Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

15/08/2016

SERVIÇO MAL FEITO. E COM O DINHEIRO DO CIDADÃO

Esta é a lombada na Rua Nereu Ramos, no bairro Coloninha. Teve que ser refeita pela prefeitura via Ditran. Um custo a mais para os gasparenses. E por quê? Foi malfeita, apesar do município ter engenheiros e técnicos bem pagos e especializados para a orientação e fiscalização deste tipo de obra e serviço, bem como a Ditran, supostamente ter a obrigação em conhecer a legislação que regula este assunto. A lombada estava fora dos parâmetros exigidos pela regulamentação. Era quase um degrau, ou seja, levava a acidentes ou a danos dos veículos que passavam sobre ela. E a acessibilidade para cadeirantes nas calçadas, impraticável. Vergonha para u governo popular que se diz no discurso ser a voz das minorias e excluídos. Levou-se 40 dias, e depois de muitas reclamações, para perceberem o erro, o perigo e promover a correção para os cidadãos pagadores de pesados impostos. Acorda, Gaspar!


O PT DE BLUMENAU FINGE QUE NÃO GOVERNA GASPAR I

O PT de Blumenau mostrou no sábado o plano de governo do prefeiturável, o professor universitário, Valmor Schiochet. Olha só o discurso poético e acadêmico. Um dos eixos do plano prioriza às políticas sociais e à realização de direitos. Ou seja, quer cuidar das pessoas em primeiro lugar para que elas cuidem da cidade. Bonito. Lindo. Em Gaspar onde o PT é governo há oito anos seguidos, dos 12 que governa a cidade, isto é letra morta, mortíssima. O outro eixo do discurso é o do “direito à cidade”, sob o mote da convivência justa, solidária, sustentável e democrática. Gracinha. Então alguém pode apontar onde isto é prioridade no governo do PT de Gaspar? Vamos a um dos muitos exemplos: o que é mesmo feito com o loteamento das casinhas de plástico, que nasceu de uma vingança do PT (inclusive o de Blumenau que orienta o de Gaspar) contra a propriedade de um empresário?


O PT DE BLUMENAU FINGE QUE NÃO GOVERNA GASPAR II

Quer mais? Tem mais teoria dos filósofos e marqueteiros de campanha para trapacear analfabetos, ignorantes, desinformados, assistidos e fanáticos da causa. O eixo do desenvolvimento econômico faz referência ao crescimento no presente com olhos no futuro. Em Gaspar nem a revisão do Plano Diretor conseguiu propor e discutir com a sociedade, como manda o Estatuto das Cidades, e muito menos aprova-lo na Câmara onde o assunto rola por anos. Já o quarto eixo do plano de governo do PT de Blumenau trata da gestão ética e democrática, porque a candidatura promete “governar com as pessoas”. Sério? O PT queria governar com quem? Robôs, alienígenas, animais? Mais uma vez a utopia supera de longe à realidade, isto se não chamam todos os eleitores tolos com este amontoado de palavras de ordem.


O PT DE BLUMENAU FINGE QUE NÃO GOVERNA GASPAR III

Mas, a “grand finale” ficou para a piada do vereador Vanderlei de Oliveira. Ele diz que a chapa do PT de Blumenau, aquele que manda e desmanda em Gaspar, vai “radicalizar” na transparência pública, democratizar as decisões e fortalecer os conselhos de políticas públicas. Em Gaspar, por exemplo, até hoje, a transparência do governo petista é zero e só faz alguma coisa neste quesito a mando de decisões judiciais, a qual antes desdenha e depois contesta, culpando de ser fruto de uma suposta onda conservadora ou da oposição, que de verdade, só existiu nas ações de uma única vereadora, a Andreia Symone Zimmermann Nagel, PSDB. E a imprensa de Blumenau, colunistas professores, intelectuais que precisam dos analfabetos, ignorantes, desinformados estão apostando tudo de que isto seja mesmo possível, inovador (sério!) e verdadeiro.


O PT DE BLUMENAU FINGE QUE NÃO GOVERNA GASPAR IV

Resumindo: os petistas de Blumenau que embalam a administração de Gaspar não conseguem enxergar as experiências e os resultados na bancada de um mesmo laboratório que produz este tipo de discurseira. E se isto fosse pouco, o esgoto que o PT nacional produziu seria suficiente para desconfiar de que se trata de uma máquina de iludir, que exala atraso, desconfianças e incompetência, impondo sacrifícios às pessoas como alta inflação, desorganização da economia e do empreendedorismo, desemprego de quase 12 milhões de pessoas – a maioria pobres -, impossibilidade de atendimento na rede pública de saúde, educação sofrível, insegurança, além da roubalheira institucionalizada. E para não ir longe, o desabono sobre a polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça mostra o quanto a transparência, dialética e a pluralidade do PT é apenas um discurso longe da prática. Coragem e cara de pau, deve-se reconhecer, não lhes faltam quando em palanque e campanha.


QUANDO MAIS VALE BEM MENOS I

O PSB de Gaspar hibernava como um nanico que sempre foi. Surpreendeu e anunciou na última hora, como se representativo fosse, a troca de mãos e a sua aliança com o PSD para apoiar o vereador Marcelo de Souza Brick na cabeça à prefeito e dar o vice da chapa ao atual presidente da Câmara, Giovânio Borges. Giovânio que até então estava no PSD de Brick, fingiu ir para outro partido, um nanico, e assim “formar” uma “coligação” da mesma coisa, onde o novo de verdade nesta “aliança” com a benção do PT, foi o velho Partido Comunista do Brasil, que por sete anos seguidos esteve usufruindo do governo de Pedro Celso Zuchi. Como não conseguem negar o que está à vista de todos, Brick, Giovânio, o PCdoB e o PT tentam esconder o que é real.


QUANDO MAIS VALE BEM MENOS II

Como o PSB surgiu em Gaspar? Quando o PMDB e o seu histórico Adilson Luiz Schmitt (2000/2004) se desentenderam. Adilson era prefeito numa aliança de todos desde o sapo até a cobra contra o PT. E lá, no meio do governo dele, selaram um divórcio. O PMDB não aguentava o Adilson. E o Adilson não suportava os peemedebistas daqui e o então governador Luiz Henrique da Silveira, seu ex-ídolo, a quem homenageou um filho com o nome. Até hoje rende mágoas e distâncias inconciliáveis entre todos e que refletem na atual campanha. E quem foi o padrinho da inscrição de Adilson no PSB? Outro polêmico quanto Adilson: Ciro Gomes, hoje no PDT e defensor ferrenho de Dilma Vana Rousseff, as mazelas do governo petista. Ciro esteve aqui em pessoa assinando a ficha de Adilson num almoço no Bunge Natureza. Encurtando a história. Adilson que nasceu no PMDB, saiu também do PSB, foi para o PPS e hoje está sem partido. O PSB tocado pelo servidor público Mathusalem Venera, de alinhamento com Adilson, acabou nas mãos da ex-vereadora, Tereza da Trindade, outra alinhada com Adilson por apenas conveniências e interesses de poder. Sempre afeitas às jogadas e trocas, ela até foi secretária da Saúde no governo de Adilson.


QUANDO MAIS VALE BEM MENOS III

Insaciável no jogo, Teresa até pensou em ser prefeita pelo PSD. Candidata em 2012 foi derrotada por Pedro Celso Zuchi, PT, e outros. Acusou exatamente o vereador mais votado do seu partido, Marcelo de Souza Brick, de lhe ter traído no casamento dos votos. Cansada e decidida a uma nova vida partidária, Teresa fiel cabo eleitoral do deputado Federal conservador Paulinho Bornhausen, nascido no PFL, com passagem pelo PSD, resolveu estacionar no PSB. Tereza que nasceu no PT, foi ao PP e PSD, virou presidente do PSB de Gaspar – por ordem de Paulinho. Ela recebeu esta herança de Mathusalen. Agora, repentinamente, fruto de negócios de campanha, Teresa, deu a presidência do PSB de Gaspar ao grupo de Giovânio. E tudo com as bênçãos de Paulinho Bornhausen e vejam só, do próprio Zuchi e PT. Teresa que prometeu então que fazia isso por estar “cansada”, “desiludida” da política e “jurava” ficar fora da campanha deste ano, ganhou um cargo comissionado do PT e para tratar de drogados de crack. E ao contrário das juras públicas, nas entranhas e sem disfarces, Teresa já está em plena campanha para e pelo PT de Gaspar, seu novo empregador. Tudo sob o olhar de Paulinho Bornhausen. Assim são os políticos. Assim é a política. Assim são os seus cabos eleitorais. Assim não os negócios de campanha. E o eleitor...


QUANDO MAIS VALE BEM MENOS IV

Durante o lançamento do novo PSB no reduto de Giovânio, o populoso bairro Bela Vista, anunciou-se que haveria filiação de mais de 400 pessoas. Nada disso aconteceu. Conta-se nos dedos os aderentes. Pior. Mathusalém está indignado com todos neste teatro, inclusive Paulinho Bornhausen. “Tomaram de assalto o PSB Gaspar que eu, o ex-prefeito Andreone Cordeiro [que assumiu quando Bernardo Leonardo Spengler, o Nadinho, PMDB, foi agastado pela Justiça], Nêgo Tadeu, Arminda Zermiani, Mauri Tompson e outros tantos, fizemos. Neste país vale tudo”, reclama. “Toda a documentação de criação do partido, como livros, atas, listas de presença, fichas, bandeira, etc estão comigo, guardados lá em casa”, fala para mostrar que tudo é realizado no improviso e sem responsabilidade. “Eu não estou me negando a entregar. A história do partido está comigo”, informa para completar: ”só para eles saberem: estamos dando baixa do partido de mais de 30 filiados (indignados)”. E finaliza com uma pergunta óbvia para gente séria, não exatamente para políticos que armam em tempo de campanha pelo poder: “um partido/partido desta forma, pode ter candidato a cargo eletivo?”. Com a palavra Paulinho Bornhausen Teresa da Trindade, Giovânio Borges, Marcelo de Souza Brick, o Partido Comunista...


VAIAS AOS COMPETENTES I

A Olimpíadas no Rio de Janeiro mostrou a verdadeira cara dos políticos, dos gestores públicos, dos competidores e dos torcedores, estes, os trouxas. Os organizadores da Olimpíada fizeram tudo mal feito, fora do prazo e de forma desorganizada. Mesmo assim, pensam e vendem – como o prefeito Eduardo Paes, PMDB - de que há má vontade dos outros por enxergar a bagunça como um ponto fora da curva de normalidade e explorá-la de má fé, intencional e midiaticamente. Por outro lado, os atletas não se prepararam adequadamente. Mesmo assim decidiram reclamar da sorte e da falta de proteção divina pela falta de competitividade e resultados. Já os torcedores que deviam cobrar dos políticos, agentes públicos, dirigentes esportivos e atletas mais responsabilidade, comprometimento, vergonha na cara, transparência, preparação, resolveram intimidar, vaiar e desqualificar os adversários como se isto fosse uma regra permitida no jogo da trapaça para se vencer a qualquer custo quem investiu, quem faz certo, quem se preparou, inclusive para ser derrotado, reconhecer a derrota, pelo azar ou a competência dos outros.


VAIAS AOS COMPETENTES II

Isto mostra a razão pela qual o Brasil está neste abismo moral, ético, econômico, social e de credibilidade. Veneramos picaretas e à picaretagem. Louvamos a mentira, os espertos, os que se enriquecem sem trabalhar, sem serem efetivamente competentes, sem efetivamente estar preparado para competir com lealdade. Olhamos como heróis quem corrompe ou engana a regras e os juízes que arbitram as faltas às regras, à decência e às dúvidas. Achamos uma chatice e coisa para pobres, fracos e trouxas, simples filas que classificam a vez de cada um, locais exclusivos para idosos, deficientes ou de direitos. Nas eleições vendemos os votos e ainda queremos exigir mudanças dos políticos, representantes e governantes. Mas, como se nós mesmos que cobramos mudanças perpetuamos as práticas que a lei escrita e a moral condenam? A lista de incoerências e desrespeitos éticos seria longa demais para este espaço e também bem conhecida de todos nós para repeti-la. E nestas olimpíadas somos craques em qualquer coisa que não nos preparamos adequadamente, mas infelizmente, descentes não querem competir conosco exatamente por falta de preparação e conhecimento das regras da decência e da competição. Então os vaiamos, achando que eles vão ficar intimidados como acontece no Brasil onde os gritam, intimidam, constrangem, discriminam e até agridem, possuem um lugar garantido do pódio. Pior: ainda comemoram com a sua claque, gangue, quadrilha... Mensalão, petrolão, eletrolão, Bndestão e outros são provas incontestáveis desta competição insana e que envergonha gente descente, pagadora de pesados impostos, sem emprego, sem acesso a saúde pública, educação, segurança...Wake Up, Brazil!


MARIA DA PENHA I

Começa amanhã, quarta-feira, às 19h30min no auditório da Câmara de Vereadores de Gaspar, o Primeiro Seminário de Políticas para as Mulheres e Enfrentamento à Violência de Gênero. É para comemorar os 10 anos da sansão e existência da Lei Maria da Penha. A iniciativa é da 2ª Promotoria da Comarca, tocada por Chimelly Louise de Resenes Marcon, que entre outras atribuições, como a Moralidade Pública, o Crime, a Execução Penal e a Constitucionalidade, cuida atua também, apesar da equipe diminuta que possui à sua disposição para toda essa abrangência, no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. A programação com palestras e oficinas é extensa. Ela ocupa o dia todo de quinta e sexta-feira.


MARIA DA PENHA II

Para Chimelly conscientização se faz com educação, envolvimento, exemplos e mudanças. E é isso, que o evento pretende buscar na sua realização em Gaspar, onde os números são alarmantes na violência contra a mulher. “É preciso mudar esta cultura. E para mudar, é preciso começar. Estamos começando; insistindo”, enfatiza. E para abrir o evento amanhã, dois profissionais que convivem com a realidade que se pretende inicialmente mitigar e com o tempo, muda-la radicalmente: Cintia Beatriz Schaeffer, Juíza de 2º grau e Coordenadora do Núcleo Criminal e de Violência contra a Mulher e Jadel da Silva Júnior, Coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal – CCR. A programação integra o judiciário, o ministério público, as Ongs, os núcleos organizados de combate a violência e a proteção da mulher, bem como a comunidade.


COM ELA, A LEI TEM VALOR I

Brusquense, desembargadora Marli Mosimann Vargas, 65 anos aposentou-se em julho no Tribunal de Justiça de Santa Catarina e está se despendido dele. Uma pena. Neste final de semana, o Diário Catarinense, de Florianópolis, trouxe uma entrevista depoimento dela e que é um primor pela clareza. Exagera, quando defende até a pena de morte para alguns casos ou quando radicaliza contra os drogados, pois para ela, todas drogas são iguais e todos os drogados, irrecuperáveis. O trabalho jornalístico foi assinado por Anderson Silva e Roelton Maciel. Em dado momento eles perguntaram à doutora: “O sistema prisional tem problemas. Existe um conflito entre soltar o réu ou mantê-lo preso, onde pode aprender mais com o crime?”. Sabe o que ela respondeu, com clareza e sem retoques, fazendo calar juízes que interpretam as leis a favor dos bandidos e contra a sociedade, alegando culpas do Estado para esta desproteção do cidadão pagador de pesados impostos arrecadados também para sustentar um sistema prisional decente e o Judiciário justo?


COM ELA, A LEI TEM VALOR II

“Se a lei não permite soltar, pra que eu vou soltar? O Estado tem de acolher essa pessoa. Se todo mundo começar a dizer: ‘vou soltar porque o Estado não vai acolher...’, aí é que o Estado não vai fazer nada, não vai fazer mais penitenciárias. Por que Joinville está do jeito que está? É a cidade mais criminosa do Estado. Porque temos um juiz da Execução Penal que solta todo mundo. Para se ter uma ideia, o promotor fez 400 recursos no último mês contra ele. É aquele que passou uma circular para os presos que diz que, quem quiser, fica em casa. Você dá uma liberdade provisória para o traficante, no mês que vem ele volta. Eles não largam esse negócio”. (A reportagem procurou o juiz João Marcos Buch, titular da Vara de Execução Penal de Joinville, para falar sobre a afirmação da desembargadora. Ele preferiu não se manifestar sobre o caso).


TRAPICHE

Olimpíadas. O nosso olhar torto para fortalecer e qualificar os fracos (inclusive os frutos da preguiça, da esperteza e qualidade competitiva). Nas arenas e estádios, bastava estar lá um representante de menor qualificação, que a torcida brasileira o adotava, como se isso fosse possível desqualificar o mais capaz, ou pior, dar vantagem ao fraco, e assim demonstrar o desagrado pela melhor capacidade e esforço competitivo do adversário.

Olimpíadas. Esta recorrente atitude brasileira e morena, lembra muito essa coisa do atraso, da luta de classes, da luta ideológica (e burra) permanente contra o novo, o mais preparado, o mais qualificado ou os supostos os imperialistas, só porque eles trabalham seriamente, planejam e executam melhor visando os resultados pretendidos e a fruição comemorativa deles.

Na política. É assim com este “espírito olímpico” que nós escolhemos a maioria dos nossos representantes políticos: os mais fracos, os mais parecidos conosco – os frustrados ou espertos com a ignorância ou complacência alheia. Esses políticos que nos rodeiam sabem que se fingindo de pobre, de origem humilde, ignorante, sacaneado pelos supostos ricos, letrados (como se isto fosse algo ruim), pelos patrões e gente de clara competência, têm chances de ganhar no voto e se melar no poder para sempre.

Na política. E ganhando nas urnas, mas enganando o eleitorado analfabeto, ignorante, desinformado e dependente que ainda é maioria - usam o cargo e se lambuzam na incompetência para gerir a coisa pública, dão empregos para seus amigos e familiares, nadam na corrupção, tudo isso usando indevidamente o dinheiro dos pesados impostos todos nós, ou o desemprego dos mais pobres, dos analfabetos, ignorantes, desinformados e assistidos, justamente os enganados e seus eleitores preferidos. Vergonhoso e verdadeiro golpe.

Na política. Em Gaspar nada disso é diferente. Tem gente que ao invés das propostas, do novo, da mudança, da transparência, disputa o de ser nascido o mais pobre de todos, o mais religioso de todos, o mais simples de todos, o mais amigo de todos. Ou seja, o mais enganador de todos. E tem gente que acredita que isto seja o mais importante de tudo para que possa se identificar com o candidato e leva-lo ao poder, dando lições aos verdadeiros competentes. Não é à toa que a cidade está mergulhada no atraso quando comparada com os seus vizinhos. Acorda, Gaspar!

Olimpíadas. Outra. Os nossos locutores e comentaristas, sem especialização e noção, na final dos 100 metros rasos vencidos no domingo a noite, mais uma vez, pelo jamaicano Usain Bolt, que treina muito, ganha uma boa grana e vence para ser remunerado pela técnica, capacidade e show, palpitando sobre aquilo que verdadeira não conhecem. Ou se conhecem, acham que todos os brasileiros são uns tolos.

Olímpiadas. “Até os 50 metros ele estava atrás”. Ué! Mas, a prova não é de 100 metros? Ou seja, o plano dele era para os 100 metros. Bolt conhece exatamente a sua limitação na partida da prova. Então tem uma estratégia e plano para superar esta deficiência. Cumpriu tudo como planejou. E mais uma vez. Entenderam?

Aliás, Bolt repetiu o que sempre fez e todos conhecem desde Pequim em 2008, incluindo concorrentes, técnicos e expectadores. Menos os comunicadores, jornalistas, que tratam o distinto público como tolos na falta de observação melhor e apropriada. Bolt, seu técnico, concorrentes e até os fãs, sabem que se a prova fosse de 50 metros, ele nunca a ganharia.

Olímpiadas. Essa clara preferência do brasileiro por qualquer atleta jamaicano tem uma marca e uma razão de ser. É o estado de “espírito” daquilo que faz a cabeça de uma parcela ponderável, mas que é reprimido (erradamente) no Brasil. Dá nisso, cria até torcida pela transgressão.

O PSD, PSB e o Partido Comunista foram os últimos a registrarem as suas candidaturas de Marcelo de Souza Brick e Giovânio Borges no Cartório Eleitoral de Gaspar.

Tem candidato em Gaspar sem agenda, pescando qualquer coisa. Faltam iscas atrativas. Tem candidato que aparece nos encontros com o mesmo grupo de 15 pessoas para impressionar e suprir a falta de público. Vão faltar votos. Tem candidato que não consegue dar conta da agenda. Vai se complicar.

O uso da religião ou estruturas religiosas saltam aos olhos dos eleitores de Gaspar. Tem gente incomodada com esta mistura profana. Pode-se estar armando um tiro pela culatra. Política partidária é algo do inferno. E sempre será. Religião deveria ser o incenso da espiritualidade e dignidade. Mas, quando se mistura com candidaturas, poder, dinheiro e promessas....

O PMDB de Gaspar na última eleição municipal fechou uma rádio por 24 horas e impediu a publicação de uma pesquisa eleitoral – registrada - em jornal concorrente. Mesmo assim, com esses truques, perdeu a eleição. O PMDB de Gaspar ensaia a repetir o erro. Ele não percebeu que a comunicação desta vez está sendo feita – e contra ele – nas redes sociais e livres da censura partidária ao modo antigo. Quem mesmo orienta essa gente?

