18/03/2016
Ilhota em chamas. Na foto, o ônibus do transporte de estudantes que quebrou a barra de direção (veja a roda da frente) e só parou batendo no barranco. Havia crianças. Além do susto e leves ferimentos, o retrato da falta de atenção (ônibus lotados) e agora manutenção comprometida no governo de Daniel Christian Bosi, PSD. O acidente aconteceu na localidade de Minas.
COVA ABERTA I
No dia do aniversário de emancipação de Gaspar, mais um retrato de que é preciso mudar muito. Há pouco a comemorar por aqui. O Tribunal de Justiça acaba de decretar a indisponibilidade dos bens, até o limite de 50 vezes do valor da remuneração percebida à época dos fatos do ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, sem partido; do atual prefeito, Pedro Celso Zuchi, PT; de seus auxiliares, Soly Waltrick Antunes Filho, secretário de Planejamento, Michael Zimmermann, ex-secretário de Administração e Finanças; Peterson Correia, Jefferson Correia e José Artur Benacci. E para a empresa Say Muller Serviços e seus sócios Arnaldo Muller e Arnaldo Muller Júnior, até o limite de duas vezes o que pediu de ressarcimento o MP por suposto dano ao patrimônio público municipal apurado em R$1.784.135,25. Esta indisponibilidade atende a um pedido da promotora Chimelly Louise de Resenes Marcon, que cuida da moralidade pública na Comarca.
COVA ABERTA II
A decisão do Tribunal foi relatada pelo desembargador substituto Luiz Zanelatto, no agravo de instrumento que o MP interpôs, depois de ver por duas vezes o pleito não ser atendido na 1ª Vara de Gaspar. O robusto processo de 1.500 páginas demorou anos para ser fundamentado. Ele mostra em detalhes como um contrato não foi cumprido e como a população pagou por algo que não tinha a obrigação de pagar no uso do Cemitério Público de Gaspar. Começou no governo de Adilson, ex-PMDB, PSB e PPS, que contratou a empresa por licitação e terminou sendo “sepultado” e de onde cresceram a anomalia devido à aproximação, pelo atual prefeito Zuchi. Um dos pedidos negados aqui e também pelo Tribunal foi a retirada do cargo de Zuchi e seus auxiliares. Zanelato considerou que há um acervo probatório robusto e que os indiciados não poderiam mais comprometer a coleta ou destruição provas, bem como exercer pressão, em função do cargo, para modificar depoimentos. Escaparam.
COVA ABERTA III
Este trabalho é um dos inúmeros feitos pela promotora Chimelly e que a coloca como alvo principal do poder político de plantão, envolvido nas denúncias que fundamenta por inquéritos. As pressões sobre o trabalho dela trouxeram até a corregedoria para Gaspar. E o PT comemorou como um indício de ficar livre da promotora, como comemorou com a saída da juíza Ana Paula Amaro da Silveira. Resumindo, este caso da limpeza e manutenção do cemitério, também expõe a cova de um fantasma: a nebulosa criação e relação da Say Muller (e seus agregados) com a administração do PT de Pedro Celso Zuchi, Lovídio Carlos Bertoldi e o Samae, para a coleta e destinação de lixo urbano, intencionalmente de forma provisória, mas que acabou ficando definitiva, tudo para combater a Recicle, de Brusque, a quem supostamente alegavam ter dúvidas.
