crianças. Além do susto e leves ferimentos, o retrato da falta de atenção (ônibus lotados) e agora manutenção comprometida no governo de Daniel Christian Bosi, PSD. O acidente aconteceu na localidade de Minas.

 

COVA ABERTA I
No dia do aniversário de emancipação de Gaspar, mais um retrato de que é preciso mudar muito. Há pouco a comemorar por aqui. O Tribunal de Justiça acaba de decretar a indisponibilidade dos bens, até o limite de 50 vezes do valor da remuneração percebida à época dos fatos do ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, sem partido; do atual prefeito, Pedro Celso Zuchi, PT; de seus auxiliares, Soly Waltrick Antunes Filho, secretário de Planejamento, Michael Zimmermann, ex-secretário de Administração e Finanças; Peterson Correia, Jefferson Correia e José Artur Benacci. E para a empresa Say Muller Serviços e seus sócios Arnaldo Muller e Arnaldo Muller Júnior, até o limite de duas vezes o que pediu de ressarcimento o MP por suposto dano ao patrimônio público municipal apurado em R$1.784.135,25. Esta indisponibilidade atende a um pedido da promotora Chimelly Louise de Resenes Marcon, que cuida da moralidade pública na Comarca.

COVA ABERTA II
A decisão do Tribunal foi relatada pelo desembargador substituto Luiz Zanelatto, no agravo de instrumento que o MP interpôs, depois de ver por duas vezes o pleito não ser atendido na 1ª Vara de Gaspar. O robusto processo de 1.500 páginas demorou anos para ser fundamentado. Ele mostra em detalhes como um contrato não foi cumprido e como a população pagou por algo que não tinha a obrigação de pagar no uso do Cemitério Público de Gaspar. Começou no governo de Adilson, ex-PMDB, PSB e PPS, que contratou a empresa por licitação e terminou sendo “sepultado” e de onde cresceram a anomalia devido à aproximação, pelo atual prefeito Zuchi. Um dos pedidos negados aqui e também pelo Tribunal foi a retirada do cargo de Zuchi e seus auxiliares. Zanelato considerou que há um acervo probatório robusto e que os indiciados não poderiam mais comprometer a coleta ou destruição provas, bem como exercer pressão, em função do cargo, para modificar depoimentos. Escaparam.

COVA ABERTA III
Este trabalho é um dos inúmeros feitos pela promotora Chimelly e que a coloca como alvo principal do poder político de plantão, envolvido nas denúncias que fundamenta por inquéritos. As pressões sobre o trabalho dela trouxeram até a corregedoria para Gaspar. E o PT comemorou como um indício de ficar livre da promotora, como comemorou com a saída da juíza Ana Paula Amaro da Silveira. Resumindo, este caso da limpeza e manutenção do cemitério, também expõe a cova de um fantasma: a nebulosa criação e relação da Say Muller (e seus agregados) com a administração do PT de Pedro Celso Zuchi, Lovídio Carlos Bertoldi e o Samae, para a coleta e destinação de lixo urbano, intencionalmente de forma provisória, mas que acabou ficando definitiva, tudo para combater a Recicle, de Brusque, a quem supostamente alegavam ter dúvidas.

COVA ABERTA IV
Este espaço é pequeno para explicitar um caso tão complexo e principalmente ardiloso. Ele foi por gente que entende e sabe o que está fazendo ou escondendo. Então convido os leitores e leitoras para acessarem a área de comentários da coluna no portal Cruzeiro do Vale, o mais acessado e atualizado. E lá o caso estará mais explícito, assim como os argumentos do desembargador para a sua decisão. O contrato de zeladoria e vigilância do cemitério foi feito em 2006, quando Adilson era prefeito. Escreveu Zanelato: “Sucede ter havido a apuração de que a empresa Say Muller Serviços Ltda, através de seus representantes legal e de fato, Arnaldo Muller Júnior e Arnaldo Muller, este sendo sócio administrador da empresa Expansão Serviços, durante anos, realizaram cobranças indevidas da população de Gaspar, exigindo vultosas quantias pelo uso de bens públicos, como é o caso da Casa Mortuária, pela reserva de locais para sepultamento de pessoas no cemitério municipal, além de se apropriar de serviços como sepultamento, exumações, venda de sepulturas, dentre outros serviços totalmente destoantes do contrato administrativo originalmente firmado, conforme amplamente comprovado pelos documentos”

COVA ABERTA V
“Em suma”, salienta Zanelato, “Say Muller Serviços Ltda, Arnaldo Muller Junior e Arnaldo Muller valeram-se da condição de prestadoras do serviço de limpeza e manutenção para lucrar com atividade eminentemente privada sobre os bens da municipalidade. Diante das denúncias ocorridas na época, o Prefeito Pedro Celso Zuchi, em 03/02/2012, instaurou inquérito administrativo para apuração dos fatos. No entanto, apesar de acolher o relatório da comissão no sentido de reconhecer as ilegalidades cometidas pela empresa contratada, aplicando as sanções previstas na Lei nº 8.666/93, o Chefe do Executivo decidiu arquivar o inquérito, sob o argumento de que o contrato administrativo foi extinto em 21/12/2011, ou seja, antes da conclusão do inquérito, em 26/04/2012”. Uau!

COVA ABERTA VI
“Ocorre que, poucos meses antes da data do julgamento, foi instaurada nova licitação para contratação de prestadora dos serviços de zeladoria e portaria dos cemitérios municipais, manutenção da casa mortuária, sepultamento e construção de carneiras e, de maneira espantosa, o procedimento foi manifestamente direcionado para que o objeto fosse adjudicado pela mesma empresa Say Muller Serviços Ltda. Registre-se que na sessão de julgamento (07/03/2012) só estavam presentes dois representantes legais das empresas licitantes, sendo eles Arnaldo Muller, pela Luiz Orival de Souza ME, e Arnaldo Muller Junior, por Say Muller Serviços Ltda. EPP. Deve ser salientado que houve a efetiva participação de Soly Waltrick Antunes Filho, Michael Zimmermann, Peterson Corrêa, Jeferson Debus, José Artur Benaci e do Prefeito Pedro Celso Zuchi neste novo processo licitatório, sendo que eram fatos notórios na cidade as denúncias contra a empresa licitante. Aliás, Jeferson Debus fez parte da Comissão Especial que conduziu o inquérito administrativo nº 01/2012”. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Andreia Symone Zimmermann Nagel, então no DEM, deveria ser eleita presidente da Câmara para a legislatura de 2015. O PT, diante da fiscalização e oposição, cortou o barato. E unido com o PMDB elegeu mais uma vez José Hilário Melato, PP, e que participou ativamente da trama. O discurso de Andreia foi memorável. Surpreendeu os vereadores e a cidade.

“Esses são os nomes dos vereadores que não cumprem palavra, que não têm palavra, que não cumprem acordo. Que não honram, sim, a calça que vestem. Que não honram, sim, o fio do bigode, como se dizia antigamente. Que são adeptos da sacanagem, mau caratismo, da pilantragem, da canalhice, da picaretagem”.

Um ano depois, José Hilário Melato, PP, e os quatro vereadores do PT, Daniel Fernandes, Hamilton Graff, Antônio Carlos Dalsochio e José Amarildo Rampelotti, ingressaram com ação civil pedindo indenização por danos morais. Cada um queria da vereadora R$ 31.520,00.

Esta semana, o juiz Raphael de Oliveira e Silva, da 1ª Vara, indeferiu o pedido e julgou extintos os processos. Qual a razão? Os vereadores, na Tribuna, quando tratam dos assuntos políticos, possuem imunidade. Aliás, os vereadores que ingressaram com a Ação sabiam perfeitamente disso. “As alusões feitas, apesar de serem fortes e sem dúvida alguma atingirem a honra dos demandantes, foram proferidas dentro do contexto político relativo ao funcionamento interno da própria Casa de Leis”.

Esta é a segunda vitória de Andreia na Justiça em duas semanas. A primeira foi não ser cassada como queria o suplente Laércio Pelé Krauss, DEM, e o presidente do PPS, Vitório Marquetti.

Em público. Avessa, a promotora Chimelly Louise de Resenes Marcon foi à sessão especial da Câmara de homenagem ao Dia da Mulher. Falou sobre combate à corrupção no ambiente da administração pública. Foi muito aplaudida e provocou suspiros. Teve político que ficou assustado.

 

Edição 1741

Comentários

Herculano
21/03/2016 19:02
MAS ISTO NÃO É ALGO CONSERVADOR, NEOLIBERAL? PROJETO PT E DE DILMA VANA ROUSSEFF QUE LIMITA GASTO FEDERAL VAI PREVER DEMISSÃO DE SERVIDORES

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto Eduardo Cucolo e Dimmi Amora,da sucursal de Brasília. O governo federal apresentou nesta segunda-feira (21) mais detalhes da proposta feita em fevereiro para limitar o gasto público federal, que agora deve sair do papel e ser enviada ao Congresso.

Para controlar os gastos, em última instância, o governo poderá suspender o aumento real do salário mínimo e reduzir o quadro de pessoal por meio de programas de demissões voluntárias.

Caberá ao Congresso definir qual será o limite de gastos. O Executivo será responsável por implantar as medidas, também aprovadas no Legislativo, para cortar despesas.

Será definido um teto para gastos no PPA (Plano Plurianual) em percentual do PIB (Produto Interno Bruto). Esse percentual será transformado em um valor nominal no momento da elaboração da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para cada ano.

No caso de previsão de estouro do limite imposto pelo Congresso, haverá três etapas de procedimentos de bloqueio de gastos.

A primeira inclui restrição à ampliação do quadro de pessoal, de reajustes reais de salários do funcionalismo, além de cortes de gastos discricionários, administrativos e com cargos de confiança.

Se isso não for suficiente, fica proibido aumentos nominais de salários de servidores e concessão de novos subsídios e desonerações, além da adoção de mais cortes de gastos discricionários, administrativos e dos cargos comissionados.

Em último caso, ficam vedados reajustes reais do salário mínimo, haverá corte nos benefícios de servidores em até 30% e será implantado programa de desligamento voluntário ou licença temporária no funcionalismo federal.

Em fevereiro, o governo já havia anunciado essas três etapas, mas havia algumas diferenças. O terceiro estágio, por exemplo, não previa demissão ou licença de servidores.
Herculano
21/03/2016 18:57
AMANHÃ É DIA DE COLUNA INÉDITA E EXCLUSIVA PARA OS LEITORES E LEITORAS DO PORTAL CRUZEIRO DO VALE.

Nela, um esclarecimento: como o PT quer eliminar o sentimento e a memória dos que nasceram, viveram e moram no Belchior.

Aliás, como este assunto tão importante está escondido do debate público, todos com medo da vara do PT, de Pedro Celso Zuchi e dos conchavos políticos em ano de eleições. Acorda, Gaspar!
Roberto Sombrio
21/03/2016 14:25
Oi, Herculano.

Veja o que encontrei no blog O Antagonista.

"O diálogo maldito"
Brasil 21.03.16 09:09
Carlos Velloso, que foi presidente do STF e do STJ, deu uma importante entrevista à coluna de Sonia Racy, no Estadão.

Questionado se Sergio Moro cometeu um abuso ao divulgar o grampo entre Lula e Dilma Rousseff, ele respondeu:

"Penso que não. A Constituição consagra o princípio da publicidade dos atos processuais, ao estabelecer, no art. 5º, LX, que "a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem." Ora, as gravações estão nos autos, constituem atos processuais e o processo é público. O telefone que estava grampeado era o do investigado. A presidente telefonou para o investigado e veio para os autos o diálogo maldito, que deve ser avaliado pelo Ministério Público. E este, se entender que houve a prática de crime por parte da presidente da República e de novo crime por parte do investigado, pedirá a remessa das peças ao Supremo. O juiz Moro está conduzindo as ações penais com severidade, o que é bom, mas com critério e com respeito ao devido processo legal".


Carlos Velloso também defendeu o fim do foro privilegiado:

"O foro privilegiado é algo não condizente com a república. Considero-o ofensivo aos princípios republicanos e aplaudo decisões do Supremo que não o admitem e que mandam para o juízo de 1º grau quem, pela Constituição, não detém o privilégio. Quando estava no Supremo eu já o classificava como uma excrescência. Temos esse foro por termos tido monarquia, que se caracteriza pelas distinções, pelos privilégios. Os Estados Unidos, que sempre foram república, não o conhecem".


E atacou Lula por ter cobrado gratidão de Rodrigo Janot:

"Não faz sentido falar em ministros do FHC, do Lula, do Collor... Nenhum ministro chega ao Supremo de graça. Geralmente chega com uma biografia construída ao longo de anos. Ele pode ser grato a quem o nomeou, mas gratidão não se confunde com servilismo ou sacrifício da consciência. Quem chega à corte com uma biografia não vai querer emporcalhá-la. Só se for um idiota. E um idiota não deveria estar lá. Somente um presidente mau caráter seria capaz de pedir ao ministro que indicou algo capaz de emporcalhar sua consciência e sua biografia".

Chegou a hora dos petistas entenderem que o Brasil não é um chiqueiro.
DITRAN- No fundo do poço
21/03/2016 11:37
O novo diretor da Ditran é o camarada que até a algum tempo atras ajudava os setores de manutenção da secretaria de obras? segundo o que comenta-se, não tem nem carteira de habilitação? nem qualificação em áreas de transito o cara possui? FUNDO DO POÇO

O PT demonstra que não ta nem ai pro trânsito, que só quer a arrecadação do convênio.

Estamos na torcida pro proximo prefeito terminar com essa zona chamada Ditran
Ana Amélia que não é Lemos
21/03/2016 11:22
Sr. Herculano:

Que lindo!!!
O vereador Jaime Kirschner passou o seu mandato todo abraçado com o partido comunista, agora posa de bom cristão nas missas.

O vereador Hilário Melato, volta a almoçar na casa da mãe para posar de bom filho.

Estes dois vereadores ajudaram a transformar Gaspar numa cidade miserável com o escárnio do governo petista.
Agora querem posar de políticos decentes.

#ForaImpostores
Despetralhado
21/03/2016 09:28
Oi, Herculano;

Às 07:17hs - Caetano Veloso e Chico Buarque sabem que o petê já era. É desespero, "cumpadre"!
Belchior do Meio
21/03/2016 09:25
Sr. Herculano:

Veja só a situação do meu bairro:
1. Temos um padre que briga com os fiéis da sua paróquia por causa de bens materiais.

2. Temos um representante na Câmara que não nos representa.

O partido dele daqui não quer ser comparado com o partido nacional, por pura vergonha do partido daqui.

Ontem, na entrevista da Ministra Carmen Lúcia do STF na TV Brasil, ela disse:
"Nós estamos vivendo num momento em que a classe política está conseguindo gerar ódio na população".

Vai que o padre partidário é mais esperto e sacou a nossa insatisfação com ele, e já mudou o posicionamento.

O velho PaTético que só consegue esboçar como única reação um arregalar de olhos continua colhendo o que planta, desamor.
Herculano
21/03/2016 07:17
QUE CHICO BUARQUE E CAETANO DESCANSEM EM PAZ NO TÚMULO DA IMPOSTURA, COM LULA, DILMA, O PT E A CORJA TODA, por Reinaldo Azevedo, de Veja

Parte 1

Quase 50 anos depois de Comando de Caça aos Comunistas ter interrompido uma peça sua, Chico lidera Comando de Caça aos Democratas e proíbe ator de representar músicas suas porque discorda de sua posição política.

Chico Buarque foi além do fundo do poço moral em que já se encontrava, defensor que é do PT. A vertente lírica de suas composições, quase sempre de alta qualidade, não se contamina com sua estupidez política. Já a sua arte engajada, sofrível desde sempre (a exemplo de toda estética tornada libelo político), sofre um golpe final. Que coisa! O cara escolheu morrer junto com Lula. Pois, então, que vá! A que me refiro?

Na noite deste sábado, um espetáculo intitulado "Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos" foi interrompido por fascistas de esquerda que estavam na plateia, inconformados com um caco introduzido em sua fala pelo ator e codiretor Cláudio Botelho. O evento grotesco se deu no SESC Palladium, em Belo Horizonte.

O texto que indignou uma parte da plateia, que impediu a continuidade do espetáculo, foi este:
"Era a noite do último capítulo da novela das oito. Era também a noite em que um ladrão ex-presidente talvez tenha sido preso. Ou uma presidente ladra recebeu o impeachment?"

Esse trecho do impeachment da presidente ladra não estava no original. Foi o que bastou para que petistas e esquerdistas genéricos da plateia começassem a gritar talvez a palavra de ordem mais canalha da história política do Brasil: "Não vai ter golpe". Ora, é claro que não! O único que está tentando dar um golpe em Dilma é Lula.

Chico Buarque, acreditem vocês, disse que não mais vai autorizar a apresentação da peça. Como ele é petista e não concorda com a fala do ator, então proíbe que se usem suas músicas no espetáculo.

Que coisa! Há quase 48 anos, em 1968, cerca de cem trogloditas de um troço chamado Comando de Caça aos Comunistas invadiram o teatro Ruth Escobar, em São Paulo, e espancaram os atores que representavam a peça "Roda Viva". Aproveitaram para depredar o teatro. O espetáculo havia se tornado um símbolo de resistência à ditadura militar. Pouco depois, seria decretado o AI-5, que instaurou uma tirania no país. O autor da peça: Chico Buarque.
Herculano
21/03/2016 07:17
QUE CHICO BUARQUE E CAETANO DESCANSEM EM PAZ NO TÚMULO DA IMPOSTURA, COM LULA, DILMA, O PT E A CORJA TODA, por Reinaldo Azevedo, de Veja

Parte 2

Quase 50 anos depois, os amigos de Chico estão no poder. A exemplo do que aconteceu há 48 anos, uma horda impediu a continuidade do espetáculo. Do mesmo modo, o tema que está sendo encenado diz respeito ao cantor e compositor. Mas, desta feita, ele ajuda a promover a intolerância.

Não! Não pensem que era o teatro inteiro que queria impedir o espetáculo. Parte substancial da plateia defendia a retomada, mas os fascistas de esquerda não deixaram. Repetiam, assim, com sinal invertido o que fez o Comando de Caça aos Comunistas em 1968. Agora é hora do Comando de Caça aos Democratas ?" que passa a ser liderado por Chico Buarque.

Pode piorar
Não pensem que a coisa parou por aí. No camarim, Botelho discutiu o ocorrido com a atriz Soraya Ravenle. E ele então diz: "São neofascistas, são petistas, são o que há de pior no Brasil. Essa gente chega e peita um ator que está em cena. Um ator que está em cena é um rei. Não pode ser peitado. Não pode ser peitado por nego, por um filho da puta que está na plateia, não pode ser peitado? Eu estava fazendo uma ficção". A íntegra está aqui.

Não se sabe quem gravou o desabafo. O fato é que foi parar na Internet, pelas mãos da "Mídia Ninja", aquela turma que não costuma ser menos fascistoide do que os que impediram o espetáculo.

O som é claro. Botelho diz "nego" como se emprega habitualmente Brasil afora, como sinônimo de "sujeito", "cara", "indivíduo" ?" há a variante "neguinho". Inexiste conotação racista, remota que seja. Aliás, essa é a primeira acepção da palavra no Dicionário Houaiss: "pessoa indeterminada; gente, indivíduo, neguinho".

Pois a Mídia Ninja, de forma criminosa, divulga por aí o áudio com o título: "Cláudio Botelho Racista". É uma gente também asquerosa.

Você acham que os petistas teriam protestado se o caco criticasse Sarney, Collor, FHC ou Aécio? É claro que não! Talvez aplaudissem. E os não-petistas certamente nada diriam.

Botelho está certo: interromper um espetáculo porque se discorda daquilo que está sendo dito no palco é coisa de fascistoides, que, desta feita, contam com o apoio de Chico Buarque. E que se note, hein: isso tudo aconteceu no sábado, quando aquelas barbaridades todas ditas por Lula ao telefone já tinham vindo a público.

Num dia, Caetano compara uma manifestação em favor dos valores democráticos com uma marcha de 1964 que cobrava golpe militar. No outro, Chico, agora no papel de algoz, resolve pôr fim ao espetáculo para punir um ator e diretor por sua opinião.

Como se nota, não é que, no passado, eles fossem contra a ditadura. Eles eram contra aquela ditadura.

Que descansem em paz no túmulo da impostura, junto com Lula, Dilma, o PT e a corja toda.

Herculano
21/03/2016 07:09
NÃO VAI TER GOLPE, por Ricardo Noblat, para o jornal O Globo

Simples o que aconteceu na última quarta-feira em Brasília quando Dilma telefonou para Lula avisando-o de que um emissário lhe entregaria no hotel o termo de posse.

No melhor "estilo Dilma" de falar, ela disse, na tentativa desesperada de se fazer entender: "Seguinte, eu tô mandando o Messias junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?!"

Subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, Jorge Messias deu a Lula uma cópia assinada por Dilma do termo de posse dele como ministro-chefe da Casa Civil da presidência da República.

E pegou a assinatura de Lula em outra cópia do mesmo documento que ainda carecia da assinatura de Dilma. Mas como este parágrafo acabará na próxima linha, espere só um pouco para conhecer o resto da história. Adiante.

Dilma e Lula haviam sido informados de que o juiz Sérgio Moro estava pronto para decretar a prisão preventiva de Lula pedida pelo Ministério Público de São Paulo.

Se isso acontecesse, Lula correria o risco de ser preso antes da posse, indo assim a pique a operação montada para fazê-lo Ministro de Estado. Uma vez ministro, ele ficaria a salvo da "República de Curitiba" e aos cuidados do Supremo Tribunal Federal.

Do hotel em Brasília, Lula retornou a São Paulo. Se agentes federais batessem à sua porta, ele assinaria a cópia do termo de posse já assinado por Dilma, uma espécie de habeas corpus administrativo.

Em Brasília, por sua vez, Dilma assinaria a cópia do termo de posse já assinado por Lula, mandando-o para publicação no Diário Oficial. E o ministro-chefe da Casa Civil assim "lavado", escaparia à prisão.

Um plano perfeito? Está para ser inventado um. Bancado pela dupla Dilma-Lula para obstruir a Justiça, o plano começou a dar errado tão logo Moro, acostumado a bisbilhotar os outros, soube que estava sendo bisbilhotado.

Suspendeu a redação dos motivos que justificariam a prisão de Lula e divulgou de uma vez mais de 40 conversas dele ao telefone, grampeadas com a sua autorização.

Para o país, foram horas eletrizantes, aquelas, transcorridas entre o anúncio de que Lula aceitara o convite de Dilma para ser ministro (pouco antes do meio-dia) e o momento em que se ouviu na Globo News (pouco antes das 19h) a voz de Dilma informando a Lula sobre o papel que só deveria ser usado "em caso de necessidade".

Em cerca de sete horas, o governo foi da esperança e da euforia à frustração e ao medo.

É com pavor a uma queda rápida que o governo se prepara para enfrentar no Congresso o pedido de impeachment.

Desfalcado de Lula, que teve sua nomeação para ministro suspensa pela Justiça, e ameaçado por novos fatos a serem produzidos pela Lava-Jato, o governo parece dispor de uma única arma: os erros dos seus adversários.

Atuará em cima dos erros. E, no mais, seja o quer Deus quiser.

Deus, não sei, mas os brasileiros dão fortes sinais de que desejam ver Dilma, Lula e o PT pelas costas. Não estão divididos, como se diz. Podem não saber o que querem, mas sabem o que não querem.

Não querem ser enganados como foram por Dilma, reeleita com base em mentiras. Não querem devolver o que ganharam. E não querem corrupção - daí o esmagador apoio ao impeachment e a rejeição crescente a Lula.

Jamais a democracia por aqui deu tantas provas de solidez e de vitalidade. Suportou a queda de um presidente eleito. Se for o caso, suportará outra.

Tranquilo: não vai ter golpe.
Herculano
21/03/2016 07:00
A GUERRA FINAL, por Valdo Cruz, para o jornal Folha de S. Paulo

Tucanos recolhem as armas para 2018, Lula arrependido por aceitar a Casa Civil, Marina a postos e Dilma abatida pelo tempo que perdeu em chamar seu criador para seu time e iniciar uma reação.

Este é o retrato que a pesquisa Datafolha revela sobre como está o campo da batalha final que definirá o destino da presidente petista.

Mais do que nunca o PSDB opta pelo impeachment como a melhor solução para a crise atual, colocando o vice Temer no lugar de Dilma.

Não apenas pelo Datafolha, que mostra Aécio, Alckmin e Serra em queda na corrida presidencial. Mas também porque dizem por aí que vem chumbo grosso contra tucanos nas delações da Operação Lava Jato.

Melhor, então, fechar com o vice-presidente Michel Temer, ele assumir, arrumar a casa e o PSDB tentar recuperar o poder apenas em 2018.

Já Lula, que não escondia seu constrangimento na posse como ministro da Casa Civil, perdeu o papel de vítima da Lava Jato. A maioria dos eleitores acredita que ele aceitou o convite de Dilma para fugir de ser preso pelo juiz Sergio Moro.

O ex-presidente entra na guerra final alquebrado e fragilizado, sem saber inclusive se poderá assumir o posto, mas com o trunfo de ser o único capaz de reanimar a tropa petista como se viu na sexta-feira (18) nos protestos pró-Dilma e pró-Lula.

A presidente, do seu lado, dormiu no ponto. Teve uma janela de sossego no início do ano e não soube aproveitá-la. Chega na batalha final com impopularidade em alta e ameaça de debandada de aliados.

Marina Silva surge, até aqui, como a maior beneficiária da crise que arrasta a tudo e a todos para a vala comum da corrupção. Mas também não empolga, afinal está onde sempre esteve. Os outros é que caíram.

Enfim, a oposição e o PMDB dão o jogo como jogado e já pensam no dia seguinte. O governo teme cada vez mais este destino. Mas esta crise tem sido tão eletrizante que esta novela pode ganhar novos capítulos
Herculano
21/03/2016 06:56
POR IMPEACHMENT, PSDB SE APROXIMA DE TEMER, por Josias de Souza


Longe dos refletores, intensificaram-se nos últimos dias os contatos do PSDB com o vice-presidente da República Michel Temer. Em conversas realizadas abaixo da linha d'água, o tucanato tenta pavimentar com o substituto constitucional de Dilma o caminho que leva ao impeachment.

Avalia-se que, para chegar aos 342 votos necessários à aprovação do impedimento da presidente no plenário da Câmara, falta apenas a garantia de que o PMDB de Temer fala sério quando diz que romperá com o governo na reunião do diretório convocada para 29 de janeiro.

Os tucanos se achegaram a Temer antes que Lula tivesse a oportunidade de deflagrar a operação 'fica, PMDB'. Fazem isso porque atingiram uma rara unidade interna. Estavam divididos.

Aécio preferia que Dilma fosse cassada pelo TSE, com a consequente convocação de nova eleição. Serra, com um pé no ministério do hipotético governo Temer, torcia pelo afastamento via Congresso. E Alckmin desejava manter a presidente petista sangrando no cargo até 2018.

O agravamento da crise empurrou a cúpula do PSDB para uma unidade a favor do impeachment, agora visto como melhor alternativa também por Fernando Henrique Cardoso. Há um consenso também em relação à inevitabilidade de participação num eventual governo de transição comandado por Temer.
Herculano
21/03/2016 06:53
FLA-FLU NO PACAEMBU TEM GRITO DE "FORA PT" DURANTE O HINO NACIONAL

Conteúdo do jornal Folha de S.Paulo. Texto de Guilherme Seto. Neste domingo (20), antes do início do clássico entre Flamengo e Fluminense no Pacaembu, grande parte dos torcedores que estavam no estádio protestaram contra o governo federal e a presidente Dilma Rousseff (PT) durante a execução do hino nacional.

Enquanto os jogadores estavam perfilados, boa parte dos presentes no estádio gritaram "fora PT". Em seguida, também cantaram "ei, Dilma, vai tomar...", mas com menor adesão.

Essa é a primeira vez que ambas as equipes se enfrentam no estádio paulista desde 1942. A partida foi remanejada para fora do Rio de Janeiro porque os estádios locais já estão em fase de preparação para a Rio-2016.

