11/05/2017
SAÚDE DOENTE I
O tempo é senhor da razão. Não que a verdade esteja comigo. Mas, ela quase sempre me acompanha. E por que? Porque, como todos, já fui traído – e ainda serei, com certeza - por várias verdades, inclusive, as minhas. Aprendi muito mais com as dúvidas. O tempo me fez conhecer as entranhas dos espertos, observando as experiências e resultados sobre temas ásperos, óbvios e fora do meu alcance de conhecimento. Feito esta digressão filosófica, quero dizer que o governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, chegou à conclusão de que o Hospital de Gaspar é um poço sem fundo no ato de engolir recursos públicos e que que do jeito que está, falta dinheiro para o hospital, a policlínica, os postinhos para funcionarem minimamente ao mesmo tempo. Se não mudar, e logo, Kleber vai ficar sem votos e com má fama por não ter feito as escolhas. E a população pobre, vulnerável e necessitada vai ficar mais doente.
SAÚDE DOENTE II
Antes tarde do que nunca. Kleber decidiu focar na policlínica, nos postos de saúde, no atendimento ambulatorial, no dia a dia, uma demanda que aumentou muito com a crise e o desemprego. O Hospital ele vai “repassar” a uma gestão independente para cuidar da emergência, urgência, hotelaria e especialização ou vocação se os novos gestores dele quiserem. Do Hospital, como um cliente, vai apenas comprar serviços (isso ainda é uma dúvida; tem gente do atraso que é contra). Hoje o Hospital do jeito que está come em média R$2,5 milhões por mês da prefeitura. Um poço sem fundo. Não há orçamento que aguente. Possui vícios e viciados, como por exemplo gente que dá expediente só às sextas-feiras, horários diferenciados, corpo médico manhoso, exigência estranhas... A dinheirama que vai no Hospital, compromete o atendimento público nos postinhos e policlínica de coisa pouca e gente pobre, religiosa.
SAÚDE DOENTE III
Muito bem, quantas vezes escrevi e adverti sobre isso aqui ou no portal Cruzeiro do Vale o mais lido, acessado e acreditado? Dos candidatos, o único que tinha uma proposta semelhante na campanha era a tucana Andreia Symone Zimmermann Nagel. Os demais, inclusive o PT que criou essa armadilha (onde tinha R$10 milhões para compras sem licitação no Hospital), assemelhavam-se ao que Kleber ainda vem fazendo e que por teimosia enrolou a corda no pescoço. Político é teimoso, é míope, demora ceder ao óbvio ou mudar e se adaptar às novas circunstâncias. Volto. Escrevi sobre este quadro isquêmico dezenas vezes, até porque das agruras do Hospital e reiterados improvisos, remendos e jogos, conheço desde 1983. E para não me alongar, peço que leiam o que escrevi no dia 02.01.2017, quando quase todos estavam de férias (menos eu). É longo. Mas, pincei essa, ao ver confirmada a teimosa decisão de Kleber em se prorrogar a intervenção: “Kleber decidiu gastar energia, dinheiro e tempo no Hospital de Gaspar. Com isso, sinaliza que vai deixar o atendimento básico – postos, policlínica e farmácias básicas – comprometido; pior do que é hoje”. Volto agora: bingo. Só aí foram cinco meses de governo e dinheiro bom dos gasparenses colocado no ralo para testar uma teimosia.
SAÚDE DOENTE IV
Mas, leiam o que emendei no mesmo parágrafo daquel dois de janeiro: “nomeou para secretaria da Saúde uma especialista em gestão de hospitais, Dilene Jahn Mello Santos. Ela já foi ‘corrida de lá’ e de forma injusta pelo PT, com o rótulo de incompetente - pois até pode ser, menos na gestão hospitalar - e outras dúvidas que o PMDB não teve coragem de ajudá-la nos esclarecimentos”. Volto ao agora: sabe o que está acontecendo? A ala do PMDB de Gaspar que sempre mexeu com Saúde – já se lambuzou -, incluindo Ivete Mafra Hammes – e com uma pendência numa Tomada de Contas - está querendo correr com a Dilene da secretaria da Saúde. Hum! Quer essa gente, uma gestão política da Saúde entre os seus e não técnica. Então tenho que escrever que Kleber não aprendeu nada com a imprópria e cara continuidade da intervenção do Hospital e que vem comprometendo o atendimento de saúde aos pobres. Outra. O empreendedor Sérgio Roberto Waldrich foi engando pelo PT no caso do Hospital; recebeu bananas. O PMDB, está prestes a fazer a mesma coisa no caso de Dilene. Ela foi indicada por Waldrich, a pedido do PMDB que fingia agradecer e agradá-lo. Que coisa triste! Falta de aviso deste que vos escreve, não foi. Acorda, Gaspar!