Opinião de uma leitora da coluna. "Escola Sem Partido, sim. Mas, ao mesmo tempo, Escola Sem Igreja.", escreve o sociólogo Demétrio Magnoli. E a leitora emenda” se os comunistas estão no poder, agradeçam em boa parte ao silêncio ou conivência dessa direção esquerdista na CNBB se passando por religiosos católicos”.

Opinião do colunista sobre este tema delicado, controverso, mas necessário: escola sem partido é bom ponto de partida para uma discussão mais justa e aberta, mas a princípio, trata-se de uma espécie de censura à pluralidade.

Perguntar não ofende, mesmo que isso traga incômodos. Como o deputado Rogério Peninha Mendonça, PMDB, vai votar na cassação por falta de decoro parlamentar do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, PMDB?

Quem cala consente. Neste assunto a família está unida. A ex-primeira-dama Marisa Letícia, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT, e um dos filhos do casal, Fábio Luís Lula da Silva, informaram à Polícia Federal que pretendem ficar em silêncio. A PF havia intimado em 4 de agosto Marisa Letícia e Fábio Luiz para prestarem "esclarecimentos" sobre a compra e reformas no Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), investigado pela força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba.

Para esclarecer. Político com mandato popular e pago a peso de ouro pelo povo não é autoridade, como se apresenta. É servidor a serviço dos cidadãos, cidadãos e cidadania. E como tal deve ser fiscalizado, cobrado, questionado e desmascarado. Para o verdadeiro político, transparência é tudo. E defender e respeitar o dinheiro dos pesados impostos pagos pelos seus eleitores é o primeiro dos mandamentos que deveria conhecer e aceitar. Mas, em Gaspar...

Depois que saiu aqui, e só aqui, aquela lista da farra sobre a distribuição das vagas de estacionamento do Edifício Edson Elias Wieser para os comissionados da prefeitura, a prefeitura de Gaspar voltou, ao menos oficialmente, atrás. Há quem jure que tudo não passou de uma jogada de fachada. Agora, é conferir. É a Gaspar acordada. Acorda, Gaspar!

É minoria, mas um avanço num mundo de trevas. De um leitor no espaço de comentários da coluna na internet, a mais acessada do portal do jornal Cruzeiro do Vale. “Quer meu voto para vereador (a)?” pergunta o leitor e sinaliza na resposta de que algo pode estar mudando entre os eleitores e eleitoras.

“Que bom, estou a procura de um bom candidato para votar. Qual sua formação acadêmica? Tem experiência em administração? Você possuí renda suficiente para não precisar da política para sobreviver? Você sabe qual a função de um vereador? Você já dirigiu alguma empresa? Qual seu grau de experiência em humanas e exatas? Qual seu nível de conhecimento da Constituição Federal? Conhece a Lei Orgânica do Município? Você tem autonomia para votar em conformidade com os anseios da população e as reais necessidades do município? Ou está subordinado aos interesses de partidos?...

Ontem foi o último dia para o registro das candidaturas a prefeito, vice e vereadores em todo o Brasil. Agora é esperar a homologação, pois podem aparecer problemas e problemáticos, documentação incompleta que não se regulariza e os chamados fichas sujas perante à lei, e que perante o partido, o grupo de poder e a sua consciência, são eternamente limpos.

E hoje é o primeiro dia oficial de campanha. Quem tiver santinho já pode distribuir, pode se reunir e pode pedir votos para si e para os seus. Dia dois de outubro será o dia de saber o resultado dos pedidos, contar os votos e saber quem o povo escolheu para governar e representá-los na fiscalização dos governantes. Acorda, Gaspar!

Hoje é mais um dia de sessão semanal na Câmara de vereadores de Gaspar. Pauta magra. Nela pode-se ler a correspondência de Leticia Zink, Gerente de Atendimento dos Correios em Santa Catarina. Ela informa que houve a assinatura do Acordo Cooperação Técnica para Operação da Agência de Correio Comunitária no Distrito do Belchior. O acordo foi publicado no Diário Oficial da União no dia nove de agosto de 2016.

Ensaio. A revisão do Plano Diretor, obrigada por legislação específica, foi feita em gabinetes técnicos a mando da administração de Pedro Celso Zuchi, PT, mas sem o aval dos cidadãos gasparenses. E por conta disso, está parado há anos. Agora, ameaça voltar fatiado na Câmara para servir interesses de alguns. É o que indica a mensagem substitutiva geral à Lei que instituiu o Parcelamento do Solo e que acaba de pousar na secretaria da Câmara. Acorda, Gaspar!

O advogado e ex-procurador geral do município na administração de Adilson Luiz Schmitt, sem partido, Aurélio Marcos de Souza, diz que não está mais filiado no PPS e que agora se juntou ao PT nesta eleição. “Oficializei a minha saída em 2013”, mostrando documento da Justiça Eleitoral.

Saiu a listagem dos inelegíveis nesta eleição de 2016 em Santa Catarina. Nela, está o prefeito Pedro Celso Zuchi, PT. Como ele não é candidato a nada, nada por enquanto terá efeito também.

Comentários

Mariazinha Beata
18/08/2016 18:32
Seu Herculano;

Do Jornalista Políbio Braga:

"O chefão da Polícia Federal, o delegado gaúcho Leandro Daiello, suspendeu de suas funções o escrivão de polícia Flávio Werneck, vice-presidente da Fenapef.

Acontece que Flávio Werneck foi flagrado entregando ao então ministro Jaques Wagner um dossiê contra Sérgio Moro. Ele agora é alvo de um processo disciplinar.

O flagrante foi disponibilizado nas redes sociais e repercutiu em todo o País.

Leandro Daiello foi nomeado por Dilma e é mantido no cargo por Temer."

Como diria o editor do site Gente Decente, "meio fio" para o petralha.
Bye, bye!
Herculano
18/08/2016 18:28
A COLUNA INÉDITA JÁ ESTÁ PRONTA

Ela foi feita especialmente para a edição impressa desta sexta-feira do jornal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, o mais lido (o mais importante dos prêmios) e o de maior credibilidade de Gaspar e Ilhota.
Miguel José Teixeira
18/08/2016 14:48
Senhores,

Eis o artigo do Luiz Carlos Azedo "As lutas erradas" no Correio Braziliense, hoje:

"Um coquetel esquerdista que mistura nacional-desenvolvimentismo, corporativismo, populismo e o velho antiamericanismo, além da total falta de semancol, é a ideologia dos setores de esquerda que ainda veem o governo Dilma como um avanço e culpam os outros pelo próprio fracasso."

O fim melancólico do mandato da presidente Dilma Rousseff ?" vamos considerar que os políticos morrem várias vezes ?" mereceria uma reflexão mais profunda daqueles que estiveram com ela no poder. Sua carta de despedida, divulgada na terça-feira, porém, revela que ela e seu grupo de colaboradores mais próximos, entre os quais despontam os ex- ministros Aloizio Mercadante, José Eduardo Cardozo e Ricardo Berzoini, políticos com experiência para rever os próprios erros e começar tudo outra vez ?" são incapazes de fazê-la. No caso dela, não é de surpreender, pois, se nunca fez autocrítica da opção pela luta armada durante o regime militar, ou seja, a luta errada, também não pretende fazê-lo quanto aos graves equívocos que cometeu na condução do país e que resultaram na maior recessão de nossa história.

Dilma teve oportunidade de corrigir os rumos de seu governo após as manifestações de junho de 2013, quando os jovens foram para as ruas protestar contra tudo e contra todos. À época, tentou se aproveitar da situação e cavalgar o descontentamento para atalhar a política e atropelar as instituições: propôs a convocação de uma Constituinte exclusiva. Atribuiu os problemas do país ao Congresso, à oposição e aos próprios aliados. Era uma espécie de fuga pra frente, que mirava a própria reeleição e não uma avaliação correta da situação pela qual o país passava, em consequência da sua "nova matriz econômica", e que resolveu mascarar com as chamadas "pedaladas fiscais". Jogou tão pesado em relação à sua permanência no poder que a primeira vítima foi seu padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que aspirava voltar à Presidência. O "Volta, Lula!" foi sepultado no Congresso do PT, quando sua candidatura à reeleição foi lançada pelo presidente da legenda, Rui Falcão, sem que Lula nada pudesse fazer para reverter a situação. A criatura voltou-se contra o criador.

O resultado foi uma vitória de Pirro em 2014, com o posterior colapso do governo, em 2015. Dilma guerreira, a mulher de coragem, enclausurada numa jaula de cristal, foi incapaz de perceber os próprios erros. E ainda acredita nas suas ideias envelhecidas de forma dogmática. Ela não está sozinha quanto a isso, esse é o maior problema. Um coquetel esquerdista que mistura nacional-desenvolvimentismo, corporativismo, populismo e o velho antiamericanismo, além da total falta de semancol, é a ideologia dos setores de esquerda que ainda veem o governo Dilma como um avanço e culpam os outros pelo próprio fracasso. Na verdade, é esse atavismo ideológico que a tese de que o impeachment é um golpe de Estado encobre. Foi para esses setores, e não ao povo brasileiro e ao Senado, como afirma a carta, que Dilma sinalizou ao propor a realização de um plebiscito sobre a convocação de eleições gerais, sob sua presidência, é claro, para que o Brasil encontre uma saída da crise. Trata-se, mais uma vez, da luta errada, que não tem a menor chance de ser vitoriosa.

O voluntarismo que também embala as propostas de plebiscito e convocação de eleições gerais ignora o fato de que a Constituição de 1988 considera cláusulas pétreas os mandatos populares, que só podem ser interrompidos nos casos previstos em Lei ?" por crime de responsabilidade ou quebra de decoro, por exemplo ?", ou seja, os mandatos eletivos não podem ser cassados de forma generalizada. Mesmo se todos deputados e senadores renunciarem, seus suplentes têm direito a assumir os respectivos mandatos. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Gilmar Mendes, foi um dos primeiros a mostrar que a proposta está fora da realidade: "A presidente Dilma na Câmara teve 140 votos. Se ela tivesse 171 teria impedido o impeachment. Ela vai agora aprovar uma emenda constitucional na Câmara e depois no Senado? Respondam vocês mesmos". Mesmo que fosse aprovada, ainda assim, a proposta teria que ter sua constitucionalidade apreciada pelo Supremo Tribunal Federal.

Há um consenso entre os políticos de que o país precisa de uma reforma política, que possibilite uma solução robusta para a crise do sistema eleitoral e partidário. Entretanto, não existe massa crítica para aprovação de mudanças no sistema eleitoral e na legislação partidária pelo Congresso. O afastamento definitivo de Dilma Rousseff não resolve essa questão, que passará a ser prioridade do governo para a superação da crise política e para o seu próprio êxito. A sobrevivência do stablishment político está ameaçada pela Operação Lava-Jato. Entretanto, o PT é o partido mais responsável e mais atingido pela crise ética, com suas principais lideranças ameaçadas de sobrevivência. Haja vista a decisão do ministro Teori Zavaski, relator da Lava Jato no STF, que autorizou a abertura de inquérito contra presidente Dilma, o ex-presidente Lula e os ex-ministros Mercadante e Cardozo por tentativa de obstrução da Justiça no caso Delcídio do Amaral- Nestor Cerveró, ambos réus e colaboradores da Operação Lava Jato.
Mas voltemos às lutas erradas. Dilma e seus aliados voltam a empunhar velhas bandeiras que foram ultrapassadas pela realidade. É a maneira de mascarar uma experiência frustrada de exercício do poder, derrotada pelo seu transformismo político e cretinismo parlamentar. As propostas de plebiscito e convocação de eleições gerais não passam de mero diversionismo.



Herculano
18/08/2016 14:28
MILITARES OLÍMPICOS, por Miriam Leitão, de O Globo

Diferencial das Forças Armadas é apoiar os atletas por vários anos. Os brasileiros já estão se acostumando a que o atleta no pódio, ao ver subir a bandeira, bata continência. "É natural que o militar ao ver o pavilhão nacional faça continência, não é obrigatório, claro, mas ele foi treinado assim", diz o ministro Raul Jungmann. O gesto chamou a atenção para a presença das Forças Armadas na Olimpíada. Os militares são 33% dos atletas e 81% das medalhas.

Um dos segredos do sucesso do programa militar é que os atletas passam a ter um patrocínio por oito anos, diz o ministro da Defesa. ?" Alguns dos nossos atletas não teriam como se dedicar ao esporte se não fosse o apoio das Forças Armadas porque aqui eles têm estabilidade e segurança. Daí deriva o sucesso. O patrocínio privado normalmente é do tipo "stop and go".

Eles são convocados através de edital público, e escolhidos após análise do currículo. Se forem selecionados, fazem um curso compacto de entrada nas Forças Armadas e passam a ser terceiro-sargento com um salário de R$ 3.200 e apoio de treinador, psicólogo, serviço médico, odontológico e acompanhamento do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fisiologia Desportiva. São reavaliados anualmente. Podem ficar oito anos, ou sair no momento que queiram. Se decidirem permanecer, fazem um concurso.

?" Mas existe também um programa chamado Força no Esporte que atende a 21 mil crianças, que passam a ter acesso às unidades militares, alimentação, ensino de esportes. E agora estamos começando um projeto, que ainda está na fase piloto, de apoio ao esporte paralímpico.

O custo do programa de atletas de alto rendimento e mais o de apoio às crianças no esporte é de R$ 48 milhões por ano; baixo se for levado em conta o benefício.

Há lições a se tirar disso. Primeiro que o apoio ao esporte deve ter essa constância, dar ao atleta uma renda estável para que ele possa se dedicar aos treinamentos, segundo, que a vantagem de apoiar o esporte é muito maior do que o que é possível mensurar. É intangível o retorno para a imagem das Forças Armadas ter uma medalhista de ouro no judô que enfrentou todo o tipo de preconceito, como a sargento da Marinha Rafaela Silva. Ou ter o sargento da Aeronáutica Thiago Braz com a coragem de por o sarrafo a uma altura que nunca havia atingido antes e assim alcançar o ouro no salto com vara. Ou ter o sargento da Marinha, Robson Conceição, que ao ganhar o ouro diz que se não fosse o boxe ele poderia não estar vivo. E ainda a exposição favorável na mídia da nossa primeira medalha, que foi conquistada pelo sargento do Exército Felipe Wu, prata no tiro.

Para além da rentabilidade financeira ou de marketing, o que fica claro num evento como a Olimpíada é que o apoio do país ao esporte é pequeno demais para a dimensão do ganho que se pode ter com isso. Nosso desempenho depende várias vezes de histórias dramáticas de superação, luta e esperança dos atletas. Alguns poucos se destacam, mas há milhares de histórias de dedicação sendo vividas. Só nas Forças Armadas são 670 atletas treinando.

O Programa de Atletas de Alto Rendimento começou em 2008 com a meta de obter medalhas nas Olimpíadas Militares, que seriam realizadas no Brasil em 2011. O Brasil ficou em primeiro lugar em medalhas, e quatro anos depois ficou em segundo, perdendo apenas para a Rússia. Para a Olimpíada de Londres foram 51 atletas militares. Na do Rio, há quase três vezes mais competidores.

O Ministério da Defesa já tem programação para os Jogos Mundiais Militares de 2019 e para a Olimpíada de 2020, com o objetivo de apoiar mais atletas e trazer mais medalhas. O que outras instituições e empresas do país devem fazer é ter programas assim de longo prazo, com metas e a mesma constância no apoio aos atletas e às diversas modalidades de esporte.

Pode-se tentar calcular a vantagem do marketing esportivo, mas os ganhos do investimento em esporte são tão grandes que é fácil entender as Forças Armadas, difícil é entender como não existem outros programas como esses, inclusive financiados pelas empresas privadas. A inconstância do patrocínio, tanto no esporte quanto na cultura, faz com que bons programas sejam abandonados ou tenham que cumprir um calvário para obter anualmente a renovação do apoio.
Herculano
18/08/2016 14:27
QUEM É O CANDIDATO? A PESQUISA

O PT de Gaspar esconde o vice, Odilon Álcoli, PR. E por que? Porque as pesquisas dizem que ele não acrescenta nada à chapa. Então qual a razão desta escolha que não soma nada? Agradecimento.

A pesquisa também diz que o candidato oficial Lovídio Carlos Bertoldi também não é um brilhante. Então ele precisa de luz alheia para tentar se sair melhor do que entrou nesta corrida.

E quem pode dar isso a ele e aos vereadores sem votos essa luz? A pesquisa também responde: o prefeito Celso.

Então é por isso que na propaganda oficial dos candidatos do PT de Gaspar à prefeitura, fica difícil aos eleitores e eleitoras entenderem quem afinal é o candidato: Lovídio ou Pedro Celso Zuchi.

Os adversários estão assistindo e vão pagar por isso. Zuchi é o único nome do PT de Gaspar que se sobressai, mas está manchado. Enquanto ninguém aponta, ele vira bandeira e tábua de salvação do partido e do candidato do partido.

Mais. As mesmas pesquisas mostram que Lula, Dilma, Décio e outros estragam a festa petista de Gaspar. E isto está devidamente controlado. Todos estão desaparecidos da propaganda, dos discursos, das conversas. Ou seja, a máquina petista não perdeu o jeito certo e marqueteiro de fazer campanha, mesmo na adversidade. Aprendeu a usar bem a pesquisa para se livrar dos problemas e ter vantagens nas adversidades.

Já os adversários, nem pesquisas certas conseguem fazê-las... Acorda, Gaspar!
Herculano
18/08/2016 14:15
O PÚBLICO APRENDEU COM O IMPEACHMENT? por Marco Antônio Rocha

Se o público aprendeu e melhorou sua percepção, é algo que se pode tirar de mais positivo de tudo o que o País vem vivendo.

Terá o público brasileiro, particularmente o eleitorado, absorvido alguma nova dose de ensinamentos? Terá aumentado o seu nível de consciência política, aprofundado o de informação econômica, melhorado sua atenção e interesse sobre a questão básica para o País que é a das finanças públicas? Ou não terá acontecido nada disso durante este descabelado, longo e tumultuado processo de impeachment, que dentro de poucos dias poderá, ou deverá, acabar de vez com a descabelada presença da infeliz Dilma Rousseff na política brasileira e com a lembrança da sua errática e mal inspirada governança?

Pergunto porque, se isso de fato aconteceu, se o público aprendeu e melhorou sua percepção, é algo que se pode tirar de mais positivo de tudo o que o País vem vivendo com muita tensão e pouca esperança.

Tenho abordado amigos economistas, políticos e colegas jornalistas com essa indagação que, parece-me, tem escapado em geral das muitas tentativas de análises, sociológicas inclusive, que buscam apurar as possíveis contribuições ?" digamos ?" positivas ou negativas que o traumático período nos oferece e que ainda pode deixar para a Nação. Lembremos que o impeachment do presidente Fernando Collor, há apenas 24 anos, foi também por crime de responsabilidade fiscal, e não por corrupção. Na verdade, nunca ficou provado, na Justiça, que Collor tenha abocanhado parte ou o todo do que seu tesoureiro, PC Farias, amealhou na campanha eleitoral, achacando empresas e empresários sob a lenda de que era preciso evitar o mal maior, isto é, o imprevisível Lula da Silva. Ninguém diz, também, nem se provou, que Dilma Rousseff tenha se beneficiado de qualquer parcela do dinheiro que seu tesoureiro, Edinho Silva, amealhou na campanha. O crime dela é de responsabilidade fiscal ?" como o de Collor ?", e não de corrupção. E o repúdio a ela é por mau governo, que ela diz ser injustiça.

Mas, deixando de lado os paralelos, o que de fato o público brasileiro pode ter aprendido durante o impeachment de Dilma? O que não significa que tenha amadurecido.

Uma das coisas importantes, a meu ver, é sobre as astronômicas quantidades de dinheiro que partidos e candidatos requerem para se eleger. E o corolário desse ensinamento é que não dá para acreditar que um candidato cujo nome nunca apareceu em campanha nenhuma despeje fantásticas somas em busca de votos, ou se endivide para isso, para depois não tentar recuperar os gastos ou tentar pagar a dívida apenas com seus rendimentos pessoais de antes da campanha, sejam quais forem. Ou o sujeito é um bilionário do nível de Donald Trump, ou um estelionatário do mesmo nível, ou terá de abraçar a rendosa carreira de corrupto.

Outra é que a demagogia com dinheiro público tem duas etapas: a da bonança aparente, que alegra o público, seguida de inflação, recessão e desemprego, que afetam mais os mais pobres. É a grande lição do período Lula/Dilma, quando a bonança financiada irresponsavelmente do primeiro período deu lugar às agruras que indústria, comércio e trabalhadores em geral vivem hoje. A bonança socialmente distribuída resulta em agruras individualmente colhidas. Disso deveria decorrer a segunda lição: a gestão austera das contas públicas e o uso responsável dos recursos são fundamentais para o progresso continuado da economia, enquanto saltos para cima seguidos de mergulhos no fosso nada asseguram para o País e para as famílias.