O apoio da população ao impeachment da petista cresceu oito pontos desde fevereiro, segundo pesquisa feita pelo Datafolha divulgada no sábado. Agora, 68% dos eleitores são favoráveis ao seu afastamento pelo Congresso Nacional.

A piora na avaliação de Dilma e o aumento nas taxas dos que acham que ela deveria ser afastada pelo Congresso ou renunciar se dão na sequência da maior manifestação política já registrada pelo Datafolha: um ato contra a presidente reuniu 500 mil pessoas na avenida Paulista no domingo passado (13).
Herculano
21/03/2016 06:48
POLÍTICOS TEMEM SER GRAVADOS FALANDO COM LULA, por Cláudio Humberto, na coluna que ´publicou hoje nos jornais brasileiros.

Virou motivo de piada, entre deputados e senadores, o papel de "articulador político" que se espera do ex-presidente Lula na chefia da Casa Civil do governo. Os políticos morrem de medo de grampos da Polícia Federal como o diabo foge da cruz, por isso eles lembram a dificuldade de conversar ao telefone com Lula: investigado por corrupção, certamente terá o telefone grampeado por ordem da Justiça.

Conchavo feio

O conchavo político "não é bonito de se ouvir", lembra um deputado do PR-MG, daí o temor de flagrantes em conversas pouco "republicanas"

Confissão abjeta

O petista José Guimarães (CE) reclamou a Lula, em conversa gravada, do trato "republicano demais" com Estados. Não é bonito de se ouvir.

Só pelado e na sauna

Para conversar com Lula, dizem parlamentares, "somente em sauna e após exame proctológico", disse um deputado do PP de São Paulo.

A luta continua

Mesmo com seu caso deslocado para o Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente Lula continuará na condição de investigado.

DELCÍDIO COMEÇOU A DELATAR TÃO LOGO FOI PRESO

O ex-Líder do Governo Dilma no Senado, Delcídio do Amaral, confirmou o velho adágio popular segundo o qual "passarinho na gaiola pia mais": ele começou a falar tudo o que sabe, entregando os esquemas de corrupção no governo, tão logo foi preso por ordem do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal. Mas, desde o primeiro depoimento, deixou clara sua opção pelo acordo de delação.

Portas do inferno

Com memória que recebeu elogios dos quatro procuradores que o interrogaram, Delcídio abriu as portas do inferno para os políticos.

Início com data

Delcídio contou aos procuradores, com impressionantes pormenores, o esquema de corrupção iniciado em 2004, no primeiro governo Lula.

A casa caiu, companheiros

Diante do teor da delação de Delcídio, as bravatas de Dilma e Lula mostram que eles ainda não fazem a menor ideia de que a casa caiu.

Mantenha distância

Enquanto brasileiros que o admiram saem às ruas clamando pelo impeachment e por dignidade na política, o ministro Joaquim Barbosa, precocemente aposentado do STF preferia palpitar no twitter sobre o novo ministro da Suprema Corte dos Estados Unidos.

PMDB, 50

A festa dos 50 anos do PMDB, dia 30, fará homenagem ao saudoso deputado Ulysses Guimarães, que presidiu a Constituinte. Com direito até rap de Gabriel O Pensador, criado para celebrar a data.

Maldição da Casa Civil

A maldição da Casa Civil do PT ataca: após José Dirceu, Antonio Palocci e Erenice Guerra é a vez de Jaques Wagner, Dilma Rousseff e o ministro Luiz Inácio serem atingidos pela "maldição da Casa Civil".

Cansei!

Andrea Matarazzo saiu do PSDB para evitar uma derrota humilhante nas prévias do partido. Após 25 anos de tucanato, não conseguiu se viabilizar candidato a prefeito na cidade onde é vereador.

Que ajuste fiscal?

Em reunião entre o ex-presidente Lula e Nelson Barbosa (Fazenda), o ministro tentou engrenar conversa sobre a reforma da Previdência. Foi cortado imediatamente por Lula, que acha não ser este o momento.

Cabeças vão rolar

O Planalto deflagrou operação para descobrir por que os telefones presidenciais não estavam criptografados. É a segunda vez que Dilma é grampeada. A primeira causou mal estar diplomático com os EUA.

Sem mais conversa

O vice Michel Temer adiou reunião pedida por Lula, semana passada, e viajou para São Paulo, evitando um novo encontro. Só planeja retornar após costurar o rompimento do PMDB com Dilma, dia 29.

Montanha de dados

Senadores da CPI do HSBC conseguiram ajuda da Polícia Federal para descodificar os dados secretos enviados pela França ao Brasil. Antes, quando abriram os arquivos, viram só uma "sopa de letrinhas".

Pergunta no tribunal

A "carta aberta" tentando desdizer o que disse mostra o ex-presidente Lula acovardado perante a Justiça?
Herculano
21/03/2016 06:40
TIRO PELA CULATRA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Parece pouco dizer que a presidente Dilma Rousseff (PT) acertou um tiro no pé ao abrigar seu padrinho no Palácio do Planalto. A acomodação de Lula na Casa Civil representou muito mais que isso: foi provavelmente o erro mais grosseiro de um governo pródigo em decisões deploráveis do ponto de vista político, econômico e moral.

Pesquisa Datafolha realizada nos dias 17 e 18 e publicada neste final de semana traduziu em números o tamanho do descompasso que se verifica entre o governo petista e a população brasileira.

Nada menos que 73% dos entrevistados responderam que Dilma agiu mal ao convidar o ex-presidente para assumir o ministério. Além disso, para 36% a gestão deve piorar com a chegada de Lula, e 38% entendem que nada mudará.

Há mais. Na opinião de 68% dos brasileiros, Lula aceitou o cargo só para obter o chamado foro privilegiado e escapar de um processo em primeira instância comandado pelo juiz federal Sergio Moro.

Como se vê, a expressiva maioria da sociedade rechaça não só a repulsiva manobra mas também a cândida explicação difundida pelo Palácio, segundo a qual Lula estava sendo chamado somente por suas conhecidas capacidades de articulação política e na esperança de reanimar a economia.

Também pudera. As interceptações telefônicas que Moro tornou públicas na semana passada, a despeito das críticas que se possam fazer à atitude do juiz nesse caso, tiveram enorme impacto na população. Elas revelaram o quanto Lula se mobilizava para tentar interferir nas investigações ?"e dá arrepios imaginar o que poderá fazer uma vez dentro do governo.

A esse respeito, são alarmantes as declarações do novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão. Em entrevista a esta Folha, ele afirmou que vai trocar toda a equipe de uma investigação da Polícia Federal se houver sinais de vazamento de informação ?"e o fará mesmo que não tiver provas, o que configura uma monstruosidade jurídica.

Impressiona a desfaçatez do ministro, e não só pela deslavada intenção de usar a presunção da inocência somente quando interessa. Justamente quando o governo que agora integra é acusado de querer driblar a Operação Lava Jato, Aragão dobra a aposta com essa tentativa de intimidar a PF.

Não surpreende, diante dos acontecimentos frenéticos das últimas semanas, que a rejeição a Lula tenha disparado entre os entrevistados pelo Datafolha. Se em 2010 o petista deixou o Planalto com 83% de aprovação, hoje 57% dizem que não votariam nele caso estivesse disputando uma eleição.

Na prática, desse modo, a presença de Lula no Planalto serve somente para sublinhar as notórias inépcia administrativa e falta de liderança presidencial, antes exacerbando os defeitos estruturais do governo Dilma Rousseff do que evitando a rota do desastre.
Digite 13, delete
20/03/2016 19:05
Oi, Herculano;

Um recadinho para o comentário das 10:19hs.
Porque não te calas, PesTe?
Belchior3/4
20/03/2016 19:02
Pois é Herculano,o Kixna andava sumido das missas do belchior e neste mês começou a procissão de frequentá-la arduosamente e interceptar as pessoas no final com o boato de que o Belchior nunca esteve tão bão, mas acaba escutando o que não quer!

Herculano
20/03/2016 16:36
NA MISSA DESTE DOMINGO NO BELCHIOR, O ALERTA PARA A TENTATIVA DO PT DE GASPAR DE QUERER IMPOR E TROCAR O NOME DO BAIRRO COM A DESCULPA ESFARRAPADA DE TORNÁ-LO UM DISTRITO

Na quarta-feira a noite haverá uma audiência pública na Sociedade Harmonia. Ela foi convocada pela Câmara, numa iniciativa do suplente de vereador Sérgio Luiz Batista de Almeida, PSDB.

Esta audiência é para a comunidade de lá se manifestar sobre a jogada (via projeto de lei) do PT de Pedro Celso Zuchi, Antonio Carlos Dalsochio, Doraci Vanz, Mariluci Deschamps Rosa, Rui Deschamps, José Amarildo Rampelotti para trocar o nome do Belchior e torná-lo distrito Tarcísio Deschamps, ex-prefeito, que nem identificação tinha com o bairro a não ser de lá ter raízes familiares.

Tudo isto é mais uma amostra de quanto o PT daqui, como no nacional, impõe a sua vontade, inventando fatos, argumentos e trocas.

Na imprensa este assunto anda escondido. Apenas aqui ele encontra generosos espaços de esclarecimentos. Mas, a mídia social, a qual o PT não amedronta, intimida e não controla este tema rola solto, numa quase unanimidade pela repulsa. Mesma assim, o PT de Gaspar não se dá por vencido. Na minha coluna exclusiva desta terça-feira, volto ao tema.

Neste domingo, na homilia, o padre Márcio Fernandes de Oliveira, deu a dica para a comunidade: ir na audiência e se posicionar contra a mudança do nome do Belchior (que assim é denominada a região da Margem Esquerda na divisa com Blumenau e Luiz Alves por quase 200 anos, mesmo antes de Gaspar e Blumenau existirem) para qualquer político morto ou vivo.

O vereador de lá, Jaime Kirchner, PMDB, mas sempre favorável às ideias, ações e à bíblia do PT de Zuchi, Amarildo, Dalsochio, Rui, Mariluci, Bertoldi, Vanz entre outros, estava lá na missa. Arregalou os olhos. Acorda, Belchior!
Herculano
20/03/2016 10:30
FURTO, INÉPCIA E CORRUPÇÃO, por Sacha Calmon, para o jornal Correio Braziliense (Brasília).

Parte 1

O populismo idealista e a demagogia se apossaram do Brasil. Os idealistas jamais suporiam que Lula se apropriaria por engano de valiosas peças dos palácios que ocupou. Foi o único a fazê-lo na história republicana. Mas a nota do Instituto Lula dando conta do engano não foi espontânea. Durante a vistoria dos contêineres que guardam seus presentes (milhões de dólares) verificou-se que muitas coisas não lhe foram presenteadas, mas estavam presentes no patrimônio do ex-presidente, de resto em nome de terceiros, como o tríplex de Guarujá e o sítio de Atibaia. Dizem existir fazendas, ações e aplicações no exterior que virão à tona no seu tempo devido.

As manifestações de 13 de março de 2016- as maiores da história do Brasil- focaram em três anseios compartilhados por 70% da nação: uma investigação completa nos bens do ex-presidente para levá-lo à prisão, se for o caso (e parece que é); o impedimento da presidente mais inepta que o nosso país jamais teve; e, por último, a recuperação da ética na política e nos negócios, além da reanimação da economia da nação, metida em severa recessão, a pior do mundo, descontada a Venezuela. Foi causada pela presidente Dilma e pelo próprio Lula, com a tal "nova matriz econômica" baseada no aumento da dívida pública (70% do PIB, caminhando para 80%) para financiar gastos e concessões de créditos às famílias, hoje endividadas e inadimplentes, por causa da inflação e do desemprego.

Doravante, o tempo nos mostrará um governo isolado, sem ter o que oferecer à nação, seja na política seja na economia, por absoluta falta de apoio dos eleitores, dos partidos e do empresariado, cercado por colaborações premiadas, sem recursos, sem chance alguma de organizar um governo de salvação nacional. A Dilma, só restarão duas opções viáveis e rápidas: renunciar ou sofrer o impeachment, cujos fundamentos são aqueles postos perante a Câmara dos Deputados e outros novos, como veremos.

As manifestações deram apoio integral ao juiz Sérgio Moro. As críticas à condução sob vara do ex-presidente que impetrara habeas corpus e dissera que não iria caíram por terra. O povo gostou. Quem achou que a medida foi excessiva errou. O povo apoiou o juiz, referendou seu ato e encorajou-o a continuar o desbarate da corrupção vigente no país. Por derradeiro, se mais de 88 réus foram conduzidos sob coerção, qual a razão de não o fazer relativamente a Lula? Toda intimação judicial é imperativa. Quando há suspeita de desobediência, o juiz autoriza os condutores a levar, à força, o investigado. No caso, o juiz foi gentil, impediu as algemas. Mas, não pensem os do PMDB e do PSDB, os do PTB et caterva, que as passeatas não os atingiram. Toda a classe política está sob a suspeição das ruas. Todo o sistema político e os políticos continuarão a ser vigiados. Pela primeira vez na história do país, as classes médias - as que, ao cabo, decidem - tomaram as rédeas da política.

Nem pensem os parlamentares que, por emenda à Constituição, é possível instituir semipresidencialismo à moda de Portugal ou da França. Só plebiscito ou constituinte exclusiva poderá fazê-lo. As alternativas estão postas: impeachment, cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral ou renúncia (ou, no limite, intervenção militar). O Brasil não aguenta mais 2 anos e 9 meses sob o governo desmoralizado de Dilma. Até lá, o país terá sido destruído. Cabe ao Congresso dar solução rápida ao impasse. As ruas falaram. E uma figura exponencial da República, Delcídio do Amaral. A delação deve ser vista com prova testemunhal superqualificada quanto aos seus correligionários no tangente a fatos sibilados aqui e acolá e agora reafirmados. A referência a enredos do passado criam atoarda mais são inservíveis. Há fatos sob crivo do Judiciário que transitaram em julgado, como alguns da época de FHC (Furnas etc.).
Herculano
20/03/2016 10:30
FURTO, INÉPCIA E CORRUPÇÃO, por Sacha Calmon, para o jornal Correio Braziliense (Brasília).

Parte 2

Graves são as denúncias de interferência contínua para obstruir o mensalão e a Lava- Jato, envolvendo Lula e Dilma, agora corroboradas pela delinquência gravada de Aloizio Mercadante. As redes sociais noticiaram o encontro em Lisboa com o ministro Lewandowski, a nomeação do ministro Navarro - que realmente votou pela soltura dos empreiteiros cinco vezes -, mas não foi referendado pelos seus pares, as incumbências dadas a Delcídio pelo amigo Lula, a plena consciência da Dilma no caso da refinaria de Pasadena, as declarações do ex-ministro da Justiça sob novos rumos na Operação Lava-Jato, além de seus encontros com advogados, segundo ele sempre casuais.

A presidente deu atestado falso de posse ao seu primeiro-ministro. Prevaricou contra a probidade administrativa, crime de responsabilidade conforme artigo 85, V da Constituição, além de obstar o livre exercício do Judiciário (II do mesmo artigo). São novos motivos para o impeachment, a bem da ética e da economia. A indignidade desse governo é inimaginável até para correr da polícia
Herculano
20/03/2016 10:28
TERÇA-FEIRA É DIA DE COLUNA OLHANDO A MARÉ INÉDITA, S?" PARA OS LEITORES DO PORTAL CRUZEIRO DO VALE, O MAIS ANTIGO, O MAIS ACESSADO, O MAIS ATUALIZADO E O MAIS ACREDITADO. ACORDA, GASPAR!
Herculano
20/03/2016 10:19
GILMAR, O DESPREOCUPADO, por Bernardo Mello Franco, para o jornal Folha de S. Paulo

Quando o presidente Fernando Henrique Cardoso indicou Gilmar Mendes para o Supremo Tribunal Federal, o jurista Dalmo Dallari fez um alerta: "Se essa indicação vier a ser aprovada, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional".

Dallari pode ter exagerado, porque a corte tem outros dez ministros para zelar pela Constituição, mas a atuação de Gilmar inspira desconfiança desde que ele vestiu a toga.

A presença constante na mídia, a agressividade em declarações contra o governo e a proximidade com políticos do PSDB lhe renderam o apelido de "líder da oposição" no STF. Gilmar não parece preocupado com isso. Desde que a crise política se agravou, ele usa todas as oportunidades para atacar Dilma e o PT.

A presidente e o partido dão muitas razões para críticas, mas espera-se de um ministro do Supremo que não tome lado na luta política e atue com imparcialidade. Gilmar não parece preocupado com isso. Em julho passado, ele foi à casa de Eduardo Cunha discutir o impeachment. O deputado já era investigado na Lava Jato por suspeita de corrupção.

Em setembro, o ministro estrelou evento na sede da Fiesp. A entidade é comandada por um afilhado político de Michel Temer e promove campanha aberta pela queda da presidente. Gilmar não parece preocupado com isso. Aproveitou o palanque para repetir ataques ao PT. Sobre o correntista suíço, nenhuma palavra.

Na última quarta, Gilmar almoçou com o tucano José Serra, segundo o jornal "O Globo". Após a sobremesa, voltou ao STF e discursou contra a nomeação de Lula para a Casa Civil, que não estava em debate.

Dois dias depois, o ministro atendeu pedido do PSDB e anulou a posse do ex-presidente. Tudo indica que ele deveria se dizer suspeito por falta de isenção para julgar o assunto, muito menos sozinho. Mas Gilmar não parece preocupado com isso.
Herculano
20/03/2016 10:09
ISOLAMENTO, por Eliane Cantanhêde, para o joral O Estado de S. Paulo

O Brasil, senhoras e senhores contra ou a favor do governo, deu um show de democracia numa semana tão bombástica. No domingo, 1,4 milhão de pessoas pintaram a Paulista de verde e amarelo para gritar "Fora Lula, fora Dilma, fora PT". Na sexta, 80 mil adotaram o vermelho para rechaçar o impeachment e berrar o oposto: "Fica Lula, fica Dilma, fica PT". Não houve confronto, pancadaria, medo. Houve, sim, um espetáculo de cidadania, além de uma oportunidade para comparações.

Os "coxinhas" de domingo, com seus pais, filhos, vizinhos e colegas de trabalho, pareciam ir ao parque exigir um País melhor e mais digno. Os "mortadela" de sexta, cansados de guerra em manifestações, mudaram de lado: os mesmos que, corajosamente, iam às ruas para cobrar justiça e combater a corrupção, agora vão para malhar o juiz Sérgio Moro, símbolo exatamente de justiça e de combate à corrupção. E ninguém se esgoelou contra o desemprego!

Foi a eles que o ex-presidente e quase, futuro ou ex-ministro (é para não entender mesmo...) Lula se dirigiu com a camisa e a cara vermelhas, voltando no tempo. Com o mesmo carisma e tom que o transformaram no maior líder de massa da história recente, Lula ignorou o País indo ladeira abaixo com Dilma e a indústria, as lojas, os serviços despencando. Ignorou também o assalto à Petrobrás, a promiscuidade com as empreiteiras, as múltiplas empresas dos filhos nos seus próprios anos. Falou dos ganhos de seis, sete anos atrás, perdidos no espaço.

Se as imagens foram lindas e incandescentes tanto no domingo quanto na sexta, foram diferentes dimensões: 23 quarteirões da Paulista no domingo, com as mais variadas pessoas e nenhuma bandeira de partido, e onze na sexta, com militantes ou convocados pelo PT, PC do B, CUT, MST, UNE. Em décadas anteriores, muitos daqueles de domingo eram liderados por estes, da sexta, contra a ditadura, a favor das Diretas-Já, pelo impeachment de Collor. Hoje, os de vermelho fecham-se em torno deles próprios.

Isso se repetiu pelo País todo e casa com o ambiente de Brasília, onde Dilma e Lula trancam-se em palácio com os aliados incondicionais, largam pelo caminho os conquistados pelo "Lulinha Paz e Amor" e os anos de crédito, consumo e alegria e irritam os demais. O procurador-geral, Rodrigo Janot, frisou que deve o cargo à sua longa carreira. O decano do Supremo, Celso de Mello, considerou um "insulto" Lula chamar o tribunal de "acovardado" nos grampos e Gilmar Mendes virou herói das redes sociais ao suspender a nomeação de Lula para o ministério e jogá-lo de novo no colo de Moro.

A OAB ?" autora do pedido de impeachment de Collor ?" decidiu por 26 a 2 apoiar o de Dilma e a CNI prega que "é imprescindível restabelecer a governabilidade". Só faltou a Receita Federal estranhar a carteirada de Lula para o ministro Nelson Barbosa (que é quem se sai melhor das fitas...) estancar as investigações no Instituto Lula.

Para fechar a semana, o novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, que era do MR-8, passou pelo Santo Daime e virou ministro porque o antecessor foi derrubado pelo STF e José Eduardo Cardozo se negava a meter a mão na PF, declara ao repórter Leandro Colon que "se sentir cheiro de vazamento (das investigações), a equipe da PF será trocada, toda". Pronto, incendiaram de vez a PF. Ficou faltando alguma instituição?

É nesse ambiente que a Comissão do Impeachment começou a contar prazo na sexta, com quórum até nas segundas e sextas e os partidos aliados ao Planalto anunciando uma defecção por dia. Ah! Paulo Maluf estava na posse de Lula e está na comissão, mas onde estavam os outros aliados de Dilma nas manifestações de sexta-feira, afora o PC do B? Bem longe das ruas, fazendo cálculos de vantagens e desvantagens (para eles, claro) entre Dilma Rousseff e Michel Temer.
Herculano
20/03/2016 10:05
CAETANO ATACA MANIFESTAÇÕES PRO-IMPEACHMENT E FALA ASNEIRAS PELOS 7 BURACOS DA SUA CABEÇA DE MILO MOLE, por Reinado Azevedo, de Veja.

Parte 1

Caetano Veloso é um cretino e irresponsável. Acha que pode usar a sua condição de artista para difamar pessoas e movimentos. Se fosse um historiador, seria também um mentiroso.

Ele gravou o programa "Altas Horas", da Globo, que vai ao no dia 26. Segundo informam o Estadão e o G1, comparou a maior manifestação da história do país, ocorrida no domingo, dia 13, em favor do impeachment de Dilma, com a "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", uma série de manifestações havidas no país em favor da queda de João Goulart entre 19 de março e 8 de junho de 1964.

Disse o cantor:
"A manifestação de domingo, para mim, não foi suficientemente diferente da passeata da Família com Deus [pela Liberdade], que apoiou o golpe de 64".

Se é assim, ou Caetano não entendeu as marchas de 1964 ou não entende as de 2016. Talvez as duas coisas. Não tem jeito: ao bom compositor cabe a pecha que lhe pespegou José Guilherme Merquior: "subintelectual do miolo mole". Ele próprio acabou adotando a designação, tentando lhe emprestar algo de charmoso. Não há charme nenhum. Um subintelectual do miolo mole costuma dizer asnices. Como Caetano.

As marchas de 1964 pediam golpe de estado; a manifestação do dia 13 e as três que a antecederam, em 2015, repudiam todas as formas de golpe: tanto o militar como o dado com o auxílio das urnas.

As marchas de 1964 viam no Brasil a ameaça da comunização; os atos de agora se opõem à cleptocracia e às agressões ao estado de direito.

As marchas de 1964, como o nome indica, tinham um forte caráter religioso, de cunho reacionário; os atos de agora são absolutamente laicos e, ao contrário do que se deu há 52 anos, contam com uma nada discreta antipatia de amplos setores da Igreja Católica.

As marchas de 1964 queriam depor Goulart porque ele era quem era e pediam a intervenção militar; as manifestações de agora cobram a saída de Dilma porque ela cometeu crime de responsabilidade. E entendem que a tarefa cabe ao Congresso ?" no caso de impeachment - ou ao TSE.
Herculano
20/03/2016 10:05
CAETANO ATACA MANIFESTAÇÕES PRO-IMPEACHMENT E FALA ASNEIRAS PELOS 7 BURACOS DA SUA CABEÇA DE MILO MOLE, por Reinado Azevedo, de Veja.

Parte 2

O único paralelo que Caetano ou qualquer outro podem fazer, desde que não lhes sobre má-fé, é com os atos de 1992 em favor do impeachment de Collor. Sim, há uma diferença: naquele caso, as esquerdas queriam a queda do presidente de turno; em 2016, elas são beneficiárias da regime de roubalheira e se mobilizam contra o impeachment.

Caetano Veloso tem o direito de ser contrário ao impeachment. Mas não lhe reconheço o direito de mentir sobre o caráter das manifestações de rua. O programa foi gravado, diga-se, na quarta-feira em que Dilma deu posse a Lula no Ministério da Casa Civil - no que pode ser chamado, sem favor, de "golpe de estado" - e em que vieram a público as gravações que evidenciam uma tramoia para melar a Lava Jato.

Ainda falando sobre a manifestação de domingo, afirmou: "Não reconheci nela a Passeata dos Cem Mil, da qual participamos".

Nem tinha mesmo de reconhecer. Eventos históricos não se repetem, nem como farsa. Eu também não reconheci, felizmente! E é constrangedor ter de desmontar associação de ideias tão primária.

A Passeata dos Cem Mil, em 1968, se fez contra a ditadura militar. No Brasil, hoje, há um regime democrático. A Passeata dos Cem Mil tinha na linha de frente artistas estrelados, no que não deixou de ser uma prova de coragem, louve-se. Os protestos pela queda de Dilma têm na vanguarda gente comum, que não é notícia, embora, obviamente, estejam abertos a todos, inclusive aos artistas.

A Passeata dos Cem Mil tinha uma inspiração de esquerda, que estava banida do debate público. Os protestos pró-impeachment de 2016, de fato, esquerdistas não são porque estão justamente combatendo as safadezas que os companheiros fizeram no poder.
Caetano tentou teorizar:
"A gente participou de um movimento para uma possível volta da democracia. Grande parte da esquerda também não gostava do que a gente fazia".

Não fica claro de que "a gente" exatamente ele está falando, mas suponho que se refira ao Tropicalismo, movimento artístico que ajudou a criar e que, de fato, contava com a hostilidade de parte considerável da esquerda ortodoxa, excessivamente nacionalista e antiamericana nas questões culturais. Os tropicalistas eram vistos como uma espécie de subproduto do imperialismo.

Não é a primeira vez que Caetano abusa do fato de ter sido hostilizado pela esquerda no passado para lhe puxar o saco no presente e atacar seus adversários, como se a sua condição de antigo alvo dos esquerdistas lhe conferisse especial competência para absolvê-los no presente e para condenar seus opositores.
Herculano
20/03/2016 10:04
CAETANO ATACA MANIFESTAÇÕES PRO-IMPEACHMENT E FALA ASNEIRAS PELOS 7 BURACOS DA SUA CABEÇA DE MILO MOLE, por Reinado Azevedo, de Veja.

Parte 3

Isso é de uma desonestidade intelectual sem-par.
E ele foi adiante na impostura. Acrescentou:
"Os acontecimentos estão se atropelando. Precisamos ter calma para olhar os acontecimentos. Não temos uma ditadura, mas o Brasil é um país desumanamente desigual, e toda movimentação no sentido dessa tentativa de diminuir a desigualdade enfrenta a oposição da elite".

O pensamento é um lixo, incluindo esse emprego vigarista da palavra "elite", o que denota uma ignorância que imaginei já superada no seu caso.

Caetano sugere, obviamente, que o que há no Brasil é uma reação à "tentativa de diminuir a desigualdade".

Repete a pior parte do discurso petista. O PT venceu quatro eleições presidenciais consecutivas. Quando houve críticas aos programas ditos sociais que foram implementados, o que se atacou foi a ineficiência, não o benefício em si.

Quem fala demais dá "bom dia" a cavalo. Enquanto ele dizia suas asneiras no programa "Altas Horas", as edificantes conversas de Lula e Dilma vinham a público, e ficava claro, então, quem estava e está tentando golpear as instituições. Neste sábado, veio um arremate: a entrevista de Delcídio do Amaral à VEJA evidencia quem são e onde estão os bandidos.