Sempre bato aqui na mesma tecla. Quem governa Gaspar é Carlos Roberto Pereira, titular da Fazenda, que acumula a secretaria de Administração e Gestão, e toca de verdade, a procuradoria do Município.
O que vão fazer agora? Uma mudança para calar a minha boca. Vão fundir as duas secretarias. O advogado Pereira, sem habilidade, continuará o titular.
A prefeitura jura que a empresa que vai tocar o Hospital de Gaspar é especialista. Já vi muitas dessas empresas (ou Ongs) sugarem os hospitais e deixarem o cepo, problemas e dívidas para os munícipes. Quais as garantias de que isso não vai acontecer aqui? Voltarei.
O caso da verba “liberada” para o esgoto de Gaspar “anunciada” ontem em Brasília. Mais um factoide para justificar a viagem de Kleber Edson Wan Dall, PMDB. Ela já foi anunciada como “liberada” no ano passado pelo pessoal do prefeito Pedro Celso Zuchi, PT. Onde está o projeto aprovado. Onde está a assinatura para começar as obras? Quando vai tudo sair do papel e das manchetes dos políticos?
A Câmara de vereadores é um poder autônomo e independente? Pode ser, mas não em Gaspar. Terça-feira, sete dos 13 vereadores deixaram isso bem claro a eles próprios e à população. Vergonhoso.
E olha que a maioria está ali pela primeira vez. Os vereadores provaram que possuem donos, interesses ou desconhecimento do papel que lhes cabe, respaldados pelos votos que receberam nas urnas.
Deprimente. Estava na pauta o requerimento 36/2017 dos vereadores Cícero Giovane Amaro e Wilson Luiz Lenfers, ambos do PSD; Daniel Fernandes dos Reis, Mariluci Deschamps Rosa e Rui Carlos Deschamps, todos do PT; e Roberto Procópio de Souza, PDT.
O que eles queriam? Uma simples audiência pública para discutir (não iniciar) a “Construção da Sede Própria da Câmara”. Coisa trivial de um poder autônomo. Mas, a audiência não vai mais acontecer. Perderam no voto.
O prefeito Kleber Edson Wan Dall e a prefeitura botaram o cabresto nos outros vereadores. Não querem nem a discussão desse assunto: Ciro André Quintino, Evandro Carlos Andrietti, Francisco Anhaia e Francisco Hostins Júnior, todos do PMDB; José Ademir de Moura e Silvio Cleffi, do PSC e Franciele Daiane Back, PSDB.
Todos querem ficar num ambiente impróprio, antigo, com acessibilidade comprometida e pagando aluguel de R$15.870,00 por mês, à empresa Paca Empreendimentos do senhorio, patrocinador da campanha dos que estão no poder hoje e fazem maioria na Câmara. Nem mais. Nem menos.
O primeiro passo do Executivo para sufocar a autonomia do Legislativo, foi no início do ano. Um canetaço tentou tirar R$1 milhão do orçamento (duodécimo) da Câmara destinado a construção e incorporá-lo ao Orçamento da prefeitura. Uma interferência inconstitucional sem precedentes.
Esta jogada teve o aval do presidente Ciro André Quintino. Ele recuou depois do bafo da assessoria técnica da câmara mostrar a impropriedade sem tamanho e esta coluna exibir a jogada cruel. Viu o tamanho da lambança sem conserto. Agora, Ciro e Hostins censuraram e impediram a discussão pública do assunto, negando votos um simples requerimento.
Perguntar não ofende: o PSDB autorizou a sua jovem vereadora, jornalista Franciele Daiane Back, a este tipo de ação totalitária?
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