Na pequena enquete pessoal que fui fazendo, decepcionou-me o fato de que na maioria das vezes ?" maioria significativa ?" a resposta era que o público não aprendeu nem aprende nada e não amadurece coisa nenhuma, apesar dos muitos debates, explicações, estudos e pronunciamentos feitos durante o impeachment. Não aceitei essa opinião da maioria. Preferi ficar com a opinião otimista da minoria de que o público é muito mais capaz de aprendizado do que se imagina. E que as lições principais ministradas por este processo de impeachment, mais do que o de Collor, já começarão a ter efeitos positivos nas eleições municipais. Veremos.
Herculano
18/08/2016 14:13
DISCUTINDO A RELAÇÃO, por Merval Pereira, do jornal O Globo

Ontem à noite, mais uma vez, a cúpula do PSDB reuniu-se com Temer para uma DR (discutir a relação). A relação PMDB-PSDB, o maior aliado de Temer no Congresso, passa sempre por altos e baixos; agora mais notadamente, pois o governo de transição deságua necessariamente no pleito de 2018 em que as 2 siglas devem ter candidato próprio.

Os tucanos têm três candidatos potenciais em disputa interna, o senador Aécio Neves, José Serra, ministro das Relações Exteriores, e o governador Geraldo Alckmin (SP). O projeto de cada um depende do fracasso do outro, numa equação difícil de fechar.

Além disso, se o governo Temer der minimamente certo, haverá pressão no PMDB para que ele tente a reeleição, embora o compromisso de não concorrer seja repetido a cada momento em que a hipótese é levantada.

O lance mais recente foi do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que lançou a ideia de candidatura de Temer, sugerindo que, nesse caso o DEM, tradicional aliado dos tucanos, também o apoiaria.

Mas há outro candidato potencial no governo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, aliás oriundo do PSDB. Tucanos já veem nas concessões que faz no Congresso para aprovar a lei de limite de gastos sinais de que ele estaria mordido pela mosca azul e, por isso, não teria a disposição devida para realizar reformas estruturais de que o país precisa, muitas delas impopulares.

Aos boatos que dão conta de que os tucanos pediriam uma declaração formal de Meirelles e Temer de que não serão candidatos a presidente, Aécio Neves, presidente do PSDB, responde que a questão central não é essa, mas a disposição de fazer as reformas, que não podem estar subordinadas aos projetos políticos pessoais. Um dos assessores mais influentes do governo, o secretário das privatizações, Moreira Franco, por sinal sogro por afinidade de Rodrigo Maia (sua enteada é casada com o presidente da Câmara), havia saído na semana passada em defesa de Meirelles, dizendo que ele estava sendo vítima de uma manipulação política dos tucanos.

Todo esse desentendimento pontual não impede que a aliança se mantenha, mas demonstra as dificuldades que temos com governo de coalizão, mesmo esse, baseado em projetos políticos similares. Governos de coalizão equivocados como os de Dilma, por exemplo, geram relacionamentos políticos frágeis, pois, como já escrevi anteriormente sobre governos petistas, os ministérios eram transferidos a grupos "de porteira fechada", e, especialmente Dilma, deixava os ministros em paz para usar politicamente seu feudo desde que a deixassem em paz. Esse comportamento arredio às negociações políticas, por fastio, e não por honradez, como costuma insinuar, vai criar constrangimentos na reunião do Senado que julgará o impeachment, já que vários ex-ministros estão hoje do outro lado.

O cientista político Carlos Pereira (FGV Rio), estudioso dos governos de coalizão, analisa aspectos do que chama de "gerência de coalizão" de governos recentes, em estudo com Samuel Pessoa e Fred Bertholini, que distanciam de modo claro o "petismo" do que considera o "normal" no presidencialismo multipartidário de coalizão brasileiro. Ao compararem aspectos relativos a tamanho, heterogeneidade ideológica, fragmentação partidária, compartilhamento de poder e recursos com parceiros da coalizão, e distância de preferências entre a mediana da coalizão e a mediana do Congresso, "fica claro que as coalizões do PT (não apenas do governo Dilma) se distanciaram marcadamente do que chamamos de 'normal' em governos de coalizão, gerando toda a sorte de animosidades e problemas com os parceiros, acarretando alto custo de governabilidade e necessidade crescente de recursos ilegais de recompensa".

Por outro lado, ele considera que o governo Temer retoma o padrão de normalidade (muito claro nos governos FH), ao montar "a coalizão mais homogênea e mais proporcional desde a transição para a democracia brasileira". Pereira registra que, "além do mais, a preferência mediana de sua coalizão se aproxima da preferência mediana do Congresso", o que apontaria maior probabilidade de aprovação de reformas complexas e impopulares. Mas Pereira adverte: "Ainda é muito cedo para previsões definitivas ou mesmo se as escolhas de gerência de Temer serão consistentes ao longo do tempo. Mas é provável se esperar mais sucesso legislativo e menores custos de gerência do novo governo com seus parceiros, a despeito de maior fragmentação partidária".
Anônimo disse
18/08/2016 13:00
Herculano, GAÚCHOS A CONHECEM: Defensora dos "direitos" de quem faz vítimas, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) quis faturar prestígio, em Porto Alegre, no protesto contra a morte de uma médica. Foi enxotada aos gritos de "cúmplice".
Cláudio Humberto

Vai que gaúcho não é chegado num "grelo duro".
Sidnei Luis Reinert
18/08/2016 12:12
Banqueiros deixarão Temer fritar Meirelles?


Edição do Alerta Total ?" www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

O sistema financeiro pode se rebelar contra Michel Temer, no médio prazo. O motivo é a bronca do PMDB em descartar, sumariamente, uma eventual candidatura presidencial de Henrique Meirelles ao Palácio do Planalto, em 2018. Já vazou que no recente jantar entre Temer a a cúpula do PSDB, com vários peemedebistas à mesa, Meirelles foi tirado do cardápio da sucessão. Temer teria se referido a ele como apenas "um homem do mercado". Os banqueiros, que apoiam Meirelles, pode preparar o troco, como sempre, nos bastidores econômicos que afetam o político.

Enquanto tucanos e peemedebistas discutem uma relação de extrema falsidade política, o Brasil se prepara para a saída nada triunfal de Dilma Rousseff, provavelmente no dia 29 de agosto, quando terá direito a um mínimo de 30 minutos de defesa pessoal, no Senado, antes da votação final do impeachment. Ainda se especula se Dilma não aproveitará todas as lentes e holofotes sobre ela para tomar a tardia decisão de renunciar. Se não pedir para sair, Dilma será saída de qualquer jeito. Ficará sem foro privilegiado, junto com Lula, para ser processada por tentativa de obstrução judicial na Lava Jato, além de ser alvo das broncas em eventuais processos na Petrobras.

A Olimpíada está acabando. O mês de agosto passa mais rápído que uma voltinha do Usain Bolt. A economia continua péssima. Os bancos aumentam suas provisões contra calotes. Temer será efetivado. A dúvida é se, efetivamente, vai conseguir governar.
Herculano
18/08/2016 08:04
TEMER FARÁ PRONUNCIAMENTO NO 7 DE SETEMBRO, por Josias

Parte 1

Michel Temer fará um pronunciamento à nação, em rede nacional de rádio e tevê, no feriado de 7 de Setembro, Dia da Pátria. Ele parte do pressuposto de que o Senado já terá aprovado o impeachment de Dilma Rousseff antes dessa data. Planeja dividir sua fala em três partes. Na primeira, fará uma espécie de inventário da "herança" deixada pela presidente deposta. Na segunda, prestará contas do que fez durante sua interinidade, iniciada em 12 de maio. Na parte final do discurso, informará que providências planeja adotar para sanear as contas públicas e soerguer a economia.

Todos esses detalhes foram informados pelo próprio Temer durante um jantar com a cúpula do PSDB, no Palácio do Jaburu. A conversa durou mais de três horas. Começou por volta de 20h40. E terminou no início da madrugada desta quinta-feira (18), pouco depois da meia-noite. Temer deu a entender que gostaria de levar seu pronunciamento ao ar um pouco antes. Entretanto, terá de viajar para a China nas pegadas da deposição de Dilma. E só voltará a Brasília em 6 de setembro.

Pelo lado do governo, recostaram os cotovelos sobre a mesa de jantar do Jaburu, além do anfitrião, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e o assessor especial Moreira Franco. Pelo PSDB, participaram do repasto cinco senadores ?"Aécio Neves, Aloysio Nunes Ferreira, Cássio Cunha Lima, José Anibal e Ricardo Ferraço?" e o deputado Antonio Imbassahy. Dissipou-se durante a conversa o mal-estar provocado nos últimos dias pelas críticas do tucanato aos sinais trocados emitidos pelo Planalto.

As concessões salariais feitas pelo governo a corporações de servidores deixaram no PSDB uma impressão de que Temer poderia estar mais interessado na disputa presidencial de 2018 do que no ajuste fiscal. Um dos presentes, o senador José Aníbal (SP), chegara mesmo a enxergar pendores de presidenciável até no ministro Henrique Meirelles (Fazenda).

Temer disse aos tucanos ter consciência do seu papel histórico. A certa altura, declarou não estar preocupado com a popularidade. Fará, segundo disse, o que precisa ser feito. Repisou a tecla das reformas. Mencionou a emenda constitucional que fixa um teto para as despesas públicas, já enviada à Câmara. Citou também a reforma da Previdência e os pretendidos ajustes na legislação trabalhista.

Para surpresa geral, Temer informou que enviará ao Congresso a proposta que mexe nas aposentadorias antes das eleições municipais de outubro. Sabe que a votação deve deslizar para 2017. Mas quer iniciar desde logo o debate. A novidade surpreendeu os visitantes porque até auxiliares próximos de Temer vinham afirmando que a reforma da Previdência, polêmica e dura de roer, não chegaria ao Legislativo antes do fechamento das urnas municipais. Entre os defensores do adiamento está, por exemplo, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), ex-ministro de Temer e um dos principais articuladores do governo no Senado.

O ministro Eliseu Padilha também ajudou a desfazer a impressão do tucanato de que o governo poderia dar as costas ao ajuste. Despejou sobre a mesa dados apavorantes. Disse, por exemplo, que, se nada for feito para deter o endividamento do setor público, 100% do orçamento federal será consumido em 2025 por três rubricas: pagamento da dívida, Previdência Social e folha salarial. "Não sobra dinheiro pra mais nada!", enfatizou Padilha.

O chefe da Casa Civil declarou que, durante a interinidade de Temer, o Planalto teve de fazer concessões e adotar um comportamento conciliatório. A partir da conversão do vice em presidente de fato, acrescentou Padilha, o governo terá condições de "contrariar alguns interesses".
Herculano
18/08/2016 08:03
TEMER FARÁ PRONUNCIAMENTO NO 7 DE SETEMBRO, por Josias

Parte 2

O próprio Temer atribuiu a má impressão dos comensais às circunstâncias que permeiam sua interinidade. Repetiu que autorizou reajustes salariais para 14 categorias de servidores porque encontrou a negociação feita. Eram acertos escritos, não verbais. Avaliou que, se ignorasse o que fora negociado sob Dilma, as corporações parariam o país.

De resto, Temer minimizou os efeitos da mudança feita no projeto de renegociação das dívidas dos Estados com a União. Disse que a supressão do artigo que proibia os Estados de reajustar salários por dois anos permitiu a aprovação na Câmara daquilo que o governo considera essencial: o dispositivo que impõe um teto para o gasto público também nos Estados, limitando sua expansão à variação da inflação do ano anterior.

O tucanato deixou o encontro satisfeito com o que ouviu. Até a coreografia do jantar contribuiu para a pacificação dos humores. Antes de acomodar os convidados em torno da mesa, Temer conduziu-os ao terraço do Jaburu. O ambiente funcionou como uma espécie de câmara de descompressão. Durante cerca de uma hora Temer e seus convivas jogaram conversa fora. Os garçons do palácio serviram coxinhas de galinha, empadas e castanhas. Para beber, água, sucos e vinho.

Aliviados de todas as tensões, os estômagos foram, por assim dizer, apresentados ao bufê. Cada um fez o seu prato. O cardápio ornava com a crise: sopa de legumes, peixe, frango empanado, purê de batata, arroz e salada. Transferida para a mesa retangular do Jaburu, a conversa tornou-se ainda mais redonda. Embora 2018 estivesse gravado no pano de fundo do encontro, não se falou sobre sucessão presidencial senão lateralmente.

Presidente do PSDB, Aécio Neves declarou, a alturas tantas, que considera uma "bobagem'' tratar de sucessão agora. Em 2018, disse ele, quem estiver habilitado participará da disputa. Hoje, acrescentou o senador mineiro, o que o brasileiro reclama é um projeto para o país. Alguém qualificou de "amargas" as medidas que Temer terá de adotar. Cássio Cunha Lima (PB) interveio: "Amargo é o desemprego."

Líder do PSDB no Senado, Cássio prosseguiu: O Brasil está diante de uma bifurcação. Se escolher a opção errada, o caminho será curto e levará rapidamente para o abismo. Se optar pelo caminho certo, ele será mais longo e árduo. Mas conduzirá a um porto seguro.

Logo, logo, quando Temer estiver caminhando sem as muletas da interinidade, vai-se saber: 1) se o governo terá mesmo disposição para "contrariar alguns interesses'', como disse Eliseu Padilha no jantar; 2) se o PSDB, submetido às iniciativas de Temer, optará por remar junto ou saltar do barco. De concreto, por ora, apenas a impressão de que o jantar do Jaburu deu sobrevida ao relacionamento.

Depois do cafezinho, os tucanos ensaiaram uma despedida. Temer insistiu para que ficassem. Conversaram em pé por mais 15 minutos. Os tucanos gostaram da prosa. E vice-versa. Curiosamente, o nome de Dilma Rousseff, ainda alojada no vizinho Palácio da Alvorada, não foi mencionado no Jaburu.

Temer soou preocupado com os prazos fixados no roteiro do julgamento final do impeachment. Insinuou aos senadores que gostaria de virar a página até o dia 30 de agosto. Mas se absteve de citar o nome da presidente que, depois de tratá-lo como "vice decorativo", chama-o de "traidor" e "usurpador". Aparentemente a praga que Dilma rogou para si mesma já se cumpriu: a dama de Copas do PT é enxergada como carta "fora do baralho".
Herculano
18/08/2016 07:59
JULGAMENTO DE DILMA DEVERÁ DURAR SETE DIAS E ACABAR NO DIA 31 DE AGOSTO.

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Mariana Haubert, da sucursal de Brasília. Os senadores começam a se preparar para enfrentar uma maratona de, pelo menos, sete dias para julgar definitivamente a presidente afastada, Dilma Rousseff, em seu processo de impeachment. A fase final começará no dia 25 e ela será ouvida pelos parlamentares e responderá a questionamentos na segunda, dia 29 de agosto.

A previsão dos senadores é de que a votação final aconteça apenas na quarta seguinte (31). Os parlamentares também deverão trabalhar em parte do final de semana.

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, esteve no Senado nesta quarta (17), em uma reunião que durou mais de duas horas, para combinar com o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), e os demais senadores o roteiro desta última etapa.

A principal preocupação do ministro era não realizar sessões durante o fim de semana sob o argumento de que, nem o STF e nem o Senado trabalham normalmente nestes dias. Lewandowski não queria que houvesse espaço para posteriores questionamentos da defesa e críticas de que o processo foi "atropelado".

Senadores aliados ao presidente interino, Michel Temer, no entanto, queriam que as sessões prosseguissem pelo sábado e domingo para agilizar o fim do processo. De acordo com eles, o peemedebista quer ir à China como presidente efetivo, onde participará da reunião de cúpula presidencial do G20, em 4 e 5 de setembro.

Apesar do acordo fechado para que não se marcasse nada para o fim de semana, o ministro acabou tendo que ceder um pouco já que existe a possibilidade de que a oitiva das testemunhas acabe apenas no sábado.

O processo começará na quinta (25), às 9h, com a apresentação das chamadas "questões de ordem", que são pedidos feitos por senadores sobre o trâmite do processo. Em seguida, os senadores iniciarão a oitiva das duas testemunhas indicadas pela acusação.

Assim que acabar esta parte, os senadores iniciam a oitiva das testemunhas de defesa. O advogado de Dilma, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo indicou seis pessoas, número máximo permitido. De acordo com Lewandowski, ficou acordado entre os parlamentares que eles prosseguirão com a sessão durante o tempo necessário para que todos sejam ouvidos.

Ou seja, é provável que esta fase acabe apenas no sábado (27) já que a previsão é de que cada uma leve, em média, oito horas. Se necessário, os senadores também trabalharão no domingo.

O Senado, então, retomará a sessão na segunda (29), às 9h, com a presença de Dilma. Como a Folha antecipou, a presidente irá pessoalmente se defender. Ela terá meia hora, prorrogável pelo tempo que for necessário, para discursar. Assim que ela acabar, cada senador poderá questioná-la em até cinco minutos e a presidente terá o mesmo tempo para responder. A expectativa é de que Dilma passe o dia no Senado.

Na terça, os parlamentares retomam a sessão com a etapa em que cada um pode discursar por até dez minutos. A expectativa é de que esta fase dure cerca de 20h, o mesmo tempo que os senadores demoraram nas duas fases anteriores do processo, quando decidiram pelo afastamento da presidente e quando a tornaram ré no processo.

Quando os discursos acabarem é que os advogados de acusação e defesa apresentarão suas alegações finais. Só então, os senadores iniciarão a votação que deve decidir pela saída definitiva de Dilma Rousseff da Presidência da República.

Para os aliados de Dilma, a presença dela no plenário do Senado será "o grande fato político" que poderá influenciar no voto de alguns senadores que, apesar de terem votado favoravelmente ao impeachment nas outras fases do processo, podem mudar de posição.

"Na nossa convicção, a verdade está do lado dela. Ela vem e vai se sair muito bem. É o momento em que o país vai parar. Não é uma resposta só aos senadores, é a todos os brasileiros", afirmou Lindbergh Farias (PT-RJ), líder da oposição no Senado. O petista reclamou ainda da continuidade da oitiva de testemunhas no fim de semana. "Há uma pressão dos aliados de Temer. Ora, o julgamento de uma presidente da República não pode ser feito assim", afirmou.

Já o senador Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM no Senado, avaliou que a presença de Dilma no Senado pode ajudar a comprovar que ela cometeu crime de responsabilidade. "Pode parecer que a presidente está sendo julgada apenas por um decreto ou por uma pedalada. Não. Ela vai poder nos explicar todo esse desastre e caos que o país vive, toda essa situação de desemprego, toda a corrupção do seu governo. Será um momento muito bom para que a sociedade possa ouvir os esclarecimentos da própria presidente", afirmou.
Herculano
18/08/2016 07:53
DILMA E SUA DEMISSÃO POR JUSTAS CAUSAS, por Roberto Macedo, economista, para o jornal O Estado de S. Paulo

Tudo indica estar bem próxima a demissão de Dilma Rousseff como presidente da República. Impeachment é um anglicismo desnecessário e mesmo traduzido não é de entendimento geral. Demissão todo mundo sabe o que é.

Dilma fez por merecê-la pelos crimes de (ir)responsabilidade cometidos na sua calamitosa gestão das finanças públicas federais. Eles estão no cerne da imensa crise econômica e social que o País sofre. Quem a vê como inocente, ou se confunde quanto a esta questão, ou é porque não se ateve aos crimes de que é culpada, citados mais à frente. Há também a minoria que a inocenta por convicções ideológicas que obscurecem a visão do que se passou.

Também é fundamental entender o processo de demissão. É essencialmente político e seus juízes são os deputados federais, numa primeira instância, e os senadores, na etapa final, que se aproxima. A presença do presidente do STF no julgamento pelo Senado tem por objetivo apenas presidir às reuniões e garantir que sigam os trâmites legais. Mas não vota, e assim os juízes são políticos por natureza.

São 513 deputados federais e 81 senadores. Primeiro na Câmara e depois no Senado, para aprovar uma demissão presidencial é preciso arregimentar dois terços dos membros, 342 deputados e 54 senadores. Assim, a demissão não teria passado na Câmara se 172 deputados federais houvessem votado contra, não comparecessem à votação ou se abstivessem de votar. Mas só 146 deputados assim se comportaram. No Senado, na última votação sobre o assunto, só houve 21 votos favoráveis a Dilma, sem ausências nem abstenções, exceto a do presidente da Casa. E seriam necessários 28. Ou seja, Dilma não tem apoio político para se sustentar no cargo.

E mais: seus defensores alegam que o processo só começou na Câmara porque seu desafeto, o então presidente da Casa, Eduardo Cunha, forçou esse caminho. Mas tal iniciativa não teria prosperado se Dilma tivesse apoio político para interrompê-la. Cunha nunca teve força para arregimentar dois terços dos deputados só por sua vontade. No Senado, Renan Calheiros sempre se aliou a Dilma, mas abandonou-a quando viu que o quórum para a demissão estava assegurado.

Passando às razões, predominantes na avaliação do Congresso, elas são fortíssimas e a defesa de Dilma não conseguiu desmontá-las. São dois crimes. Seu governo tomou empréstimos de bancos estatais, como BB, Caixa e BNDES. Tais operações de crédito, financeiramente incestuosas, pois que realizadas numa mesma família institucional, são conhecidas como pedaladas. Outro crime foi abrir créditos orçamentários suplementares, ou autorizações de mais gastos, sem aprovação do Poder Legislativo, o que chamo de aceleradas fiscais.