"Velho Chico"
Ah, sim: o cantante foi ao programa da Globo para falar da novela "Velho Chico", de que ele faz a trilha sonora. O autor da novela, Benedito Ruy Barbosa, é aquele que odeia "história de bicha". E ele se orgulha: "Tenho dez netos, quatro bisnetos e tenho um puta orgulho porque são tudo macho pra cacete".

Esse pensamento, com absoluta certeza, seria abrigado pelas marchas de 1964, mas não cabe nas manifestações de 2016.

Caetano faz a trilha sonora.

Não seja desonesto, sujeito!

PS: Caetano gosta de responder às críticas que lhe faço. Mande brasa! Se quiser, topo debate público, sem claque. Com a autoridade com que falou, talvez ele saiba de coisa que não saibamos. Está feito o convite.
Herculano
20/03/2016 09:48
POLÍTICOS LAVADOS A JATO, por Dora Kramer, para o jornal O Estado de S. Paulo

Depois de dois anos de investigações com foco principal em Curitiba, chegou a hora de a Operação Lava Jato fazer a onça beber água em Brasília. A força-tarefa já entregou à Procuradoria-Geral da República todas as informações relativas aos investigados com foro especial de Justiça. Vale dizer, deputados, senadores e governadores.

Há cerca de dez dias a força-tarefa esteve em Brasília para uma reunião na Procuradoria-Geral da República para tratar dos muitos pedidos de abertura de inquéritos e apresentação de denúncias contra deputados e senadores. Ao que consta, o senador Fernando Collor seria um dos primeiros alvos. A apresentação da denúncia e o pedido de prisão preventiva contra o presidente cassado estariam prontos.

Na mesma operação seriam alcançados os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha. Isso sem contar outras figuras do PMDB, como o senador Edison Lobão. O destino do vice-presidente, Michel Temer, estaria nas mãos de Jorge Zelada, que ainda não decidiu optar pela delação premiada de acordo com o que circula entre os procuradores.

A ofensiva da Lava Jato na direção dos políticos já deveria ter sido deflagrada na semana passada, mas foi adiada devido aos tumultos dos últimos dias. Uma das inquietações era a possibilidade concreta de o ex-presidente Luiz Inácio da Silva ter a prisão preventiva decretada pelo juiz Sérgio Moro (em decorrência do pedido do Ministério Público de São Paulo transferido pela Justiça local ao Paraná) já naquela quinta-feira em que estava marcada a posse dele na chefia da Casa Civil.

Corre a informação entre os procuradores de que a Agência Brasileira de Informações (Abin) estava monitorando os movimentos em Curitiba e, por isso, concluiu que o juiz Sérgio Moro pediria a prisão preventiva de Lula no mesmo dia em que tomaria posse no novo cargo. Daí a pressa da presidente Dilma em formalizar a posse com edição extra do Diário Oficial da União e o pedido de assinatura antecipado do termo de posse.

Os investigadores monitoravam Lula, mas a agência da Presidência também acompanhava os movimentos dos promotores e, por isso, sabiam da possibilidade de ocorrer uma ordem de prisão para ser cumprida na quinta-feira. Sem a proteção do foro especial, provavelmente Lula estaria hoje numa cela em Curitiba. O que volta a ser uma possibilidade, diante da liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, de suspender a posse do ex-presidente.

É fantástico. O senador Delcídio Amaral tinha ontem uma entrevista marcada para ir ao ar hoje à noite na TV Globo. Diria, entre outras coisas, que procurou o filho de Nestor Cerveró para tentar silenciar o ex-diretor da Petrobrás, na condição de executor de uma "operação sistemática" do Planalto para obstruir as investigações da Lava Jato.

Como líder do governo, o senador dirá que atendia a uma política dos ocupantes da máquina do Estado. Ele promete contar o passo a passo de uma operação para atrapalhar a ação da Justiça como política de Estado. "Uma ação sistêmica", de acordo com Delcídio.

Digital. A prova cabal de que Aloizio Mercadante agiu a mando da presidente Dilma Rousseff ao abordar o assessor do senador Delcídio Amaral sugerindo que pesasse consequências antes de colaborar com as investigações, é que o ministro não foi demitido.

Se tivesse atuado à revelia da chefia, colocando a presidente numa situação constrangedora, logicamente estaria fora do governo.

Ponto final. "Aqueles que não gostam de política serão governados por aqueles que gostam" (Platão).
Herculano
20/03/2016 08:58
A LEALDADE DE ARAGÃO, por Merval Pereira, de O Globo

O ex-subprocurador-geral da República, Eugênio Aragão, resolveu mostrar para Lula toda sua lealdade e, nomeado ministro da Justiça, desandou a falar contra a Operação Lava-Jato. Ameaçou afastar de investigações criminais delegados e agentes suspeitos de vazamento de informações sigilosas, e classificou de "extorsão" o método usado pelos procuradores para obterem as delações premiadas.

Aragão é o mesmo a que o ex-presidente Lula se referiu numa conversa com seu ex-ministro Paulo Vannuchi, dos Direitos Humanos, quando se queixava da atuação dos procuradores do Ministério Público: "O problema é o seguinte, Paulinho. Nós temos que comprar essa briga. Eu sei que é difícil, sabe. Eu às vezes até fico pensando se o Aragão deveria cumprir um papel de homem naquela porra, porque o Aragão parece nosso amigo, parece, parece, parece, mas tá sempre dizendo 'olha. sabe, porra'", diz Lula para Vannuchi.

As declarações recentes de Aragão provocaram uma reação vigorosa da Associação Nacional dos Delegados, que amanhã se reunirá para decidir se entra na Justiça com um mandado de segurança para impedir afastamentos preventivos de policiais federais. Também o deputado federal Raul Jungmann entrará com uma ação em defesa da imparcialidade na atuação da Polícia Federal. Impetrará um mandado de segurança coletivo no STJ contra o ministro, para impedir que ele dê ordens ou orientações para a substituição sumária ou arbitrária de equipes de agentes da Polícia Federal envolvidos na Lava-Jato, sem a apuração e demonstração adequada dos fatos que a justifiquem.

O deputado do PPS, que foi o autor da ação no Supremo que redundou na saída do ministro da Justiça anterior, entrou também com outra ação do mesmo teor no Supremo Tribunal Federal contra Aragão. A ministra Cármen Lúcia já deu dez dias para que o novo ministro se defenda, e Jungmann acha que até lá ele não deveria tomar nenhuma medida.

"O mais interessante seria o pedido de liminar determinar que, para evitar prejuízos ou dúvidas durante a tramitação do mandado de segurança, o ministro, pessoalmente ou por seus subordinados, se abstenha de dar ordens ou orientações a qualquer membro da PF a não ser por ato administrativo escrito e autuado em expediente administrativo regular, bem como de se reunir ou se comunicar com qualquer autoridade da PF sem o registro completo do conteúdo das conversas, por meio eletrônico, que deve ser conservado para apresentação imediata à autoridade judicial, caso requisitado".

Aragão também é membro do Ministério Público, mas como fazia parte da instituição antes da Constituinte de 1988, que proibiu que seus membros fossem nomeados para o Poder Executivo ou exercessem outras funções que não o magistério, se considera apto a assumir o ministério. Não é esse o entendimento do STF, defende Jungmann, baseando-se em um acórdão do ex-ministro Eros Grau, aprovado pelo plenário, que diz que os procuradores anteriores à Constituinte podem optar por manterem garantias e vantagens burocráticas da carreira, mas não estão isentos das proibições que visam garantir a independência dos poderes.

Até mesmo no Conselho Superior do Ministério Público Federal, que tem um entendimento mais flexível sobre a interpretação da Constituição e autorizou a posse de Aragão no ministério, o relator do caso considerou que ele não tinha condições de assumir o Ministério da Justiça porque, segundo o subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, não fez a opção pelo regime anterior, conforme exige a Constituição Federal.

No mesmo parecer, o subprocurador diz também que há conflito de interesse na nomeação, pois Aragão até recentemente era subprocurador-geral eleitoral, por três anos, o que o impediria de ser subordinado "àqueles que participaram do pleito passado", comprometendo a independência do Ministério Público.

O temor diante das intempestivas declarações do recém-nomeado ministro é que ele tenha sido nomeado justamente para conter as investigações da Lava-Jato.
Herculano
20/03/2016 06:43
EM SP, 15% DOS MANIFESTANTES EM ATO PRO-DILMA ERAM FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Cerca de 15% das 95 mil pessoas que foram à manifestação pró-Lula e Dilma na sexta (18), na avenida Paulista, disseram ser funcionários públicos.

O percentual é cinco vezes maior que o declarado no município de São Paulo ?"só 3% dos moradores afirmam ter essa ocupação.

Os dados são de pesquisa Datafolha feita durante a manifestação de sexta. Entre 16h e 20h30, foram ouvidas 1.963 pessoas. A margem de erro é de 2 pontos para mais ou para menos. Os dados da cidade são de levantamento realizado em 28 e 29 de outubro de 2015.

Dos manifestantes presentes no ato da sexta, 6% afirmaram ser empresários, de acordo com o instituto.
Herculano
20/03/2016 06:33
FALTA DE RUMO DA OPOSIÇÃO É AINDA MAIS SURPREENDENTE QUE A RUÍNA DO GOVERNO, por Josias de Souza

O governo e seus símbolos estão submetidos a uma atmosfera apocalíptica. Além de reprovar Dilma (69%), a maioria dos brasileiros deseja o seu impeachment (68%) ou a sua renúncia (65%). Para piorar, mais da metade do eleitorado (57%) afirma que jamais votaria em Lula. Diante de um quadro assim, seria razoável que a oposição vivesse um momento áureo. Mas sucede o oposto. O Datafolha informa que Aécio Neves encolhe e Marina Silva não consegue crescer.

Alvo de quatro ações de cassação na Justiça Eleitoral, Dilma pode ter o mandato passado na lâmina. Se isso acontecer ainda neste ano de 2016, haverá nova eleição. Hoje, informa o Datafolha, Marina (21%), Aécio (19%) e Lula (17%) estão embolados nas três primeiras colocações. Em pesquisa realizada há 20 dias, Aécio ostentava 24%. Despencou cinco pontos. Marina ficou do mesmo tamanho.

Poder-se-ia repetir a velha cantilena segundo a qual a oposição não dispõe de projeto. Mas na verdade o problema é ainda mais grave. Em meio a um cenário de borrasca moral e desespero econômico, os antagonistas do governo não conseguem oferecer esperança.

Não é só: o grão-tucano Aécio, que esteve na bica de derrotar Dilma em 2014, prepara-se para escalar o monturo da Lava Jato na condição de investigado. O delator Delcídio Amaral acusou-o de receber verbas sujas desviadas da estatal elétrica Furnas, num caso mal investigado que se arrasta desde 2005. Aécio diz que a denúncia é "mentirosa" e "requentada." A Procuradoria da República quer tirar a prova dos nove num inquérito.

Além da hipótese de cassação pela Justiça Eleitoral, Dilma corre o risco de ser impedida pelo Congresso. Nessa hipótese, assume o cargo o vice-presidente Michel Temer, também citado na delação de Delcídio como patrono da nomeação de um petrogatuno.

Pois bem, apenas 16% dos brasileiros acreditam na capacidade de Temer de entregar um governo ótimo ou bom. Na opinião de 35% dos entrevistados, um governo Temer seria ruim ou péssimo. A plateia tem fundadas razões para levar o pé atrás. Temer preside o PMDB, uma legenda que, entre outros azares, inclui o réu Eduardo Cunha é o investigado Renan Calheiros, alvo de meia dúzia de inquéritos no STF.

Ludibriada em 2014 pela marquetagem petista de João Santana, a plateia não parece disposta a fazer papel de boba novamente. Daí o receio de que Temer vire uma espécie de São Jorge que, enviado para salvar donzela, acaba se casando com o dragão.

O Brasil não é novato em matéria de impeachment. Já arrancou da Presidência Fernando Collor, o notório. Naquela ocasião, todos os partidos políticos com alguma relevância juntaram-se ao redor do então vice-presidente Itamar Franco ?"todos, salvo o PT. Deu no Plano Real, que rendeu dois mandatos presidenciais a Fernando Henrique Cardoso.

Hoje, vista de longe, Brasília parece mais uma comédia mal escrita, sem direção, com atores fora de suas marcas, escalados às pressas para substituir o espetáculo anterior, que talvez saia de cartaz porque o público já não suporta o elenco que está em cena. A política nunca esteve tão por baixo.
Herculano
20/03/2016 06:30
O MISTÉRIO DO "EVENTO 133", por Elio Gaspari para os jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Consultando-se as agendas da doutora Dilma, de Nosso Guia e do juiz Sergio Moro, vê-se que, por algum motivo, eles ficaram apressados na quarta-feira (16).

Lula e Dilma tomaram café da manhã juntos. Era sabido que ele temia ser preso e que ela o convidara para o governo.

Pouco depois das 11 horas, o juiz Sergio Moro suspendeu várias interceptações telefônicas, inclusive a de um celular "laranja" de Lula. Passados alguns minutos, o Planalto informou que ele iria para a chefia da Casa Civil.

Às 13h32, Dilma telefonou a Lula, avisando que estava remetendo "o termo de posse", para usá-lo "em caso de necessidade". (Para a série mistérios da alma de Dilma: precisava telefonar?)

Às 15h34, a PF informou que ouviu a conversa e, às 16h19, Moro retirou o sigilo que protegia tanto a investigação como os grampos. Às 18h40, o diálogo foi ao ar.

Os grampos de Lula mostram um homem escaldado, ressentido e acuado. Quem o viu no dia seguinte mediu seu abatimento. Basta ler as conversas para se ver como alguns petistas já fugiam dele. Seu recurso aos palavrões é um dos melhores documentos da retórica desabusada que lhe deu popularidade e agora lhe dá a cama de pregos.

Quando Dilma nomeou Lula para a chefia da Casa Civil, sabia que estava blindando-o. Quando Moro aceitou o grampo feito depois de ter determinado a suspensão das interceptações, também sabia que o curto diálogo incendiaria o debate.

Explicando sua decisão de incluir o "evento 133", que grampeou Dilma, Moro disse: "Não havia reparado antes no ponto, mas não vejo maior relevância". Pode-se fazer tudo por Moro, menos papel de bobo. Sua explicação ofende a inteligência alheia, e a repercussão do gesto mostrou sua relevância.

O juiz tem tanta convicção de que está sempre certo que se julga incapaz de errar.

MADAME NATASHA

Madame Natasha zela pelo uso correto do idioma e sabe que as palavras são como as facas: servem para cortar carne à mesa ou para esfaquear os outros na rua.

Ela concedeu uma das suas bolsas de estudo ao prefeito do Rio, Eduardo Paes, pelo vocabulário que usou durante o piti que teve ao cuidar do atendimento de seu filho no hospital Lourenço Jorge.

Descontente com o serviço de um médica, ele lhe disse: "A senhora está demitida. Não quero mais ouvir a sua voz, aqui não estou falando como cidadão, mas como seu patrão. Não quero mais que você trabalhe para mim".

Natasha sabe que o prefeito se tem em muito boa conta. O doutor acha que Lula se meteu nas encrencas de Atibaia porque tem "alma de pobre". Ele não é patrão da médica, nem ela é sua empregada. Ambos são servidores públicos, servem ao público e, de certa maneira, a médica acaba sendo uma das patroas de Paes.
Herculano
20/03/2016 06:30
FÚRIA ARRECADADORA, por Elio Gaspari para os jornais O globo e Folha de S. Paulo

Na sua fúria arrecadadora, o governo cozinha o restabelecimento de um sistema de bônus para os auditores da Receita Federal, vinculando-os ao desempenho (leia-se multas cuja cobrança foi efetivada).

Em tese, pode ser bom, mas também pode criar uma indústria de multas. Em qualquer caso, em vez de discutir o salário dos servidores, inventa-se um gatilho. Pelas contas do oficialismo, pode render dinheiro gordo. Para quem conhece a Receita, será um perigoso esparadrapo.

Os auditores da Receita estão em greve branca desde agosto, e o governo finge que esse problema não existe.

RISCO

Se a doutora Dilma resolver jogar o governo em aventuras econômicas, é certo que Alexandre Tombini deixará o Banco Central.

Por maiores que sejam suas lealdades, Nelson Barbosa também deixará o Ministério da Fazenda antes de atentar contra a própria biografia.

No caso de Barbosa, o teste é fácil: na hora em que ele ficar parecido com Guido Mantega, vai-se embora.

BOMBA-REL?"GIO

Se e quando Lula tiver terminado de arrumar sua mesa no Planalto, verá que ficou numa gaveta o projeto de liberação dos planos de saúde individuais.

A iniciativa tem fortes padrinhos e esteve perto de ser aprovada ao tempo em que Aloizio Mercadante estava na Casa Civil. Com a chegada de Jaques Wagner, a oposição de uma parte da burocracia da saúde bloqueou o ofensiva. O próprio Wagner condenava a ideia.

Lula encontrará vários defensores da liberação na antessala de seu gabinete. São velhos amigos seus, do PT e de suas campanhas.

VERDADES PETISTAS

Lula não é dono do tríplex do Guarujá; Lula não é dono do sítio de Atibaia; Lula não usa celular.

VEL?"RIO

Nos seus momentos de tristeza, Lula costuma dizer que gostaria de assistir ao próprio funeral. Que os deuses lhe deem longa vida, mas lhe ofereceram um grande ensaio geral.

MORO ERROU O TIRO NO EXEMPLO DE NIXON

Justificando a sua decisão de divulgar o grampo de uma conversa de Lula com a presidente da República, o juiz federal Sergio Moro disse o seguinte:

"Nem mesmo o supremo mandatário da República tem um privilégio absoluto no resguardo de suas comunicações, aqui colhidas apenas fortuitamente, podendo ser citado o conhecido precedente da Suprema Corte norte-americana em US v. Nixon, 1974, ainda um exemplo a ser seguido".

Moro divulgou um telefonema dado por Dilma a Lula horas antes. A Suprema Corte americana ordenou que o presidente Richard Nixon entregasse as transcrições de 43 conversas ocorridas semanas ou mesmo meses antes na Casa Branca.

Nixon era paranoico, mas grampeou o Salão Oval achando que nada havia de anormal nisso. Antes dele, Lyndon Johnson e John Kennedy gravaram tudo o que puderam. Franklin Roosevelt gravou pouca coisa, porque a engenhoca era do tamanho de um frigobar.

A Suprema Corte não botou os áudios no ar em poucas horas. As transcrições instruíram o processo e não esquentaram o debate além do ponto a que se havia chegado.

O que a corte discutiu foi o direito do presidente de blindar suas fitas. Afinal, o grampo não era da polícia, era dele. Não se conhece qualquer decisão judicial que permita botar no ar uma conversa do presidente dos Estados Unidos grampeada horas antes.

O juiz que fritou Nixon chamava-se John Sirica e, na juventude, fora boxeador. Era republicano, tinha horror a criminosos e sempre que podia espichava-lhes as penas.

Curiosidade: Nixon renunciou 16 dias depois da sentença unânime da corte.
Herculano
20/03/2016 06:23
UMA GUERRA SEM FIM, por Carlos Brickmann

Sua história, seu comportamento, nada importa: a qualquer frase que desagrade a qualquer lado deste Fla-Flu imbecil, uma máquina de demolir reputações começa imediatamente a funcionar. De um momento para outro, fãs de Lobão passam a detestá-lo, antigos admiradores de Chico Buarque o acusam de não saber rimar, personalidades de impecável trajetória são atacadas por pessoas que, convenhamos, não chegam a seus pés. Fernando Gabeira, quando achou que era o caso, pegou em armas contra a ditadura, foi ferido, preso, torturado e exilado. Foi companheiro de Lula e seu candidato a vice. Hoje acredita que Lula e o PT estão errados - e por isso passa a ser alvo de difamação. Um jornalista que nem mora no Brasil ameaçou o excelente chargista Chico Caruso de "escracho": militantes ensandecidos às portas de sua casa, berrando dia e noite contra ele. A rede de lanchonetes Habib's, cujos proprietários apoiaram a passeata Fora Dilma, sofre ameaças de boicote (e seus salgadinhos, apreciados, são acusados falsamente de provocar azia). Liberdade de expressão, sim; mas só para amigos e aliados.

O mais grave acaba de acontecer: um colunista divulgou uma lista de pessoas famosas que, acha, devem ser boicotadas porque são petistas. A lista é incompleta; e delirante, já que aponta como petista até Delfim Netto. O autor diz que não se importa de ser o McCarthy brasileiro - cita Joe McCarthy, o senador americano que perseguiu gente como, por exemplo, Charlie Chaplin.

Nem isso ele consegue: McCarthy, um radical perigoso, enlouquecido, foi pelo menos original.

ELES CONTRA NOS

O autor da lista de boicote a petistas não é o único doido que quer matar de fome os adversários ("não assistam a seus programas, não leiam suas colunas, não comprem seus livros (...)". A esquerda já fez isso com um dos grandes cantores brasileiros, Wilson Simonal, patrulhado até a morte. Recentemente, esquerdistas pediram, para fins de perseguição, a lista de estudantes israelenses na Universidade Federal de Santa Maria (as autoridades preferiram deixar pra lá).

Mas está na hora de acabar com isso: um dia, o Brasil terá de conversar para sair do caos dilmista. Como conversar se cada lado patrulha o outro e tenta eliminá-lo?

Imitando um slogan idiota, de comício, país desunido sempre será vencido.
Herculano
20/03/2016 06:23
TIRO LIVRE, por Carlos Brickmann

O caro leitor acha que a situação está confusa? Tem toda a razão, mas ainda vai piorar: o deputado Pedro Corrêa, do PP de Pernambuco, envolvido em nove de cada dez casos de grande repercussão, acaba de revelar os alvos de sua delação premiada, aprovada nesta semana.

Atinge Lula, que Corrêa coloca no topo da pirâmide (auxiliado por José Dirceu, este apenas como operador), em obras como Belo Monte, Angra 3 e outras. No total, são 118 pessoas citadas, entre deputados federais, senadores, governadores, ministros e o então presidente Lula.

A MARCHA DO IMPEACHMENT

Toda essa discussão sobre delações, grampos, vazamentos é importante, mas mais importante ainda é a votação do impeachment. A comissão da Câmara que analisa o tema já está instalada e o prazo para sua manifestação está correndo. O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, acha que teremos novidades em abril ou maio.

Dilma precisa reunir um sugestivo número de deputados - 171 - para derrubar o impeachment. Mas está difícil: com os grampos de Lula, a bancada do Governo está se desmanchando. PMDB, PR e PP preparam a despedida (têm, juntos, 145 parlamentares). Logo estarão na bancada só o PT e o PCdoB. Será necessária uma imensa negociação para conseguir o número mágico, 171.

BONS DE BICO

Os tucanos amaram as delações premiadas. Mas, quando Delcídio Amaral denunciou Aécio Neves, do PSDB, silenciaram. Delcídio disse que Aécio foi beneficiado pelo esquema de Furnas. As acusações podem ser falsas: mas, no caso, Delcídio perderia os benefícios da delação premiada. E como explicar que, para os tucanos, as denúncias contra petistas sejam verdadeiras e as demais, falsas?

Conta Delcídio, ex-tucano que se converteu ao PT: "Quem comandava o esquema em Furnas era Dimas Toledo, nomeado no governo tucano. Numa viagem, Lula perguntou quem era Dimas". Delcídio disse que era "um companheiro do setor elétrico, muito competente." Lula completou: "Eu assumi e o Janene veio me pedir pelo Dimas, depois veio o Aécio e pediu por ele. Agora o PT, que era contra, está a favor. Pelo jeito ele está roubando muito".

Mas nada fez. Ou fez.

ARQUIVOS IMPLACÁVEIS

Do Espaço Vital, www.espacovital.com.br: "O deputado Silvio Costa (PTdoB-PE), vice-líder do governo na Câmara, deu entrevista, no dia 4 deste mês, à Rádio Jornal de Pernambuco. Falou sobre a Lava Jato e garantiu que 'não pegarão o Lula, porque ele não tem crime nenhum'.

E arrematou, profético: 'Se Lula achasse que iam pegar ele, logo virava ministro da Dilma'."

A GRANDE FRASE

Também do ótimo portal jurídico Espaço Vital: "A música 'Travessia', de Milton Nascimento, passa a integrar a biografia de Lula.

É que tem um verso que canta assim: 'Minha casa não é minha, e nem é meu esse lugar'. "
Herculano
20/03/2016 06:17
"LULA, O MUSICAL", por Sérgio D'Ávila, para o jornal Folha de S. Paulo

A peça de mais sucesso da temporada atual da Broadway é o musical político "Hamilton".

Com rap e hip-hop, parte da vida do primeiro secretário de Tesouro e um dos "pais fundadores" dos Estados Unidos, Alexander Hamilton (1755/7-1804), para falar da formação do país. O casal Obama já assistiu duas vezes, uma delas em sessão especial na Casa Branca.

Os acontecimentos da última semana no Brasil nos autorizam a pensar numa versão local, tropicalizada. Proponho a farsa "Lula, o Musical "" Eu Tô Mandando o 'Bessias'", a ser encenada em Brasília.

Será proibida para menores, pela fixação que o personagem principal tem na fase anal e por cenas explícitas de quebra de decoro. O tempo é o atual. O cenário é um sítio emprestado em constante reforma.

Os personagens principais:

O ex-presidente - No poder há 13 anos, tem relação de amor e ódio com as elites. Sente-se perseguido, ameaça virar Nero e incendiar tudo. Anda pelo palco arrastando um contêiner de tralhas que não tem onde colocar.

A presidente - Depende do personagem principal e o protege, numa relação simbiótica. Fala frases sem sentido nem fim. É ela quem manda o "Bessias" do subtítulo em uma missão delicada e nunca esclarecida.

O juiz - Além de despertar ciúme (esse monstro dos olhos verdes), o mouro de Curitiba tem superpoderes. Entre eles o da escuta telefônica e o de mandar prender por tempo indeterminado. É o antagonista do personagem-título.

O prefeito do balneário - Mistura o típico malandro carioca com Justo Veríssimo, personagem de Chico Anysio que odiava pobre. Mora em Maricá, mas sonha com Petrópolis. É viciado em jogos.

"Bessias" - Na verdade Messias, é o anjo exterminador do respeito às instituições democráticas. Entrega o salvo-conduto ao ex-presidente na cena que dá início ao musical.

Público pagante - Você.
Herculano
20/03/2016 06:11
DILMA SABIA DE TODOS OS ESQUEMAS, DIZ DELCÍDIO, por Cláudio Humberto na coluna que publicou neste domingo nos jornais brasileiros

Delcídio do Amaral revelou à força-tarefa da Lava Jato que Dilma sabia desde 2004, segundo ano do governo Lula e primeiro ano do Petrolão, de todos os esquemas de corrupção na Petrobras. A delação premiada de Delcídio, segundo investigadores ligados à operação, impressiona pela riqueza de detalhes: foi a mais longa e completa da Lava Jato até agora: durou oito dias, com depoimentos de 4h de manhã e 4h à tarde.

PRODIGIOSO
Membros da força-tarefa elogiam a "memória prodigiosa" de Delcídio, que lembrava de quase tudo. E tinha anotado ou documentado.

SEM CONTRADIÇÕES
Investigadores testaram os relatos de Delcídio, reinquirindo sobre os mesmo temos de formas diferentes, mas não caiu em contradições.

PASSOU NO DETECTOR
Técnicos treinados no FBI examinaram a voz, a expressão labial, rosto etc. Detectaram momentos de insegurança, mas não mentiras.

IMPRESSIONA
Ainda não se tem dimensão da delação de Delcídio, o mais assustador relato da corrupção nos governos do PT, diz fonte ligada à Lava Jato.

GRUPO DE ADVOGADOS ESTUDA SAÍDAS PARA LULA
Uma força-tarefa de vinte advogados de oito escritórios de Brasília e São Paulo trabalham na capital paulista, em local mantido sob sigilo, incomunicáveis, buscando saídas para o ex-presidente Lula. Está difícil. Os advogados, que estão sendo "muito bem pagos", segundo um deles, são orientados, inclusive, a manter celulares desligados. A ideia é "não perder o foco", estudando todos as acusações contra Lula.