COVA ABERTA IV
Este espaço é pequeno para explicitar um caso tão complexo e principalmente ardiloso. Ele foi por gente que entende e sabe o que está fazendo ou escondendo. Então convido os leitores e leitoras para acessarem a área de comentários da coluna no portal Cruzeiro do Vale, o mais acessado e atualizado. E lá o caso estará mais explícito, assim como os argumentos do desembargador para a sua decisão. O contrato de zeladoria e vigilância do cemitério foi feito em 2006, quando Adilson era prefeito. Escreveu Zanelato: “Sucede ter havido a apuração de que a empresa Say Muller Serviços Ltda, através de seus representantes legal e de fato, Arnaldo Muller Júnior e Arnaldo Muller, este sendo sócio administrador da empresa Expansão Serviços, durante anos, realizaram cobranças indevidas da população de Gaspar, exigindo vultosas quantias pelo uso de bens públicos, como é o caso da Casa Mortuária, pela reserva de locais para sepultamento de pessoas no cemitério municipal, além de se apropriar de serviços como sepultamento, exumações, venda de sepulturas, dentre outros serviços totalmente destoantes do contrato administrativo originalmente firmado, conforme amplamente comprovado pelos documentos”
COVA ABERTA V
“Em suma”, salienta Zanelato, “Say Muller Serviços Ltda, Arnaldo Muller Junior e Arnaldo Muller valeram-se da condição de prestadoras do serviço de limpeza e manutenção para lucrar com atividade eminentemente privada sobre os bens da municipalidade. Diante das denúncias ocorridas na época, o Prefeito Pedro Celso Zuchi, em 03/02/2012, instaurou inquérito administrativo para apuração dos fatos. No entanto, apesar de acolher o relatório da comissão no sentido de reconhecer as ilegalidades cometidas pela empresa contratada, aplicando as sanções previstas na Lei nº 8.666/93, o Chefe do Executivo decidiu arquivar o inquérito, sob o argumento de que o contrato administrativo foi extinto em 21/12/2011, ou seja, antes da conclusão do inquérito, em 26/04/2012”. Uau!
COVA ABERTA VI
“Ocorre que, poucos meses antes da data do julgamento, foi instaurada nova licitação para contratação de prestadora dos serviços de zeladoria e portaria dos cemitérios municipais, manutenção da casa mortuária, sepultamento e construção de carneiras e, de maneira espantosa, o procedimento foi manifestamente direcionado para que o objeto fosse adjudicado pela mesma empresa Say Muller Serviços Ltda. Registre-se que na sessão de julgamento (07/03/2012) só estavam presentes dois representantes legais das empresas licitantes, sendo eles Arnaldo Muller, pela Luiz Orival de Souza ME, e Arnaldo Muller Junior, por Say Muller Serviços Ltda. EPP. Deve ser salientado que houve a efetiva participação de Soly Waltrick Antunes Filho, Michael Zimmermann, Peterson Corrêa, Jeferson Debus, José Artur Benaci e do Prefeito Pedro Celso Zuchi neste novo processo licitatório, sendo que eram fatos notórios na cidade as denúncias contra a empresa licitante. Aliás, Jeferson Debus fez parte da Comissão Especial que conduziu o inquérito administrativo nº 01/2012”. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
Andreia Symone Zimmermann Nagel, então no DEM, deveria ser eleita presidente da Câmara para a legislatura de 2015. O PT, diante da fiscalização e oposição, cortou o barato. E unido com o PMDB elegeu mais uma vez José Hilário Melato, PP, e que participou ativamente da trama. O discurso de Andreia foi memorável. Surpreendeu os vereadores e a cidade.
“Esses são os nomes dos vereadores que não cumprem palavra, que não têm palavra, que não cumprem acordo. Que não honram, sim, a calça que vestem. Que não honram, sim, o fio do bigode, como se dizia antigamente. Que são adeptos da sacanagem, mau caratismo, da pilantragem, da canalhice, da picaretagem”.
Um ano depois, José Hilário Melato, PP, e os quatro vereadores do PT, Daniel Fernandes, Hamilton Graff, Antônio Carlos Dalsochio e José Amarildo Rampelotti, ingressaram com ação civil pedindo indenização por danos morais. Cada um queria da vereadora R$ 31.520,00.
Esta semana, o juiz Raphael de Oliveira e Silva, da 1ª Vara, indeferiu o pedido e julgou extintos os processos. Qual a razão? Os vereadores, na Tribuna, quando tratam dos assuntos políticos, possuem imunidade. Aliás, os vereadores que ingressaram com a Ação sabiam perfeitamente disso. “As alusões feitas, apesar de serem fortes e sem dúvida alguma atingirem a honra dos demandantes, foram proferidas dentro do contexto político relativo ao funcionamento interno da própria Casa de Leis”.
Esta é a segunda vitória de Andreia na Justiça em duas semanas. A primeira foi não ser cassada como queria o suplente Laércio Pelé Krauss, DEM, e o presidente do PPS, Vitório Marquetti.
Em público. Avessa, a promotora Chimelly Louise de Resenes Marcon foi à sessão especial da Câmara de homenagem ao Dia da Mulher. Falou sobre combate à corrupção no ambiente da administração pública. Foi muito aplaudida e provocou suspiros. Teve político que ficou assustado.
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