Do lado dilmista, argumenta-se que tais ações foram meros atos administrativos. Mas a Lei Complementar 101, de Responsabilidade Fiscal, proíbe pedaladas (artigo 36) e a Constituição federal (artigo 167, V) veda explicitamente as aceleradas. A Constituição também diz (artigo 85, VI) que são crimes de responsabilidade os atos presidenciais atentatórios ao seu texto e, especialmente, contra a lei orçamentária, impactada pelas pedaladas e aceleradas. E mais: a Lei 1.079, que trata da demissão (artigo 10, 4), repete esse dispositivo de proteção à lei orçamentária. E também diz (artigo 11, 2) que as aceleradas fiscais são crimes "contra a guarda e legal emprego dos dinheiros públicos".

Tais ações tiveram origem no propósito dilmista de a qualquer custo se reeleger em 2014 e desembocaram na crise que dura até hoje, a qual também influenciou a posição do Congresso. Quem o assessora nas contas públicas é o Tribunal de Contas da União. E seus juízes, por unanimidade, condenaram as contas da presidente em 2014, pelas razões citadas, e ela continuou pedalando no seu mandato seguinte, em 2015.

Outro argumento contra Dilma não vi usado no debate. Em dezembro de 2015 a União pagou R$ 72,4 bilhões de suas pedaladas no BB, BNDES, Caixa e FGTS. Se não via nada de errado nesses débitos, por que pagá-los? Além disso, o debate sobre o assunto teria sido ainda mais esclarecedor se chamada como testemunha a repórter Leandra Peres, do jornal Valor Econômico. Ela ganhou recentemente um prêmio de jornalismo pela extensa matéria que publicou em 11/12/2015, intitulada O aviso foi dado: pedalar faz mal. Mostrou que desde meados de 2013 técnicos do Tesouro Nacional advertiam seus superiores sobre irregularidades fiscais que Dilma perpetrava (www.valor.com.br/pedaladas).

Mais recentemente, Dilma mostrou falta de sintonia com sua defesa, ao dizer que o PT precisa reconhecer todos os erros que cometeu em suas práticas de "... condução de todos os processos de uso de verbas públicas".

Em síntese, ela se revelou uma estranha no ninho dos políticos e se mostrou irresponsável ao conduzir o governo e suas contas, no que infringiu as leis do País e lhe causou imensos danos. A propósito, no prefácio que escreveu em livro recente, o economista Edmar Bacha lembrou frase atribuída ao então governador paulista Orestes Quércia: "Quebrei o Banespa, mas elegi meu sucessor". Bacha sugere que Dilma parafraseasse Quércia afirmando: "Quebrei o País, mas me reelegi presidente". Caberia acrescentar: "E depois fui demitida".

"Inequívoco golpe" contra si, conforme a carta que divulgou anteontem? Ora, não houve ruptura institucional que caracterizasse golpe. Tudo vem transcorrendo em respeito às leis brasileiras. Golpes mesmo vieram de Dilma, pois socou o País até jogá-lo nas cordas da crise. Lamentos quanto à demissão até cabem, mas porque ela veio atrasada, estendendo a agonia em que o Brasil se encontra, e sem uma punição mais dura.

Na mesma carta, de novo ela se diz inocente. Ficaria menos mal na História se anunciasse sua renúncia.
Herculano
18/08/2016 07:51
EM SETEMBRO O CEP DE LUIZ ALVES MUDA

Os Correios e a prefeitura estão informando que a partir do dia Primeiro de Setembro, Luiz Alves terá trocado o seu Código de Endereçamento Postal. De 89.115-000 para 89.128-000
Herculano
18/08/2016 07:48
MERCOSUL, A HORA DO DIVORCIO, por Clóvis Rossi, para o jornal Folha de S.Paulo

O Mercosul, como se sabe, está acéfalo desde o dia 1º. A acefalia, conforme compara um competente embaixador, equivale a uma greve geral do funcionalismo público, inclusive dos mais altos escalões. Ou seja, nenhuma decisão pode ser tomada, desde as triviais (convocar uma reunião, por exemplo) até as mais complexas (negociar acordos comerciais).

É, pois, um problema sério, mas não é o mais grave na crise que levou o bloco ao pântano.

Antes de passar ao mais grave, examinemos a quadratura do círculo que o Mercosul está tentando.

Argentina, Brasil e Paraguai opõem-se à transferência da presidência de turno para a Venezuela, que, pela ordem alfabética, deveria assumi-la no segundo semestre.

O pretexto utilizado para o veto é o de que a Venezuela não adotou internamente, no prazo a que se comprometeu, o compêndio de regras do bloco.

De fato, não cumpriu, o que todos reconhecem, inclusive a própria Venezuela, que, no entanto, alega ter adotado mais regras até do que países fundadores do bloco, sem especificar qual ou quais.

Se não cumpriu, Argentina, Brasil e Paraguai querem que a Venezuela seja rebaixada para uma espécie de segunda divisão, o que lhe tiraria o direito de presidir o bloco.

Está até marcada para dia 23 uma reunião em que será debatido o rebaixamento e como ficaria a presidência. A proposta da Argentina, encampada pelo Brasil, é de uma presidência colegiada até o fim do ano (em 2017, a Argentina assumiria, retomando a ordem alfabética).

Dois problemas surgem: primeiro, a obrigatoriedade de adotar decisões por consenso.

O Uruguai já anunciou que não aceita a presidência colegiada e avisa que não existe, nas regras do conglomerado, a punição por não cumprimento de normas.

Ou, posto de outra forma: a Venezuela não pode ser rebaixada a menos que se adote uma gambiarra jurídica a que o Uruguai se opõe.

A quadratura do círculo não está, pois, à vista, o que tende a prolongar a paralisia do Mercosul.

Passemos agora ao verdadeiro problema, que é a incompatibilidade ideológica entre a Venezuela e seus pares, explicitada, de resto, em comunicado oficial da própria chancelaria venezuelana.

Diz a nota, emitida na terça-feira (16): "A República Bolivariana da Venezuela denuncia à comunidade internacional a persistência destes governos [Argentina, Brasil e Paraguai] em vulnerar os tratados constitutivos do Mercosul, fazendo prevalecer suas preferências políticas e ideológicas neoliberais sobre os genuínos interesses dos povos e seus processos de integração".

Traduzindo: para a Venezuela, o neoliberalismo, suposto ou real, de seus parceiros é incompatível com a integração regional. Supõe-se, por extensão, que a integração tem que ser feita sob a égide do socialismo do século 21, adotado pela Venezuela e que é um dos mais redondos fracassos do século.

Não basta, pois, discutir a relação (ou a presidência, no caso) no dia 23, se o problema é claramente de divórcio. A ver quem será o primeiro a reconhecer a realidade.
Herculano
18/08/2016 07:45
NÃO VAI DAR CERTO III

Em Gaspar, além da ostentação de propaganda de candidatos e casos de compra de votos, agora sabe-se que há coligação comprando candidatos a vereadores de outra coligação. E o motorista, assessor braço direto do candidato, guru religioso, está envolvido.
Herculano
18/08/2016 07:41
QUADRO DE MEDALHAS NOS LEMBRA COMO A COMPETIÇÃO GLOBAL É CRUEL, por Roberto Dias, para o jornal Folha de S. Paulo

É divertido fazer troça do jornalista americano a quem escapou compreender que o biscoito Globo empacota não só uma maçaroca de polvilho, mas também um resuminho do incrível-da-vida que é ficar na praia em Copa.

Menos divertido é olhar o quadro de medalhas dos Jogos e constatar que a nos distanciar do mundo lá fora está bem mais do que uma questão gastronômica. Os reveses brasileiros em importantes esportes coletivos e o perrengue para chegar às mais de 20 medalhas imaginadas pelo COB e por analistas são um lembrete, ainda que simbólico, da cruel competição entre países que é o mundo.

Para quem passou uma ditadura abastecido pela ideia do Brasil Grande, acostumado a crer na panaceia da amarelinha, é um tapa na cara.

Somos um país continental. O quinto maior agrupamento de pessoas do planeta. A sétima maior economia. Nada disso, por si só, assegura vantagem definitiva. Mesmo assim, fazemos pouco da competitividade global e nos contentamos com um comportamento insular, com rala disposição a explorar o globo.

A importância do comércio exterior no nosso PIB não é nem metade da média mundial. Em proficiência no inglês, aparecemos no 41º lugar numa lista de 70 países. Temos uma percepção sub-representada do significado da Ásia, o lugar que mais e mais concentra a espécie humana ?"a explosão por lá diminui o peso relativo do berço esplêndido daqui.

Quem acha que a posição olímpica não significa nada além disso deveria olhar para Cuba, que chegou a ser uma das cinco potências do esporte. No lusco-fusco do regime, o país sua para entrar no top 20.

Nosso maior ciclo de investimento olímpico produziu uma festa bonita, suficiente para exterminar qualquer complexo de vira-latas. Mas não resultou num claro sucesso competitivo. Um pouquinho mais de sangue nos olhos e autocrítica não nos fariam mal em nenhum front.
Herculano
18/08/2016 07:36
da série: isto interessa ao PT de Gaspar

PORTA ABERTA PARA A IMPUNIDADE, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

O Supremo Tribunal Federal (STF) terá em breve uma boa oportunidade para voltar atrás e desfazer o equívoco que cometeu no dia 10 passado, quando decidiu que a competência para julgar as contas dos prefeitos é exclusiva das Câmaras Municipais. Espera-se que, quando vier a apreciar o embargo de declaração a ser impetrado pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral para contestar essa decisão, o STF aproveite a chance e reconheça que não deveria ter comprometido dessa maneira os efeitos da Lei da Ficha Limpa, dando a gestores comprovadamente irresponsáveis o aval legal para que disputem eleições.

Por 6 votos a 5, o Supremo, ao julgar dois recursos extraordinários, entendeu que os Tribunais de Contas devem desempenhar a função de meros auxiliares do Poder Legislativo, fornecendo-lhe pareceres opinativos sobre as contas dos prefeitos. Em seu voto, o ministro Ricardo Lewandowski, presidente do STF, entendeu que somente os vereadores têm a prerrogativa de julgar o administrador municipal, pois detêm mandato obtido nas urnas.

Já o ministro Luiz Roberto Barroso, relator de um dos recursos, considerou que o julgamento do prefeito depende do tipo de conta que está sendo julgado. Se as contas forem de gestão ?" isto é, relativas aos ordenadores de despesas, portanto eminentemente administrativas ?", devem ser julgadas pelo Tribunal de Contas. No caso de contas de governo ?" aquelas concernentes ao resultado anual da atuação governamental no trato das finanças, especialmente o cumprimento do disposto no Orçamento ?", o julgamento é do Legislativo, amparado por pareceres de Tribunais de Contas.

A maioria dos ministros entendeu que, caso a Câmara Municipal decida não julgar o prefeito que cometeu irregularidades em sua administração, essa omissão anula os efeitos do dispositivo da Lei da Ficha Limpa que torna inelegíveis aqueles que "tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa".

Está claro que tal decisão rasga a Lei da Ficha Limpa, pois permite que as Câmaras Municipais concedam a administradores desonestos ?" justamente aqueles que deveriam ser alijados da política, conforme estabelece o espírito da Lei da Ficha Limpa ?" aval para disputar eleições e manter intacto o sistema que lhes dá poder e dinheiro em detrimento do interesse público.

Decerto não era essa a intenção do Supremo, mas tal é o resultado de sua sentença. Quando o ministro Gilmar Mendes, relator de um dos recursos, argumenta que o "controle externo" das contas do prefeito deve ser exercido pela Câmara Municipal, por sua legitimidade como representante do povo, ele não leva em consideração que não se trata de um julgamento político, mas técnico, que deve ser exercido justamente por instituição que, ao menos em tese, não está à mercê do usual toma lá dá cá da política fisiológica.

Gilmar Mendes acrescentou que não se pode dar tanto poder aos Tribunais de Contas, porque estes "podem rejeitar as contas de maneira banal para causar a inelegibilidade de um prefeito". De fato, esse é um risco que se corre, especialmente devido à qualidade duvidosa de diversos Tribunais de Contas País afora. No entanto, é preferível esse risco à anulação de um dos pilares da Lei da Ficha Limpa.

Se o problema é a eventual má-fé dos Tribunais de Contas, que se providenciem mudanças capazes de mitigar essa possibilidade. O que não se pode é deixar que a tal sentença produza um efeito indesejado. Pois, ao reduzir drasticamente o alcance das decisões dos Tribunais de Contas, para evitar eventuais injustiças e supostamente privilegiar os representantes do povo no julgamento das contas de prefeitos, o Supremo deu carta branca para que centenas de administradores comprovadamente irresponsáveis ou corruptos possam disputar eleições como se nada de ilegal tivessem feito.
Herculano
18/08/2016 07:33
PSDB PRESSIONA TEMER POR APOIO E TOMA UM BAILE, por Claudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Durante encontro, terça (16), com a cúpula do PSDB, preparatório do jantar ampliado de quarta (17) com sua bancada, o presidente Michel Temer reagiu inesperadamente, ao ser pressionado a refletir sobre o eventual apoio a um tucano para presidente da República, em 2018. "Sem problemas", respondeu do alto de sua experiência. "Peço que me tragam o nome de consenso até amanhã, no jantar, e eu o apoiarei".

SEM CONSENSO
O problema dos tucanos é exatamente este: eles não conseguem se entender sobre quem será o candidato do PSDB em 2018.

AFINANDO O TOM
No jantar da véspera com Aécio Neves, extra-agenda, Michel Temer agiu como orientava Ulysses Guimarães: "afinou o tom" com o PSDB.

SERRISTA ESCAPULIU
Temer quis conversar com o senador José Aníbal (SP), muito ligado a José Serra, até o chamou para baforar um charuto, mas ele escapuliu.

AO TRABALHO
O PSDB foi ciente, na reunião com Temer, de que precisa adiar seus perrengues e ajudar a garantir 60 votos contra Dilma, no julgamento.

SALÃO NO TCU OFERECERÁ 'DEPILAÇÃO DE CONTORNO'
Com a missão de zelar pelo bom uso dos recursos públicos, o Tribunal de Contas da União (TCU) achou relevante mobilizar sua área técnica para elaborar e promover uma concorrência pública com o objetivo de instalar um salão de beleza em suas dependências, a ser usado pelos ministros e servidores. Ainda impôs às empresas licitantes a oferta de serviços que incluem depilação de pernas e axilas e até "depilação de contorno", nas partes íntimas. O salão funcionará durante o expediente.

CASA DE MASSAGENS
O salão de beleza do TCU também oferecerá serviços de massagem relaxante e massagem estética para suas excelências.

QUE VERGONHA
No salão do TCU, um prédio público, haverá corte de barba e cabelo, tintura, escova, além de manicure, pedicure e sobrancelha.

BANANA PARA O PAÍS
O Tribunal de Contas não se deu ao trabalho de explicar seu salão de beleza. E o procurador do MP junto ao TCU desdenhou: "nada a dizer".

BANCO DOS RÉUS
Dilmistas adoraram saber que ela vai ao próprio julgamento, apostando que ex-aliados ficarão constrangidos. Mas sua presença será formal, na condição de ré. Não vai participar das discussões, nem da votação.

PROVÁVEL DESASTRE
Conhecida pelo despreparo e principalmente pelo destempero, Dilma poderá aplicar um certeiro tiro no próprio pé, indo ao Senado. Até porque sua decantada "honestidade" deverá ser posta em causa.

SUJEIRA CENSURADA
A CPI da Funai/Incra chegará ao fim proibida ?" pelo ministro Ricardo Lewandwski ?" de examinar a quebra de sigilo de ONGs ligadas a gente do governo Dilma, suspeitas de desviar milhões que deveriam ser investidos em comunidades indígenas. Tudo foi para debaixo do tapete.

SEM INTERRUPÇÕES
O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) acha que o julgamento de Dilma, como qualquer outro, deveria ocorrer sem interrupções. Ele avalia que a presença de Dilma não mudará o resultado final.

EXPLICAR O QUÊ?
A Câmara dos Deputados prometeu investigar a servidora flagrada pelo site Diário do Poder usando saiote de ginástica para bater o ponto de manhã cedo. Ela vai embora logo em seguida e retorna ao meio-dia, com os mesmos trajes, para bater o ponto "de saída" para o almoço.

GAÚCHOS A CONHECEM
Defensora dos "direitos" de quem faz vítimas, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) quis faturar prestígio, em Porto Alegre, no protesto contra a morte de uma médica. Foi enxotada aos gritos de "cúmplice".

DILMA GOLPISTA
Dilma disse no Twitter que impedir protestos nas Olimpíadas "é golpe à nossa democracia". Faltou contar que foi ela quem sancionou a Lei. Aliás, semelhante a outra, que ela também propôs, na Copa de 2014.

TROPA OCULTA
Apesar de ter apoiado o impeachment de Dilma, o senador Acir Gurgacz (PDT-RO) foi flagrado pedindo votos pela presidente ré, a pretexto de ajudar petistas à beira de um ataque de nervos.

PENSANDO BEM...
...é muito otimismo de Dilma marcar sua defesa para 96 horas após o início do julgamento do impeachment.
Herculano
18/08/2016 07:26
A SIMBOLOGIA DE DOIS PRESIDENTES INVESTIGADOS, editorial do jornal O Globo

Dilma e Lula passam a ser suspeitos de tramoias contra a Justiça, em inquérito no STF, e patrocinam algo de que não se tem notícia na República

A força-tarefa criada para investigar o petrolão e desdobramentos, a LavaJato, enumera suas ações em etapas. Também se pode decompor esta enorme operação do MP e da Polícia Federal, em conexão com a Justiça paranaense, em uma infinidade de enredos, com diversos personagens da política, do sindicalismo, do universo de estatais, do mundo dos negócios.

Um desses enredos mais sugestivos ganhou na terça-feira um complemento relevante, com o anúncio do ministro do Supremo Teori Zavascki, responsável na Corte por processos de acusados pela Lava-Jato com direito a foro privilegiado, de que aceitara o pedido de abertura de inquérito para investigar, entre outros, a presidente afastada, Dilma Rousseff, e o expresidente Lula, acusados de tentar obstruir a Justiça em investigações coordenadas de Curitiba. Há mais ilustres arrolados no processo: o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Francisco Falcão; o ministro da Corte Marcelo Navarro; o ex-senador Delcídio Amaral, os ex-ministros José Eduardo Cardozo, defensor de Dilma no impeachment; e Aloizio Mercadante. Por envolver dois presidentes, já não seria mesmo um inquérito qualquer.

Na sua ponta inicial, está Delcídio, cuja colaboração premiada feita à Lava-Jato mancha a imagem de Dilma ?" tão protegida por ela ?", ao citá-la nas engrenagens que se moveram em Brasília para prejudicar a Lava-Jato e livrar empreiteiros companheiros no STJ.

Daí a inclusão no processo de ministros da Corte, um deles, Marcelo Navarro, acusado pelo então senador de aceitar proposta de Dilma de trocar a indicação ao STJ por voto favorável a pedidos de habeas corpus de empreiteiros encarcerados.

O ex-senador é, ainda, protagonista de manobras com a participação de Lula para a compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, maneira de também prejudicar o trabalho da Lava-Jato.

Mesmo que o ministro Teori tenha desqualificado como prova o grampo em que Dilma e Lula conversam sobre a nomeação do ex-presidente na Casa Civil, o MP considera que outros elementos nessa história permitem que haja investigações acerca da manobra para blindar Lula contra o risco de prisão decretada pelo juiz Sérgio Moro, colocando-o num cargo sob a proteção do foro especial.

Entre as incontáveis histórias desabonadoras, de que fazem parte autoridades sem pudor, levantadas pela Lava-Jato, estas são emblemáticas, porque envolvem dois presidentes, um senador, um candidato a ser nomeado ministro do STJ a qualquer custo e o presidente da própria Corte.

Uma trama de alto escalão que perpassa os três poderes. Exemplo bem lapidado de como, nestes últimos anos, além de se assaltar empresas públicas como a Petrobras, manobrava-se sem limites para intervir no Judiciário, a fim de soltar empreiteiros companheiros detidos em Curitiba.

Este inquérito, dentro do conjunto da obra da Lava-Jato, tem a especial característica de desvendar tramoias articuladas, sem o mínimo respeito à independência constitucional da Justiça e do Legislativo.

Algo nunca visto relatado com tantos detalhes. Sabia-se que existia, mas não se imaginava que uma conspiração como esta chegaria a constar de um inquérito.
Digite 13, delete
17/08/2016 19:53
Oi, Herculano

A Carta de Dilma

"Faz uns três meses que uma tal carta começou a ser escrita e nunca se viu tantas idas e vindas, tantos rascunhos, tantos garranchos, tanto tira e põe, tanta gente se metendo, palpitando, igual ao governo que não fez. Essa carta podia mesmo ser só um ponto final.

Cabeçalho: Brasília, (__) de agosto de 2016. Destinatário: Ao Povo Brasileiro.
Desculpem qualquer coisa. Sei que estou sendo afastada pelo conjunto da obra e de minha teimosia, que acabaram desenhando os acontecimentos que vivemos. Grata pela compreensão, e um pedido: não gostaria que se associasse isso tudo ao fato de eu ser mulher. Não tem nada a ver. Apenas me uni a um projeto de poder político que se mostrou patético e falido". Assinado, Dilma.