QUEM PAGA?
Os advogados são "muito bem pagos", mas não está claro quem paga a conta. Oficialmente, o lulismo nem sequer admite o trabalho.

VAI DAR TRABALHO
A maior preocupação da força-tarefa de defesa de Lula é tentar reverter a indignação do Poder Judiciário com os ataques do ex-presidente.

INSULTO À JUSTIÇA
Nas conversas gravadas sob autorização judicial, Lula acusa o Supremo Tribunal Federal, que o vai julgar, de "acovardamento".

NOVA TENTATIVA
A defesa de José Dirceu vai tentar a redução da pena alegando o critério de idade, como prevê a legislação brasileira. Esta semana o ex-ministro de Lula completou 70 anos.

QUEREM ANTECIPAR
Cresce dentro do PMDB a pressão para o partido desembarcar do governo Dilma antes mesmo do dia 29, data marcada para o divórcio. A ala é encabeçada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

NOVE MESES DE PRISÃO
Após condenação de mais de 19 anos de cadeia, investigadores da Lava Jato creem que o próximo a fechar acordo de delação premiada é Marcelo Odebrecht, que completou neste sábado 9 meses de cana.

LINHA DO TEMPO
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil decidiu apoiar o pedido de impeachment da presidente Dilma. No caso do ex-presidente Collor, entre o apoio da OAB e sua queda foram 7 meses.

ABRAÇO DE AFOGADOS
O vice-presidente Michel Temer não deseja que o PMDB permaneça na condição de coadjuvante, tampouco pretende protagonizar o abraço de afogados com o PT. Prefere investir em projeto próprio do partido

PORTAS DO INFERNO
Jornalista conversava em Brasília com um juiz federal, sobre combate à corrupção, quando ouviu dele a insinuação de ruidosas operações da Polícia Federal nos próximos dias. "O 'mundo' vai acabar?", brincou o jornalista. E o juiz: "Não vai acabar, mas vai ficar bem danificado..."

FORA, PEZÃO
Aproveitando o maior protesto da História brasileira, foi criado no Change.org, site de abaixo-assinados, um pedido de impeachment do governador do Rio, Luiz Pezão (PMDB). Já tem 2.740 adesões.

AVALANCHE DE DADOS
O serviço de processamento de dados da CPI não conseguiu abrir os arquivos de 2 terabytes, o equivalente a 8 milhões de fotos, que estão nos discos com os dados das contas secretas de brasileiros no HSBC.

PENSANDO BEM...
... as manifestações a favor de Dilma e Lula, na sexta (18), mostram que o problema não é a divisão do país e sim a matemática.
Herculano
20/03/2016 06:02
A COMISSÃO E AS RUAS, editorial do jornal Folha de S.Paulo

Constituída após meses de impasses políticos e jurídicos, a comissão encarregada de examinar o impeachment de Dilma Rousseff (PT) na Câmara dos Deputados se depara com uma conjuntura bem diversa daquela que inspirou sua convocação, no ano passado.

Verdade que, em dezembro, já eram obviamente inequívocos os sinais de isolamento do governo, em meio a uma deplorável situação econômica e a baixíssimos índices de popularidade presidencial.

O pedido de impeachment, contudo, fundamentava-se sobretudo nas irregularidades cometidas pela presidente na gestão do orçamento público, as chamadas pedaladas fiscais -tema que parece hoje chamar menos a atenção da expressiva maioria de brasileiros que defende o afastamento de Dilma.

Agora, o conjunto da obra, por assim dizer, oferece gama de motivos muito maior, e bem mais palpável, para a indignação popular.

Da nomeação do ex-presidente Lula para o Ministério da Casa Civil, não sem razão vista como subterfúgio para evitar que ele caísse nas malhas da primeira instância judicial, até os recentes episódios da delação premiada do ex-líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (MS) o que se vê é a derrocada moral e política de todo o sistema petista.

Consequência disso, à inédita manifestação de domingo passado (13) se seguiu notável estado de mobilização permanente contra o governo Dilma. Além disso cresceu, nos últimos dias, o apoio ao impeachment da presidente, passando de 60%, em fevereiro, para 68% agora, segundo o Datafolha.

Rejeitado por 69% da população, o governo até que demonstrou capacidade de reação surpreendente na sexta-feira (18). Atos em todos os Estados do país procuravam se contrapor aos protestos anti-Dilma. Em São Paulo, único ponto em que o Datafolha fez medição, reuniram-se 95 mil pessoas.

Foi, por um lado, a maior manifestação pró-Dilma, quase dobrando o contingente (55 mil) registrado no recorde anterior, em dezembro. Por outro, contudo, somados os públicos de domingo (500 mil, contra Dilma) e de sexta, o governo contou com cerca de 15% de quem esteve na avenida Paulista.

Diante desses números, adquire menor importância o cálculo dos possíveis votos entre os integrantes da comissão do impeachment. Nada parece garantido a esta altura. A sociedade se agita e se divide; os escândalos se sucedem, o ambiente econômico balança ao sabor das expectativas de cada hora.

É certo, no entanto, que eventual vitória de Dilma Rousseff na comissão parece a cada dia mais impossível. E o plenário da Câmara, que deverá votar o relatório final no máximo até maio, está longe de apresentar-se como favorável ao petismo, ainda mais sofrendo irrefreável pressão das ruas.
Roberto Sombrio
19/03/2016 23:18
Oi, Herculano.

Já disse aqui que se a Polícia Federal tivesse prendido Lula no dia da posse em 1º de janeiro de 2003 o Brasil não teria que enfrentar essa vergonha.
No entanto penso que foi melhor assim para que o povo acorde e pare de endeusar bandidos.

O PT pode parar de sonhar com cargos públicos aqui em Gaspar, Brusque, Blumenau, Itajaí e por aí vai.
Nem com essa ponte meia boca concluída o PT ganha. Bem! Posso estar enganado. Eles tem prática em comprar votos.
Lesma Zúque
19/03/2016 22:20
Chavismo critica tentativa de "golpe de Estado" e lança apoio a Lula e Dilma.
Só falta CUBAlançá.
Herculano
19/03/2016 17:57
PRONTO! MANCHETE DA EDIÇÃO DE DOMINGO DO JORNAL FOLHA DE S. PAULO RETRATA A OPINIÃO POPULAR QUE OS POLÍTICOS NÃO EXERGAM E O PT NEGA. APOIO A IMPEACHMENT DE DILMA CRESCE E CHEGA A 68%, SEGUNDO O DATAFOLHA

Texto de Fernando Canzian. O apoio da população ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) cresceu oito pontos desde fevereiro. Agora, 68% dos eleitores são favoráveis ao seu afastamento pelo Congresso Nacional.

Também houve um salto, de 58% para 65%, no total dos que acham que Dilma deveria renunciar à Presidência.

O percentual dos contrários ao impeachment foi de 33% em fevereiro para 27% agora. Segundo pesquisa Datafolha realizada entre os dias 17 e 18 de março, a reprovação ao governo da petista também retornou ao seu patamar recorde: 69% avaliam sua administração como ruim ou péssima.

A taxa é comparável aos 71% de reprovação alcançados por Dilma em agosto de 2015, o mais alto da série histórica do Datafolha (iniciada em 1989), levando-se em conta a margem de erro de dois pontos percentuais.
O instituto ouviu 2.794 eleitores em 171 municípios de todo o país.

O apoio ao afastamento da presidente cresceu em todos os segmentos pesquisados.

A intensidade foi maior entre os que têm entre 45 e 59 anos (de 52% para 68%), na parcela dos que têm 60 anos ou mais (48% para 61%) e entre os eleitores mais ricos (54% para 74%).

Como comparação histórica, em pesquisa Datafolha realizada nos dias 2 e 3 de setembro de 1992, a menos de um mês da votação do impeachment do ex-presidente Fernando Collor, 75% dos brasileiros defendiam a medida e 18% eram contrários a ela -7% diziam não saber opinar.

PROTESTO E COMISSÃO

A piora na avaliação de Dilma e o aumento nas taxas dos que acham que ela deveria ser afastada pelo Congresso ou renunciar se dão na sequência da maior manifestação política já registrada pelo Datafolha: um ato contra a presidente reuniu 500 mil pessoas na avenida Paulista no domingo passado (18).

Na quinta-feira (17), a Câmara dos Deputados elegeu a comissão especial que analisará o processo de impeachment da presidente.

Dos 65 deputados membros da comissão, 33 são da oposição ou dissidentes já declarados, com inclinação pró-impeachment.

O bloco de apoio a Dilma soma 22 parlamentares. Os demais estão ainda indecisos ou em negociação sobre que posição tomar.

O levantamento do Datafolha mostra que, entre fevereiro e março, houve também alta expressiva nas parcelas dos que, independentemente da posição sobre o impeachment da presidente, acreditam que ela será afastada.

No levantamento anterior, eram 60% os que não acreditavam na sua destituição do cargo. Agora, uma parcela de 47% acha que ela não será afastada pelo impeachment.

Embora a saída de Dilma tenha apoio majoritário entre os brasileiros, a perspectiva de um governo liderado pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB) não obtém o mesmo respaldo: apenas 16% acreditam que um eventual governo do peemedebista seria ótimo ou bom. Para 35%, seria ruim ou péssimo.

Em uma lista que inclui vários presidentes desde a redemocratização, Dilma também aparece à frente dos demais na percepção dos eleitores em relação ao governo em que mais houve corrupção.

Para 36% dos entrevistados, seu governo é o que mais teve desmandos. Lula e o ex-presidente Fernando Collor aparecem na sequência, citados por 23% e 20% dos entrevistados, respectivamente.

A corrupção também aparece na pesquisa pela segunda vez consecutiva como o principal problema do país: 37% a consideram a maior chaga, taxa superior aos 34% registrados em fevereiro.
Herculano
19/03/2016 14:04
HORA DE FIXAR RESPONSABILIDADES, por Bolivar Lamounier, para o jornal O Estado de S.Paulo

Parte 1

Comecemos pelo começo. Primeiro a sra. Dilma Rousseff, com sua desumana incompetência, teve um papel decisivo na política econômica dos últimos cinco anos, que arrasou o País e jogou centenas de milhares de famílias na rua da amargura.

Segundo, valeu-se ardilosa e fraudulentamente de seu poder de nomeação para homiziar na Casa Civil o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva, já sabidamente arqueado sob o peso de vários indícios criminais. Ao nomeá-lo, conseguiu a proeza de ignorar as estipulações constitucionais vigentes duas vezes num mesmo dia.

Terceiro, ao embarcar na manobra para nomear Lula, a senhora presidente cuspiu no rosto dos 3,5 milhões de brasileiros (idosos, jovens, crianças...) que participaram do protesto do último domingo, dia 13 ?" e, por implicação, no dos mais de 100 milhões que ficaram em casa, mas certamente apoiaram o movimento. A multidão foi às ruas com o objetivo de apoiar o juiz Sergio Moro, a Operação Lava Jato e a Polícia Federal. Ou, o que dá na mesma, para exigir o impeachment ou a renúncia da presidente Dilma Rousseff e o aprofundamento das investigações e as devidas sanções criminais contra o ex-presidente Lula, pelas razões que todos conhecemos.

Nas primeiras décadas do século passado, época de capangas e jagunços, era comum fugitivos da Justiça se acoitarem no interior de fazendas, mas, quanto eu saiba, os mais altos cargos da administração pública nunca foram utilizados com essa finalidade. Ato contínuo ?" e com o evidente propósito de disfarçar o real sentido da nomeação ?", a presidente empossou Lula numa Presidência de facto, transferindo-lhe atribuições que são de sua exclusiva responsabilidade. Para o bem geral da Nação, ela poderia, evidentemente ?" e, a meu ver, deveria ?", renunciar ao cargo, mas não pode, vigente o regime presidencialista, transferir todo o núcleo dos instrumentos de poder que o eleitorado lhe entregou em outubro de 2014.

É mister registrar que a pretensa nomeação de Lula teve como pano de fundo a homologação pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, da delação premiada do senador Delcídio Amaral, a revelação do envolvimento do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, numa tentativa de comprar o silêncio do mesmo senador e a divulgação, na quarta-feira à noite, das gravações de conversas de Lula com Dilma Rousseff. Na delação Lula é citado um sem-número de vezes, e a própria presidente passa a ser alvo de uma possível investigação por tentativa de obstrução da Justiça. O ministro Mercadante apresentou-se como autor solitário da tentativa de subornar Delcídio ?" uma representação no melhor estilo "me engana que eu gosto". As gravações comprovam além de qualquer dúvida a verdadeira intenção de Lula ao assumir a Casa Civil; novidade, se é que se trata de novidade, foi a linguagem chula, própria da escória moral da sociedade, a que ele frequentemente recorre para expressar seus pensamentos.
Herculano
19/03/2016 14:04
HORA DE FIXAR RESPONSABILIDADES, por Bolivar Lamounier, para o jornal O Estado de S.Paulo

Parte 2

A nomeação haverá, pois, de ser considerada nula, de um lado, pelo evidente desvio de finalidade de que se revestiu, a criação de um valhacouto para Lula; de outro, pela farsesca demonstração de humildade da presidente, que deveria, sim, reconhecer a sua incompetência, mas não como um mero complemento cênico da desastrada operação que aquiesceu em realizar. A situação de momento pode, portanto, ser resumida em três pontos:

1) Ao "acovardado" (termo empregado por Lula) Supremo Tribunal Federal cabe invalidar o quanto antes o referido ato de nomeação; 2) ao Congresso Nacional, apressar o processo de impeachment, inexistindo já, a esta altura, a alternativa de permanência da presidente no cargo; 3) tendo os dois pontos anteriores como pano de fundo a mobilização da sociedade numa escala jamais vista no País, de norte a sul e leste a oeste.

A ninguém é dado o direito de ignorar que o clima psicológico do País é tenso; a responsabilidade por mantê-lo dentro de limites aceitáveis é de todos, mas Lula e Dilma são inegavelmente os indivíduos com maior capacidade de entornar o caldo. Afinal, foi ela que, exatos três dias depois da maior manifestação popular da História brasileira, entregou o cargo de ministro-chefe da Casa Civil ao multi-inquirido Lula, cogitando de transformá-lo num superministro, na verdade, um presidente de facto.

Pessoa de poucos estudos, Dilma com certeza nunca entendeu a diferença entre a legitimidade e a simples legalidade do poder. Nunca entendeu que um governo que se queira legítimo precisa observar certos requisitos não necessariamente insculpidos na lei, mas também fundamentais, entre eles o comedimento; o respeito pela vontade de grandes parcelas da sociedade ?" mais ainda quando expressa de forma ordeira e pacífica, como ocorreu no dia 13; e um compromisso com a veracidade, mormente quando o País vive uma atmosfera tensa, propícia a posicionamentos acirrados.

Dilma Rousseff educou-se politicamente em certos meios de esquerda, na política estudantil e na organização marxista-leninista em que militou; e certamente foi influenciada pelos cânones da política sindical, da qual proveio seu mentor, para não dizer seu inventor, Luiz Inácio Lula da Silva. Sem menosprezar as virtudes que os meios estudantil e sindical possam ter como ambientes de educação política, é neles perceptível um certo anti-institucionalismo, um desprezo pelas regras do jogo democrático e, no lado contrário da moeda, uma clara tendência a valorizar atributos ligados à esperteza, à malícia e ao cinismo, superestimando uma concepção meramente tática e instrumental da atividade política.
Herculano
19/03/2016 13:57
DILMA ROUSSEFF QUER PRENDER SÉRGIO MORO, EU QUERO PRENDER DILMA ROUSSEFF, por Reinaldo Azevedo, de Veja.

Pois é... Dilma nomeou Lula ministro só para que o afortunado, hoje o maior coronel do país, não corresse o risco de ser preso pelo juiz Sergio Moro

A presidente Dilma Rousseff foi a Feira de Santana, na Bahia, entregar unidades do programa Minha Casa Minha Vida. A um público selecionado a dedo, afirmou o seguinte sobre o conteúdo dos grampos telefônicos:
"Essa conversa apareceu gravada, grampeada, e aí é um fato grave. Grampo na Presidência da República ou para qualquer um de vocês não é algo lícito. É algo ilícito. E é previsto como crime na legislação. O grampo à minha pessoa não é por ser eu, Dilma, é por eu ser presidenta".

Eu poderia oferecer um contra-argumento mais retórico do que técnico a Dilma, embora uma retórica assentada na realidade.

Eu diria que presidenta que frauda a contabilidade para fraudar as urnas também deveria ser presa.
Presidenta que talvez não roube, mas que deixa roubar, deveria ser presa.

Presidenta que urde com um companheiro um plano de intervenção extralegal na Polícia Federal e no Ministério Público Federal deveria ser presa.
Presidenta que nomeia um ministro de estado com o fito de livrá-lo da cadeia, o que está mais do que comprovado, também deveria ser presa.
Notem que essa linguagem a que apelo busca o contraste, desmoralizando o adversário retórico com suas flagrantes ilegalidades.

Mas prefiro ficar na resposta técnica. Dilma não foi grampeada. Grampeados foram outros entes e pessoas que estão sob investigação. O problema é que eles todos estavam em linha direta com a presidente da República.
Dilma se sente confortável ao ouvir de um investigado, que ela transformou em ministro, que os tribunais superiores estão acovardados? Dilma se sente confortável ao ouvir desse mesmo investigado que eles precisam se reunir para fazer "alguma coisa" sobre Ministério Público Federal e Polícia Federal?

Mais: não se tratou de escuta ilegal, mas legalmente determinada. A quebra do sigilo dessas mensagens, dado o contexto, é plenamente justificada. A única área de debate será o uso das gravações feitas quando já suspensa a quebra do sigilo. Muito provavelmente, não poderão ser empregadas como prova. E fim de papo.

Eu fiquei com vontade de fazer mais um contraste.

Presidenta que diz que impeachment, ancorado na Constituição e na lei e ritualizado pelo STF, é golpe também deveria ser presa por afronta à Carta Magna.
Eu fico ainda com vontade de prender presidente que nomeia um investigado para ministro, ferindo o Artigo 85 da Constituição e a lei 1.079, que trata da probidade administrativa.

Dilma, Lula e o PT perderam a interlocução com a sociedade e o eixo. O mico da manifestação desta sexta indica isso. Embora seja uma tramoia urdida por aparelhos, não conseguem arregimentar ninguém. As hordas que vi nas ruas mal disfarçavam o seu caráter de gente arregimentada a soldo.

Dilma resolveu caprichar nos exemplos. Afirmou:
"É importante a gente não voltar atrás na história. Não sei se vocês sabem, mas nos anos 20 do século passado, como é que funcionava a polícia. Aqui no Estado da Bahia e em todo o Brasil. A polícia prendia não porque aquele ou aquela estavam cometendo delito, mas prendiam para seguir interesses dos coronéis. Como funcionavam os juízes? Também prendiam para satisfazer os interesses dos grandes proprietários e das grandes fortunas desse país".

Pois é? Dilma nomeou Lula ministro só para que o afortunado, hoje o maior coronel do país, não corresse o risco de ser preso pelo juiz Sergio Moro.
Ademais, em matéria de grandes fortunas, a canalha do petrolão tem muito a ensinar!

Vá pra casa, ex-presidente Dilma! Deixe-nos em paz!
Herculano
19/03/2016 13:50
CONFIRMADO

Tem muito, mas muito mais gente, gasparense, e principalmente jovens que vão ajudar a mudar o Brasil e Gaspar, no Stammtisch do Cruzeiro do Vale, na Arena Multiuso, do que se contou ao longo da Aristiliano Ramos durante o desfile de ontem comemorativo 82 anos de emancipação.
Herculano
19/03/2016 13:47
QUEM TE VIU, QUEM TE VÊ... por Plácido Fernandes, para o Correio Braziliense

Quando os brasileiros ainda não sabiam direito quem era Lula, em 1988, o discurso: "No Brasil, é assim: quando um pobre rouba, vai para a cadeia; quando um rico rouba, vira ministro". Vinte e oito anos depois, a realidade: acuado pelas investigações da Operação Lava-Jato, que desmontou o bilionário esquema de ladroagem de dinheiro na Petrobras, e um dia depois de a maior manifestação da história do país pedir a prisão dele e o impeachment de Dilma, Lula reage da maneira mais desastrada possível. Decide virar ministro para escapar da cadeia. Petistas desdenham dos protestos: "Golpistas".

Quem estudou história sabe que, antes de chegar ao poder, o PT pediu o impeachment de praticamente todos os presidentes legitimamente eleitos. O partido prometia ética na política e o fim do saque aos cofres públicos. Hoje, depois do mensalão e do petrolão, o esquema de PC Farias parece café pequeno. E, aí, quem tem bom senso se pergunta: "Era tudo golpismo?" Quando Collor foi destituído, era esse o discurso de Lula: "Pela primeira vez na América Latina, o povo brasileiro deu a demonstração de que é possível, o mesmo povo que elege um político, destituir esse político. Eu peço a Deus que nunca mais esqueça essa lição".

Como se sabe, o povo não esqueceu. Estão aí as multidões nas ruas a fazer história. Mas Lula, sim, esqueceu. Ou finge que esqueceu o que disse. Hoje, quando o povo na rua pede o fim de um governo suspeito de ter sido eleito com dinheiro roubado dos cofres públicos, e isso, sim, é golpe na democracia, o discurso do petista é outro.

Vamos à realidade agora. Em conversa com um irmão, Genival, às vésperas da maior manifestação de todos os tempos no país. Lula fala sobre o "respeito" e o "tratamento democrático" que dará aos brasileiros, caso façam protesto em frente ao prédio onde mora: "Vai ter um monte de peão na porta de casa pra bater nos coxinhas. (...) Eles vão tomar tanta porrada que nem sabem o que vai acontecer". Essa face, do verdadeiro Lula, foi captada por escuta autorizada pela Justiça.

Houve um tempo, todos sabem, em que o petista, no discurso, defendia a publicidade até de escutas clandestinas. "O culpado não é quem divulgou", disse em entrevista, em 2010, ao defender o fundador do site WikiLeaks, Julian Assange. Hoje, Lula, Dilma e o PT condenam o juiz Sérgio Moro por ter tirado o sigilo das gravações em que, segundo a PF, tramam a obstrução das investigações da Lava-Jato, supostamente apostando na cumplicidade de ministros do STF. Que se faça justiça e triunfe a democracia. Nenhum cidadão que se preza tem bandido de estimação. Ninguém está ou deveria estar acima da lei. Um partido que chama todo mundo de ladrão comete crime quando se torna governo e não manda investigar as maracutaias que denunciava.
Herculano
19/03/2016 13:44
QUANTOS PROTESTARAM EM GASPAR PARA DEFENDER O PT, DILMA, LULA E ZUCHI? INGRATOS.

Ingratos o próprio Pedro Celso Zuchi, a família representada por Antonio Carlos Dalsochio, além da vice Mariluci Deschmps Rosa, do presidente do PT que vive encurralando os adversários e ridicularizando as manifestações dos outros, José Amarildo Rampelotti, isto sem falar em Doraci Vanz, Lovídio Carlos Bertoldi entre tantos.
Herculano
19/03/2016 13:39
O RETRATO FALADO, por Míriam Leitão, de O Globo

O pior dos diálogos foi Lula interferir na atuação da Receita Federal. Qualquer pessoa pode ser flagrada em conversas inconvenientes se o telefone for gravado, mas o que se ouve nos diálogos de Lula vai além disso e mostra a intenção de cometer ilegalidades. O telefonema para o ministro da Fazenda, por exemplo, é um dos absurdos. Ele queria usar a Receita Federal em seu favor e contra supostos inimigos. Isso é intolerável no estado democrático.

Não chega a ser surpreendente o palavreado chulo, o machismo, o preconceito das conversas em que o presidente se sentia à vontade com seus interlocutores. O retrato falado de Lula é assim mesmo. O problema não são os maus modos do ex-presidente, mas sim as tentativas de uso do Estado em seu proveito e proteção. "Era preciso você chamar o responsável e falar 'que porra é esta?"", ordenou Lula ao ministro da Fazenda, se referindo à Receita. E o que diz o ministro? Nada. O que ele deveria dizer: lembrar que os auditores fiscais têm autonomia, que não se usa a máquina para proteger alguns, e para perseguir outros. Afinal, o ex-presidente havia sugerido ao ministro acompanhar o que a Receita fazia junto com a Polícia Federal, avisando que o Instituto Lula mandaria para ele as informações sobre a atuação dos fiscais. A nota do Ministério da Fazenda diz que nada recebeu do Instituto. Isso é insuficiente. O que se esperava do ministro é que ele reagisse em defesa dos órgãos dos quais é superior hierárquico apenas temporariamente. O Fisco tem que ser neutro, ele é guardião do sigilo fiscal dos contribuintes, ele coleta o dinheiro coletivo que financiará as políticas públicas. A Receita Federal é um órgão do Estado. Não é do PT.

O ministro diz: "conta com a gente para o que der e vier". Espera-se que seja apenas uma manifestação de solidariedade por afinidade partidária. De um militante falando para o líder do partido, e que "gente" seja ele, pessoalmente, e não o Ministério da Fazenda que esteja sendo oferecido para apoio tão amplo. Lula continua "você precisa se inteirar do que eles estão fazendo no Instituto". O ministro avisa que "eles fazem parte". Quer dizer que a Receita integra a Operação Lava-Jato. Lula diz que se "eles fizessem isso com meia dúzia de grandes empresas resolvia a arrecadação do estado". Diante dessa proposta de uso da Receita, o ministro diz "uhum". Depois de mandar que o ministro chame o responsável para admoestá-lo com palavrões, ele dá a lista dos que gostaria que fossem alvos, "a Globo, o Instituto Fernando Henrique, SBT, Record" e solta outra das suas palavras favoritas. O ministro em resposta pede que Paulo Okamoto envie para ele os papéis do Instituto. Lula reclama que uma investigação contra a "Veja" está parada desde 2008. E usa outra palavra ofensiva aos agentes da Receita. O ministro disse que mandou apurar a razão de haver "velocidade diferente" de investigação.

Nada nesse diálogo é "republicano". O que está acontecendo na conversa é uma tentativa clara de uso da máquina de fiscalização e controle tributários. E lamentavelmente não encontra no interlocutor uma pessoa que lembre como a Receita Federal precisa ser num país democrático. Isso eleva os temores do que pode ter sido tratado pelos dois no encontro pessoal que tiveram depois.

Lula ainda não havia sido nomeado ministro. Era, nos momentos dos diálogos, um ex-presidente. Mas manda Jaques Wagner, então chefe da Casa Civil, que diga a presidente para falar com a ministra Rosa Weber, do STF, sobre a ação que ela julgaria. Mostra que tinha expectativa de ter um procurador-geral submisso e grato. Em outro diálogo fica claro o motivo da escolha do ministro da Justiça, Eugênio Aragão. "Fico pensando que o Aragão deveria cumprir o papel de homem naquela porra". Assim ele se refere ao ministério mais antigo do Brasil, criado antes da independência. E o papel "de homem" é obviamente controlar a Polícia Federal. Afinal, diz, "ele parece nosso amigo". Parece mesmo. Em cada conversa se vê uma pessoa influente, muito influente, pela qual os ministros aguardam ao telefone e que chamam de "presidente" e da qual recebem ordens diretas de interferir no funcionamento do Estado em seu benefício e contra os seus inimigos. É o que assusta, e não as previsíveis grosserias
Herculano
19/03/2016 10:04
A REVISTA VEJA MOSTRA A SEGUNDA PARTE DA DELAÇÃO DO SENADOR DELCÍDIO AMARAL, PT: LULA COMANDAVA A ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. INOCENTAM CRIMINOSOS QUE COMETEM CRIMES PELA CAUSA, INCRIMINAM INOCENTES QUE NÃO SE CALAM, PARTICIPAM OU SE AJOELHAM PARA QUE NÃO TENHAM LIMITES ÉTICOS, OPERACIONAIS E CONTRA A LEI. GASPAR CONHECE DISSO MUITO BEM!E AGORA?

Parte 1

O senador Delcídio do Amaral participou do maior ato político da história do país. No domingo 13, ele pegou uma moto Harley-Davidson, emprestada do irmão, e rumou para a Avenida Paulista, onde protestou contra a corrupção e o governo do qual já foi líder. Delcídio se juntou à multidão sem tirar o capacete. Temia ser reconhecido e hostilizado. Com medo de ser obrigado pela polícia a remover o disfarce, ficou pouco tempo entre os manifestantes, o suficiente para perceber que tomara a decisão correta ao colaborar para as investigações.

"Errei, mas não roubei nem sou corrupto. Posso não ser santo, mas não sou bandido." Na semana passada, Delcídio conversou com VEJA por mais de três horas. Emocionou-se ao falar da família e ao revisitar as agruras dos três meses de prisão. Licenciado do mandato por questões médicas, destacou o papel de comando de Lula no petrolão, o de Dilma como herdeira e beneficiária do esquema e a trama do governo para tentar obstruir as investigações da Lava-Jato. O ex-líder do governo quer acertar suas contas com a sociedade ajudando as autoridades a unir os poucos e decisivos pontos que ainda faltam para expor todo o enredo do mais audacioso caso de corrupção da história. A seguir, suas principais revelações.

Por que delatar o governo do qual o senhor foi líder?
Eu errei ao participar de uma operação destinada a calar uma testemunha, mas errei a mando do Lula. Ele e a presidente Dilma é que tentam de forma sistemática obstruir os trabalhos da Justiça, como ficou claro com a divulgação das conversas gravadas entre os dois. O Lula negociou diretamente com as bancadas as indicações para as diretorias da Petrobras e tinha pleno conhecimento do uso que os partidos faziam das diretorias, principalmente no que diz respeito ao financiamento de campanhas. O Lula comandava o esquema.

Qual é o grau de envolvimento da presidente Dilma?
A Dilma herdou e se beneficiou diretamente do esquema, que financiou as campanhas eleitorais dela. A Dilma também sabia de tudo. A diferença é que ela fingia não ter nada a ver com o caso.

Lula e Dilma atuam em sintonia para abafar as investigações?
Nem sempre foi assim. O Lula tinha a certeza de que a Dilma e o José Eduardo Cardozo (ex-ministro da Justiça, o atual titular da Advocacia-Geral da União) tinham um acordo cujo objetivo era blindá-la contra as investigações. A condenação dele seria a redenção dela, que poderia, então, posar de defensora intransigente do combate à corrupção. O governo poderia não ir bem em outras frentes, mas ela seria lembrada como a presidente que lutou contra a corrupção.

Como o ex-presidente reagia a essa estratégia de Dilma?
Com pragmatismo. O Lula sabia que eu tinha acesso aos servidores da Petrobras e a executivos de empreiteiras que tinham contratos com a estatal. Ele me consultava para saber o que esses personagens ameaçavam contar e os riscos que ele, Lula, enfrentaria nas próximas etapas da investigação. Mas sempre alegava que estava preocupado com a possibilidade de fulano ou beltrano serem alcançados pela Lava-Jato. O Lula queria parecer solidário, mas estava mesmo era cuidando dos próprios interesses. Tanto que me pediu que eu procurasse e acalmasse o Nestor Cerveró, o José Carlos Bumlai e o Renato Duque. Na primeira vez em que o Lula me procurou, eu nem era líder do governo. Foi logo depois da prisão do Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, preso em março de 2014).

Ele estava muito preocupado. Sabia do tamanho do Paulo Roberto na operação, da profusão de negócios fechados por ele e do amplo leque de partidos e políticos que ele atendia. O Lula me disse assim: "É bom a gente acompanhar isso aí. Tem muita gente pendurada lá, inclusive do PT". Na época, ninguém imaginava aonde isso ia chegar.
Herculano
19/03/2016 10:03
A REVISTA VEJA MOSTRA A SEGUNDA PARTE DA DELAÇÃO DO SENADOR DELCÍDIO AMARAL, PT: LULA COMANDAVA A ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. INOCENTAM CRIMINOSOS QUE COMETEM CRIMES PELA CAUSA, INCRIMINAM INOCENTES QUE NÃO SE CALAM, PARTICIPAM OU SE AJOELHAM PARA QUE NÃO TENHAM LIMITES ÉTICOS, OPERACIONAIS E CONTRA A LEI. GASPAR CONHECE DISSO MUITO BEM!E AGORA?

Parte 2

Quem mais ajudava o ex-presidente na Lava-Jato?
O cara da confiança do Lula é o ex-deputado Sigmaringa Seixas (advogado do ex-presidente e da OAS), que participou ativamente da escolha de integrantes da cúpula do Poder Judiciário e tem relação de proximidade com ministros dos tribunais superiores.

Quando Lula e Dilma passam a trabalhar juntos contra a Lava-Jato?
A presidente sempre mantinha a visão de que nada tinha a ver com o petrolão. Ela era convencida disso pelo Aloizio Mercadante (o atual ministro da Educação), para quem a investigação só atingiria o governo anterior e a cúpula do Congresso. Para Mercadante, Dilma escaparia ilesa, fortalecida e pronta para imprimir sua marca no país. Lula sabia da influência do Mercadante. Uma vez me disse que, se ele continuasse atrapalhando, revelaria como o ministro se safou do caso dos aloprados (em setembro de 2006, assessores de Mercadante, então candidato ao governo de São Paulo, tentaram comprar um dossiê fajuto contra o tucano José Serra). O Lula me disse uma vez bem assim: "Esse Mercadante... Ele não sabe o que eu fiz para salvar a pele dele".

O que fez a presidente mudar de postura?
O cerco da Lava-­Jato ao Palácio do Planalto. O petrolão financiou a reeleição da Dilma. O ministro Edinho Silva, tesoureiro da campanha em 2014, adotou o achaque como estratégia de arrecadação. Procurava os empresários sempre com o mesmo discurso: "Você está com a gente ou não está? Você quer ou não quer manter seus contratos?". A extorsão foi mais ostensiva no segundo turno. O Edinho pressionou Ricardo Pessoa, da UTC, José Antunes, da Engevix, e Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez. Acho que Lula e Dilma começaram a ajustar os ponteiros em meados do ano passado. Foi quando surgiu a ideia de nomeá-lo ministro.
Herculano
19/03/2016 09:50
MORO NÃO PODERIA OCULTAR AS GRAVAÇÕES, por Miro Teixeira, Deputado Federal do Rio de Janeiro, pela Rede, ao jornal O Globo

Criou-se a grande armadilha. Escalaram o Lula como bode expiatório da Lava Jato

Moro iniciou a maior reforma política das últimas décadas. Criou-se a grande armadilha. Escalaram o Lula como bode expiatório da Lava Jato. Contra as ruas pró- Moro, planejaram as ruas pró-Lula, em mais uma tentativa de desqualificar a Justiça. É um truque.

Os recursos às decisões de Moro feneceram nas instâncias superiores. A gravação da presidente Dilma, de viva voz, a oferecer a Lula um papel para que ele utilizasse em caso de necessidade, ainda não instrui qualquer processo. Até Lula pareceu surpreender-se com tal iniciativa.

Em poucas palavras, a presidente da República, heroína da democracia e até então resguardada pela sua história de integridade pessoal, colocou-se acima da Constituição e a ofendeu mais do que qualquer presidente civil da história do Brasil.

Incidente inédito, não surge de vozes enlouquecidas de golpistas. É da voz suave da Presidente que se revela a violação de princípios como da moralidade e da impessoalidade. Ofendeu a República. Perdeu a qualidade para presidir o País. O impeachment avança.

Sobre seu uso processual falarão advogados, Ministério Público e Juízes, nos ritos permitidos pela democracia garantista dos direitos dos réus e também das vítimas: o povo.

Mas a reação social e institucional foi sintetizada pelo Ministro Celso de Mello, em resposta aos agravos de Lula. Palavras que serviram para ensejar apressado pedido de desculpas. Se nula a gravação, dela não se ocuparia a Suprema Corte do País. "Esse insulto ao Poder Judiciário traduz, no presente contexto da profunda crise moral que envolve os altos escalões da República, reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes que não conseguem esconder, até mesmo em razão do primarismo de seu gesto leviano e irresponsável, o temor pela prevalência do império da lei e o receio pela atuação, firme, justa, impessoal e isenta de juízes livres e independentes ". (Transcrito de O GLOBO).

A resposta valida a divulgação do conteúdo gravado, à qual estava obrigado o Juiz Sérgio Moro ou lá quem a tenha feito, por dever de ofício, em respeito à obrigação de publicidade de atos criminosos. Ocultá-la poderia ser considerado crime de prevaricação.
Herculano
19/03/2016 09:47
A OUTRA CORRUPÇÃO, por Cristovam Buarque, deputado Federal, sem partido, para o jornal O Globo

Os julgamentos por suspeitas de corrupção têm impedido a avaliação do governo Lula/ Dilma na transformação da estrutura socioeconômica do Brasil. Nenhum governo chegou ao poder com tantas promessas de mudar a realidade brasileira e nenhum esteve tanto tempo à frente da nação, à exceção de Vargas.

Mas, ao olhar ao redor, a avaliação não é positiva.

O Bolsa Família, iniciado no governo anterior com o nome de Bolsa Escola, distribuindo anualmente 0,5% do PIB, deve ser aplaudido por seu caráter de rara generosidade das elites governantes, mas não tem sido um programa transformador. A transformação seria emancipar o povo da necessidade de bolsa, e o governo Lula/ Dilma não avançou neste propósito.

Em um país com a memória da escravidão, o governo Lula/Dilma fez o gesto louvável de criar instrumentos para incluir pobres e descendentes de escravos no ensino superior, com cotas, Prouni, Fies, além de abrir mais 14 universidades federais. Criar mecanismos para que os filhos de alguns pedreiros ingressem na universidade é um gesto positivo, mas não tem, em si, caráter transformador da estrutura social. A transformação viria de reformas no sistema educacional, para fazer com que todos os filhos de todos os pedreiros tivessem condições de disputar vaga no vestibular com a mesma chance que os filhos de seus patrões.

O governo Lula/ Dilma não fez avançar a consciência cívica e política: acomodou as massas e cooptou os movimentos sociais, como CUT e UNE; abriu as portas das lojas para grupos que antes estavam marginalizados, mas não os abrigou como cidadãos plenos; aumentou o número de consumidores, não de cidadãos. Ao abandonarem propostas transformadoras, os partidos progressistas e os movimentos sociais agem como exabolicionistas que, ao chegar ao poder, contentam-se em emancipar alguns escravos e reduzir o sofrimento dos outros, sem fazer a Abolição.

No futuro, além da nódoa ética sobre o PT e demais partidos da base de apoio e suas avaliações dos 13% de século do governo Lula/Dilma mostrarão a perda de uma grande oportunidade histórica, um partido com propostas transformadoras chegar ao poder, com um líder carismático de origem popular, vencer quatro eleições seguidas, e abandonar o pudor e o vigor transformador.

O governo Lula/Dilma encontrou um país dividido, social e politicamente, agravou a divisão política e, no lugar de derrubar o muro que nos divide socialmente, apenas jogou algumas migalhas para os excluídos, e não cumpriu as promessas de realizar as reformas estruturais.

O perigo é que as forças do pós-Lula/ Dilma não façam o que eles não fizeram; porque juízes prendem políticos e limpam a política por um período, mas não derrubam a "cortina de ouro" que divide o Brasil; julgam a corrupção no comportamento dos políticos, mas não a corrupção nas prioridades das políticas.
Herculano
19/03/2016 09:43
JOGO VICIADO, por André Singer, ex-assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT

Pela segunda vez em 15 dias, o juiz Sergio Moro pratica atos juridicamente questionáveis, aparentemente movido pelo desejo imperioso de intervir na cena política. Caso tivesse se restringido ao papel de magistrado técnico, não teria autorizado a condução coercitiva de Lula nem a divulgação de escuta ilegal ?"feita fora do prazo devido?" envolvendo a Presidência da República.

No primeiro caso, vistos os confrontos gerados pela detenção do ex-presidente, emitiu nota na qual lamentava que a sua decisão tenha levado a "confrontos em manifestações políticas inflamadas, exatamente o que se queria evitar".

Foi a primeira mancha sobre a atuação daquele que, na prática, lidera a Lava Jato. Mas, em lugar de aprender com a lição e recuar, dobrou a aposta na última quarta-feira.

Talvez movido pelo desespero de perder o domínio sobre a investigação contra Lula, Moro decidiu dar publicidade a diálogo telefônico em que Dilma Rousseff diz ao antecessor que lhe mandaria, onde estivesse, o termo de posse como ministro. Lida como prova de que a presidente tentava obstruir a Justiça por meio de uma espécie de salvo-conduto a Lula, a peça caiu como luva na movimentação a favor do impeachment.

A primeira ação causou conflitos pontuais e acendeu a suspeita. A segunda turva de ilegalidade a eventual aprovação do impedimento. Outra vez, Moro justificou com ligeireza o ato praticado, argumentando que também gravação do ex-presidente norte-americano Richard Nixon tinha sido publicada na década de 1970. A justificativa explicita modelo de ação calcado em caso clássico de renúncia para evitar o impeachment.

Se o açodamento de Moro ficou patente nas duas ocasiões citadas, não há como omitir, igualmente, o dos meios de comunicação. A pretexto de informar de maneira instantânea, amplificam e tornam fatos o que são apenas especulações ilegítimas. Na atividade jornalística, a checagem cuidadosa e responsável da informação é tão ou mais valiosa do que a velocidade.

Judiciário e imprensa parecem colocar lenha na fogueira dos que desejam interromper um governo constitucionalmente eleito. Pode-se contestar que o impeachment também é constitucional. Verdade, mas consumá-lo a partir de provas forjadas mediante abuso de poder equivale a tisnar a democracia.

O sistema de justiça e de mídia constituem estruturas de poder que precisam se manter equilibrados de modo a não distorcer o jogo político-partidário, cujo palco principal é o Parlamento. Nem o juiz nem os comentaristas podem decidir o flá-flu. Se insistirem, darão péssima contribuição neste que é o momento mais delicado da democracia brasileira desde o fim do regime militar
Herculano
19/03/2016 09:39
PERGUNTAR NÃO OFENDE

O PMDB que se alinha com o pré-candidato Kleber Edson Wan Dall, defende, sem justificar adequadamente, que todos devem se unir a ele, para derrotar o lambuzado PT de Gaspar e do Brasil.

O PP do vice Luiz Carlos Spenlger Filho - há dúvidas se José Hilário Melato está com o PP ou PT - que está alinhando nesta empreitada, faz o mesmo discurso.

Todos os dois, fazem só contra Andreia Symone Zimmermann Nagel, PSDB. Contra o PSD de Marcelo de Souza Brick, o neo PSB de Giovânio Borges - que ainda continua com dor de barriga para mudar de partido - e outros que dizem que lançarão candidatos próprios - mas na verdade jogam para botar preço e vender espaços -, o PMDB - de Carlos Roberto Pereira - e o PP nada falam, nada ou culpam.

E por que? Porque sabem de três coisas:

a primeira o PMDB e PP parecem não confiar no próprio taco;

a segunda, sabem que os demais partidos como PSD, PSB, PPS, PPL e outros não não possuem chances na corrida e nomes que possam mudar a história do que está sendo construído;

e a terceira: tanto PT, PP, PMDB sabem que a Andreia será o osso duro de roer e precisam tirá-la do páreo, pois só gostam de filé mignon. Então, estão o PMDB e o PP com esta conversa mole para analfabetos, ignorantes, desinformados e gente que pode ficar sem tetas. Acorda, Gaspar!
Herculano
19/03/2016 09:26
ÁGUA DE MORRO ABAIXO, por Dora Kramer, para o jornal O Estado de S. Paulo

Aos escândalos de corrupção e ações de má gestão acrescentam-se dois fatores que tornam o governo insustentável: o repúdio das ruas e o comportamento indecoroso dos mais poderosos entre seus integrantes. Neste último quesito, o homem que presidiu o País por oito anos e volta agora para presidi-lo de fato, deu o empurrão que faltava.

O palavreado chulo usado nas conversas telefônicas dele com amigos e correligionários choca, mas não surpreende. É apenas algo mais grosseiro, obsceno, arrogante e sexista que o linguajar usado em público, inclusive enquanto presidente da República. Aquele que se mostra por inteiro nas gravações da Polícia Federal é o mesmo de sempre. Desde o tempo em que presidia o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e ainda assinava Luiz "Ignácio" e sem a incorporação do apelido ao sobrenome.

A ausência de decoro não se expressa apenas na falta de civilidade idiomática, mas também no modo de agir. E aqui falamos da presidente Dilma Rousseff e sua deliberação ação para proteger Lula da prisão. Suas negativas não resistem à recomendação para que ele assinasse o termo de posse na Casa Civil antecipadamente e o usasse em "caso de necessidade". Dilma alegou que se tratava de uma precaução para o caso de o ministro nomeado não poder comparecer à cerimônia de posse.

Se fosse verdade, a presidente é quem usaria o documento. A aludida "necessidade" seria dela; de formalizar a posse do ministro. No entanto, Dilma transfere o uso à conveniência de Lula. ?"bvio: para o caso de o juiz Sérgio Moro acatar o pedido de prisão preventiva feita pelo Ministério Público de São Paulo. Ademais, não consta que o mesmo não tenha sido pedido a Jaques Wagner, que assumiria a chefia de gabinete da Presidência estando ausente da posse. O ex-chefe da Casa Civil naquele dia fazia aniversário e estava em Salvador.

Evidenciada a fraude, queira o bom senso que o Palácio do Planalto não tenha feito uso de documento falso ao exibir o termo de posse assinado apenas pelo ministro nomeado. Sem a assinatura da presidente o papel não teria validade. Se a ideia era deixar a parte burocrática em ordem, a firma de Dilma deveria necessariamente constar da documentação.

É também a respeito desse tipo de atitude - que, diga-se, não é nova - que se insurge parcela significativa da sociedade, contra a qual a presidente Dilma se colocou na quinta-feira ao qualificar os protestos como "gritaria de golpistas". Abandonou o tom conciliador e os apelos à moderação, preferindo aderir à provocação. Apresenta-se, desse modo, em estado de completa submissão ao antecessor que transformou em sucessor "in pectore", transferindo a ele as decisões de governo e aderindo à tática de confrontação proposta por ele.

Preferiu dar um "não" às ruas que, em contrapartida, exigem um "sim" à sua renúncia
Herculano
19/03/2016 07:47
DELAÇÕES INDICAM ELO DE DILMA COM O 'ELETROLÃO', por Claudio Humberto na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

As delações do senador Delcídio do Amaral e do executivo Otavio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, permitiram à Operação Lava Jato estabelecer a ex-ministra Erenice Guerra e um escritório de advocacia como elos que ligam a presidente Dilma ao escândalo do "Eletrolão", envolvendo negócios de estatais do setor elétrico. E com destaque para as obras de R$19 bilhões da hidrelétrica de Belo Monte.

CENTRAL DE NEG?"CIOS
A suspeita é que negócios de Belo Monte eram tratados no escritório Trajano e Silva Advogados, com participação de familiares de Erenice.

ERENICE ERA A CHEFE
Delcídio do Amaral revelou detalhes importantes do esquema chefiado por Erenice Guerra até sua destituição da Casa Civil do governo Lula.

ESCAFEDEU
Após Erenice deixar o governo em meio a um escândalo, os delatores dizem que o escritório de advocacia foi desmontado em apenas 2 dias.

PROTEÇÃO
Sócio do escritório de advocacia ligado a Erenice, Alan Trajano foi acolhido por Dilma na Casa Civil, e a assessora sobre o setor elétrico.

TEMER TENTA CONVENCER RENAN A ROMPER COM DILMA
O vice-presidente Michel Temer espera convencer os senadores Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, e Eunício Oliveira (CE), que o substituirá, da necessidade de o PMDB seguir o seu próprio caminho, desligando-se do governo Dilma. O edital de convocação para a reunião da executiva nacional no próximo dia 29, assinado por Temer, aponta apenas um tema para ser discutido: o rompimento com Dilma.

FALTA O PACTO
A avaliação da cúpula é que o PMDB está unido, mas o rompimento com Dilma, apesar de consensual, ainda precisa ser pactuado.

PRISIONEIRO
Calheiros hesita sobre o rompimento, em razão dos cargos que ocupa e a expectativa de verbas para o governo de Renan Filho, em Alagoas.

GOVERNISTA RADICAL
Renan não faz oposição há séculos, lembrado a doutrina do pai, Olavo: "Terno branco, dente de ouro e oposição só ficam bem nos outros..."

MEU NOME É COERÊNCIA
O ex-presidente da OAB Marcelo Lavenère é contra o impeachment de Dilma, assim como era contra o impeachment do ex-presidente Fernando Collor. Como depois mudou de opinião, em 1992, é provável que em breve se mantenha coerente com sua história.

MANIFESTAÇÃO FRACA
Decepcionou muito o governo os números de manifestantes pró-Dilma e Lula. É que a matemática é simples: são 1.756.788 filiados ao PT e, segundo números oficiais, foram às ruas ontem no máximo 400 mil.

DEPUTADO-TAPIOCA
Um dos oradores mais inflamados, no ato em defesa do governo, ontem, na Avenida Paulista, era o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP). Aquele ex-ministro que pagava tapioca com cartão corporativo.

VIVA OS POLÍTICOS
Uma diferença entre os protestos pró-Dilma e contra Dilma, além do volume, eram as lideranças políticas: no domingo (13) políticos foram mantidos longe. Ontem, foram aplaudidos pelos manifestantes.

QUE VERGONHA, ITAMARATY
O PT aparelhou mesmo o Ministério das Relações Exteriores. Nesta sexta (18), diplomatas brasileiros mundo afora ficaram indignados com a Circular Telegráfica da Secretaria de Estado, "urgentíssima", só para enviar nota de uma Abong, entidade de ONGs pró-Dilma et caterva.

FAROL (APAGADO) DO SOCIALISMO
Brasileiros obrigados a ir à Venezuela estão atônitos com a crise de lá. Em shoppings, ar-condicionado e luzes das lojas ficam desligados até que raros clientes apareçam. Para o PT, ali é o "farol do socialismo".

DANÇA DAS CADEIRAS
Para acomodar Lula na Casa Civil para garantir a foro privilegiado a ele, Dilma cogitou colocar Jaques Wagner na Comunicação Social e Edinho Silva, o atual titular da secretaria, no Ministério dos Esportes.

PDT PREFERE ACM NETO
Cresce no PDT a insatisfação com o dono do partido, Carlos Lupi. Em Salvador, vereadores rejeitaram aproximação com o governador Rui Costa (PT). Preferem aliar-se ao prefeito ACM Neto (DEM).

PENSANDO BEM...
...manifestação com show samba ou Chico César tem nome: showmício.
Herculano
19/03/2016 07:46
HOJE É DIA DE STAMMTISCH DO CRUZEIRO DO VALE

Gaspar se encontra na Arena Multiuso. É algo tradicional e renovada pela juventude. Haverá mais gente, mas muita mais gente, do que ontem no desfile dos 82 anos de emancipação do Município.
Herculano
19/03/2016 07:44
BRIGAR COM A JUSTIÇA, por Igor Gielow, para o jornal Folha de S. Paulo

Dilma Rousseff parece convencida de que brigar com a Justiça é uma porta de saída razoável para a crise terminal de seu ex-governo, que conseguiu o feito de ser rejeitado pelo PRB. Boa sorte.

Além de apelar ao "vira-latismo" tanto criticado pelo PT, ao dizer que nos EUA um grampo presidencial daria cadeia, ela erra no mérito.

O uso da comprometedora gravação entre Dilma e Lula em inquérito pode ser contestado pela tecnicidade do horário em que o registro ocorreu, e politicamente a motivação do juiz Sergio Moro é clara e questionável. Mas só: Dilma não foi alvo de grampo, e sim Lula ?"que está bem enrolado em outros áudios disponíveis.

Sinal mais importante ainda é a entrevista do novo titular da Justiça, Eugênio Aragão, publicada nesta edição da Folha. Nela, o ministro admite que vai enquadrar a Polícia Federal caso sinta "cheiro de vazamento", uma crítica indireta à Lava Jato.

Corretíssimo, do ponto de vista formal. A questão subjacente, contudo, é perturbadora. Estaria Aragão com mandato para tentar colocar freio na Lava Jato? Não, diz ele, apesar da crítica ao modelo Mãos Limpas de uso da delação premiada adotado pela operação. Até aí, opinião é livre e, com fundamentos sólidos, sempre bem-vinda.

Além disso, mesmo que buscasse tolher a operação, o governo teria poder limitado para tanto. A Lava Jato é um sucesso sem precedentes, mas não é um monólito. São procuradores, policiais, agentes da Receita, técnicos do Judiciário e, enfim, juízes envolvidos.

Com o respaldo popular que tem, é irrefreável, para bem e para mal. Qualquer tentativa de interferência causaria reação incontrolável.

****

As manifestações governistas não empolgaram ninguém além da militância e agregados de sempre. Previsível: elas dizem respeito a um passado, não ao presente ou ao futuro.
Herculano
19/03/2016 07:40
FORA DO AR

O portal do Cruzeiro do Vale passou por algumas instabilidades nas últimas horas. E voltou agora.
Odir Barni
18/03/2016 14:10
Caro, Herculano:

O aniversário de Gaspar nos traz muitas recordações, umas festivas, outras nem tanto. Peço sua permissão para contar um episódio que a maioria dos jovens gasparenses não conhecem. Os que tiveram presentes e tem coragem de se expressar podem contribuir. A história do município devem ser contadas por aqueles que estudaram; eu prefiro ficar com os fatos populares, hilariantes e até cômicos que Gaspar tem pra contar nesses seus 82 anos.

SOU FELIZ PORQUE TENHO HIST?"RIAS PRA CONTAR.
TENHO A HONRA DE NUNCA ME ACOVARDAR DIANTE DAS AMEAÇAS.
AS FOTOS DESTA MANIFESTAÇÃO FORAM DESTRUÍDAS; QUEM O FEZ ACHAVA QUE PROTESTOS ERA COISA DE LOUCOS, ESTAVA PERDIDO NO TEMPO.
EM 18 DE MARÇO DE 1994 , SOB MINHA PRESIDÊNCIA, O Sintraspug Sindicato, FAZIA O MAIOR PROTESTO DE SUA HIST?"RIA.
A PRAÇA GETÚLIO VARGAS EM GASPAR FOI TOMADA POR SERVIDORES E MUITOS PRESIDENTES DE ASSOCIAÇÕES DE MORADORES, INCLUSIVE COM A PRESENÇA DE MUITOS VEREADORES.
Conheça a história:
O então prefeito Luiz Fernando Poli, havia prometido repassar aos servidores um aumento que não foi cumprido. Pressionado pela ala mais radical, hoje grande parte no PT, em Assembléia Geral, os servidores decidiram fazer um protesto no dia do aniversário do município.
Prevendo que o Executivo, meu desafeto, viesse paralisar nosso protesto, fui ao Comando da Polícia Militar , e solicitei ao Comandante Knhis para fazer nosso protesto após o Desfile. Contratamos um carro do Som Cassino com 6000 volts de potência, um microfone sem fio e aguardei no Sintraspug Sindicato, à rua Augusto Beduschi, sede do Sindicato Rural até o término das solenidades oficiais. Quando me comunicaram o fim do desfile, eu me dirigi à Praça Getúlio Vargas. O carro de som estava defronte a lanchonete do Hermínio e Zenaide Santos. Na frente da Prefeitura estava uma kombi que fazia os serviços de publicidade da prefeitura de propriedade do Sr. Tarcísio do Bela Vista. O prefeito construiu um palco e programou um grupo de balé para fazer uma apresentação, entando abafar nossas ações. Neste momento eu cheguei com o microfone sem fio e pedi para retirarem a kombi. Neste momento o Comandante da Polícia Militar comunicou que o Sintraspug Sindicato tinha autorização para fazer sua manifestação pacífica.
Como já era de conhecimento público, abri os trabalhos, colocando o microfone às entidades e vereadores presentes. Falou em primeiro ligar, o então vereador, Irineu Bruno, do PFL, partido do prefeito; lideranças dos bairros da periferia e presidentes de associações fizeram udo da palavra. O prefeito que escutava os discursos de seu gabinete, em poucos minutos saiu pelos fundos da prefeitura.
Após 22 anos, os problemas continuam sendo os mesmos, só as caras mudaram de lugar.; quem era estilingue virou vidraça e quem era vidraça virou estilingue.
Me senti feliz e honrado por ter a oportunidade de fazer algo em defesa dos servidores, ao mesmo tempo estou vendo que nada melhor que um dia após o outro, os que nos criticavam, são os covardes que o Lula Barbudo fala; oportunistas que após conseguirem seus espaços, esqueceram que Gaspar ainda tem servidores que trabalham pelo munícipe e com amor ao que fazem.
Salve Gaspar!
Despetralhado
18/03/2016 13:39
Oi, Herculano;

"Ilhota Em Chamas", é esse governo escandaloso de Ilhota - PSD - que querem enfiar de goela abaixo nos gasparenses?
O Brick que tome tento. Todos sabemos que ele é vermelho por dentro. E de vermelho estamos de saco cheio.
Herculano
18/03/2016 13:38
EX-ALIADOS DESCOLAM DO PT EM SC, por Upiara Boschi, como interino de Moacir Pereira, para o Diário Catarinense, Florianópolis

Não foi do dia para a noite que SC se tornou um dos Estados mais antipetistas do país. Essa construção tem como origem a aliança estadual entre PMDB, PFL e PSDB em 2006, que isolou os petistas eleitoralmente e contou com a contribuição generosa dos equívocos políticos e estratégicos das principais lideranças do PT-SC.