Pronto, estava dito.

Mas não. Quer porque quer causar. Sair batendo o pé. Agora a coisa está piorando e a tal missiva ameaça até ser uma espécie de carta-testamento, tipo a de Getúlio Vargas ?" sem o suicídio, esperamos, claro, que ninguém quer sangue. Dá para acreditar? Mais, a ameaça continua: poderá não ser só uma carta, mas duas."

Do blog Chumbo Grosso

É o que dá botar um ser caduco na presidência do país.
Despetralhado
17/08/2016 19:07
Oi, Herculano:

"ILHOTA EM CHAMAS. EXCLUSIVO. A CÂMARA AFASTA O PREFEITO DANIEL CHRISTIAN BOSI,PSD."

Mostra que Ilhota tem vereadores.
Mariazinha Beata
17/08/2016 18:55
Seu Herculano;

TERRA: "Broche da faixa presidêncial é encontrado após sindicância".

Deve ter sido um petista que correu para colocar no devido lugar. Isso me lembra a placa da ponte Hercílio Deeke, o Zuchi mandou sumir com ela e após denúncias um petista tratou logo de devolvê-la.
Bye, bye!
Herculano
17/08/2016 16:28
da série: um tratamento especial para privilegiar a ré em agonia.

LEWANDOWSKY VETA RÉPLICA NA INQUIRIÇÃO DE DILMA, por Josias de Souza

O rito do julgamento final do impeachment, que se iniciará em 25 de agosto, contém regras que favorecem Dilma Rousseff, a ré. Ela comparecerá no dia 29 de agosto. Deveria apenas responder às perguntas de seus juízes, os senadores. Mas terá direito a discursar por 30 minutos, prorrogáveis. Sem apartes. Durante o interrogatório, os inquisidores terão cinco minutos para formular suas perguntas. Dilma responderá sem limite de tempo. E os senadores não terão direito a réplica. As regras foram sugeridas pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que comandará o julgamento, como determina a Constituição.

Em reunião dos senadores com Lewandowski, nesta terça-feira, os líderes Cássio Cunha Lima (PSDB) e Ronaldo Caiado (DEM) reclamaram do tratamento dispensado a Dilma. Queixaram-se sobretudo da ausência de réplicas. Mas prevaleceu o rito sugerido por Lewandowski. O tucano Cássio ponderou que o julgamento é jurídico, mas também é político. E disse que não seria razoável que um senador, após inquirir Dilma, ficasse sem direito de responder caso a ré o ofendesse ou fizesse algum ataque político.

Ficou entendido na reunião desta terça-feira que, na hipótese de se sentirem ofendidos por Dilma, os senadores poderão requerer a Lewandowski a prerrogativa de responder. Fora disso, terão de se contentar, na fase de arquição, com os cinco minutos destinados às perguntas. Paradoxalmente, as réplicas e até as tréplicas serão admitidas no questionamento das testemunhas de defesa e de acusação.
Herculano
17/08/2016 16:14
O CABO ELEITORAL FICHA SUJA DE GASPAR. E TEM GENTE QUE ESTÁ ORGULHOSA DISSO E COMEMORANDO...ACORDA, GASPAR!

A legislação eleitoral mudou para que os políticos fichas sujas, finalmente não pudessem mais se candidatar por um período e assim a sociedade se ver livre de quem não respeitou a lei, a mesma sociedade, pagadora de pesados impostos e que não foram adequadamente usados como orienta a legislação específica.

Os políticos que costumam mandar bananas para a sociedade quando no poder, intimidar imprensa, fiscais do povo, investigadores, promotores e juízes, ganharam esta condição de fichas sujas diante de uma iniciativa popular aprovada pelos políticos, sob constrangimento diga-se, no Congresso Nacional.

E um ficha suja só é assim declarado publicamente quando um processo - ou mais - chega a um colegiado de julgadores, e diante de provas e confrontando com a lei, lá se prova e sentencia-se de que houve um crime durante a gestão administrativa do gestor público.

Pois bem. Um ficha suja não pode ser candidato. Legal. Um grande avanço para que ele se contenha durante o seu mandato e faça o que apenas lhe é permitido. Mas a lei que criou o instituto do ficha limpa, nem a legislação eleitoral aperfeiçoada para a campanha municipal deste ano, impedem que um ficha suja peça votos para outrem do esquema, seja padrinho de candidatos da família e apareça nos santinhos dos seus protegiso pedindo votos para seu candidato, seu amigo, seu sucessor, inclusive nas suas prática que foram condenadas e que o tornaram um ficha suja.

Um candidato sério, ético, religioso, que diz defender as leis e a transparência, por exemplo, teria vergonha deste tipo de apoio. Não em Gaspar, onde tudo que é torto é feito as claras, sem o menor constrangimento e pudor.

E não é piada, não. Esse pessoal que usa o ficha suja como referência e guru, ainda fala em fazer mais do que fizeram até aqui, e que deve incluir, certamente, os desvios que deram à punição ao administrador público ficha suja. E gente batendo palmas.

Este retrato, mostra o quanto Gaspar está atolada num lamaçal em que trata todos como uns tolos, ou transgressores da lei, da ética e da transparência, onde então, a atual campanha eleitoral, serviria para legitimar pelo voto e se eleger o mais competente neste tipo de assunto: o erro, a transgressão, o crime.

Este tipo de desafio mostra também que Gaspar e seus eleitores estão alienados do que se passa no ambiente nacional, onde há uma busca imensa por reverter e retirar do cenário eleitoral, políticos que usam a política, partidos, eleitores, os analfabetos, ignorantes, desinformados e dependentes, para causas de poder pelo poder, causa própria, familiares e de grupos, causas partidárias, numa afronta aos resultados coletivos mínimos para uma comunidade. Acorda, Gaspar!
Herculano
17/08/2016 15:36
DILMA VAI AO SENADO, MAS EVIDENCIA O DESPREZO QUE TEM PELOS SENADORES. OU: A MELHOR PROPAGANDA ANTI-DILMA É DEIXÁ-LA FALAR, por Reinaldo Azevedo, de Veja.

Presidente afastada decidiu falar em sua defesa e aposta que vai conseguir encenar a farsa da mulher destemida contra uma tropa machista

Vai, Macunaíma, baixe aí: "Ai, que preguiça!"

Dilma é arrogante até quando tenta ser humilde. É truculenta até quando pretende posar de vítima. Que coisa mais sem jeito! Que coisa mais sem solução!

Em conversa com Natuza Nery, do Painel da Folha, ela diz que vai, sim, ao Senado se defender. E, segundo entendi, não vai impor como condição o silêncio dos senadores.

Quanta bondade!

Indagada se não teme a reação dura dos senadores, a Afastada deu a seguinte resposta:
"Se eles quiserem que o Brasil veja um show do tipo de 17 de abril (data da votação do processo de impeachment na Câmara)?

O que ela quis dizer com a frase?

Naquele dia, parte considerável da Câmara votou a favor do envio da denúncia para o Senado em nome da família, do papagaio, do sua categoria profissional etc. Houve, sim, momentos constrangedores.

Dilma, assim, diz o que pensa do Senado da República. É esta senhora que pretende voltar à Presidência. Isso explica muita coisa.

Também está claro que a Afastada pretende levar para o Senado a figura da militante política, da ex-torturada, daquela que teria lutado pela democracia. Não custa lembrar: os grupos aos quais ela pertenceu matavam inocentes em nome da causa.

Os petistas citam como referência uma ida sua ao Senado, ainda ministra, quando teria "destruído" o senador José Agripino (DEM-RN). O democrata fez então uma referência realmente infeliz ao tempo em que Dilma foi prisioneira política, que deu a ela a chance de posar de heroína.

Os tempos são outros.

Tudo indica que Dilma pretende desempenhar o papel da mulher destemida e mártir, obrigada a enfrentar o suposto machismo do Senado.

Meu conselho aos senadores? Lembrar o Paulo Francis sobre os comunistas: "A melhor propaganda anticomunista é deixar um comunista falar".

Assim, a melhor propaganda anti-Dilma é deixar Dilma falar.

Sozinha!
Herculano
17/08/2016 15:30
DICA DE INVASÕES, por Ruy Castro

A Justiça intimou a ex-primeira-dama dona Marisa e seu filho Lulinha a prestar esclarecimentos em Curitiba sobre o sítio de Atibaia e o tríplex em Guarujá, que duas empreiteiras insistiram em reformar e deixar nos trinques para o então presidente Lula e sua família - embora, como se sabe, o sítio e o tríplex não pertençam a Lula, e as muitas vezes em que eles estiveram lá para fiscalizar as obras fossem só para fins recreativos. Donde dona Marisa e Lulinha mandaram dizer que não têm o que esclarecer e ficarão em silêncio se um juiz impertinente lhes fizer perguntas.

A essa altura, a Odebrecht e a OAS já deram como perdidos os quase R$ 2 milhões que investiram nas reformas. E, como ninguém parece assumir o sítio e o tríplex que não são de Lula, esses imóveis bem poderiam ser invadidos pelos movimentos sociais. O sítio, por exemplo, não é produtivo, o que torna justa sua ocupação pelos critérios do MST (Movimento Sem Terra).

Posso imaginar os ônibus e caminhões do MST despejando seus militantes no sítio, e eles se esbaldando na churrasqueira, na piscina e nos pedalinhos do lago. Outros logo descobrirão a adega, com suas quase mil garrafas de vinho e cachaça, e o estoque de charutos cubanos, que não se sabe por que Fidel Castro mandava para Lula naquele endereço, já que Lula não morava lá. E é no sítio também que fica a "tranqueira", os presentes que Lula recebeu na Presidência e mandou guardar ali - que souvenirs para os invasores!

Já o tríplex deve estar na mira do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto). Afinal, como pode um apartamento como este, com cozinha planejada, elevador privativo e também piscina, continuar vazio enquanto famílias inteiras não têm onde morar?

E quem sabe Chico Buarque não fará uma visita e cantará "Apesar de você" para os ocupantes?
Herculano
17/08/2016 10:54
ISSO NÃO VAI ACABAR BEM II

Sobre a nota de mesmo título e publicado mais cedo e abaixo, recebi recados de candidatos me alertando de que esta anomalia na cabala de votos estaria acontecendo. A um deles, que preservo o nome, dei esta resposta.

Olá, bom dia!

Primeiro, eu duvido que isto esteja acontecendo. É só para incomodar os adversários. É do jogo.

Segundo. Se estiver acontecendo é crime e dá cassação da candidatura seja da majoritária ou da proporcional.

Terceiro. E se é crime há provas. E se há provas deve ser denunciado.

Quarto. Quem não denuncia, é tão criminoso, na minha opinião, quanto quem comete o crime, mas com uma diferença: o criminoso está em vantagem e o candidato calado, em desvantagem, e a sociedade refém dos dois pois nunca esta criminosa mudará.

Outra e para finalizar. Eu não vou fazer o papel dos candidatos prejudicados, nem dos comitês de campanha que fecham os olhos, nem dos eleitores indignados e denunciar essas irregularidades ao Ministério Público ou ao juizado eleitoral. Não vou ser o substituto do ato de cidadania de quem não quer ou se nega a exercê-lo para melhorar a sociedade e expurgar os bandidos da política. Não é a minha função neste processo. Eu olho a maré.

Mecanismos, há.

Ontem a noite, por exemplo, o Tribunal Superior Eleitoral liberou o aplicativo Pardal em todo o país. Diz a resolução: " O aplicativo Pardal é de uso gratuito e deve estar disponível nas lojas virtuais Google Play e Apple Store como aplicativo para dispositivos móveis de celular tipo smartphone e tablete". Ou seja: ferramentas e canais não faltam. Faltam então cidadãos dispostos ao exercício dos seus direitos.

abs
Herculano
17/08/2016 08:32
ISSO NÃO VAI ACABAR BEM

Tem candidato a vereador, espalhando por Gaspar, documentado na rede social, de que cada candidato a vereador da sua coligação estaria recebendo R$ 17 mil para a campanha, além do material gráfico e outros suportes de comunicação e logística.

1. Deve ser blefe, ou mentira.

2. Se for verdade, isto se configura crime pela nova lei eleitoral e deve ser denunciado com provas. Os infratores além de perderem a condição de candidatos, vão gastar muito mais para se defenderem.

3. Ora se cada coligação pode gastar no máximo R$134 mil com candidatos a prefeito, vice e vereadores, estes R$17 mil multiplicados por 20 vereadores da coligação, por exemplo, ultrapassariam em muito o dobro do permitido. Pior, não sobraria nada para a candidatura a prefeito e vice, que normalmente consome muito mais.

4. A legislação é nova e dura. O promotor e o juiz eleitorais novos. E os velhos caciques das eleições gasparenses estão testando os limites do novo cenário. Primeiro lançam balões de ensaios. Se eles não estourarem, lançam-se ao crime. Acorda, Gaspar!
Herculano
17/08/2016 08:06
COINCIDÊNCIAS, por Merval Pereira, para o jornal O Globo

Segundo Nelson Rodrigues, "Deus está nas coincidências". Sendo assim, a presidente afastada, Dilma Rousseff, deveria ficar atenta à coincidência acontecida ontem. No mesmo momento em que distribuía sua "carta aos brasileiros e aos senadores", o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki mandava abrir inquérito por obstrução de Justiça contra ela, que teria nomeado o ex-presidente Lula ministro-chefe da Casa Civil apenas para dar-lhe foro privilegiado e colocá-lo longe do alcance do juiz Sérgio Moro.

Além do mais, a presidente afastada teria participado de uma conspiração com seu líder, senador Delcídio do Amaral, para, em troca da nomeação, conseguir do ministro do STJ Marcelo Navarro decisão favorável a empreiteiros presos, especialmente Marcelo Odebrecht, que está fazendo delação premiada que incrimina Dilma.

Também ontem soube-se que Moro rejeitou o pedido da defesa de Lula, considerando-se apto a julgar as denúncias contra ele. Se seguisse o conselho de Lula, Dilma não escreveria carta nenhuma. Se seguisse o pensamento do presidente do PT, Rui Falcão, não insistiria na tese da convocação de um plebiscito para tratar de novas eleições presidenciais.

Por ser uma não solução, pois não está a seu alcance a convocação de eleições presidenciais fora do tempo, é uma promessa vazia, das muitas que Dilma já fez. Como dependeria de uma combinação com o presidente interino, Michel Temer, o que está fora de cogitações do líder do PMDB, é inviável. E, como a Constituição só prevê nova eleição presidencial caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) casse a chapa dos dois, Dilma não tem nada a ver com isso, não podendo, portanto, apresentar uma proposta que não lhe diz respeito.

Além do mais, a presidente afastada insiste na tese do golpe caso o impeachment seja decretado pelo Senado, o que é um caminho de contestação já superado pelos fatos políticos em curso. As delações premiadas que vão revelando o verdadeiro papel da presidente afastada no esquema de corrupção que cercou sua campanha presidencial e seu governo tiram-lhe qualquer possibilidade de se dizer "uma mulher honesta", pois, pelo que se sabe até agora, nunca recebeu mesmo dinheiro no exterior e nem tem conta não declarada, como reafirma em sua carta, mas é acusada de ter feito "o diabo", inclusive atos ilegais de corrupção, para se reeleger.

Dizer que recebe as críticas com humildade, sem elencá-las nem dizer textualmente o que fez de errado que mereceria mudanças de rumo em uma segunda chance, é pura retórica, como costumava fazer em tempos de crise. Convocar um plebiscito sobre reforma política, por exemplo, foi uma das medidas que anunciou em pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão em 2013, quando foi surpreendida por manifestações gigantescas contra seu governo.

Fazer um pacto nacional foi outra proposta que lançou ao vento em muitas dessas ocasiões, para depois esquecer. Não parece possível a Dilma vislumbrar uma vida política a partir de setembro próximo, pois, além de perder seus direitos políticos depois de impedida definitivamente, vai ser alvo de ações da Justiça em diversos níveis, e sem a proteção do foro privilegiado.

Não há promessa de diálogo que seja crível nos meios políticos, e sua presença na sessão de julgamento só fará a situação piorar. Ela teria que ouvir de corpo presente as críticas, inclusive daqueles que até ontem estavam do seu lado.

Assim como o presidente interino, Michel Temer, não quer ir ao encerramento da Olimpíada para não ouvir mais vaias, também Dilma não deve ir ao Senado para não ouvir as críticas duras que teria pela frente, vaias reais e metafóricas que selarão sua presença extemporânea na História política brasileira.
Herculano
17/08/2016 08:01
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Começa hoje a noite no auditório da Câmara de Gaspar, o Seminário que marca os 10 anos da Lei Maria da Penha. O evento será aberto oficialmente às sete horas da noite e vai se prolongar amanhã e sexta-feira
Herculano
17/08/2016 07:57
ELOGIO DA TRAIÇÃO, por Carlos Brickmann

Edição dos jornais de Quarta-Feira, 17 de agosto
Eles sabem dos segredos, e sabem usá-los. Delcídio traiu seus amigos, tanto tucanos (quando mudou de partido), quanto petistas (quando ficou no partido e revelou seus segredos). OAS e Odebrecht traíram seus aliados que, por módicos pixulecos, lhes permitiam ganhar as concorrências que quisessem, cobrando quanto quisessem. E traíram o companheiro Lula.

Comenta-se que Marcelo Odebrecht, em sua esperadíssima delação premiada, equilibrará a traição aos partidos governistas traindo o chanceler José Serra, tucano. Compensação? Não: a base governista traiu Dilma e se transformou rapidamente em núcleo da oposição, base do impeachment da presidenta politicamenta agonizanta - que, por sua vez, traiu José Dirceu, seu "companheiro de armas", abandonando-o na hora das dificuldades.

Há os que, por enquanto, escaparam. Como Pedro Corrêa, envolvido em todas as investigações. Mas Corrêa não pode (ainda) ser traído. Ele (ainda) não contou tudo, e ainda tem muita coisa a delatar. Renan não viu a consumação da traição, mas sabe que o procurador-geral Janot, cuja aprovação para o cargo ele tornou possível, está no seu rastro. E, esperto, cheio de truques, o mais traído de todos: Eduardo Cunha, que comandou o impeachment de Dilma. Executada a tarefa, os chefões decidiram livrar-se dele. Ainda não o liquidaram, mas já não é o poderoso Eduardo Cunha de antes. Como Dilma, é um político decadente aguardando o fim de carreira.

Trair é feio. Mude-se o nome para "colaborar". E temos nossos heróis.

TRAÍDA E ABANDONADA

Na verdade, quem sofreu as maiores traições foi Marisa Letícia, esposa de Lula. Acostumou-se a tratar os empreiteiros como amigos, como gente da casa (ou do apartamento que nem é dela). Lula sempre soube que, em política, amigo é amigo enquanto é útil. Marisa Letícia achava que amigo é para bons e maus momentos. E não é que foi delatada, com documentos e fotos, por aqueles que julgava, mais que seus amigos, amigos da família?
Herculano
17/08/2016 07:56
ME DÁ UM DINHEIRO AI, por Carlos Brickmann

No festival de deduragem de amigos e colaboradores, algo pitoresco: há empreiteiras, que pensavam ser as senhoras da distribuição do dinheiro, que só agora descobriram estar sendo discretamente ordenhadas por seu próprio pessoal. Encarregados da distribuição de pixulecos e acarajés pediam aos beneficiários uma parte, para uso próprio. O dinheiro do superfaturamento, que se transformava em propina para gerar mais superfaturamentos, vazava como lubrificante de negócios.

Reza a sabedoria popular: "Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é ingênuo ou não entende da arte".

DILMA ESCREVE

Não dê importância aos primeiros comentários de senadores sobre a carta-testamento que lhes enviou Dilma Rousseff. Serão comentários superficiais, mais baseados na posição política de cada um do que no que diz realmente a carta. Os comentários aprofundados virão mais tarde, quando os senadores mais atilados, mais afeitos ao estudo de textos, conseguirem entender o que é que a presidente impichada quis dizer, em sua linguagem peculiar, naquelas mal traçadas linhas.

TRABALHO...

O Congresso entra agora em recesso branco, uma longa folga extraordinária, para que Suas Excelências possam se dedicar às próximas eleições municipais, em outubro. Dos 513 deputados, 29 são candidatos; dos 81 senadores, dois disputam as eleições. A carreira política de 5% dos senhores parlamentares faz com que o Congresso Nacional inteirinho paralise suas atividades, bem no momento em que se discutem os cortes no Orçamento - e, portanto, o caminho que o Brasil irá seguir.

Só relembrando, o Parlamento foi criado na Inglaterra, há quase mil anos, com a função específica de votar o orçamento e vigiar as despesas da Casa Real.

...CANSA

Juntando a pouca disposição para o trabalho das Excelências congressistas com a política econômica de Temer, temos o seguinte resultado: a previsão do mercado é de que a dívida líquida do Governo Federal chegue, no final do ano que vem, a 49,05% do PIB, Produto Interno Bruto (o que aumenta o custo dos financiamentos externos, entre outras consequências). A previsão é pior do que a do fim do Governo Dilma, 47%. E põe a equipe econômica de Dilma acima da de Temer.