A ampla margem de votos de Aécio Neves (PSDB) no primeiro e no segundo turno das eleições de 2014 e a adesão às manifestações contra Dilma Rousseff (PT) depois disso são resultado desse processo.

Mas esse antipetismo fortalecido na sociedade catarinense a cada eleição e a cada escândalo político com as digitais do Palácio do Planalto conviveu até aqui com uma contradição nunca combatida com muito vigor: dos cinco maiores partidos do Estado, três - PMDB, PSD e PP - compunham tranquilamente a base aliada do governo federal petista. Esse descolamento entre a política nacional e a local funcionou por um bom tempo e foi recompensado em cargos e recursos. A ruína do governo Dilma está colocando fim a essa cômoda situação. O PMDB, nos últimos dias, ensaiou o gesto do desapego, anunciando o abandono dos cargos na Eletrosul e Embratur. As principais lideranças do partido sempre se dividiram entre os mais próximos e os mais afastados do Planalto, mas raras vezes um incomodou a outro.

O PP já tinha o deputado Esperidião Amin entre os opositores, inclusive fazendo campanha para Aécio. A parcela pró-Planalto do partido era representada pelo João Pizzolatti, hoje exilado em Roraima. Agora, um dado simbólico: ex-petista, o deputado federal Jorge Boeira colhe assinaturas na bancada pela saída do partido da base. Mas vem do PSD do governador Raimundo Colombo a inflexão mais silenciosa, mas mais representativa. Aliado de Dilma em 2014, Colombo não vem falando em gratidão e lidera movimento pela renegociação da dívida, constrangendo o Planalto. Entusiasta defensor da presidente até alguns meses atrás, o prefeito de Florianópolis, Cesar Junior, declarou apoio ao impeachment. Na Câmara, o deputado João Rodrigues anuncia que ele e mais 15 pessedistas vão exigir do ministro Gilberto Kassab (PSD) o desembarque da avariada nau petista.

O PT, em SC, ficou radioativo.
Sujiro Fuji
18/03/2016 13:25
Parabéns, promotora CHIMELLY LOUISE DE RESENES MARCON, essa pouca vergonha daqui é igual a lá de cima.
Herculano
18/03/2016 13:13
E AGORA?

O deputado Mauro Mariani, presidente do PMDB Catarinense após a morte de Luiz Henrique da Silveira, é a favor do impeachment da presidente Dilma Vana Rousseff. E Está na comissão que decidirá isto.

Mariani é visto de forma torta pelo PMDB de Gaspar, pelo único fato de Adilson Luiz Schmitt, ex-prefeito, ex-PMDB, ser o seu cabo eleitoral por aqui.

Quem ainda continua escondendo o jogo - já foi Dilma e não abria mão de defende-la contra um possível impeachment - é o padrinho do PMDB de Gaspar, o deputado Rogério Peninha Mendonça.

Então? E agora?
Herculano
18/03/2016 13:08
MAURO MARIANI, SOBRE VOTO A FAVOR DO IMPEACHMENT "NÃO TEM COMO MUDAR", por Upiara Boschi, no Bloco de Notas, do Diário Catarinense, de Florianópolis.

Mauro Mariani (PMDB) será o único catarinense entre os 65 integrantes da comissão que vai analisar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). A indicação dele confirma a promessa do líder Leonardo Picciani (PMDB) de indicar peemedebistas pró e anti-impeachment, caso de Mariani.

Coube ao senhor ser o único catarinense na comissão. E agora?
Infelizmente. Gostaria que tivéssemos outros, mas essas indicações de líderes dificultam muito o acesso a determinadas posições. Quero poder representar com muita consciência a vontade da maioria da sociedade catarinense.

O senhor já se manifestou a favor do impeachment. Essa posição pode mudar?
Não tem como mudar. Ano passado eu já tinha me manifestado a favor do impeachment e a situação só piorou. A sociedade assistiu estarrecida às escutas, à indicação do Lula para o ministério no momento em que responde a inúmeras acusações. A cada dia que passa, fica pior.

O PMDB-SC já entregou todos os cargos?
Estamos saindo dos cargos. Houve um mal-entendido na Eletrosul, por causa de um comunicado interno. Ocupamos poucos espaços em relação ao que representa o PMDB-SC em relação ao nacional. A decisão foi importante para provocar o PMDB. Hoje, dez diretórios já seguem nossa decisão e conseguimos a antecipação da data para decidir a saída do governo para dia 28.
Herculano
18/03/2016 12:34
FIM DE FESTA, por Eliane Cantanhede, para o jornal O Estado de S. Paulo

Posses de ministros, especialmente de um chefe da Casa Civil, são solenidades concorridas que lotam o principal salão do Palácio do Planalto com políticos, empresários, líderes dos mais variados setores da sociedade. Imagine-se se esse superministro já foi presidente da República e desceu a rampa há apenas cinco anos, com 80% de popularidade! Pois não foi nada disso que se viu ontem na posse de Lula, que virou um evento do PT, ao som de "não vai ter golpe".

Nada poderia ilustrar de forma tão contundente o isolamento do governo Dilma Rousseff e o esvaziamento da força política e do encanto de Lula. Mas o pior nem foi a falta de figurões da sociedade, mas sim a do PMDB e do vice Michel Temer. Caso típico em que uma ausência foi mais estridente do que todas as presenças.

Significa que o impacto positivo de Lula como superministro não resistiu 24 horas. Foi atropelado pelos protestos na porta do Planalto, pelas gravações de Lula e Dilma, pelas liminares concedidas por mais de um juiz e acabou empurrado para o terceiro plano com a criação da comissão do impeachment na Câmara, horas depois da posse que não valeu.

Se Lula foi a estrela da quarta-feira, já na quinta era considerado fato velho, enquanto o foco se desviava para Temer e para o PMDB, que vão se transformando no polo aglutinador dos partidos que entram na fila para se desgarrar de um governo moribundo. O PSB já tinha caído fora, ontem foi o PRB, agora é a vez do PP. Até a ministra Kátia Abreu está de saída.

Foi para evitar a debandada que Lula, ao aceitar a saída mequetrefe de virar superministro, avisou para Dilma que sua prioridade seria segurar o PMDB. Mas Lula, apesar de toda a sua genialidade política, vem sucumbindo ao peso da própria crise pessoal e comete um erro atrás do outro. Está mal no PMDB, na PGR, no STF...

Enquanto telefonava para Temer, José Sarney, Renan Calheiros e sabe-se lá mais quem, ele articulava com Dilma a cooptação do deputado Mauro Lopes (PMDB-SP) para a Secretaria de Aviação Civil, com direito a anúncio e posse ao lado do mito Lula, dias depois da convenção em que o PMDB proibiu seus filiados de aceitarem cargos no governo.

Foi uma afronta que deu, de mão beijada, o pretexto que Temer e o PMDB queriam para se distanciar de Dilma, Lula, PT e todas as crises do governo, potencializadas pela decisão de Dilma de levar para dentro do Planalto o juiz Sérgio Moro, a Lava Jato, a Zelotes, Lula, os filhos, o tríplex, o sítio e as empreiteiras que destruíram a Petrobrás. Como se ela, Dilma, já não tivesse crises suficientes...

Nomear o tal de Lopes numa hora dessas foi de uma burrice política inacreditável. Péssimo para a estratégia de Lula de se reaproximar do PMDB, excelente para a decisão do PMDB de se distanciar a galope de Lula e Dilma. Tanto que, além de não ir à posse de Lula, Temer cancelou uma conversa que teria com ele ontem, em São Paulo. Ato contínuo, assinou, como presidente do PMDB, um ato antecipando em duas semanas, para o próximo dia 29, a reunião do diretório nacional do partido que deverá formalizar a "independência" ?" ou o "rompimento", puro e simples, dependendo de como as coisas caminhem até lá, sobretudo nas ruas.

O afastamento, já em si grave, se torna desesperador diante da instalação da comissão do impeachment no momento mais crítico do governo. O PSDB e seus aliados na oposição são o lado minoritário. O PT e a base de Dilma, o majoritário. Quem tem número e força para mexer nesse equilíbrio é o PMDB, ímã da dissidência governista.

Como a história ensina, governos só caem quando a dissidência encorpa, a traição se generaliza e o "povo" vai para a rua, como no fim do regime militar e na queda de Fernando Collor. Ah! E caem também quando posses espetaculares em palácio viram grito de guerra de um só partido.
Sidnei Luis Reinert
18/03/2016 12:28
FECHEM SEUS ESTABELECIMENTOS E NÃO SAIAM DE CASA

PT paga 30 reais e dá ônibus para manifestantes

Brasil 18.03.16 10:57
Se a verdadeira imprensa estiver interessada em cobrir os protestos de hoje organizados pelo PT, com apoio da CUT e do MST, precisa ir além da mera contagem de manifestantes.

O Antagonista tem recebido informações de todo o País que apontam para uma ação orquestrada, com pagamento de R$ 30 por pessoa e transporte em ônibus até os locais de concentração.

De São Bernardo do Campo e São José do Rio Preto (foto abaixo) partiram dezenas de ônibus lotados de militantes. Os diretórios do PT têm convocado funcionários comissionados com a ameaça de que perderão seus cargos.

Os grampos divulgados pela Lava Jato nos últimos dias confirmam a articulação de Lula para tentar mostrar artificialmente que tem o apoio das ruas.
Herculano
18/03/2016 12:25
LULA NU, por Nelson Motas, para o jornal O Globo

O 'Lulinha paz e amor' criado por João Santana, no escurinho do celular trouxe de volta o 'Lulão pau e rancor'

Nelson Rodrigues sempre dizia que "se todo mundo soubesse da vida sexual de todo mundo, ninguém falaria com ninguém". Os últimos acontecimentos mostram que se todos os eleitores soubessem o que os políticos falam quando pensam que ninguém está ouvindo, ninguém votaria em ninguém.

Vaidoso de seu poder e de sua invulnerabilidade, Lula se mostra nos grampos em toda a sua horrenda nudez. Grosso, cínico, autoritário, arrogante, vingativo, esculhamba o Supremo, o STJ, a Câmara e o Senado - porque não o estão defendendo como ele queria, como se todos lhe devessem favores e reverência.

O "Lulinha paz e amor" criado por João Santana, no escurinho do celular se mostra o "Lulão pau e rancor", como nos velhos tempos, agora revelado pelos grampos da Polícia Federal. Entre palavrões e xingamentos, exigências e deboches, se apresenta em toda a sua nudez, sem qualquer pudor por pessoas ou instituições.

A favor da ideia de Lula nu, que já é uma piada, louve-se que, mesmo nos piores momentos, ele consegue manter o humor de grande comediante. Como quando abre a porta para a Polícia Federal e faz a piada antológica: "Ué! Cadê o japonês". Ou quando Jaques Wagner pergunta se ele está amadurecendo a decisão (de ir para o Ministério), e ele responde que amadureceu tanto que já está podre. Ou quando diz a Wagner que irá a um encontro com Dilma "se não estiver preso", e os dois riem juntos.

Um dos grampos mais reveladores é o seu esculacho em um constrangido e atemorizado ministro Nelson Barbosa, reclamando da Receita Federal por estar em cima do Instituto Lula. Ele não diz que o IL está limpo, exige aos berros investigações na Globo, no Instituto Fernando Henrique Cardoso, na Gerdau e em outras grandes empresas.

Mas nunca explicou o que o Instituto Lula fez com os R$ 34,9 milhões que recebeu em doações, legais e declaradas. Que ações contra a fome foram bancadas pelo IL? A quem o IL ajuda com dinheiro, trabalho, comida, bolsas de estudos? Quanto o IL gastou para ajudar os fracos e oprimidos, como a Fundação Bill Clinton?

O que faz o Instituto Lula, além de pagar seus funcionários e servir o próprio Lula?
Herculano
18/03/2016 10:32
ABAFANDO

O PT é igual lá e aqui. No desfile de comemoração dos 82 anos de emancipação, os organizadores da prefeitura petista aumentaram o som no palanque para que "autoridades" escutassem no apitaço.

Os poucos que foram ver o desfile, ouviram. E entendera. Aplaudiram.

Esta é a realidade. O PT, os políticos e o governo fecham os olhos, os ouvidos e os narizes para não perceberem a realidade que se abate sobre a cidade, o Brasil e povo. Só abrem a boca para intimidar os que ousam reclamar ou dialogar. Acorda, Gaspar!
Herculano
18/03/2016 09:26
SINAIS DO TEMPO E A FALTA DE CREDIBILIDADE DO GOVERNO DO PT DE GASPAR

18 de março de 2016, desfile comemorativo dos 82 anos de emancipação de Gaspar. O povo boicotou.

Sessão da Câmara comemorativa à data. Ausência de vereadores.

Acorda, Gaspar!
Herculano
18/03/2016 07:35
MERCADO ESPERA ANÚNCIO DA MORTE, por Vinicius Torres Freire, para o jornal Folha de S. Paulo

Dilma Rousseff passou ontem o controle do PAC, do Programa de Aceleração do Crescimento, do Ministério do Planejamento para a Casa Civil, pasta que Lula talvez tenha assumido, a depender da decisão da Justiça.

E daí? Nada ou quase nada. Quase ninguém liga.

Mesmo as associações empresariais, políticas por natureza, inclusive as sempre governistas, abandonam Dilma Rousseff.

Na praça do mercado, pouco se presta atenção ao que faz o governo, com exceção de medidas que afetem a gestão imediata do dinheiro. Por exemplo, ontem o Banco Central resolveu aproveitar a calmaria mundial e a baixa do dólar para anunciar que vai intervir menos no câmbio (vinha agindo para evitar desvalorização do real).

Política econômica é, por ora, motivo de piada.

Isso quer dizer que a fatura está decidida? Claro que não. Sabe-se lá o que virá da Lava Jato, se a cúpula do PMDB cai inteira nas denúncias, se a deposição da presidente se arrasta etc. No entanto, o pessoal do dinheiro pensa na data do passamento do governo.

No "mercado", as conversas especulativas do dia a dia agora parecem voltadas para: 1) Antecipar vazamentos da Lava Jato; 2) Prestar atenção às decisões da Justiça, em especial do STF; 3) Acompanhar o placar do impeachment.

Por exemplo, se o governo começa sem maioria na comissão do impeachment e o PMDB indica já nesta sexta que vai desembarcar, isso decide o destino de uns milhões aqui, outros ali, para fazer uma caricatura da coisa. Em suma, o pessoal vive agora de "precificar" o "último fim" do governo, como se diz no jargão. Isto é, decidir quando deve vender ou comprar tal ou qual ativo financeiro, dado que a morte cerebral do governo estará decretada em tal ou qual dia, embora o corpo morto ainda possa respirar por aparelhos.

E o PAC nas mãos de Lula, o que significa?

Nada, porque discutir medidas de governo, em particular de administração econômica, tornou-se atitude ociosa, pois o Planalto ora pouco mais é do que um comitê alucinado de salvação de si próprio.

Ou perto de nada. A mudança do PAC é uma anotação relevante do diário de bordo no navio que afunda. Isto é, um indicativo das tarefas que seriam assumidas por Lula, caso a ruína do governo não fosse tão frenética. Ressalte-se o que é o PAC: é o nome de fantasia que se dá à administração de quase todos os dinheiros de investimentos em obras. O que
Lula fará disso, ou faria, é ainda um mistério.

Na tarde de quarta-feira, antes do terremoto que quase acabou de destruir a muralha do Planalto, discutia-se ainda se Lula no governo seria Lula 3, com nova administração econômica. Discutia-se a "virada à esquerda", a "saída pela direita" ou a continuação do presente arroz com feijão queimado, enriquecido por um torresmo de crédito. Lula quer "esperança", medidas que reanimem a economia catatônica.

Dilma Rousseff então foi à TV e procurou dizer que ainda estava no controle da economia, que nada mudaria na Fazenda ou no Banco Central. Duas horas depois, a revelação das escutas de Lula dissolveu ainda mais no éter, no espaço, as intenções da presidente e as especulações sobre a política econômica de Lula 3.
Herculano
18/03/2016 07:28
DESCONSTRUINDO A CARTA ABERTA DE LULA. OU: O FALSO SEGUE AS LEIS; O DE VERDADE MANDA TOMAR NO C... por Reinaldo Azevedo, de Veja.

Parte 1

Em sua carta, Lula se diz um fiel observador das leis e homem que respeita o Judiciário. Se é assim, por que ele e seu partido chamam de "golpe" um processo de impeachment que está ancorado na Constituição, nas leis e que teve seu rito definido pelo Supremo? O mesmo Supremo ao qual ele apela agora em busca, diz, de Justiça?

Divulgou-se na noite desta quinta uma "carta aberta" assinada por Lula em que, com medo de ser preso, ele expressa o seu respeito às instituições e, em particular, ao Poder Judiciário, diz-se vítima de injustiça, resume o seu perfil de democrata inatacável e, como de hábito, lembra a sua origem pobre como mais uma evidência de seu exclusivismo moral. Lixo.

Ao redator, dou os parabéns. Quem terá sido? Certamente o exército de advogados opinou, mas alguém conferiu unidade de estilo. Acho que a revisão é de Luiz Dulci. É muito mal formado, mas é bem informado. Até já leu bons poetas ?" o que, como se vê, também não salva ninguém.

Lula diz que sua intimidade foi violada. Depende do que pretende afirmar com isso. De fato, isso aconteceu porque o sigilo telefônico estava quebrado. Mas ilegal, sabem seus advogados, o procedimento não foi porque havia autorização judicial.

Já escrevi no blog e reitero: a reserva quanto ao que veio a público está relacionada àquela parte das gravações feita depois da suspensão da quebra de sigilo. O resto, os defensores de Lula sabem bem, está dentro das normas. De toda sorte, certamente essa parcela não coberta pelo intervalo da quebra não será usada como prova em juízo.

Sergio Moro pode suspender o sigilo de uma investigação? Pode. Está na sua competência? Sim. Tem autoridade para tornar público o que está nos autos? Tem. Depende da relevância do que lá vai.

Se Lula conversa com a presidente da República e se esta lhe envia um termo de posse para que ele use "apenas se necessário", a questão, lamento, não é privada, mas pública. Se o ex-presidente diz a um prefeito que só ele próprio tem condições de pôr a Polícia Federal e o Ministério Público Federal no seu devido lugar, também essa não é matéria individual, mas que diz respeito à coletividade. Afinal, ele foi nomeado ministro, não?

Se Lula, feito o condestável da República, pede a um advogado amigo seu que pressione Rodrigo Janot, procurador-geral, a investigar Aécio Neves e deixa claro que esse procurador lhe deve a eleição - ou teria chegado em terceiro lugar ?", também isso não é matéria privada. Se, num bate-papo com Jaques Wagner, logo depois de falar com a própria presidente, sugere que se façam gestões junto a ministros do Supremo para ver atendidos a seus pleitos, isso nos diz a todos respeito.
Herculano
18/03/2016 07:27
DESCONSTRUINDO A CARTA ABERTA DE LULA. OU: O FALSO SEGUE AS LEIS; O DE VERDADE MANDA TOMAR NO C... por Reinaldo Azevedo, de Veja.

Parte 2

Os leitores sabem que sempre digo tudo o que penso. Há conversas que vieram a público que, de fato, não têm o menor interesse. O que Eduardo Paes pensa da forma física de Dilma ou o juízo de valor que faz do trabalho de Pezão, convenham, são irrelevantes para o Brasil e a Lava Jato. Podem adensar o anedotário político e pronto. Não vai além disso. A divulgação de tal trecho era, a meu ver, desnecessária.

O Lula da carta, redigida por advogados com receio de que seu cliente seja acusado de obstrução da Justiça ?" e me parece que tal acusação é procedente ?", pinta um homem absolutamente conformado com os pressupostos do estado de direito.

Infelizmente, o Lula que conversa com Sigmaringa Seixas diz, com todas as letras, que está com o saco cheio de formalidades e cobra do amigo uma interferência informal junto a Janot.

Acho justo que Lula reclame dos vazamentos. Ocorre que ele o faz hoje; lembro que, quando estava na Presidência e tal procedimento atingia adversários seus, ele mandou brasa: quem não quisesse a Polícia Federal na sua porta, que andasse direitinho?

É evidente que vazamentos têm de ser coibidos ?" e não cabe à imprensa ser dona do sigilo. Mas não é menos evidente que eles não determinam a qualidade ou a verdade da informação que se divulga. Nota à margem: as gravações não são vazamentos.

Será mesmo?
Em sua carta, Lula se diz um fiel observador das leis e homem que respeita o Judiciário. Se é assim, por que ele e seu partido chamam de "golpe" um processo de impeachment que está ancorado na Constituição, nas leis e que teve seu rito definido pelo Supremo? O mesmo Supremo ao qual ele apela agora em busca, diz, de Justiça?

Esse Lula supostamente pacífico e respeitador das instituições estará na Paulista, nesta sexta, comandando uma súcia que tem a ousadia de chamar de golpista um processo legal e legítimo. E é ele que vem falar em nome do respeito às leis?

Esse mesmo Lula que faz ares de ofendido permitiu que o partido, que segue o seu comando, e o próprio governo, que agora está sob os seus cuidados, lhe preparassem uma cerimônia de posse em que a imprensa foi hostilizada de maneira vergonhosa. Os brucutus que se manifestavam num espaço que pertence, por excelência, à institucionalidade se opunham, isto sim, é à liberdade de informação.

Não venha agora se dizer um extremoso defensor das leis quem expressa a convicção, em conversa com a própria presidente da República ?" e com a anuência desta ?", de que os tribunais estão acovardados e de que algo precisa ser feito.

Não venha agora se dizer um subordinado do estado de direito aquele que se declara em guerra, comparando-se ao general comunista vietnamita Vo Nguyen Giap e que, apelando a uma linguagem incrivelmente chula, industria o ataque de mulheres de seu partido a um procurador que o investiga. E o faz apelando a questões que dizem respeito à vida pessoal do outro.

O Lula dessa carta aberta não passa de uma tentativa fraudulenta de responder à fala muito dura de Celso de Mello, decano do Supremo, que se posicionou em nome do tribunal, lembrando que ninguém, nem o Sumo Pontífice do Petismo, está acima da lei.

Esse Lula caroável e servil às leis é uma farsa. O Lula de verdade manda tomar no c? qualquer um que decida enfrentá-lo, ainda que segundo os mais estritos limites legais. O Lula de verdade anunciou que comparece nesta sexta a um ato que vai chamar de "golpe" o cumprimento da lei e da Constituição.

O falso Lula da carta está com medo que o verdadeiro Lula das gravações vá para a cadeia.
Herculano
18/03/2016 07:21
O SUICÍDIO DA LAVA JATO, por Vladimir Safatle, professor de filosofia, para o jornal Folha de S. Paulo

O juiz Sérgio Moro conseguiu o inacreditável: tornar-se tão indefensável quanto aqueles que ele procura julgar. Contrariamente ao que muito defenderam nos últimos dias, suas últimas ações são simplesmente uma afronta a qualquer ideia mínima de Estado democrático. Não se luta contra bandidos utilizando atos de banditismo.

A divulgação das conversas de Lula com seu advogado constitui uma quebra de sigilo e um crime grave em qualquer parte do mundo. Não há absolutamente nada que justifique o desrespeito à inviolabilidade da comunicação entre cliente e advogado, independente de quem seja o cliente. Ainda mais absurdo é a divulgação de um grampo envolvendo a presidente da República por um juiz de primeira instância tendo em vista simplesmente o acirramento de uma crise política.

Alguns acham que os fins justificam os meios. No entanto, há de se lembrar que quem se serve de meios espúrios destrói a correção dos fins.

Pois deveríamos começar por nos perguntar que país será este no qual um juiz de primeira instância acredita ter o direito de divulgar à imprensa nacional a gravação de uma conversa da presidente da República na qual, é sempre bom lembrar, não há nada que possa ser considerado ilegal ou criminoso.

Afinal, o argumento de obstrução de Justiça não para em pé. Dilma tem o direito de nomear quem quiser e Lula não é réu em processo algum. Se as provas contra ele se mostrarem substanciais, Lula será julgado pelo mesmo tribunal que colocou vários membros de seu partido, de maneira merecida, na cadeia, como foi no caso do mensalão.

Lembremos que "obstrução de Justiça" é uma situação na qual o indivíduo, de má-fé e intencionalmente, coloca obstáculos à ação da Justiça para inibir o cumprimento de uma ordem judicial ou diligência policial. Nomear alguém ministro, levando-o a ser julgado pelo STF, só pode ser "obstrução" se entendermos que o Supremo Tribunal não faz parte da "Justiça".

A fragilidade do argumento é patente, assim como é frágil a intenção de usar um grampo ilegal cuja interpretação fornecida pelo sr. Moro é, no mínimo, passível de questionamento.

Na verdade, há muitas pessoas no país que temem que o sr. Moro tenha deixado sua função de juiz responsável pela condução de processo sobre as relações incestuosas entre a classe política e as mega construtoras para se tornar um mero incitador da derrubada de um governo.

A Operação Lava Jato já tinha sido criticada não por aqueles que temiam sua extensão, mas por aqueles que queriam vê-la ir mais longe. Há tempos, ela mais parece uma operação mãos limpas maneta.

Mesmo com denúncias se avolumando, uma parte da classe política até agora sempre passa ilesa. Não há "vazamentos" contra a oposição, embora todos soubessem de nomes e esquemas ligados ao governo FHC e a seu partido. Só agora eles começaram a aparecer, como Aécio Neves e Pedro Malan.

Reitero o que escrevi nesta mesma coluna, na semana passada: não devemos ter solidariedade alguma com um governo envolvido até o pescoço em casos de corrupção. Mas não se trata aqui de solidariedade a governos. Trata-se de recusar naturalizar práticas espúrias, que não seriam aceitas em nenhum Estado minimamente democrático.

Não quero viver em um país que permite a um juiz se sentir autorizado a desrespeitar os direitos elementares de seus cidadãos por ter sido incitado por um circo midiático composto de revistas e jornais que apoiaram, até o fim, ditaduras e por canais de televisão que pagaram salários fictícios para ex-amantes de presidentes da República a fim de protegê-los de escândalos.

O Ministério Público ganhou independência em relação ao poder executivo e legislativo, mas parece que ganhou também uma dependência viciosa em relação aos humores peculiares e à moralidade seletiva de setores hegemônicos da imprensa.

Passam-se os dias e fica cada dia mais claro que a comoção criada pela Lava Jato tem como alvo único o governo federal.

Por isso, é muito provável que, derrubado o governo e posto Lula na cadeia, a Lava Jato sumirá paulatinamente do noticiário, a imprensa será só sorrisos para os dias vindouros, o dólar cairá, a bolsa subirá e voltarão ao comando os mesmos corruptos de sempre, já que eles foram poupados de maneira sistemática durante toda a fase quente da operação.

O que poderia ter sido a exposição de como a democracia brasileira só funcionou até agora sob corrupção, precisando ser radicalmente mudada, terá sido apenas uma farsa grotesca.
Herculano
18/03/2016 06:57
NÃO FUGIREMOS À LUTA!, por Jandira Feghali, médica, deputada e líder do PCdoB na Câmara.

Em fevereiro do ano passado, Lula emudeceu uma gigantesca plateia formada majoritariamente pelo primeiro escalão da política italiana. Seu relato sobre o combate inédito à fome que promoveu a partir de 2002, então presidente do Brasil, gerou respeito e admiração. Conseguiu, com maestria, que entendessem o que era a dor daqueles que não tinha o que ingerir de manhã, de tarde e à noite. Realidade antes comum do agreste aos rincões de nosso país, Lula descreveu para os italianos o Brasil de muitos: os miseráveis e excluídos ?" invisíveis para os governantes anteriores à ele.

Lula, o sétimo dos oito filhos de Aristides e Eurídice, um casal de lavradores analfabetos que vivenciaram a fome a miséria na zona mais pobre de Pernambuco, nasceu em outubro de 1945 na pobre Caetés. Foi esse ex-metalúrgico que desfez a lógica do Estado que permitia a carestia e deixava diariamente órfãos milhares de brasileiros. Em todos os sentidos, ele é o cara.

A indicação do ex-presidente como ministro-chefe da Casa Civil é uma ótima notícia neste ambiente de instabilidade econômica, política e social. Seu conhecimento único, advindo de sua experiência de vida, será aliado poderoso do Governo Dilma Rousseff, como já o foi no combate à pobreza extrema, na geração de oportunidades, emprego, renda e posição firme e soberana frente ao setor financeiro internacional.

Isso incomoda imensamente uma minoria derrotada nas urnas por quatro vezes consecutivas. Não respeitam o processo democrático e demonstram desconhecer princípios caros ao Estado Democrático de Direito. A motivação de suas histerias tem comando.

Ao divulgar áudios de Lula, numa conversa com a presidente Dilma, o juiz Sérgio Moro escancarou sua parcialidade e soterrou o andamento ético e amparado em nosso arcabouço legal da Operação Lava-Jato. Ultrapassou, ali, a fronteira do que rege a Constituição por motivações políticas. Uma combinação clara de arbitrariedades e ilegalidades por parte dos que ostentam, perigosamente, posicionamentos ideológicos que não combinam com a imparcialidade da Justiça, num verdadeiros Estado de Exceção. Que sejam apuradas essas ilegalidades e seus autores punidos.

Essa massa nas ruas não representa a imensidão plural e diversa de nosso povo, que trabalha, batalha e luta por dias melhores. Suas palavras de ordem raivosas e atitudes violentas só revela o ódio, o preconceito e a desinformação. Ocupam as ruas com gritos fascistas, expulsando até a própria oposição, aliada natural de sua pauta. Foram alimentados por um espetáculo torto de apolítica, de ética quebrada, produzido diariamente nas televisões abertas e na internet.

A convulsão que vem sendo fomentada criminaliza a política e abre espaço para o fascismo, e nossa resposta só pode ser uma: o fortalecimento da democracia e do Estado democrático de Direito. É o que nos cabe neste momento da História, denunciar o golpe e suas consequências. Amanhã, dia 18, será vez de trabalhadores, movimentos sociais, estudantes, setores organizados ou não da sociedade reivindicar o respeito a esta pátria que não são de poucos, mas de muitos. Aqueles muitos que Lula mudou suas vidas um dia. A maioria deles deu seu voto a um projeto que, desde então, está sob ataque. Vamos às ruas, pois não fugiremos à luta!
Herculano
18/03/2016 06:52
CARTA ABERTA DO EX-PRESIDENTE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, PT

Creio nas instituições democráticas, na relação independente e harmônica entre os Poderes da República, conforme estabelecido na Constituição Federal.

Dos membros do Poder Judiciário espero, como todos os brasileiros, isenção e firmeza para distribuir a Justiça e garantir o cumprimento da lei e o respeito inarredável ao estado de direito.

Creio também nos critérios da impessoalidade, imparcialidade e equilíbrio que norteiam os magistrados incumbidos desta nobre missão.

Por acreditar nas instituições e nas pessoas que as encarnam, recorri ao Supremo Tribunal Federal sempre que necessário, especialmente nestas últimas semanas, para garantir direitos e prerrogativas que não me alcançam exclusivamente, mas a cada cidadão e a toda a sociedade.

Nos oito anos em que exerci a presidência da República, por decisão soberana do povo ?" fonte primeira e insubstituível do exercício do poder nas democracias ?" tive oportunidade de demonstrar apreço e respeito pelo Judiciário.

Não o fiz apenas por palavras, mas mantendo uma relação cotidiana de respeito, diálogo e cooperação; na prática, que é o critério mais justo da verdade.

Em meu governo, quando o Supremo Tribunal Federal considerou-se afrontado pela suspeita de que seu então presidente teria sido vítima de escuta telefônica, não me perdi em considerações sobre a origem ou a veracidade das evidências apresentadas.

Naquela ocasião, apresentei de pleno a resposta que me pareceu adequada para preservar a dignidade da Suprema Corte, e para que as suspeitas fossem livremente investigadas e se chegasse, assim, à verdade dos fatos.

Agi daquela forma não apenas porque teriam sido expostas a intimidade e as opiniões dos interlocutores.

Agi por respeito à instituição do Judiciário e porque me pareceu também a atitude adequada diante das responsabilidades que me haviam sido confiadas pelo povo brasileiro.

Nas últimas semanas, como todos sabem, é a minha intimidade, de minha esposa e meus filhos, dos meus companheiros de trabalho que tem sido violentada por meio de vazamentos ilegais de informações que deveriam estar sob a guarda da Justiça.

Sob o manto de processos conhecidos primeiro pela imprensa e só depois pelos diretamente e legalmente interessados, foram praticado atos injustificáveis de violência contra minha pessoa e de minha família.

Nesta situação extrema, em que me foram subtraídos direitos fundamentais por agentes do estado, externei minha inconformidade em conversas pessoais, que jamais teriam ultrapassado os limites da confidencialidade, se não fossem expostas publicamente por uma decisão judicial que ofende a lei e o direito.

Não espero que ministros e ministras da Suprema Corte compartilhem minhas posições pessoais e políticas.

Mas não me conformo que, neste episódio, palavras extraídas ilegalmente de conversas pessoais, protegidas pelo Artigo 5o. da Constituição, tornem-se objeto de juízos derrogatórios sobre meu caráter.

Não me conformo que se palavras ditas em particular sejam tratadas como ofensa pública, antes de se proceder a um exame imparcial, isento e corajoso do levantamento ilegal do sigilo das informações.

Não me conformo que o juízo personalíssimo de valor se sobreponha ao direito.

Não tive acesso a grandes estudos formais, como sabem os brasileiros. Não sou doutor, letrado, jurisconsulto. Mas sei, como todo ser humano, distinguir o certo do errado; o justo do injusto.

Os tristes e vergonhosos episódios das últimas semanas não me farão descrer da instituição do Poder Judiciário. Nem me farão perder a esperança no discernimento, no equilíbrio e no senso de proporção de ministros e ministras da Suprema Corte.

Justiça, simplesmente justiça, é o que espero, para mim e para todos, na vigência plena do estado de direito democrático.

Luiz Inácio Lula da Silva"
Carlos
18/03/2016 06:51
Lamentável, será que Antonio Dalsochio e Amarildo Rampelot ainda não aprenderam a lição, estão como criança mexendo onde não devem, e o PP PSD e PMDB estão todos no mesmo caminho, se Andreia não deve por que temer?? sucesso Andreia....
Herculano
18/03/2016 06:48
EDUARDO CUNHA E OPOSIÇÃO DERROTAM O GOVERNO NA FORMAÇÃO DA COMISSÃO DO IMPEACHMENT, por Ricardo Noblat, de O Globo

Tudo dependerá, porém, de como estiver a situação do país quando o relatório da comissão for votado na própria comissão, talvez daqui a 60 dias.

No melhor estilo Lula, digo que o governo se f*.

Perdeu a primeira batalha em torno do processo de impeachment da presidente Dilma. Simplesmente, não conseguiu fazer a maioria dos 65 membros da Comissão Especial da Câmara dos Deputados encarregada de recomendar a aprovação ou a rejeição do pedido de impeachment.

Como isso foi possível? Elementar, meu caro. Faltou voto para eleger a maioria. E sobrou voto para que Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara e desafeto de Dilma, e a oposição elegessem a maioria.

Na noite da última quarta-feira, Cunha reuniu-se em sua casa com quatro deputados de partidos que dizem apoiar o governo, mas que não apoiam tanto assim: Rogério Rosso (PDS), Maurício Quintella (PR-AL), Jovair Arantes (PTB-GO) e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

Ali, a derrota do governo começou a ser esboçada.

Os quatros deputados são aliados de Cunha, que os ajudou a se eleger. A reunião serviu para definir as candidaturas de Rosso e de Arantes aos dois postos mais importantes da Comissão: presidente (Rosso) e relator (Arantes). Os dois lideram as respectivas bancadas dos seus partidos.

Na manhã de ontem, Cunha procurou líderes dos partidos de oposição e fechou com eles o acordo em torno das candidaturas de Rosso e Arantes.

No final da tarde, o líder do governo na Câmara, Josué Guimarães (PT-CE), foi confrontado com o fato consumado: ou também apoiava Rosso e Arantes ou seria derrotado. Sem saída, Guimarães se rendeu para disfarçar a derrota do governo. Cunha e a oposição preferiram não alardear a vitória.

Para agravar a derrota do governo, outros partidos que lhe devotam apoio indicaram para a comissão nomes comprometidos em votar a favor do impeachment. Até o PMDB procedeu assim.

Leonardo Picciani (RJ), líder do PMDB, havia garantido ao governo que indicaria para a comissão cinco deputados contrários ao impeachment, e apenas três favoráveis. Sob a pressão dos colegas, indicou quatro contrários e quatro favoráveis.

Nas contas de líderes de todos os partidos, e também por terem dado declarações a respeito, um mínimo de 35 e um máximo de 39 membros da comissão estão dispostos a aprovar o impeachment.

Tudo dependerá, porém, de como estiver a situação do país quando o relatório da comissão for votado na própria comissão, talvez daqui a 60 dias. Só depois o relatório será submetido ao voto em plenário dos 513 deputados.

Se a situação econômica e política do país parecer-se com a de hoje, ou se tiver piorado, a comissão certamente aprovará o pedido de impeachment. Para ser aprovado depois no plenário, o relatório da comissão terá que atrair o voto de 342 deputados, dois terços do total.
Herculano
18/03/2016 06:44
AS TAREFAS DO PRESIDENTE TEMER, por Reinaldo Azevedo, para o jornal Folha de S. Paulo

O presidente Michel Temer tem uma difícil tarefa pela frente. Não é a primeira vez que um vice assume em razão do impedimento do titular. Em 1992, a queda de Collor e a ascensão ao poder de Itamar Franco fizeram um bem imenso ao Brasil. Sem esse evento fundador, não teria existido o Plano Real. E nada além da irrelevância nos espreitaria hoje.

Notem: Michel Temer deu início a seu mandato com uma força política individual muito maior do que dispunha Itamar, que nem partido tinha quando ascendeu à Presidência. O PRN, ao qual havia aderido, se esfacelara durante o chamado "collorgate". Essa força de Temer, no entanto, também é uma vulnerabilidade. O PMDB é uma máquina de muitas demandas e, vá lá, com uma ideologia que tem bem mais do que 50 tons de cinza.

E, como está claro pra todo mundo, o presidente precisa responder a outras expectativas, oriundas dos partidos de oposição ?"moral e politicamente obrigados a dar sustentação ao governo?" e a legendas que se mantêm na situação: estavam com a ex-presidente Dilma, estão com o presidente Temer. A realidade política brasileira não muda do dia para a noite.

É certo que um primeiro passo foi dado e já começa a surtir efeito. O casamento da crise política com a crise econômica havia gerado um terceiro estado da matéria da instabilidade, que é a crise de confiança. Ninguém sabia o que queria ou pensava a presidente deposta. Não estamos vivendo dias de euforia com a posse de Temer, e nem é o caso, mas cresceu bastante o otimismo dos agentes econômicos.

Uma nota à margem: não será, porque nunca foi, tarefa trivial lidar com os aparelhos do PT que, como se percebe, passaram a falar a linguagem dos milicianos. Alguns dos esbirros do partido, como MST e MTST, passaram a pregar a "ruptura" com o regime ?"até onde entendo, com o regime democrático. Para eles, acabou a fase do "protesto a favor". Bem, meu caros, dizer o quê? Problemas sociais são da conta do governo; banditismo deve ser enfrentado pelas forças de segurança.

Nós, os decentes, não achamos que, "em política, tudo pode", à diferença do ex-ministro Aloizio Mercadante ?"que, junto com Lula e Dilma, pode vir a ser preso por obstrução da Justiça. Tal norte moral não serve nem aos propósitos do PCC. Marcola certamente diria ao petista que é preciso ter um pouco de ética na sacanagem.

O presidente Temer tem uma bússola. Ela atende pelo nome de "Ponte para o Futuro", um documento com diretrizes gerais para um programa de governo que, se aplicado, tornará o Brasil um país contemporâneo do século 21.

O texto tem uma clara inflexão liberal e aposta mais na sociedade do que no Estado. Nos pouco menos de três anos que lhe restam de mandato, Temer não conseguirá realizar o futuro, mas pode usar essa nova maioria que o apoia no Congresso para fazer a ponte.

Finalmente, tão importante quanto se articular no Congresso é manter o diálogo com os movimentos organizados da sociedade civil, como MBL e Vem Pra Rua, que são os principais artífices do impeachment de Dilma.

A política institucional, como se sabe, aderiu à causa mais tarde. E não pensem que acho isso ruim. Ao contrário! Essa é uma das boas novidades desses tempos. E o presidente tem de saber que esses novos atores aceitam interlocução, mas nunca a subordinação.
Sidnei Luis Reinert
18/03/2016 06:15
Lula comanda a Carta Capital 2

Conversa entre Lula e Jaques Wagner deixa claro que Mino Carta, dono da Carta Capital, segue à risca a cartilha do Lula.

JAQUES WAGNER: Isso é bem vindo.
LULA: E o MORO representa isso fortemente. Segundo, é que a negação da política é total.
JAQUES WAGNER: Uhum
LULA: E o resultado disso, você sabe o que é né?!
JAQUES WAGNER: Lógico, é o caminho pro autoritarismo.
LULA: Então eu pedi pro MINO escrever um artigo sobre isso. E aqui em SÃO PAULO ninguém conseguiu falar dos dirigentes, ALCKMIN, AÉCIO.
JAQUES WAGNER: ALCKMIN, AÉCIO.
LULA: A MARTA... (interrompido)
JAQUES WAGNER: A MARTA tomou só porrada.
LULA: A MARTA teve que se trancar na FIESP e só saiu quando acabou a manifestação.
JAQUES WAGNER: (risadas) É bom pra nego aprender.
LULA: Foi chamada de puta, vagabunda, vira casaca.
JAQUES WAGNER: Eu sei. Bom, eu aviso a ELA aqui e a gente conversa amanhã. E os meninos, MARISA, tudo bem?
LULA: Tão bem, tão bem querido, tão bem!
JAQUES WAGNER: Ta bom entao.
LULA: Ta bom.
JAQUES WAGNER: Falou! E voce, amadurecendo sua cabeça?
LULA: Tá amadurecendo, quase caindo de podre.
JAQUES WAGNER: (risadas)
LULA: Não, eu tenho recebido muito pedido pra mim aceitar, sabe?! Muito, muito, muito! Os SEM TERRA agora tavam reunido e ligaram (interrompido)
JAQUES WAGNER: Meu cargo está à sua disposição, viu?!
LULA: Ta bom.
JAQUES WAGNER: Eu posso até ser seu carregador de documento.
LULA: Eu serei, eu serei seu ajudante.
JAQUES WAGNER: Eu vou ser seu "AJO"
LULA: Eu serei seu adjunto. (risadas)
JAQUES WAGNER: Ta bom.
LULA: Abraço, querido.
JAQUES WAGNER: Falou! Abraço, tchau.

http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/lula-a-jaques-wagner-voce-viu-que-eu-ja-tirei-voce-da-casa-civil-ne




Sidnei Luis Reinert
18/03/2016 06:14
Lula comanda a Carta Capital
Conversa entre Lula e Jaques Wagner deixa claro que Mino Carta, dono da Carta Capital, segue à risca a cartilha do Lula.

Lula a Jaques Wagner: "Viu que eu já tirei você da Casa Civil?""Com maior prazer", responde o então ministro, agora alocado na chefia de gabinete de Dilma

Na noite de segunda-feira, Lula conversa com o ministro Jaques Wagner sobre o plano de ser nomeado ministro, que viria a se concretizar nesta quarta-feira. "Você viu que eu já tirei você da Casa Civil, né?", diz Lula a Wagner, em diálogo interceptado pela Polícia Federal. Lula afirma que irá a Brasília e avisa que precisará ter meia de hora de conversa "a sós" com Dilma Rousseff. Confira abaixo a transcrição do diálogo entre Lula e Wagner:
LULA: Alô!
JAQUES WAGNER: Diga Excelência, tudo bem?
LULA: Você viu que eu já tirei você da CASA CIVIL, né porra?!
JAQUES WAGNER: Beleza! Eu vou ser segundo lá na CASA CIVIL, não tem nenhum problema. Com maior prazer
(risadas)
LULA: Querido...é...o seguinte: Eu tô pensando em ir pra BRASÍLIA amanhã. ELA ta aí em BRASÍLIA?
JAQUES WAGNER: Certo. Chegando que horas? Claro!
LULA: Eu tô chegando aí na boca da noite, lá pras 18, 19hs.
JAQUES WAGNER: 18hs? 19hs?
LULA: É.
JAQUES WAGNER: Ta bom, combinado.
LULA: Se ELA quiser, a gente pode conversar de noite ou pode ser de manhã. Pode conversar de manhã.
JAQUES WAGNER: Pode. Você prefere quando?!
LULA: Quando ELA quiser, ver pra ela quando que é melhor. Se ELA quer tomar um café gostoso.
JAQUES WAGNER: De manhã?
LULA: Aí eu preciso de meia hora com ela sozinho. E depois, entra a tropa.
JAQUES WAGNER: Ta bom então.
LULA: Tá bom.
JAQUES WAGNER: Combinado!
LULA: Ta bom, querido.
JAQUES WAGNER: Você pousa amanhã de noite?!
LULA: Foi bom, o dia hoje?
JAQUES WAGNER: Foi bom.
LULA: Como é que foi a manifestação na BAHIA?
JAQUES WAGNER: Ahh, teve 10, 15 mil, mas o ALELUIA foi pra lá, tomou uma vaia, e ninguém quis falar.
LULA: Quem foi falar?
JAQUES WAGNER: JOSE CARLOS ALELUIA, tomou uma vaia da porra!
LULA: Uhum
JAQUES WAGNER: Então, nenhum outro deputado foi falar. Na verdade, generalizou porque é uma manifestação "antipolítica"
LULA: É, eu acho essa é (ininteligível). Acabei de conversar com o "MINO CARTA" aqui pra ele escrever um artigo, mostrando que teve duas coisas nesse movimento. Primeiro, a vontade das pessoas que o combate à corrupção continue. Sabe?
Herculano
18/03/2016 05:40
ATINGIDA NA CABEÇA, "JARARACA" SUAVIZA O TIMBRE, por Josias de Souza

Parte 1

Sérgio Moro enviou o inquérito sobre Lula para Brasília. Mas teve o cuidado de acertar a cabeça da Jararaca antes. Ao divulgar os diálogos vulgares em que Lula, fora de si, mostrou o que tem por dentro, o juiz da Lava Jato borrifou na atmosfera o veneno que a víbora lançara à sombra em direção ao STF, ao STJ, ao Congresso e à Procuradoria-Geral da República. A reação foi dura. Tão dura que amoleceu o timbre da cobra criada do PT.

Em carta aberta divulgada na noite desta quinta-feira, Lula ?"ou o advogado que redigiu o texto em seu nome?" expressou sua "contrariedade" em relação à atuação de Sérgio Moro em linguagem mansa e respeitosa. "Justiça, simplesmente justiça, é o que espero, para mim e para todos, na vigência plena do Estado de direito democrático."

O Lula da carta tomou distância do linguajar viperino do Lula dos grampos. Ou daquele investigado que, conduzido coercitivamente para prestar depoimento em 4 de março, convocou a imprensa para destilar fanfarrices: "Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo, porque a jararaca está viva.''

Moro adotou com a Jararaca a mesma tática do garoto que gostava de puxar o rabo do gato até que o gato lhe deu uma mordida, ensinando-lhe uma lição. Na próxima vez, o garoto deu uma cacetada na cabeça do gato antes de puxar o rabo. Lula deve estar perguntando aos seus botões: o que farão o Judiciário e a turma da Lava Jato na próxima vez?

Num dos trechos mais tóxicos da escuta que Moro mandou divulgar a pedido dos procuradores de Curitiba, Lula dissera para Dilma, no mesmo fatídico 4 de março: "Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, nós temos um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado. [?] Nós temos um presidente da Câmara fodido, um presidente do Senado fodido. Não sei quantos parlamentares ameaçados. E fica todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e vai todo mundo se salvar. Sinceramente, eu tô assustado com a República de Curitiba."

Se a nomeação de Lula para a Casa Civil ficar em pé, ele será julgado pelo STF. O decano do tribunal, ministro Celso de Mello, cuidou de dar-lhe as boas vindas ao responder à provocação em nome dos colegas, todos incomodados com a qualificação de covardes.

"Esse insulto ao Poder Judiciário, além de absolutamente inaceitável e passível da mais veemente repulsa por parte dessa Corte Suprema, traduz no presente contexto da profunda crise moral que envolve altos escalões da República, uma reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes, que não conseguem esconder, até mesmo em razão do primarismo de seu gesto leviano e irresponsável, o temor pela prevalência do império da lei e receio pela atuação firme, justa, impessoal e isenta de juízes livres e independentes".
Herculano
18/03/2016 05:40
ATINGIDA NA CABEÇA, "JARARACA" SUAVIZA O TIMBRE, por Josias de Souza

Parte 2

No STJ, a reação coube ao ministro João Otavio de Noronha. "Esta Casa não é uma Casa de covardes. É uma casa de juízes íntegros, que não recebe doação de empreiteiras. É estarrecedor a ironia, o cinismo dos que cometem o delito e querem se esconder atrás de falsa alegada violação de direitos. Não se nega os fatos e porque não tem como negar o que está gravado. A atitude do juiz Moro, gostem ou não, certa ou errada, revelou a podridão que se esconde atrás do poder. Se alguns caciques do judiciário se incomodam ou invejam, lamento."

Na Câmara, o "fodido" Eduardo Cunha colocou para andar o pedido de impeachment. Posicionou soldados de sua infantaria pessoal na presidência e na relatoria da comissão que cuidará do tema antes que ele chegue ao plenário.

Tido como heroi da resistência governista no Senado, o também "fodido" Renan Calheiros não deu as caras na cerimônia de posse de Lula. Declarou: "Eu acho que qualquer comentário [?] que desmereça as instituições ou colabore com o enfraquecimento das instituições não é bom para a democracia."

Se prevalecer o foro privilegiado que Dilma providenciou para seu criador, quem fará o papel de acusador de Lula no Supremo é o procurador-geral da República Rodrigo Janot. Que Lula considera um ingrato: "?Ele recusou quatro pedidos de investigação ao Aécio e aceitou a primeira de um bandido do Acre contra mim. [?] Essa é a gratidão. Essa é a gratidão dele por ele ser procurador?"

"Não sei que ingratidão é essa", estranhou Janot, em entrevista concedida na Suíça. "O que eu posso dizer é que eu entrei no meu cargo por concurso público, tenho 32 anos de carreira, percorri toda a minha carreira, estou em final de carreira e se eu devo algo a alguém, esse meu cargo, é a minha família."

Há dois dias, Lula era celebrado por auxiliares de Dilma e dirigentes do PT como o personagem que tiraria o governo do caos. Conseguiu. Com a ajuda de Moro, Lula levou a administração petista para o brejo. Deslizando sobre terreno movediço, a Jararaca está em apuros.

Já empossada, a víbora aguarda o desfecho da batalha judicial que sua nomeação causou para saber se poderá ou não ocupar a Casa Civil da Presidência. Se tudo der certo, será submetido ao crivo de um procurador que não lhe deve nada e de magistrados ávidos por demonstrar sua coragem funcional. Se der errado, volta para os braços de Sérgio Moro, na "República de Curitiba".

Em qualquer hipótese, cresceram muito as chances de a Jararaca levar novas cacetadas na cabeça.
Herculano
18/03/2016 05:37
ABERRAÇÃO, por Mário César Carvalho, para o jornal Folha de S. Paulo

Qual é a maior aberração: o ex-presidente Lula virar ministro para escapar do juiz Sergio Moro ou a existência do foro privilegiado, que cria uma classe especial de cidadãos, os políticos, que só podem ser processados pelo Supremo? O foro privilegiado é mil vezes mais perverso para a democracia do que a estratégia de Lula e Dilma. Políticos, afinal, trazem no DNA o instinto de fugir de punições.

A figura do foro privilegiado foi criada em 1689 na Inglaterra, para evitar que o rei fizesse gato e sapato com os parlamentares. A lei nasceu com duas vertentes: o "freedom of speech", que garantia a liberdade de expressão, e o "freedom from arrest", a imunidade de não ser preso arbitrariamente por atividades no Parlamento.

O sentido da lei era robustecer a nascente democracia moderna. Antes dessas leis, era comum um rei calar ou mandar prender um desafeto.

Crimes comuns, como o recebimento de propina ou de benesses de empreiteiras, não eram protegidos pelo foro privilegiado. A razão é óbvia: crimes não fazem parte da atividade parlamentar, ou não deveriam fazer.

O Supremo brasileiro já deu indicações de que não aceita manobras de políticos para escapar de punição. O deputado federal Natan Danadon (PMDB-RO) renunciou ao cargo nas vésperas do julgamento para escapar de uma ação no Supremo, na qual era acusado de ter desviado R$ 8,4 milhões. O Supremo refutou a manobra e condenou o deputado a 13 anos de prisão em 2010.

Após as grosserias que Lula disse sobre ministros do Supremo nos grampos captados pela Polícia Federal, seria muito fácil que essa corte repetisse com o ex-presidente o que fez com um deputado sem prestígio.

O Supremo, porém, poderia aproveitar essa oportunidade histórica para acabar com o foro privilegiado para crime comum e mandar todos os políticos investigados para juízes de primeira instância.
Herculano
18/03/2016 05:32
PMDB DEVE OFICIALIZAR O ROMPIMENTO NO DIA 29, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O PMDB decidiu mesmo romper com o governo Dilma, mas isso só será formalizado na reunião da executiva nacional, dia 29 deste mês, véspera da festa de aniversário dos 50 anos do partido. Também deve ser oficializada nessa reunião a expulsão do deputado Mauro Lopes (MG), que aceitou ser nomeado ministro da Aviação Civil mesmo após a convenção do PMDB proibir os filiados de aceitar cargos no governo.

REUNIÃO DE CÚPULA
Neste sábado (19), o vice-presidente Michel Temer receberá em casa, em São Paulo, um grupo de senadores do PMDB para discutir a crise.