BOA NOTÍCIA

A esfola ocorre em março: por lei, todo assalariado, seja ou não sindicalizado, tem que destinar um dia de salário para o sindicato. Com isso, o sindicato não precisa atrair novos membros, porque a verba está garantida. Isso pode acabar amanhã: o TST julga pedido do Sindicato dos Trabalhadores em Energia Elétrica de Campinas, que quer renunciar à sua parte da contribuição sindical obrigatória.

Se der certo, é bom para todos.
Herculano
17/08/2016 07:42
PETISTAS ATACAM LEIS SANCIONADAS POR DILMA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Perdido como cão em dia de mudança, o PT destacou dois gaúchos para atacar leis sancionadas por Dilma, a presidente ré. Paulo Paim saiu em defesa de um "sem-terra", preso em 31 de maio com base na Lei Antiterrorismo, criticando-a por "criminalizar movimentos sociais". Paulo Pimenta se rebelou contra outra lei, de Dilma, incorporando a regra olímpica de impedir manifestações políticas durante os Jogos.

DILMA APROVA
A lei antiterrorismo aprovada no Senado e na Câmara foi proposta pelo Poder Executivo, com Dilma na presidência. E sancionada em março.

MARCO
A prisão do líder "sem-terra" José Valdir Misnerovicz, em Aparecida de Goiânia (GO), é considerada um marco contra a violência no campo.

SO FACTOIDE
O petista Paulo Pimenta pediu ao MPF "providências" contra a lei que restringe manifestações, também proposta e sancionada por Dilma.

SUPREMO CONFIRMOU
A restrição a manifestações foi confirmada pelo Supremo Tribunal em 2014, quando o PSDB reclamou de artigo idêntico na Lei da Copa.

LULA MENTIU SOBRE CONVITE À ABERTURA DOS JOGOS
O ex-presidente Lula contou uma mentira, segunda (15), ao afirmar se sentir como o personagem do filme "Esqueceram de mim", por não ter sido convidado à cerimônia de abertura dos Jogos Rio 2016. A piada é boa, mas mentirosa: ele não apenas foi convidado, e por escrito, pelo Comitê Organizador, como confirmou presença na cerimônia. Depois desistiu, alegando que só iria se Dilma, a presidente ré, também fosse.

CONVITE CONFIRMADO
Fonte do Comitê Organizador confirma o convite a Lula e sua resposta positiva, e também aos demais ex-presidentes. Todos declinaram.

LOROTA PARA QUEM GOSTA
Lula contou a mentira durante discurso em ato da CUT, em Santo André (SP), só para dizer que não haveria olimpíada "se não fosse eu".

DILMA E MAIS 16
No convite a Dilma, também por escrito, foram disponibilizados mais 16 lugares, para o caso de ela levar familiares, amigos e ex-auxiliares.

SOMOS MELHORES, EIS A QUESTÃO
O "complexo de vira-latas", que o Brasil superou na Copa de 1958, voltou nas críticas à torcida nos Jogos 2016. Criticam exatamente o que nós brasileiros temos de melhor: somos calorosos, afetuosos, alegres, espontâneos, autênticos. Somos melhores, simples assim.

ARACILBA PRESIDENTE
O Palácio do Planalto bateu o martelo: a paraibana Aracilba Alves Rocha, muito conceituada no setor, vai assumir a presidência da Norte Energia, estatal sob a qual ficará a gestão da usina de Belo Monte.

LULA ACIMA DA LEI
O clã Lula da Silva se acha acima da lei. Desta vez foi Marisa, mulher do ex-presidente, e seu filho Lulinha que tiveram a ousadia de ignorar intimação para depor na Polícia Federal sobre suspeitas de corrupção.

É PURA PROVOCAÇÃO
Ninguém tem o direito de desobedecer intimação policial. Ignorando-a, a mulher e o filho de Lula estão fazendo uma provocação, desafiando a PF e a Justiça a cumprir a lei, levando-os para depor na marra.

LIXO COMO DESTINO
Senadores começaram a receber publicação "A resistência ao golpe de 2016", de um tal Instituto da Classe Trabalhadora, com 425 páginas. Quase todos os exemplares foram parar na lata de lixo do Senado.

SEMPRE PETISTA
Tem gente achando que Cândido Vaccarezza está a serviço do PT, deixando o partido para apoiar Celso Russomano (PSD) à prefeitura paulistana. Afinal, apoio de investigado não é sonho de consumo.

FORA DA FOTO
O ex-ministro José Eduardo Cardozo, que defendia a retirada da expressão "golpe" na pífia carta de Dilma, não esteve na coletiva em que ela apresentou o documento.

OURO NO PRECONCEITO
Prata no salto com vara, o francês Renaud Lavillenie procurou culpados pela própria derrota para o brasileiro Thiago Braz, até insultou os brasileiros. Mas foi ele quem não conseguiu saltar o suficiente.

PENSANDO BEM...
...final contra os franceses é ouro na certa.
Herculano
17/08/2016 07:36
GOSTO PELO MONOLOGO LEVOU DILMA AO PONTO ONDE ESTÁ, por Elio Gaspari, para os jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Dilma Rousseff leu sua carta ao povo diante de jornalistas, mas não aceitou perguntas. Ela gostaria de ir ao Senado para apresentar a sua defesa, mas não quer perguntas. Foi esse gosto pelo monólogo que a levou ao ponto onde está. Mesmo assim, há monólogos que ilustram. Esse não foi a caso da carta lida nesta terça (16).

Quando a senhora e o PT não sabiam o que fazer, propunham um pacto. Assim foi em 2013, quando os brasileiros foram para rua. Ela ofereceu cinco pactos e mudou de assunto semanas depois. Ontem, novamente, ofereceu um "pacto pela unidade, pelo desenvolvimento e pela justiça". Quando pactos não rendem, surge a carta do plebiscito, e Dilma voltou a tirá-la da manga. Sugeriu a realização de um plebiscito "sobre a realização antecipada de eleições, bem como sobre a reforma política e eleitoral".

A reforma política é necessária e não precisa de plebiscito, mas é o caso de se lembrar que tipo de reforma era defendida pelo seu partido. O PT queria, e quase conseguiu, a instituição do voto de lista. Ela confiscaria o direito do eleitor de votar no candidato de sua escolha. Esse poder iria sobretudo para as direções partidárias. (O PT teve dois ex-presidentes e três ex-tesoureiros encarcerados.)

Dilma e o PT revelaram-se intelectualmente exaustos. Tiveram em Eduardo Cunha um aliado, um cúmplice e, finalmente, um inimigo. Nem ela nem o PT conseguiram dar apoio à Operação Lava Jato. Ambos foram ostensivos críticos do instituto da colaboração premiada. Sem ela, a Lava Jato estaria no ralo.

A um passo das cenas finais de sua carreira política, a presidente diz platitudes como esta: "É fundamental a continuidade da luta contra a corrupção. Este é um compromisso inegociável. Não aceitaremos qualquer pacto em favor da impunidade".

A presidente arruinou a economia do país pulando do galho das "campeãs nacionais" para as "mãos de tesoura" de Joaquim Levy, e dele para o breve mandarinato de Nelson Barbosa. Teve em Michel Temer um parceiro de chapa, um articulador político, e finalmente, um inimigo a quem chama de usurpador.

Num episódio raro, a carta de Dilma se parece mais com o programa de um governo que, tendo existido, deixou de existir, mas persiste, vagando tal qual alma penada.

Sua carta aos senadores poderia ter sido diferente na extensão e no conteúdo. Por decisão dela e de seu bunker do Palácio do Planalto, foi um documento empolado no estilo e catastrófico na essência. Ele não seria capaz de mudar votos no plenário do Senado, que baixará a lâmina sobre seu mandato. Poderia ter motivado pessoas que aceitam parte de seus argumentos contra o processo de impeachment. Se ele não tiver esse efeito, isso refletirá a exaustão política do petismo e do dilmismo (se é que isso existe).

A presidente afastada vive seus últimos dias de poder na redoma do Alvorada, transformado em magnífico calabouço. Lá espera o automóvel que a conduzirá ao aeroporto. Poderia ter sido diferente, se ela e o PT tivessem entendido que estar no poder não significa poder fazer o que se queira. Algum dia essa ficha haverá de cair.
Herculano
17/08/2016 07:27
RESPOSTA DE MORO A ADVOGADOS EXIBE TEMPESTADE JUDICIAL QUE ESPREITA LULA, por Josias de Souza

Num despacho de seis folhas, Sérgio Moro esboçou para os advogados de Lula os raios e trovoadas que a força-tarefa de Curitiba fará descer sobre a cabeça do cliente ilustre. Lendo-se o texto do juiz da Lava Jato depreende-se que Lula é tratado pelo Ministério Público Federal como "arquiteto" do esquema criminoso que assaltou a Petrobras e beneficiário do produto do roubo.

Divulgada nesta segunda-feira (16), a manifestação de Moro foi redigida em resposta a três petições da defesa de Lula. Nelas, os advogados do pajé do PT pediam que o juiz se declarasse incompetente para atuar nos inquéritos abertos contra Lula. Alegaram que os fatos sob investigação ocorreram em São Paulo e não têm nada a ver com a Lava Jato. Nessa versão, a competência para julgá-los seria da Justiça Estadual paulista, não de uma vara federal da comarca de Curitiba.

Moro esclareceu que as dúvidas relacionadas ao tríplex do Guarujá, ao sítio de Atibaia, às reformas feitas nas duas propriedades e às palestras milionárias de Lula estão, sim, vinculadas ao escândalo da Petrobras. O juiz escorou sua resposta em dados que havia solicitado aos procuradores da Lava Jato.

O magistrado anotou que a linha de investigação seguida pelo Ministério Público Federal "é a de que o ex-presidente teria responsabilidade criminal direta pelo esquema criminoso que vitimou a Petrobrás e que as supostas benesses por ele recebidas - doação simulada de apartamento, benfeitorias no sítio e no apartamento e remuneração extraordinária das palestras - estariam vinculadas a ele, representando vantagem indevida auferida pelo ex-presidente."

Repetindo: para os procuradores da Lava Jato, a tese do "eu não sabia" é falsa como nota de três reais. Avaliam que Lula é o cérebro da organização criminosa que praticou a roubalheira. Mais: acreditam que ele extraiu do esquema os confortos que o transformaram em protagonista de inquéritos policiais.

Se quiserem, esclareceu Moro, os defensores de Lula podem insistir na tese segundo a qual as suspeitas de ocultação de patrimônio e de recebimento de favores monetários de empreiteiras como a Odebrecht e a OAS não têm nada a ver com a petrogatunagem. Mas terão de aguardar pela apresentação da denúncia da Procuradoria e pela eventual conversão de Lula em réu.

É nessa hora, lecionou Moro, que os advogados poderão questionar a competência do juiz para atuar no caso. São escassas as chances de obterem êxito. Até aqui, informou Moro, a "hipótese investigatória" que envolve Lula no escândalo é suficiente para manter o caso em Curitiba, sob seus cuidados.

Moro recordou que os inquéritos que apuram os crimes imputados a Lula foram remetidos ao Supremo Tribunal Federal quando o personagem foi nomeado chefe da Casa Civil, sob Dilma. Lembrou também que os processos lhe foram devolvidos depois que Lula perdeu o cargo e, com ele, o foro privilegiado do STF.

A devolução dos autos para Curitiba, acredita Moro, indica "o posicionamento daquela Suprema Corte quanto à competência deste Juízo para os crimes investigados e processados no âmbito do esquema criminoso que vitimou a Petrobrás."

Quer dizer: Moro não tem a mais remota intenção de abdicar da análise das denúncias que serão formuladas contra Lula. Não abre mão de decidir se o ex-soberano deve ou não sentar-se no banco dos réus. Tampouco cogita passar adiante a tarefa de julgá-lo, sentenciando-o se for o caso.

Moro enfatizou: "Se o Ministério Público Federal trabalha com a hipótese de investigação de que o ex-presidente seria responsável por esses crimes, por deliberadamente ter autorizado que fossem pagas e dividadas propinas em contratos da Petrobrás com agentes da estatal, agentes políticos e partidos políticos, a competência para o processo e julgamento é deste Juízo?"

O magistrado insistiu: "Enfim, a hipótese investigatória [?] de que o ex-presidente seria o arquiteto do esquema criminoso que vitimou a Petrobrás e que, nessa condição, teria recebido, dissimuladamente, vantagem indevida, define a competência deste Juízo?" Como se vê, é grande a tempestade que está prestes a desabar sobre a cabeça de Lula. Confirmando-se a deposição de Dilma, ela entrará na fila.
Paty Farias
16/08/2016 19:41
Oi, Herculano

"Os auditores do Tribunal de Contas da União que listaram 4.564 ítens que sumiram da presidência durante os governos Lula e Dilma Roussef, não conseguiram achar estes dois presentes recebidos pela ex-presidente:

- Um mimo entregue pelo governo da China, tudo por ocasião da visita de Dilma a Pequim, 2014.
- O vaso de prcelana francesa presenteado pelo presidente François Hollande.

O decreto 4.344/2002, deixa claro que não são considerados de propriedade pessoal do presidente os presentes recebidos em situações caracterizadas oficialmente como 'cerimônia de troca de presentes'.

Lula e Dilma deixaram de registrar como patrimônio da União alguma coisa como 716 presentes recebidos oficialmente.

Lula recebeu 568 mimos oficiais e só registrou nove, 1,58%, enquanto que Dilma recebeu 163 e só registrou seis.

O resto, o gato comeu."
Postado por Polibio Braga

A briga entre os dois para ver quem é o maior ladrão é tão apertada quanto o buraco de uma agulha.
Herculano
16/08/2016 19:29
ILHOTA EM CHAMAS. EXCLUSIVO. A CÂMARA AFASTA O PREFEITO DANIEL CHRISTIAN BOSI,PSD.

Abaixo a resolução que vai iniciar mais uma longa e desgastante batalha jurídica entre a Câmara e o Executivo. Além da baixa popularidade, esta também foi uma das causas que fez o prefeito Bosi desistir da reeleição.

RESOLUÇÃO DA MESA DIRETORA Nº 10/2016.

A Mesa Diretora da Câmara Municipal de Ilhota, no uso de suas atribuições, com fundamento nos artigos 33, VIII, "e", e 45, V e X, do Regimento Interno da Câmara Municipal de Ilhota combinados com o artigo 75, § 7º da Lei Orgânica do Município de Ilhota, resolve:

Considerando que o Tribunal de Justiça de Santa Catarina em Acórdão publicado no Diário de Justiça nº 2414 de 15 de agosto de 2016, p. 214/215 (processo nº 9144566-21.2015.8.24.0000), declarou o acatamento e recebimento da Denúncia promovida pela Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público de Santa Catarina, em face do Sr. Daniel Christian Bosi, Prefeito Municipal de Ilhota, imputando-lhe, em tese, a prática de crimes de responsabilidades e infração penal comum, resultado na Ação Civil Pública nº 0900043-66.2015.8.24.0025.

Considerando o disposto no artigo 75, § 7º da Lei Orgânica do Município de Ilhota, que prescreve a suspensão e o afastamento das funções de Prefeito Municipal, em caso de recebimento de denúncia pelo Tribunal de Justiça até o prazo de 180 (cento e oitenta dias).

RESOLVE

Artigo 1º. Determinar o afastamento do SR. DANIEL CHRISTIAN BOSI do cargo de Prefeito Municipal de Ilhota pelo prazo de até 180 (cento e oitenta) dias, contados da publicação da presente Resolução.

Artigo 2º. Declarar investido no cargo de Prefeito Municipal de Ilhota o SR. LAURI ARMINDO ADÃO JUNIOR, Vice-Prefeito de Ilhota, a quem se confere as prerrogativas e responsabilidades inerentes ao cargo de Prefeito Municipal, enquanto perdurar o afastamento do titular.

Artigo 3º. Dê-se ciência da presente Resolução ao Juízo e Ministério Público Eleitoral da Comarca de Gaspar e demais autoridades competentes.

Artigo 4º. Determina a publicação da presente Resolução na forma do que dispõe o art. 86, § 1º do Regimento Interno da Câmara Municipal de Ilhota e em jornal de grande circulação para que surta os seus devidos efeitos.

Plenário Prefeito Ricardo Koelher, em 16 de agosto de 2016.


ALMIR ANÍBAL DE SOUZA, presidente ROBERTO PREBIANCA, vice-presidente
PAULO ROBERTO DRUN, primeiro secretário e
LAVINO MIGUEL NUNES, segundo secretário
Herculano
16/08/2016 19:08
da série: uma aposta de risco ou um blefe. No primeiro ele pode cair do cavalo, no segundo o cavalo vai cair sobre ele se não houver o quórum anunciado e desejado.

MAIA PREVÊ QUORUM DE 460 PARA CASSAR CUNHA, por Josias de Souza

Rodrigo Maia, presidente da Câmara, disse que marcou para 12 de setembro o encontro de Eduardo Cunha com a guilhotina porque "a data tem sua racionalidade". Absteve-se de explicar suas razões. Limitou-se a dizer que haverá quórum alto nos primeiros dias do mês que vem, em plena campanha municipal. Chutando para o alto, estimou a presença de 460 dos 511 deputados.

"Vai ter quorum todos os dias'', disse Maia. "A data está marcada. Vocês pediram a data e a data foi marcada. A data tem a racionalidade dela e corresponde ao que a sociedade espera, que esse processo possa estar encerrado antes do processo eleitoral."

Se você reparar bem, não há mesmo razões para pessimismo. Cunha carrega no bolso algo como 200 deputados, que têm uma oportunidade única para exibir alguma altivez. Os segredos de Cunha metem medo até no Planalto, que certamente não desperdiçará a chance de provar que o chantagista blefa. Em dias como o 12 de setembro, uma segunda-feira, a Câmara costuma ficar às moscas, o que oferece a Rodrigo Maia a oportunidade para operar o milagre de transformar vácuo em votos
Herculano
16/08/2016 19:03
PRESOS SE REBELAM NA NOVA PENITENCIÁRIA DE BLUMENAU. PREFEREM A ESB?"RNIA DA VELHA CADEIA ONDE MANDAVAM E "DENUNCIAVAM" A OMISSÃO DO ESTADO VIA OS SEUS INTERLOCUTORES ESPECIALIZADOS, POLÍTICOS E INTELECTUALIZADOS MUITOS DELES INFLUENTES NA IMPRENSA PARA A CAUSA

A notícia correu logo. E de imediato estava lá a imprensa pautada - a mesma que diz não ter gente para as outras coberturas com a mesma curiosidade jornalística - na frente da nova penitenciária de Blumenau, que fica ali na divisa de Gaspar no Belchior Baixo. Tudo para registrar mais esta discriminação e atos desumanos do estado contra os indefesos presidiários.

Mas, a juíza corregedora da Penitenciária Industrial de Blumenau, Jussara Wandscheer, tratou de imediatamente por os pingos nos iis, desagradando as Ongs, os intelectuais, candidatos políticos que estão atrás de votos dos familiares dos condenados e de parte da imprensa.

Esclareceu a doutora Jussara - e não foi contestada, nem pelos grupos de pressão ou imprensa pautada - que os presos transferidos do cadeião para a nova penitenciária, demonstram insatisfação com os procedimentos e regras da unidade. Ou seja, lei, regra continuam sendo problema para os presos e causa para os que os defendem, não apenas nos processos para os quais são nomeados ou contratados.

Pela manhã, o Departamento de Administração Prisional (Deap) registrou o primeiro tumulto desde que a penitenciária começou a receber presos, há cerca de 90 dias. Quatro presos tiveram ferimentos. Erra quem acha que este assunto está resolvido. Vai piorar. Ao cidadão apenas a obrigação: o pagamento de impostos para sustentar um sistema viciado que não recupera ninguém.
Herculano
16/08/2016 18:48
A VIDA É DE DIREITA, por Arnaldo Jabor, para o jornal O Globo

Parte 1

"A primeira vez que vi a luz foi num botequim, tomando um cafezinho com o chefe teórico de minha base no Partido Comunista, um excelente stalinista com um nariz inchado em 'couve-flor'. Ele me disse a frase decisiva: 'O comunista não morre. Só quem morre é o indivíduo iludido. O comunista se sabe um ser social. Ele faz parte de uma coisa maior, logo, comunista não morre'.

E eu, emocionado, sonhei com a vida eterna. Vi a luz. A partir daí, eu era parte de um processo histórico inelutável, muito mais importante que meus anseios burgueses.

Mas, confesso que, para atingir a verdade ideológica, percorri um labirinto de dúvidas. Desviei-me da pequena burguesia, evitei as teses reacionárias dos socialdemocratas.

A fé entrou em mim como uma água santa. Um batismo. Contra todos os obstáculos, chegaríamos ao futuro. Mesmo os erros nos levariam a um acerto final, como ensina a dialética materialista.

Daí para frente vivi com fé e força. Minha vida seria salvar o Brasil. Quando conquistamos o poder com Lula eu pensei: vamos fazer agora o que não conseguimos em 63. Agora é o trem em direção ao fim da história, ao paraíso social.

No entanto, hoje exalo uma cava depressão, à beira do impeachment de nossa presidenta! Que horror esse golpe!... A direita neoliberal imperialista burguesa, a oligarquia alienada e aliada à mídia conservadora, conseguiram destruir nosso grande projeto histórico.