PMDB DO SENADO
Se reunirão com Temer em São Paulo Renan Calheiros (AL), Eunício Oliveira (CE) e Romero Jucá (RR), Moreira Franco e Eliseu Padilha.

PARCEIROS DIVIDIDOS
Renan ainda reluta em apoiar o rompimento com Dilma, mas o fiel escudeiro Romero Jucá defende isso desde o início da Lava Jato.

COSTURANDO O PACTO
Temer saiu de Brasília na véspera da nomeação de Lula como ministro, e só retornará à capital quando o PMDB tiver pactuado sua posição.

É LEGAL ESCUTA FORTUITA DE DILMA NO GRAMPO DE LULA
A jurisprudência avaliza a decisão do juiz federal Sérgio Moro de liberar gravações comprometedoras envolvendo a presidente Dilma e Lula, o antecessor. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) adota o entendimento de que se uma autoridade com foro privilegiado mantiver contato com pessoa com o telefone monitorado, por decisão de juiz de primeira instância, a gravação das conversas não é nula. Muito pelo contrário.

ANOTE AÍ
A jurisprudência do STJ, validando grampo de autoridades, foi adotada no julgamento do habeas corpus 227.263-RJ, em março de 2012.

PETISTAS DE UBER
Motoristas de Uber celebraram o alto faturamento em Brasília, ontem, transportando petistas que amanheceram em frente ao Planalto.

TASSO 2018
Cresce no PSDB quem defende a pré-candidatura do senador Tasso Jereissati (CE) a presidente, caso a Lava Jato inviabilize Aécio Neves.

MORO ESPERA LULA
Respondendo às agressões de Lula ao Supremo Tribunal Federal, o ministro Celso de Mello disse que o "juiz original" é quem vai julgar. Referência clara à jurisprudência do STF, que remete ao juízo natural quem, como Lula, assume cargo para ganhar foro privilegiado.

PREOCUPAÇÃO EVIDENTE
Ministros e advogados andam preocupados com os sinais de abatimento do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski. Ele parece muito preocupado com a situação do País.

AUTOMEDICAÇÃO
O site Diário do Poder flagrou Ricardo Lewandowski comprando calmante na farmácia Pacheco, na quadra 403 Sul, em Brasília, quarta à noite. Ele ainda pediu um copo d'água e tomou o remédio ali mesmo.

DEFENDER DILMA PEGA MAL
No PP, foi difícil encontrar deputados governistas que aceitassem integrar a comissão do impeachment. Até votam em favor de projetos do governo, mas não querem associar a imagem à defesa de Dilma.

PISOU ONDE NÃO DEVIA
Na conversa com Lula, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, chamou Maricá de "cidade de merda". Lula não o contestou, mesmo sabendo que o prefeito de Maricá é Quaquá, presidente do PT-RJ, e sua filha Lurian mora cidade.

HORA ERRADA
Após a confirmação de Lula na Casa Civil, o Palácio do Planalto ensaiava um encontro com FHC para "dialogar". A repulsa tucana ao nome de Lula foi tamanha que o plano foi abortado.

LINCHAMENTO
Tão logo deu a liminar suspendendo a posse de Lula, o juiz federal Itagiba Catta Preta Neto passou a ser alvo de críticas e de tentativas de qualificar sua decisão. Ministros nomeados para tribunais após fazerem campanha para Dilma ou Lula não têm o mesmo tratamento.

DESEMBARQUE
O próximo a pular fora da base de apoio do governo Dilma pode ser o PR. A deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ) puxou o grito: "Já passou da hora de deixar o governo". O PR tem mais de quarenta deputados.

JARARACA NO SERPENTÁRIO
Dilma chegou a oferecer a Lula o cargo de ministro das Relações Exteriores. Ou seja, quase a jararaca comandou o serpentário.
Herculano
18/03/2016 05:29
OS RISCOS DE ATACAR MORO, por Bernardo Mello Franco, para o jornal Folha de S. Paulo

O governo saiu da defensiva e decidiu adotar a tática do confronto com o juiz Sergio Moro. A guerra foi declarada por Dilma Rousseff ao dar posse ao padrinho Lula na chefia da Casa Civil.

A presidente protestou contra os grampos da Lava Jato e se disse alvo de uma "conjuração". Ela sustentou que seus direitos constitucionais foram violados com a divulgação de conversas telefônicas.

"Os golpes começam assim", afirmou Dilma, acusando o juiz de tentar "convulsionar a sociedade brasileira em cima de inverdades, de métodos escusos e de práticas criticáveis".

O discurso foi reforçado por aliados da presidente. O novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, sugeriu que Moro cometeu crime ao divulgar o grampo. O líder do governo no Senado, Humberto Costa, acusou o juiz de conduta "ilegal e arbitrária".

A ofensiva empolgou a militância petista, mas é uma estratégia arriscada para o governo. A atuação midiática transformou Moro em herói das passeatas pró-impeachment. Torná-lo alvo pode ser uma forma de engrossar os protestos nas ruas.

As críticas de Dilma também inflamaram setores da Justiça e do Ministério Público que já estavam politizados. O ministro Gilmar Mendes, sempre ele, começou a dar entrevistas antes das nove da manhã. O procurador Deltan Dallagnol fez uma espécie de comício em Curitiba. O próprio Moro comparou Dilma a Richard Nixon, presidente americano que renunciou para não ser cassado.

Neste clima de engajamento, um juiz que milita contra o governo nas redes sociais não se considerou impedido para conceder a liminar que suspendeu a posse.

Para azar do Planalto, um dos grampos divulgados por Moro também mexeu com os brios do Supremo Tribunal Federal, que Lula chamou de "acovardado" ao telefone. A reação enérgica do ministro Celso de Mello indicou que o ex-presidente não deve esperar simpatia da corte, com ou sem foro privilegiado.
Herculano
18/03/2016 05:26
PLANALTO TEME QUE STF DEVOLVA LULA PARA MORO, por Josias de Souza

Dilma Rousseff revelou-se preocupada ao saber que, além dos questionamentos feitos na primeira instância do Judiciário, a nomeação de Lula para a Casa Civil é questionada em uma dezenas de ações protocoladas no Supremo Tribunal Federal. Um frêmito percorreu a espinha de Dilma ao ser informada de que sete dessas ações encontram-se sobre a mesa do ministro Gilmar Mendes. A presidente e seus auxiliares receiam que o magistrado devolva o investigado para Curitiba, aos cuidados de Sérgio Moro.

Há dois dias, na sessão em que o Supremo confirmou o rito processual do impeachment, Gilmar fez comentários cáusticos sobre a conversão de Lula em ministro de Dilma.

"A crise só piorou, só se agravou", disse o ministro. "A ponto de agora a presidente buscar inclusive um tutor, para colocar no seu lugar de presidente. E ela assume aí um outro papel. E um tutor que vem com problemas criminais muito sérios, mudando inclusive a competência do Supremo Tribunal Federal, tema que nós vamos ter que discutir."

Nesta quinta-feira, nas pegadas da divulgação de grampos tóxicos da Lava Jato, Gilmar voltou ao tema: "Acho extremamente preocupante tudo o que se engendrou, [?] a tentativa notória de fugir da jurisdição do juiz natural, que no caso é o juiz Moro, de Curitiba. Isso tem aspectos concernentes, em tese pelo menos, a eventual infração de responsabilidade. Ou mesmo questões de índole penal. Isso tem que ser, claro, examinado com o maior cuidado possível. Mas é evidente que não se trata de um ato normal, tanto é que está provocando tanta especulação e tanto debate."

Nas palavras de um auxiliar de Dilma, "as observações do Gilmar Mendes se parecem muito com um pré-julgamento." Ele acrescentou: "Só espero que o Gilmar divida sua decisão com o plenário do Supremo.''
Herculano
18/03/2016 05:23
QUAL É MESMO A DIFERENÇA?

Escutando as gravações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com aquele linguajar chulo, pobre, de bar de quinta, para constranger instituições (polícia, ministério público, justiça, imprensa, empresas...) e se proteger naquilo que feriu e quer continuar ferindo a lei com o seu grupo para se manter no poder, pergunta-se:

Qual a diferença de tudo isto com o PT de Gaspar? Na Coluna de hoje, dois de muitos exemplos que tramitam ou tramitaram no judiciário. A coluna vem mostrando casos assim, sistematicamente. E por causa disso eu sou um problema. E há muito tempo. Imprensa boa é aquela alinhada, desrespeitada, dependente de migalhas. Acorda, Gaspar!
Herculano
18/03/2016 05:17
PROTAGONISMO PERIGOSO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Em momentos de crispação nas ruas como estes que o Brasil conhece, nada mais importante que dispor de instituições sólidas e equilibradas, capazes de moderar o natural ímpeto das manifestações e oferecer respostas seguras dentro de um quadro de legalidade.

Preocupam, por isso, os sinais de excesso que nos últimos dias partem do Judiciário, precisamente o Poder do qual se esperam as atitudes mais serenas e ponderadas.

Não se trata de relativizar o peso das notícias acerca da Operação Lava Jato, ou de minimizar o efeito político e jurídico das gravações telefônicas divulgadas nesta semana.

O imperioso combate à corrupção, entretanto, não pode avançar à revelia das garantias individuais e das leis em vigor no país. Tal lembrança deveria ser desnecessária num Estado democrático de Direito, mas ela se torna relevante diante de recentes atitudes do juiz federal Sergio Moro, em geral cioso de seus deveres e limites.

Talvez contaminado pela popularidade adquirida entre os que protestam contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT), Moro despiu-se da toga e fez o povo brasileiro saber que se sentia "tocado pelo apoio às investigações".

Ocorre que as investigações não são conduzidas pelo magistrado. A este compete julgar os fatos que lhe forem apresentados, manifestando-se nos autos com a imparcialidade que o cargo exige.

Demonstrando temerária incursão pelo cálculo político, resolveu assumir de vez o protagonismo na crise ao levantar o sigilo de conversas telefônicas de Lula (PT) bem no momento em que o ex-presidente se preparava para assumir a Casa Civil.

Por repulsiva que seja a estratégia petista de esconder o ex-presidente na Esplanada, não cabe a um magistrado ignorar ritos legais a fim de interromper o que sem dúvida representa um mal maior. Pois foi o que fez Moro ao franquear a todos o acesso às interceptações e transcrições que, como regra, devem ser preservadas sob sigilo.

Ao justificar a decisão, Moro argumenta de maneira contraditória. Sustenta que o caso, por envolver autoridades com foro privilegiado, deve ser remetido ao Supremo Tribunal Federal, mas tira da corte a possibilidade de deliberar sobre o sigilo das interceptações.

Pior, a lei que regula o tema é clara: "A gravação que não interessar à prova será inutilizada". Quem ouviu as conversas de Lula pôde perceber que muitas delas eram absolutamente irrelevantes para qualquer acusação criminal. Por que, então, foram divulgadas?

Ademais, a conversa entre Lula e Dilma ocorreu depois que o próprio Moro havia mandado ser interrompida a escuta. Acerca disso o juiz a princípio não se pronuncia.

É sem dúvida importante que a população saiba o que se passa nas sombras do poder. Daí não decorre, obviamente, que os juízes possam dar de ombros para as leis. Mais do que nunca, o exemplo deve partir do Poder Judiciário ?"sua eventual desmoralização é o pior que pode acontecer.
Herculano
17/03/2016 22:26
A COVA ABERTA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DE GASPAR E GARANTIDO PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA AO CONCEDER A INDISPONIBILIDADE DOS BENS DE EX E ADMINISTRADORES PÚBLICOS POR SUPOSTO DESVIO DE FINALIDADE DE UM CONTRATO NO CEMITÉRIO MUNICIPAL

Parte 1

Agravo de Instrumento n. 2015.089964-7, de Gaspar
Agravante : Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Promotora : Dra. Chimelly Louise de Resenes Marcon (Promotora de Justiça).
Agravados : Adilson Luis Schmitt e outros
Relator: Des. Subst. Luiz Zanelato

DECISÃO
I Â?" Ministério Público do Estado de Santa Catarina interpôs agravo de instrumento da decisão de fls. 109-124, proferida nos autos da ação civil pública por ato de improbidade administrativa nº 09000956220158240025, movida em face de Adilson Luis Schmitt, Pedro Celso Zuchi, Arnaldo Muller, Soly Waltrick Antunes Filho, Michael Zimmermann, Peterson Correa, Jeferson Debus, Arnaldo Muller Júnior, Say Muller Serviços Ltda Epp e José Artur Benaci, em curso no Juízo da 1ª Vara Cível da comarca de Gaspar, que indeferiu os pedidos de afastamento cautelar dos Prefeito e dos Secretários de Planejamento e Administração do Município e de indisponibilidade dos bens dos réus para garantir o ressarcimento do prejuízo causado ao erário público e o pagamento das multas civis que poderão ser impostas a eles.
Requer concessão, liminarmente, de efeito suspensivo-ativo ao agravo de instrumento e, por fim, o provimento do recurso para reformar a decisão agravada.

II Â?" Por presentes os requisitos de admissibilidade, conhece-se do recurso.

III Â?" Cuida-se de agravo de instrumento, com pedido de efeito suspensivo fundado nos arts. 527, III, e 558, caput, ambos do CPC. Da interpretação conjugada desses dispositivos extrai-se que a concessão de efeito suspensivo ao agravo de instrumento condiciona-se ao preenchimento de dois requisitos: relevância da motivação (as razões devem ser plausíveis, com fundada possibilidade de acolhimento do recurso pela câmara competente) e possibilidade de lesão grave e de difícil reparação até o julgamento pelo órgão colegiado decorrente do cumprimento da decisão agravada. No caso em apreço, o juízo de primeiro grau proferiu a decisão ora combatida, nos seguintes termos: [...] Ante o exposto, nos termos da fundamentação supra, INDEFIRO os pedidos liminares acautelatórios de afastamento do Cargo e de indisponibilidade de bens. NOTIFIQUEM-SE os réus para que, querendo, presentem manifestação por escrito, acompanhada com documentos, no prazo de 15 (quinze) dias, nos moldes do art. 17, § 7.º, da Lei n. 8.429/1992. Intimem-se e cumpra-se. Comunique-se o relator do Agravo de Instrumento nº 2015.072049-0. (fls. 109-124). Inconformado com tal decisão, que considera equivocada, o agravante sustenta, em síntese, que (a) as provas dos autos demonstram diversos atos de improbidade administrativa praticados pelos agravados, os quais compreendem inúmeras prorrogações indevidas de um contrato de zeladoria e vigilância do cemitério municipal firmado no ano de 2006, pagamentos ilegais à empresa contratada por serviços alheios ao contrato administrativo, direcionamento da licitação que contemplava o mesmo objeto e a aceitação de preço que tornava inexequível, instauração de procedimento administrativo que, ao final, reconheceu o inadimplemento contratual da empresa, porém deixou de aplicar qualquer espécie de sanção; (b) houve prevaricação intencional dos agentes políticos, tendo em vista a celebração de outro contrato, que perdura até a presente data, de proporções milionárias, com a mesma empresa para coleta de resíduos sólidos; (c) os prejuízos causados aos cofres públicos, incluindo as sanções de multa, somam a cifra de R$ 1.784.135,25, sendo patente a necessidade de assegurar o ressarcimento ao erário;
(d) é imperioso o afastamento das funções do Prefeito e de parte do seu secretariado, tendo em vista a mordaça imposta a certos servidores que tiveram contato com as ilegalidades, mediante a concessão de benefícios, como a nomeação a postos de maior remuneração e hierarquia e as ameaças de morte praticadas contra outros servidores.
Herculano
17/03/2016 22:25
A COVA ABERTA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DE GASPAR E GARANTIDO PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA AO CONCEDER A INDISPONIBILIDADE DOS BENS DE EX E ADMINISTRADORES PÚBLICOS POR SUPOSTO DESVIO DE FINALIDADE DE UM CONTRATO NO CEMITÉRIO MUNICIPAL

Parte 2

Em análise sumária dos autos, denota-se relevância em parte dos pedidos acautelatórios formulados no presente recurso. Inicialmente, cabe asseverar que a concessão da tutela cautelar não exige prova inequívoca da quase certeza dos fatos alegados, contentando-se com indícios razoáveis aptos a convencer de que aqueles fatos mostram-se plausíveis fatos (fumus boni juris).

Entretanto, pondera-se que a concessão dessa medida pressupõe, como condição, a demonstração de indícios de interferência do agente público que, prevalecendo-se do cargo, emprego ou função, poderá frustrar a produção de provas na ação judicial em trâmite.

Considerando o vasto conjunto probatório que já incorpora o inquérito civil público, o que, por si só, afasta qualquer possibilidade de omissão ou extravio de documentos, bem como a falta de elementos fáticos atuais e concretos da alegada influência exercida pelos réus sobre testemunhas que possam colaborar na instrução processual, não se vê respaldo para esse pleito.

Vale ressaltar que a medida cautelar de afastamento de cargo público não visa prevenir a prática de outros atos ímprobos, mas tão somente assegurar o desenvolvimento da produção das provas em juízo.

De outro lado, vislumbra-se a necessidade de deferir a medida cautelar de indisponibilidade de bens dos agravados, porquanto os elementos de prova coligidos nos autos, extraídos do inquérito civil nº 06.2012.00002944-4, revelam com clareza a ocorrência de atos de improbidade administrativa que atentam gravemente contra os princípios da Administração Pública e, também, que causam prejuízo ao erário público.

Ademais, há a presunção do requisito do periculum in mora decorrente dos fortes indícios da prática de atos de improbidade administrativa, em face do fumus boni juris já reconhecido pelo juízo de primeiro grau, consistentes na inobservância de regras basilares da formalização de contratos administrativos e na nítida fraude ocorrida em licitações direcionadas.
Com efeito, em 23/03/2006, foi celebrado contrato administrativo precedido de licitação na modalidade pregão pelo menor preço, entre o Município de Gaspar, representado pelo ex-Prefeito Adilson Luis Schmitt, e a empresa Say Muller Serviços Ltda., o qual tinha como objeto a prestação de serviços de limpeza e manutenção do cemitério municipal e a Casa Mortuária, devidamente descritos no instrumento contratual, com valores previamente fixados (fls. 403/406 dos autos digitais).
Herculano
17/03/2016 22:24
A COVA ABERTA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DE GASPAR E GARANTIDO PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA AO CONCEDER A INDISPONIBILIDADE DOS BENS DE EX E ADMINISTRADORES PÚBLICOS POR SUPOSTO DESVIO DE FINALIDADE DE UM CONTRATO NO CEMITÉRIO MUNICIPAL

Parte 3

A cláusula 4.1 previa expressamente que o preço retro-referido é final, não se admitindo qualquer acréscimo, estando incluídos no mesmo todas as despesas custos, diretos e indiretos, como também os lucros da CONTRATADA.

Sucede ter havido a apuração de que a empresa Say Muller Serviços Ltda, através de seus representantes legal e de fato, Arnaldo Muller Júnior e Arnaldo Muller, este sendo sócio administrador da empresa Expansão Serviços, durante anos, realizaram cobranças indevidas da população de Gaspar, exigindo vultosas quantias pelo uso de bens públicos, como é o caso da Casa Mortuária, pela reserva de locais para sepultamento de pessoas no cemitério municipal, além de se apropriar de serviços como sepultamento, exumações, venda de sepulturas, dentre outros serviços totalmente destoantes do contrato administrativo originalmente firmado, conforme amplamente comprovado pelos documentos de fls. 1071 a 1454 dos autos digitais. .
Em suma, Say Muller Serviços Ltda, Arnaldo Muller Junior e Arnaldo Muller valeram-se da condição de prestadoras do serviço de limpeza e manutenção de cemitério municipal público para lucrar com atividade eminentemente privada sobre os bens da municipalidade.

Diante das denúncias ocorridas na época, o Prefeito Pedro Celso Zuchi, em 03/02/2012, instaurou inquérito administrativo para apuração dos fatos (fls. 428-429 dos autos digitais).
No entanto, apesar de acolher o relatório da comissão no sentido de reconhecer as ilegalidades cometidas pela empresa contratada, aplicando as sanções previstas na Lei nº 8.666/93, o Chefe do Executivo Municipal decidiu arquivar o inquérito, sob o argumento de que o contrato administrativo foi extinto em 21/12/2011, ou seja, antes da conclusão do inquérito, em 26/04/2012 (fls. 517/518 dos autos digitais).

Ocorre que, poucos meses antes da data do julgamento, foi instaurada nova licitação para contratação de prestadora dos serviços de zeladoria e portaria dos cemitérios municipais, manutenção da casa mortuária, sepultamento e construção de carneiras e, de maneira espantosa, o procedimento foi manifestamente direcionado para que o objeto fosse adjudicado pela mesma empresa Say Muller Serviços Ltda.

Registre-se que na sessão de julgamento (07/03/2012) só estavam presentes dois representantes legais das empresas licitantes, sendo eles Arnaldo Muller, pela Luiz Orival de Souza ME, e Arnaldo Muller Junior, por Say Muller Serviços Ltda. EPP.
Herculano
17/03/2016 22:22
A COVA ABERTA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DE GASPAR E GARANTIDO PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA AO CONCEDER A INDISPONIBILIDADE DOS BENS DE EX E ADMINISTRADORES PÚBLICOS POR SUPOSTO DESVIO DE FINALIDADE DE UM CONTRATO NO CEMITÉRIO MUNICIPAL

Parte 4

Deve ser salientado que houve a efetiva participação de Soly Waltrick Antunes Filho, Michael Zimmermann, Peterson Corrêa, Jeferson Debus, José Artur Benaci e do Prefeito Pedro Celso Zuchi neste novo processo licitatório, sendo que eram fatos notórios na cidade as denúncias contra a empresa licitante (fls. 142/391 dos autos digitais). Aliás, Jeferson Debus fez parte da Comissão Especial queconduziu o inquérito administrativo nº 01/2012 (fl. 516 dos autos digitais).

A propósito, Arnaldo Muller, ao depor perante a autoridade policial, em 29/05/2012, reconheceu que "possuía um contrato firmado com o município de Gaspar isto no ano de 2006 e com vigência até 2011; que como não houve processo licitatório quanto firmado esse contrato o mesmo foi prorrogado por mais doze meses até março de 2012; que no ano de 2012, foi feita uma licitação, alega que concorre no certame, sendo que seu filho Arnaldo Muller Junior representando a empresa Say Muller e o depoente representante a Expansão Serviços; que a empresa Expansão Serviços é de propriedade um funcionário do depoente de nome Luiz Orivaldo de Souza e trabalhava na empresa Say Muller como coveiro; [...] que alega em que pese a empresa Say Muller ter ganhado o processo licitatório quem realizada os serviços no cemitério era a empresa Expansão" [...] (fls. 647-652 dos autos digitais).

Sobressai aos olhos, também, o depoimento de Danilo Visconti, assessor da Procuradoria-Geral do Município, na época, o qual declarou que Gabinete conseguiram materializar a veracidade das informações que tinham recebido e quando levadas ao conhecimento do Sr. Prefeito e da Sra. Vice-Prefeita e dos Secretários de Transportes e Obras, Chefe de Gabinete, de Administração e Finanças e seu Adjunto, assim como também do Diretor Presidente do SAMAE, este porque fazia parte do Colegiado do Executivo Municipal, para suas surpresas, foram advertidos de que tinham ido longe demais, o que significa dizer, que não deveriam ter procedido com as investigações tão a miúde" (fls. 675/679 dos autos digitais).

Além disso, consta do laudo pericial do Núcleo Regional de Perícias de Blumenau nº 0438625 que examinou a mídia que contém uma gravação telefônica do diálogo entre Mário e Arnaldo Muller, este último afirma que o Prefeito do Município de Gaspar, Pedro Celso Zuchi, convidou-o para participar da licitação visando à contratação da sua empresa para prestação do serviço de coleta de lixo e reconheceu que sequer tinha acervo técnico para participar.
Herculano
17/03/2016 22:21
A COVA ABERTA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DE GASPAR E GARANTIDO PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA AO CONCEDER A INDISPONIBILIDADE DOS BENS DE EX E ADMINISTRADORES PÚBLICOS POR SUPOSTO DESVIO DE FINALIDADE DE UM CONTRATO NO CEMITÉRIO MUNICIPAL

Parte 5

Logo, apresentam-se demonstrados nos autos o direcionamento das licitações e a prática de atos ímprobos, do que decorre inegável o prejuízo ao erário público.

Não bastasse tudo isso, observa-se que a vigência do contrato com prazo determinado terminaria em 31/12/2006, mas as partes firmaram nove aditivos contratuais para prorrogar a duração da relação contratual (fls. 917-934 dos autos digitais).

Em que pese existisse previsão no contrato da possibilidade de sua prorrogação para até 60 (sessenta) meses, reputa-se ilícita referida cláusula por que não se admite prorrogação contratual por mera conveniência das partes, haja vista o comando constitucional do art. 37, XXI, da Carta da República que impõe a obrigatoriedade de licitação pública para a celebração de contratos administrativos, da qual se pressupõe a necessidade de nova licitação ao término do contrato firmado.

Observe-se, todavia, que apenas nas hipóteses legais poderá o contrato ser prorrogado, porque a prorrogação não pode ser a regra, mas sim a exceção. Se fosse livre a prorrogabilidade dos contratos, os princípios da igualdade e da moralidade estariam irremediavelmente atingidos.
Nesse contexto, a medida cautelar de indisponibilidade de bens, aplicável àqueles que praticam atos de improbidade administra, encontra previsão constitucional (art. 37, § 4º) e legal (art. 7º da Lei de Improbidade Administrativa), de modo que da interpretação dessas normas, infere-se que tal medida deve ser aplicada pela mera constatação de atos ímprobos.
CF, Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
[...]
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos
direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
penal cabível.

Lei nº 8429/92 Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio
público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa
responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade
dos bens do indiciado.

Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá
sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo
patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.

Com efeito, segundo o entendimento jurisprudencial consolidado no
Tribunal da Cidadania, o único requisito necessário para o deferimento liminarmente
da indisponibilidade de bens é o fumus boni juris, tendo em vista que o periculum in
mora decorre do próprio ato de improbidade,

1. Não houve o prequestionamento quanto ao suposto erro na capitulação da
conduta enquanto inserta no art. 11 da Lei nº 8.429/92 - e não em seu art. 10º - e
tampouco quanto aos arts. 128 e 460 do Código de Processo Civil, sendo certo que
não foram opostos embargos de declaração perante as vias ordinárias. Incidência,
por analogia, das Súmulas 282 e 356, ambas editadas pelo Supremo Tribunal
Federal.
Herculano
17/03/2016 22:20
A COVA ABERTA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DE GASPAR E GARANTIDO PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA AO CONCEDER A INDISPONIBILIDADE DOS BENS DE EX E ADMINISTRADORES PÚBLICOS POR SUPOSTO DESVIO DE FINALIDADE DE UM CONTRATO NO CEMITÉRIO MUNICIPAL

Parte 6

IV Â?" Ante o exposto, por presentes os requisitos previstos no art. 558, caput, do CPC, em parte do recurso, defiro o efeito suspensivo-ativo pleiteado aoagravo parcialmente, apenas para o fim de decretar a indisponibilidade de bens dosréus, a ser suportada pelos agentes públicos, até o limite total de 50 (cinquenta) vezes o valor da remuneração percebida, na época, por cada um deles, corrigido monetariamente pelo INPC, nos termos do Provimento nº 13/95 da Corregedoria-Geral de Justiça de Santa Catarina, bem como pela empresa Say Muller
Serviços Ltda. EPP., por Arnaldo Muller e Arnaldo Muller Junior, solidariamente, até o limite de duas vezes o valor indicado pelo Ministério Público, na petição inicial, como o dano patrimonial sofrido pelo erário municipal, sobre o qual deve, também, incidir a correção monetária.

Comunique-se ao juízo de origem.
Gabinete Des. Luiz Zanelato
Cumpra-se o disposto no art. 527, V, do CPC.
Redistribua-se (art. 12, § 4º, do Ato Regimental n.41/2000).
Publique-se. Intimem-se.
Florianópolis, 3 de março de 2016.
Luiz Zanelato
RELATOR

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