Não viemos para essa piadinha de 'democracia representativa', não; a gente tomou o poder para mudar o Estado.

Em 2010, o presidente seria o Dirceu, mas a direita conseguiu expulsar nosso guerreiro do povo. Que pena... Fomos tão sérios em nosso projeto, fizemos tudo certo, sempre seguimos a 'linha justa,' sempre soubemos usar os meios para nossos fins. Os inimigos dizem que os fins não justificam os meios, mas nós ?" vamos botar a bola no chão, amigo leitor ?", nós somos pessoas especiais, superiores mesmo à estupidez geral das classes médias, essa gente horrenda, burra, que deveria ser apunhalada ou enterrada viva, como bem disseram dois professores de São Paulo e Rio. Fins justificam meios sim. Por exemplo, dizem que roubamos, mas nunca usamos essa palavra. Sim, 'desapropriamos' empresas burguesas para montar nosso pecúlio para o socialismo bolivariano.

Alguns neoliberais dirão: 'E a Petrobras?'. Muito simples. A Petrobras é uma empresa do povo brasileiro, e seu capital pode ser usado para o bem do mesmo povo. Foi tudo dentro de um projeto progressista.

Por exemplo, qual o problema de comprar a refinaria de Pasadena, no Texas (apelidada de 'lata velha' rs, rs), por um preço 30 vezes maior do que valia? 800 milhões de dólares não foram desviados por acaso; nossa presidenta fez olhos de cabra cega para o memorando do Cerveró porque essa grana seria para vencermos a luta entre opressores e oprimidos. Só a luta de classes nos explica.
Herculano
16/08/2016 18:47
A VIDA É DE DIREITA, por Arnaldo Jabor, para o jornal O Globo

Parte 2

Agora, está na moda uma visão crítica do patrimonialismo brasileiro, invenção daqueles revisionistas Sérgio Buarque e Gilberto Freyre. Quiseram explicar o Brasil por complexidades sociais e psicológicas. Mas, onde está a opressão, a injustiça que tanto gostamos de lembrar e de sofrer? Eles já estão sendo denunciados por nossos intelectuais. Criticar a injustiça nos enobrece.

Vejam aquela festa de abertura da Olimpíada, por exemplo. Foi uma coisa sórdida embelezar nossa vida, sob aquela ladainha política de 'país tropical', abençoado por Deus.

O show uniu a favela e o asfalto, numa falsa conciliação multicultural, mas no fundo para silenciar nossas contradições e a violência dos conflitos. Dizem que foi belíssima a apresentação para 3 bilhões de pessoas no planeta, mas não me deixo enganar: a beleza pode ser reacionária. Foi um show de direita, para uma Olimpíada reacionária.

Não vi nenhum jogo, a não ser da Venezuela e Coreia do Norte, bastiões de defesa contra o imperialismo norte-americano, que será destruído. Os sinais estão no ar.

Acho até bom que o Trump seja eleito presidente dos Estados Unidos ?" aí... Fode tudo logo e arrasa aqueles gringos, responsáveis por nossa desgraça. O próprio Estado Islâmico é culpa dos americanos; são a consequência do imperialismo na Ásia.

Ouso dizer mesmo que todo o desmanche que aconteceu com o Brasil teve um lado, digamos, 'progressista'. Desorganizou a oligarquia capitalista, uma coisa que é sempre boa. Temos de avacalhar o capitalismo, mesmo sem ter o que botar no lugar.

Fizemos muito pelo povo, mas agora fomos barrados pela direita mais sórdida: os fascistas que só pensam em equilibrar as contas do país. Mas, que contas? Estávamos no poder, e resolvemos distribuir grana para o povo porque o apoio popular era mais importante que uma contabilidade certinha de armazém. Chávez quebrou a Venezuela, mas, como um passarinho no ouvido do Maduro, detém o poder com ajuda de juízes e militares dominados.

Talvez nosso maior erro, como disse brilhantemente a direção do PT, foi não termos nos aproximado mais dos militares.

Fico olhando o povo. É minha única delícia ainda. Amo sua ignorância, sua simplicidade, sua obediência fácil. Sou um homem bom. E hoje minha consciência está tranquila. Sempre lutei pelo povo, mas sobretudo por minha própria boa consciência. A pobreza seria nossa bússola para salvar a sociedade. Um grande Estado regulando tudo e nosso povo pobre, mesmo analfabeto, mas todo arrumadinho, regido por um Comitê Central esclarecido.

Claro que minha vida pessoal melhorou com algumas sobras de campanha, caixas dois etc. Menti sobre isso sim; mas, que que tem mentir? São mentiras revolucionárias. Mas estou muito triste porque esse sonho ficou impossível. Eles, os neoliberais, os cães capitalistas desfizeram todas nossas grandes obras. A vida social hoje é um caos, sem a tranquilidade do ritmo socialista de viver. Chego a ter inveja da vida arrumadinha da Coreia do Norte. Não aceito a vida como ela é hoje no Ocidente. O presente não presta; só existe o futuro. O certo está no avesso de tudo. A vida é de direita."
Herculano
16/08/2016 18:44
ESTADO DE DIREITO NÃO DEVE PERMITIR A EXIBIÇÃO PÚBLICA DE MULHERES-MÚMIAS,por João Pereira Coutinho, escritor e sociólogo português, para o jornal Folha de S. Paulo

1. Caminho pelo centro de Londres. Várias mulheres de burca passam por mim. Como sempre, sinto desconforto físico e moral.

Essas coisas não se sentem, dizem. Nem se escrevem. Que direito tenho eu de impor um código de vestuário sobre terceiros?

Admito: nenhum. Mas quando vejo uma mulher transformada em múmia, não penso em mim. Penso nela. Aquilo é uma escolha pessoal? Ou, na esmagadora maioria dos casos, uma forma de submissão ao poder masculino?

As mulheres caminham integralmente cobertas, repito. Mas o homem avança na frente, expressão pública e visível do lugar que a mulher ocupa na hierarquia dos sexos.

É também por isso que concordo com a proibição de burcas ou véus integrais no espaço público europeu - já acontece na França; há debate na Alemanha. Primeiro, porque é uma forma de respeito pelos outros: viver nas sociedades ocidentais significa partilhar um código mínimo de valores ou comportamentos.

E, como já escrevi nesta Folha, se eu não ando nu pelas ruas (apesar da minha costela panteísta), agradeço que os outros não andem tapados da cabeça aos pés.

Mas a proibição é também uma forma de respeito pelas mulheres. Excetuando casos extremos, defendo que o Estado não entre na casa dos cidadãos. Que o mesmo é dizer: se uma mulher deseja estar integralmente vestida ou despida entre quatro paredes, problema dela.

Coisa diferente é falar do mundo que existe fora das quatro paredes.

Será que um Estado de Direito deve permitir a exibição pública de uma mulher encerrada em presídios de tecido? Ou deve declarar, em alto e bom som, que não há qualquer tolerância para essas manifestações de brutalidade masculina?

Claro que alguns crentes afirmam o oposto: brutalidade é remover a burca e o véu integral sem respeitar "culturas diferentes". Engraçado: eu julgava que a violência sobre as mulheres não era uma "cultura" digna de respeito entre pessoas civilizadas.

E, já agora, relembro aos multiculturalistas que o Ocidente também é uma "cultura diferente". Por que motivo a "tolerância" perante a diferença se aplica aos outros ?"mas não a nós?

Seja como for, só posso aconselhar às brigadas a leitura da história que o "Daily Telegraph" publica sobre a libertação da cidade síria de Manbij.

Foram dois anos sob as garras do chamado "Estado Islâmico". A libertação chegou com as tropas americanas. E quando as mulheres viram os soldados entrarem na cidade, o que fizeram? Rasgaram as burcas e, para festejar, fumaram cigarros.

Admito que essas duas ações - rasgar burcas, fumar cigarros - possam ofender multiculturalistas e higienistas em partes iguais. Mas quando vejo uma mulher de burca nas ruas de Londres, é também essa a minha vontade: convidá-la a sair da masmorra e oferecer-lhe um cigarro para comemorar.

2. Estreou no Brasil "Amor & Amizade", o mais recente filme de Whit Stillman. Prometo escrever em breve sobre o assunto. Merece. Primeiro, porque Stillman filma pouco mas filma barbaramente bem (conheci-o com "Metropolitan" e virei cliente). Depois, porque o diretor pegou uma novela "menor" de Jane Austen ("Lady Susan") e acertou no essencial: a cínica misoginia de Jane Austen.

Essa verdade não cai bem em certas fãs da escritora, que veem em Austen uma espécie de feminista "avant la lettre". Não era. Os homens, na prosa dela, podem ser tontos ou vulgares. Mas as mulheres, exceções à parte, são retratadas como seres gananciosos ou reptilianos. Só uma mulher poderia escrever assim sobre as outras mulheres.

E o que é válido para a literatura, é válido para o desporto. Leio na "The Economist" que a Universidade Harvard estudou "padrões de reconciliação" entre homens vs. homens e mulheres vs. mulheres depois de jogos "confrontacionais" (tênis, ping-pong, badminton, boxe).

Conclusão: quando o confronto termina, os homens têm mais contato físico (cumprimentos, abraços, palmadas nas costas etc.) do que as mulheres. As donzelas, com má cara, despacham o assunto rapidamente.

Como explicar a diferença? Os antropólogos de Harvard não sabem. Um pouco de Jane Austen talvez fosse útil para eles. Da minha parte, prometo apenas que vou prestar mais atenção aos Jogos do Rio. Só para confirmar se a "guerra dos sexos" é samba de uma nota só.
Mariazinha Beata
16/08/2016 12:57
Seu Herculano;

No bairro Bela Vista a coisa está fedendo, mas acreditaram no chapeiro?
Bem Feito!!!

As três fases do Lulla não poderiam ser mais feiosas, para não dizer horripilantes.
O Spanhol apenas retratou a realidade.
Bye,bye!
Anônimo disse:
16/08/2016 12:43
Quantos centímetros vale o "Quanto mais vale o bem menos".
Herculano
16/08/2016 10:22
da série: assim é em todo o lugar, inclusive em Gaspar

HADDAD FAZ COM SÃO PAULO O QUE DILMA FEZ COM O BRASIL, por Kim Kataguiri, coordenador nacional do Movimento Brasil Livre

Em recente entrevista ao "Estado de S. Paulo", o prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou que "golpe" é uma palavra "um pouco dura" para descrever o processo de impeachment de Dilma Rousseff.

Poucos dias depois, num evento de pré-campanha com o ex-presidente Lula, discursou sobre a "luta contra o golpe" para inflamar a militância. A contradição reflete perfeitamente a situação do prefeito: para se eleger, precisa do PT, mas, ao mesmo tempo, não pode parecer petista.

A militância do PT e o empenho de suas principais lideranças em reeleger Haddad deixa claro que o prefeito é uma das principais esperanças para a sobrevivência do petismo. Ele é um dos únicos quadros do partido que ainda não foram completamente inviabilizados politicamente pelas revelações da Operação Lava Jato. Pelo menos por enquanto.

Muitos defensores de Haddad - que, curiosamente, sempre são membros daquela elite altruísta que se sente culpada por ser elite - dizem que ele é um político independente, que não tem nenhuma relação com todas as falcatruas ou politicagens do PT. Parece-me um pouco esquisito que um partido ceda sua legenda, dinheiro do diretório nacional, tempo de TV e diversos outros recursos para um estranho concorrer à prefeitura da maior cidade do país. Isso sem falar das generosas doações de empreiteiras próximas ao partido que, por sinal, agora estão envolvidas na Lava Jato.

"Ah, mas ele defende os mais pobres! Foi o melhor prefeito que a periferia já viu!". Quem faz essa defesa enfadonha é o típico coxinha vermelho para quem "periferia" não passa de uma abstração a ser utilizada em discursos políticos. Segundo o Datafolha, as intenções de voto do petista entre os eleitores com renda média de até dois salários mínimos são de apenas 7%.

Não é por menos: segundo levantamento de setembro de 2015 da Folha, duas em cada três obras prometidas por Haddad na periferia não foram entregues. Em sua defesa, o prefeito culpou o governo federal, então comandado por Dilma Rousseff. Ora, que tipo de político não consegue dialogar nem com o governo do próprio partido para cumprir suas promessas?

Mas o pessoal descolado das regiões mais centrais - onde Haddad possui a melhor avaliação - não liga para nenhum desses números. Para essa gente, as ciclovias justificam todo e qualquer erro da gestão petista. "Sabia! Você é um fascista carrocêntrico que odeia ciclovias!". É óbvio que ninguém é contra ciclovias por princípio. A questão é muito mais profunda.

Em primeiro lugar, se fôssemos escrever uma lista de prioridades para a cidade de São Paulo - coisa que Haddad evidentemente não fez -, a necessidade de ciclovias com certeza não estaria entre os primeiros itens.

Numa cidade com tantos problemas sociais, deficiências na saúde, na educação e na mobilidade urbana, uma das menores preocupações é construir ciclovias. O que parece é que o prefeito petista só queria um programa para chamar de seu e uma desculpa para sua militância defendê-lo.

Além disso, a maneira com que as obras foram conduzidas passou bem longe do ideal. A maior parte dessas ciclovias não passa de um monte de tinta jogada no chão, muitas vezes dividindo espaço com corredores de ônibus, calçadas e até mesmo com árvores no caminho. Isso sem falar no custo: segundo reportagem da revista "Veja São Paulo", a ciclovia da Faria Lima custou, em média, 650 mil reais por quilômetro, contra os 129 mil reais da construída em Paris, por exemplo. Detalhe: tudo isso realizado sem licitação.

Por mais que Haddad tente disfarçar, não há como negar que ele não só faz parte de um dos partidos mais incompetentes e autoritários da história do país como é adepto do mesmo modus operandi de seus colegas. Descaso com a periferia, obras superfaturadas, a criação de uma verdadeira indústria da multa e discursos para agradar socialistas de tríplex são a reprodução clara de um meio de se fazer política que foi extirpado do governo federal.
Herculano
16/08/2016 08:11
O DUPLO PADRÃO DO FEMINISMO: SE CONTINUAR ASSIM, CAMINHAMOS PARA A EXINÇÃO DA ESPÉCIE, por Rodrigo Constantino

Leiam essa reportagem da BBC:

A saltadora chinesa tinha lágrimas nos olhos quando o também atleta Qin Kai a pediu em casamento durante a cerimônia em que ela recebeu a medalha de prata pela disputa no trampolim de 3 metros.

Um sorriso, porém, levou mais tempo para aparecer.

Ela então finalmente disse sim para o namorado de seis anos, mas desde então o pedido público divide opiniões no mundo todo.

Na China, onde propostas de casamento incomuns são muito compartilhadas e comentadas, alguns elogiaram o "gesto romântico de uma vida", mas outros se mantiveram céticos.

"Que maneira de colocar pressão sobre ela: ter o mundo inteiro vendo enquanto ela toma uma decisão tão íntima e importante", escreveu a usuária Gu Jueyang no Weibo, o equivalente ao Twitter no país asiático.

"Se ela rejeita a oferta de casamento, vai ser rotulada como uma pessoa cruel por bilhões ao redor do mundo, que estão observando. Isso pode ser mascarado como romântico, mas eu vejo o contrário."

Enquanto isso, na página da BBC no Facebook, alguns usuários criticaram uma cobertura "sexista" da mídia, que estaria mais centrada no pedido do que na conquista desportiva da nadadora.

"As pessoas se casam o tempo todo, mas apenas alguns têm a oportunidade de alcançar a glória olímpica. Ou a mocinha deve ficar aliviada porque um homem a terá?" perguntou Zoe MacGechan.

Escritora indiana baseada em Londres, Sunny Singh tuítou que a proposta revela um senso de direito masculino.

Ela descreveu o caso à BBC como "um movimento peniano, que definitivamente não é romântico".

"É um mecanismo de controle, uma maneira de dizer 'você pode ter acabado de ganhar uma medalha olímpica, ou ser uma CEO ou ter projetado uma nave espacial, mas realmente a coisa mais importante é que você é minha mulher'", disse.

O pedido de Qin não foi o primeiro a acontecer nos Jogos Rio - antes, Marjorie Enya entrou em campo após o jogo de rúgbi entre os times femininos da Austrália e Nova Zelândia e pediu a jogadora brasileira Isadora Cerullo em casamento.

Mas isso foi diferente, disse Singh, porque não envolveu o "seqüestro" de uma cerimônia de medalhas.

Esse duplo padrão do feminismo já foi longe demais. Chegou a patamares bem doentios. Se uma mulher pede outra em casamento, isso é uma cena linda. Mas se um homem pede uma mulher em público, isso é machismo, opressão, oportunismo etc.

Há desculpas para o caso de mulher com mulher: ambas eram atletas, viveram os jogos olímpicos como realidade nos últimos anos etc. Mas se o homem faz o pedido romântico, é visto como canalha oportunista e opressor, que tentava apenas intimidar a atleta e ofuscar sua vitória.

Que mundo é esse? O pior é que esse tipo de absurdo passou a ser visto como normal. É a vitória das feministas rancorosas que odeiam mais os homens do que amam a liberdade das mulheres. Ressentidas, elas lutam para aniquilar de vez com qualquer resquício de romantismo cavalheiresco que ainda exista.

Não podem mais sobrar vestígios dessa "praga" dos tempos medievais, em que as mulheres eram tratadas com deferência, quiçá reverência. Hoje, só é aceitável se uma mulher se declara em público para outra. Quando é o homem que faz, isso é símbolo de um machismo opressor. ?", céus!
Herculano
16/08/2016 08:02
O GOLPE DA IDEOLOGIA, por Cristovam Buarque, senador pelo PPS, ex-governador do Distrito Federal, ex-ministro da Educação de Luiz Inácio Lula da Silva, quando no PT, em artigo no Correio Braziliense

Do ponto de vista do marketing, faz todo o sentido a narrativa de que o impeachment da presidente Dilma seria um golpe. Com essa interpretação, o PT ganha fôlego ao jogar sobre o novo governo a responsabilidade por todos os problemas que os governos Lula-Dilma criaram nos últimos anos, ficando livre para lembrar as boas políticas que fez e tendo a bandeira da vitimização.

Tanto no caso de Dilma, quanto de Collor, o impeachment é uma violência constitucional e pode-se duvidar se os crimes identificados seriam suficientes para justificar a destituição de presidentes eleitos. No caso de Collor, o crime teria sido enriquecimento ilícito, sem crime de responsabilidade contra a Constituição; e mesmo desse crime comum, não de responsabilidade, ele foi posteriormente inocentado pelo STF.

No caso de Dilma, o uso de banco estatal para financiar programas do governo e a assinatura de decretos orçamentários sem autorização do Congresso são crimes de responsabilidade que ferem a Constituição. Mesmo assim, faz sentido duvidar se essas ilegalidades seriam suficientes para sua destituição. Incomoda a falta de dosimetria para a sentença.

Mas o que não pode ser aceito racionalmente é a falsa narrativa de que as pessoas se dividem em direita, se querem o impeachment, e esquerda, se defendem a volta da presidente Dilma. Nada mais falso. Ser de esquerda significa: em primeiro lugar, sentir inconformismo com a realidade social, política, econômica e ética do país; em segundo, ter expectativa de que é possível um mundo melhor, alguma forma de utopia; e terceiro, que este mundo melhor não ocorrerá naturalmente, por regras de mercado. Ele só será construído pela prática política progressista ou revolucionária.

É certo que muitos dos que defendem o impeachment são notórios conservadores, saídos do próprio bloco de apoio à presidente Dilma. Mas aqueles que se opõem ao impeachment são em geral acomodados politicamente em relação ao presente, comemoram pequenas conquistas sociais, perderam a capacidade de sonhar uma sociedade utópica, como, por exemplo, os filhos dos pobres estudarem em escolas tão boas quanto às dos ricos, e abriram mão do vigor transformador da sociedade. Além disso, ficaram coniventes com a ideia de que se todos roubam, não há porque exigir honestidade dos aliados. Ainda mais, olham pelo espelho retrovisor da história, sem perceberem que a realidade mudou e que as propostas e os processos políticos precisam levar em conta as mudanças.

A esquerda do retrovisor não percebe, por exemplo, que o aumento na esperança de vida e o esgotamento fiscal do Estado exigem reformas nos fundamentos do sistema previdenciário; que a globalização apresenta limites à autonomia das decisões nacionais; que a revolução científica e tecnológica, junto com a informática e a robótica, exige um aperfeiçoamento das leis trabalhistas. Não percebe que a economia tem limites fiscais e ecológicos; que o estatismo muitas vezes se divorcia do interesse público, do povo; que a democracia com liberdades plenas deve ser um compromisso absoluto, inegociável, e que a política de esquerda não pode ser feita com a arrogância de donos da verdade, nem pode tolerar corrupção, ou aceitar que os fins justificam os meios.

Com um mínimo de seriedade, não é possível dividir as posições sobre esse impasse como um debate entre esquerda e direita: há muitos direitas entre os que defendem o impeachment, mas também muitos esquerdas do retrovisor entre aqueles que se opõem ao impeachment, porque não querem fazer a história avançar. Mas, sobretudo, há muitos de esquerda que olham para frente, pelo para-brisa e consideram necessário o impeachment para virar a página e avançar em direção a um novo tempo.

Não é difícil entender que a volta da presidente Dilma seria um gesto de retrovisor e não de avanço; e que sua substituição pelo vice conservador que ela escolheu, desde que seguindo os ritos constitucionais, possa possibilitar uma travessia para que a esquerda do para-brisa entenda as mudanças, se sintonize com o futuro e leve adiante a luta que os acomodados não fizeram nem farão. E que tentam impedir o impeachment com o golpe da ideologia, sabendo das dificuldades políticas, econômicas, sociais, éticas que este acomodamento conservador da esquerda retrovisor provocaria.
Herculano
16/08/2016 07:55
UMA ELEIÇÃO PROPÍCIA AO CAIXA DOIS, editorial do jornal O Globo

Sem possibilidade legal de atuarem na campanha, empresas tendem a voltar à clandestinidade, mais um motivo para se aprovar o pacote anticorrupção

Apresentada à sociedade como medida moralizadora da política, a proibição do financiamento de campanhas por empresas, aceita pelo Supremo, por maioria de votos, numa ação movida pela OAB, terá nas eleições municipais de outubro o primeiro grande teste. Cujo resultado será negativo.

O desfecho ocorreu no crescendo de uma campanha, na qual o PT e aliados estiveram à frente, a favor do financiamento público total da política. Seria um passo contra os interesses do contribuinte ?" levado a arcar também com o aumento desses gastos ?", para quem era acenada a ilusão de que a estatização das finanças da política conteria de maneira eficaz a corrupção.

Usavam este argumento enquanto se beneficiavam do assalto lulopetista a empresas públicas, a Petrobras em primeiro lugar. No mínimo, uma contradição. Ou hipocrisia.

No Planalto, a presidente Dilma tratou de sancionar um grande aumento do fundo partidário ?" de R$ 290 milhões para R$ 870 milhões. Era um passo rumo ao financiamento público total, algo que interessava ao PT pelo tamanho da sua bancada e por ideologia mesmo. Quando o melhor era aperfeiçoar as regras das doações de empresas, torná-las mais transparentes e a legislação, mais eficaz e dura.

Não veio a estatização, mas o STF, ao alijar as empresas das doações, aumentou a importância do fundo partidário para as legendas. Sem as pessoas jurídicas no circuito, restam o dinheiro do fundo e o conhecido e cultivado caixa dois. A Lava-Jato demonstra como não falta tecnologia para transferir dinheiro sem deixar rastros. Até a Justiça eleitoral foi usada para lavar propinas geradas na Petrobras.

O tiro n'água do veredicto do Supremo não estimula apenas o dinheiro "por fora", quase um esporte nacional do mundo da política. Mas também torna mais desigual a concorrência entre candidatos. Aqueles com patrimônio, ricos, saem na frente. Também os com acesso a igrejas, cuja movimentação financeira nunca chama a atenção das autoridades. Há ainda a atração crescente do submundo pela representação política, caso das milícias. E se o lobby da jogatina tiver sucesso no Congresso, talvez em 2018 roletas entrem nesta ciranda do caixa dois.

É comum dizer-se que todo cuidado será pouco, que o MP e a Justiça precisarão estar atentos. Mas falta sustentação legal para uma repressão eficiente.

Ganha, então, relevância ainda maior o conjunto de dez propostas de combate à corrupção alinhadas pelo Ministério Público e que chegaram ao Congresso sustentadas em mais de dois milhões de assinaturas.

Entre as propostas, a criminalização do caixa dois, defendida pelo juiz Sérgio Moro na comissão especial que analisa o pacote. Os dois maiores escândalos da era lulopetista ?" mensalão e petrolão; este, destaque na história do país ?" justificam a conversão em leis das sugestões encaminhadas ao Congresso, com apoio popular, no modelo do projeto da Lei da Ficha Limpa.

Agora, com a volta das pessoas jurídicas para os subterrâneos da política, devido ao STF, mais ainda o poder público precisa estar em condições institucionais para punir os desvios e, assim, ajudar a criar uma cultura de seriedade no financiamento eleitoral. O que é verdade mesmo se as empresas continuassem a poder bancar candidatos e partidos.
trabalhador da circulo
16/08/2016 07:52
Não da de nem trabalhar ja foram distribuir santinhos 5 da manhã
Herculano
16/08/2016 07:45
PROLIFERAÇÃO DE ESTATAIS, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

A ideologia petista sempre pregou que a solução dos problemas nacionais inclui o aumento da interferência do Estado na vida econômica e social do País

A ideologia petista sempre pregou que a solução dos problemas nacionais inclui o aumento da interferência do Estado na vida econômica e social do País, em especial com o fortalecimento e a proliferação de empresas estatais. Com essa distorcida visão, Lula e Dilma aproveitaram seus anos na Presidência da República para criar dúzias dessas empresas. Levantamento feito pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV) indica que, entre 2003 e 2015, foram criadas 43 empresas estatais. Continuam ativas 41.

Além de ineficaz - basta ver a herança maldita deixada por 13 anos de PT no governo federal, com uma crise econômica, social, política e moral sem precedentes na história do País -, essa política de proliferação de estatais gerou uma conta cara para o bolso do brasileiro. De acordo com o estudo do ITV, as operações das 28 estatais não financeiras criadas nos anos de gestão petista geraram um prejuízo acumulado de R$ 7,99 bilhões. Além disso, no período, a folha salarial dessas novas empresas consumiu mais de R$ 5,4 bilhões.

Duas subsidiárias da Petrobrás foram as mais deficitárias entre as novas estatais. O prejuízo acumulado da Citepe desde sua criação, em 2009, foi de R$ 4,01 bilhões. Em segundo lugar está a Petroquímica Suape, com um saldo negativo de R$ 3 bilhões.

A ânsia petista de criar estatais foi mais intensa até mesmo que a observada nos governos militares, período marcado por forte presença do Estado na vida econômica. Durante os 21 anos de ditadura militar, entre 1964 e 1985, foram criadas 47 empresas estatais. Já o PT, em 13 anos, criou 43 empresas estatais. É um número mais que expressivo, tendo em conta que, segundo o Ministério do Planejamento, o governo federal tem hoje ao todo 149 estatais.

Não é apenas o número de estatais criadas por Lula e Dilma que chama a atenção. Surpreende a diversidade das áreas de atuação dessas empresas. A lista inclui, por exemplo, uma fábrica de semicondutores no Rio Grande do Sul ?" cuja promessa na inauguração incluía a transformação da região do Vale dos Sinos em um novo Vale do Silício ?" e a Hemobrás, empresa de produção de medicamentos derivados do sangue em Pernambuco. Vinculada ao Ministério da Saúde, a estatal deveria "reduzir a dependência externa do Brasil no setor de derivados do sangue e biofármacos".

Entre as obras-primas da administração petista está também a Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade S.A. (Etav), criada para supervisionar a execução das obras de infraestrutura e implantação do trem de alta velocidade que ligaria Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. Posteriormente, a estatal teve suas competências ampliadas para abrigar os estudos e pesquisas de planejamento integrado de logística no País, envolvendo rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias. Com a mudança, passou a se chamar Empresa de Planejamento e Logística S.A. (EPL). Nada disso, porém, fez mudar a realidade da estatal, reconhecidamente irrelevante no planejamento da infraestrutura logística nacional.

A diversificada lista das 41 estatais petistas faz parecer que os governos petistas operavam com a ideia fixa de que, para todo problema, se devia ter uma estatal. Esse modo primário de gestão pública tem um alto custo social. Com enormes desafios econômicos e sociais a serem enfrentados ?" basta citar saúde, educação e saneamento básico ?", o governo federal despendeu energias e recursos em atividades inúteis.

Ou seja, o prejuízo dessa política não se resume ao rombo econômico, já por si escandaloso, que se vê nos balanços das novas estatais. Entre os efeitos danosos da gestão petista incluem-se também todas as omissões administrativas ?" aquilo que podia e devia ser feito, mas foi deixado de lado em função de o governo estar preocupado com a criação de novas estatais.

Além do mais, num ambiente de tanta conivência com a corrupção, sempre fica a dúvida se era apenas ideológica a motivação para criar tanta estatal.
Herculano
16/08/2016 07:44
CUNHA MANIPULA MÍDIA E POLÍTICOS COM 'DELAÇÃO', por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) continua insuperável no que faz de melhor: manipular políticos e jornalistas. Funciona assim: ele encarrega um político amigo de "plantar" a notícia de "negociação" de seu acordo de delação premiada", por sentir "magoado" ou "esquecido" etc. O objetivo é assustar e reagrupar os aliados. Se a notícia plantada surtir efeito, ele então publica no Twitter um desmentido "veemente".

DESINTERESSE
Um suposto acordo de delação de Eduardo Cunha tem um problema insuperável: a força-tarefa da Lava Jato não tem interesse nele.

É ALVO FINAL
Investigadores da Lava Jato consideram que Eduardo Cunha, assim como o ex-presidente Lula, é o "alvo final" das investigações.

CONDENAÇÃO CERTA
O maior interesse da força-tarefa da Lava Jato é ampliar delações contra Cunha. Mas acha que já dispõe do suficiente para condená-lo.

PAI DE FAMÍLIA
Uma das plantações de Eduardo Cunha é sobre sua suposta disposição de delatar aliados para salvar a pele da mulher e da filha.

ELEIÇÃO É PRETEXTO PARA O CONGRESSO NÃO TRABALHAR
O Congresso usa como pretexto as eleições municipais para reduzir o ritmo, alegando a "necessidade" de fazer campanha, mas apenas 5% do total (29 deputados e dois senadores) são candidatos a prefeito em outubro próximo. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, a regra é simples e não há restrição legal, até porque são os parlamentares que criam as leis. E nada os impedirá de receber sem trabalhar.

NÃO FAZEM FALTA
Os parlamentares que não serão candidatos faltaram mais às sessões da Câmara e Senado do que aqueles que vão disputar a eleição.

E OS SUPLENTES?
Suplentes estão aí para isso mesmo, mas os parlamentares não admitem licenciar-se para ajudar na campanha dos aliados.

PAUTA ÚNICA
A atividade parlamentar se limitará à expectativa do julgamento de Dilma, no fim do mês, e ao desempenho eleitoral de outubro.

OLHA O NÍVEL
Surpreendeu na Justiça Eleitoral, ao final do prazo de inscrição para as eleições, o nível de instrução de candidatos este ano. Dois admitem ser analfabetos e 5.708 dos quase 213 mil apenas "leem e escrevem".

DILMA E JÂNIO
Petistas próximos de Dilma costumam compará-la a Jânio Quadros. Agora têm outra razão para lembrar o ex-presidente maluquete: o dia do seu julgamento, 25, é a data da renúncia de Jânio, em 1961.

ESTRANHO ASSALTO
Policiais estão intrigados com o assalto a nadadores. Na noite do Rio, todos os gatos são pardos, urubu é chamado de meu louro e medalha de bêbado não tem dono. Os gentis bandidos não levaram os celulares e as vítimas dizem não foram capazes de reconhecê-los. Humm...

SUJOS E MAL LAVADOS
Jornais alemães criticaram a qualidade da alimentação na Olimpíada e a violência no Rio. Eles têm razão. Mas nada que se compare ao sequestro e morte de 9 atletas israelenses, nos Jogos de Munique.

FIM
O ex-ministro José Dirceu teve tudo o que quis, na era Lula do PT: manipulava bilhões, usava jatinhos, definia a vida e a morte. Hoje um presidiário, já não pode ter nem um pen drive com músicas e filmes.

PENA PERPÉTUA
Nem parece que o ex-PM Hideo Dendini foi absolvido da acusação de participar do "massacre do Carandiru": sua nomeação como assessor do chanceler José Serra provoca críticas. No Itamaraty, a nomeação é lamentada pelo fato de Serra abrir o precedente para não-diplomatas.

FUTEBOL NA VEIA
Torcedor apaixonado do Cruzeiro, o futuro corregedor nacional de Justiça do CNJ, ministro João Otávio de Noronha, é mineiro de Três Corações, cidade onde nasceu o rei Pelé.

O CANDIDATO HONESTO
Incentivadas pela Escola Superior da Magistratura, crianças e adolescentes do 6º ano do ensino fundamental de Maceió assistem a sessões do filme brasileiro "O candidato honesto", uma comédia que trata de temas complexos como corrupção, ética e verdade.

PENSANDO BEM...
...a campanha eleitoral já começou e ninguém parece interessado.
Herculano
16/08/2016 07:40
O ÚLTIMO DILEMA DE DILMA, Bernardo Mello Franco, para o jornal Folha de S. Paulo

Na reta final do impeachment, Dilma Rousseff enfrenta seu último dilema: comparecer ou não ao julgamento do Senado, que começará no próximo dia 25.

A rigor, a decisão deve influir pouco no desfecho do caso. A maioria contra a presidente está consolidada. Os senadores que se diziam indecisos estavam menos interessados em argumentos do que em melancias.

O que está em questão é a forma como Dilma se despedirá do cargo. Numa avaliação realista, ela parece ter duas opções: perder enfrentando os adversários ou perder por W.O.

Se for ao Senado, Dilma será ouvida na condição de ré. Seu plano original era usar a tribuna para atacar o processo de impeachment e o interino Michel Temer, que ela tem chamado de "traidor" e "usurpador".

O problema é que a petista não será a única a falar. Os 81 senadores terão direito a fazer perguntas ou simplesmente discursar. Ela terá que ouvi-los por horas a fio, num teste de nervos transmitido ao vivo na TV.

Como Dilma é conhecida pelo temperamento explosivo, aliados temem que ela se descontrole diante de tipos como o pastor Magno Malta, que foi seu cabo eleitoral na campanha de 2010, e o ruralista Ronaldo Caiado.

O líder do PSDB, Cássio Cunha Lima, diz que a presidente afastada não tem o que temer. "Se ela for ao Senado, o tratamento será respeitoso. Não haverá nenhum tipo de provocação, mas as perguntas serão feitas com a contundência necessária."

O líder da minoria, Lindbergh Farias, é um dos petistas que insistem para que Dilma compareça ao julgamento. "Acho que ela tem que ir. É a hora de chamar a atenção do país, e ela cresce muito nos momentos de enfrentamento", afirma.

Dilma ainda não anunciou uma decisão, mas tem indicado a aliados que pretende ir ao Senado. Os favoráveis à ideia relativizam o risco de um bate-boca diante das câmeras. Se os adversários exagerarem na agressividade, dizem eles, a presidente poderá sair do plenário como vítima.
Sidnei Luis Reinert
16/08/2016 06:45
Entreguista Obama deixando o dóllar virar pó para favorecer a moeda chinesa!


http://www.bloomberg.com/news/articles/2016-08-10/china-s-central-bank-plans-push-to-increase-yuan-s-global-usage
Herculano
15/08/2016 20:23
Este artigo de hoje em "O Antagonista", deveria ser lido e relido por donos de campanha, de partidos, de candidatos em Gaspar e que também se acham donos dos meios de comunicação. O Brasil mudou. Gaspar vai mudar, algum dia.

O DIA EM QUE FUI INDICIADO, por Mário Sabino

Parte 1

No dia 29 de janeiro de 2008, a PF indiciou-me na esteira do escândalo dos aloprados. Durante dois anos, o redator-chefe da revista Veja permaneceu como o único indiciado nessa vergonha.

Em 15 de setembro de 2006, pouco antes do primeiro turno das eleições, petistas foram presos pela PF num hotel de São Paulo, com o equivalente a mais de 1,7 milhão de reais em espécie. O dinheiro era para comprar um dossiê falso contra José Serra, que concorria contra Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo. Como de hábito, Lula correu para dizer que não tinha nada a ver com aquilo, que se tratava de "um bando de aloprados".

Reuni um editor-executivo e três repórteres para fazer uma reportagem sobre o caso. A missão era obter a foto da dinheirama - mantida sob sigilo pela PF - e informações exclusivas sobre a malandragem. Missão dada, missão cumprida. Eles não apenas conseguiram a foto, como descobriram que Freud Godoy, segurança de Lula, e José Carlos Espinoza, assessor do então presidente da República na campanha de reeleição, haviam visitado secretamente o aloprado Gedimar Passos na carceragem da PF.

Publicada a reportagem, a PF negou o encontro de ambos com o preso, mas abriu uma sindicância interna para apurar a história. Os repórteres foram gentilmente convidados a relatar de viva voz a sua descoberta a um delegado. Eles foram acompanhados de uma advogada da Abril.

Eu ainda estava em casa, quando recebi um telefonema do editor-executivo que comandara a reportagem. Um dos repórteres havia conseguido ligar para ele - na verdade, uma repórter - e, muito nervosa, dissera que o delegado estava intimidando os jornalistas da revista e a advogada da Abril, sob o silêncio da representante do Ministério Público. O sujeito gritava que a reportagem da Veja era mentirosa, além de exigir que eles revelassem fontes e como tinham obtido a foto do dinheiro.

Telefonei para Márcio Thomaz Bastos e deixei recado para que me ligasse. Em seguida, entrei em contato com Fernando Henrique Cardoso e o senador Tasso Jereissati, que estava em São Paulo. Os dois se dispuseram a seguir para a sede paulista da PF, a fim de exigir que os repórteres e a advogada fossem liberados. Nesse meio-tempo, recebi o telefonema de Márcio Thomaz Bastos. Disse ao ministro da Justiça que ele segurasse os seus aloprados. Márcio Thomaz Bastos mandou que a PF liberasse todos imediatamente. A sua ordem foi seguida, sob comentários irônicos do delegado intimidador.
Herculano
15/08/2016 20:23
Este artigo de hoje em "O Antagonista", deveria ser lido e relido por donos de campanha, de partidos, de candidatos em Gaspar e que também se acham donos dos meios de comunicação. O Brasil mudou. Gaspar vai mudar, algum dia.

O DIA EM QUE FUI INDICIADO, por Mário Sabino

Parte 2

Na redação, chamei os envolvidos e cruzei as versões. Todos confirmaram a intimidação e me forneceram detalhes idênticos. O editor-executivo ligou para a representante do MP, que também relatou a situação vexatória sofrida pelos jornalistas e pela advogada. A essa altura, os jornais começaram a me procurar. No dia seguinte, noticiaram o absurdo. O Globo reproduziu o meu diálogo com Márcio Thomaz Bastos. Diante da repercussão, a representante do MP voltou atrás na sua versão e afirmou que não havia ocorrido intimidação. Os jornais colocaram a versão dos repórteres da Veja em dúvida. Fui adiante, com o aval do diretor de redação. Escrevi uma matéria para contar o episódio aos leitores da revista. A Veja ainda publicaria mais duas reportagens sobre o delegado intimidador. Entre outras coisas, descobriu-se que a PF o havia "importado" de Sorocaba, a fim de interrogar os jornalistas.

A PF abriu outra sindicância interna. Meses depois, concluiu que não havia ocorrido intimidação. O caminho estava aberto para que o delegado intimidador me processasse por ter escrito a reportagem que relatara o absurdo cometido contra a liberdade de imprensa. Fui acusado de calúnia e difamação. Curiosamente, o delegado que conduziria o inquérito era o mesmo que havia chegado à conclusão de que os repórteres e a advogada da Abril eram mentirosos.

Ao ver que o clima estava pesado para mim - eu também era alvo constante dos blogueiros sujos do PT -, Roberto Civita resolveu contratar bons criminalistas. Roberto Podval e Paula Kahan Mandel me defenderiam. Vi-me intimado a depor na mesma PF que havia esquecido os aloprados, absolvidos que foram, em 2007, por "falta de provas". O delegado havia acordado com os meus advogados que eu falaria e sairia de lá sem acusação formal.

Prestei o depoimento, deram-me a transcrição para eu ler, pedi para que corrigissem o português e assinei. Levantei-me para ir embora, mas o delegado pediu que eu assinasse outro papel. Era o meu indiciamento. Roberto Podval e Paula Kahan Mandel tomaram o papel das minhas mãos e entraram numa discussão acalorada com o delegado. Saí da sala e, apesar da porta fechada, o andar inteiro ouvia os gritos que de lá ecoavam. Fui indiciado à revelia. O delegado recebera ordens para me indiciar de qualquer jeito. A PF havia sido balcanizada pelo lulopetismo.

No início de 2010, finalmente, depois de muitas idas e vindas, a ação penal contra mim foi trancada pela Justiça Federal de São Paulo, mediante habeas corpus impetrado pelos meus advogados. O desembargador Otavio Peixoto Junior escreveu:

"?"bvio que os jornalistas não inventaram nada. Alguma coisa o delegado fez que foi sentida ou interpretada como constrangimento e intimidação. Os repórteres não iriam inventar, tirar isso do nada. A meu juízo, o que há é mera notícia de fatos no exercício da liberdade de imprensa e isso é tudo. O que pode haver de mais é o uso do inquérito como retaliação e não duvido que, fosse caso de dilação probatória, surgissem elementos de convencimento dessa hipótese."

O delegado intimidador caiu do telhado e morreu (não é piada). Paula Kahan Mandel deixou a advocacia e se mudou para Nova York. Roberto Podval se tornaria advogado de José Dirceu ("Mas o seu foi o caso mais difícil que enfrentei", brinca ele). A advogada da Abril morreu de câncer. Os três repórteres e o editor-executivo saíram da Veja bem antes de mim. O dinheiro dos aloprados foi para a União.

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