Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

01/09/2016

ILHOTA EM CHAMAS I
Circula nos bastidores da campanha eleitoral de Ilhota uma gravação de uma reunião informal feita há poucos dias no diretório do PMDB de Ilhota. É uma arma de um grupo político dividido contra outro mais dividido ainda. Ela sob a ótica da Moralidade Pública, é explosiva. Auto-explica muitos fatos dos bastidores no governo do prefeito Daniel Christian Bosi, PSD. Ele, mal na foto, preferiu não concorrer à reeleição, dividiu e deu a cabeça da chapa para o PP. O seu PSD só de vice, com Roberto Poerner.

ILHOTA EM CHAMAS II
E por conter fatos graves, essa gravação deveria ser peça não de jogo de embate e chantagem político-eleitoral que parte da população já tem conhecimento, mas de investigação policial, perícia para autenticá-la, além de interessar – com esta perícia - ao Ministério Público e ao Gaeco etc. Nela, Toninho Russi (Antônio Carlos Russi), PP, ex-secretário de Transporte, esclarece muitos assuntos dos quais muitos falam pela cidade. Com uma diferença: Toninho foi personagem ou testemunha dessas tramas, como ele próprio confirma durante as gravações.

ILHOTA EM CHAMAS III
Nessa gravação, por exemplo, é possível ouvir o caso dos cinco terrenos que foram distribuídos como pagamento extra para políticos e servidores, incluindo candidatos que estarão disputando votos em dois de outubro em Ilhota. É possível entender, quem liderava e como funcionava os rolos na prefeitura, além de se descobrir que tem gente disposta à delação pois não aguenta mais as pressões – e o olho do MP - sobre o que fez ou participou. São cerca de 30 minutos de conversas explosivas. Quem testemunhou a conversa gravada? Roberto Silva, o Betinho do PP; Érico da Silva, Dida e Ademar Felisky, ex-prefeito, estes dois do PMDB. Ou seja, não tem gente boba nesta história do vale tudo na busca do poder.

O QUE ELES RESPONDEM I
Na sexta-feira passada, o jornal Cruzeiro do Vale perguntou aos candidatos a prefeito de Gaspar: “É visível a grande quantidade de andarilhos que passam e vivem em praças e pontes de Gaspar. O que fazer?”. É uma vergonha. Há oito anos esses andarilhos fazem da porta principal do prédio da prefeitura o dormitório, banheiro, lazer para álcool e drogas, além de até molestarem os passantes. Andreia Symone Zimmermann Nagel, PSDB, Kleber Edson Wan Dall, PMDB e Marcelo de Souza Brick, PSD, de uma forma ou outra prometeram o óbvio: diagnóstico, casa de passagem, parcerias com ongs e inclusão social. E o candidado do “prefeito Celso”, Lovídio Carlos Bertoldi, PT, que há oitos anos fecha os olhos para este problema pois entende que é um direito deles viverem na rua?

O QUE ELES RESPONDEM II
Lovídio vai fazer tudo o que não foi feito nestes últimos oito anos, pois este é um “tema precioso” para ele, o ex-seminarista. Lovídio como membro do colegiado do “prefeito Celso”, pelo que escreveu e se deduz no jornal, não conseguiu influenciar para reverter a negligência com este “tema precioso”. Agora em campamha promete que tudo vai ser diferente. Se for eleito, Lovídio vai construir a casa de passagem, vai ampliar a cobertura de atendimento do Centro de Referência da Assistência Social e do Centro Especializado de Assistência Social, além de criar, veja só, o Observatório Social. Gaspar precisa de campanha eleitoral todos os anos. Ufa!

TRAPICHE

Dilma Vana Rousseff, foi. E com três votos dos senadores catarinenses: Paulo Bauer e Dalírio Beber, ambos PSDB e Dário Berger, PMDB. O próximo será Michel Temer, PMDB. Basta continuar cedendo à farra de dar aumentos a servidores de altos vencimentos, em plena crise econômica e com 12 milhões de desempregados sem estabilidade, os verdadeiros pagadores dos pesados impostos.

Os brasileiros não aguentam mais sustentar nossos políticos irresponsáveis. Eles são capazes até de mudar a Constituição no canetaço como aconteceu na quarta-feira, como o aval do presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, só para se protegerem no esquemão.

E quem estava em Brasília na comitiva que levou Dilma Vana Rousseff para aquele depoimento desastroso na segunda-feira, no Senado? O deputado Décio Neri de Lima. Aqui ele está sumido.

Eles sempre são diferentes de todos. Na sabatina da TV Gaspar, Ampe e Acig, os candidatos ficaram confinados com direito a três assessores. Mas, pelas regras pactuadas entre todos, nenhum deles poderia ter celulares para assistir o que outro declarava – era transmitido pela internet - ou ser orientado externamente diante dos posicionamentos expressos pelos opositores entrevistados.

Lovídio Carlos Bertoldi, PT, foi acompanhado do “prefeito Celso” e do vice, Odilon Áscoli, PRB. Os dois insistiam em quebrar a regra: um porque era prefeito e outro porque era médico. Errado: um estava lá como cabo e o outro como candidato a vice, que o PT esconde.

Para continuar a exigir dos organizadores as prerrogativas de prefeito como queria, Zuchi deveria estar trabalhando e não era ali. Igualmente Odilon, no seu consultório. Acorda, Gaspar!

Parece escárnio. O PMDB e o PP prometem se eleitos, recriarem a secretaria da Agricultura que o PT do “prefeito Celso” riscou do mapa. Podem estar certos, mas sem razão. O “prefeito Celso” só conseguiu acabar com a secretaria com o voto do vereador José Hilário Melato, PP (e de Marcelo de Souza Brick, PSD e Giovânio Borges, PSB).

O candidato do PMDB, Kleber Edson Wan Dall, foi pessoalmente levar essa boa nova para a presidente do Sindicato Rural, Ivanildes Rampelotti. Ela foi sempre contra o sumiço da secretaria. Por isso, foi afrontada e humilhada pelo PT.

E quem estava junto na conversa? O vice do Kleber, o vereador Luiz Carlos Spengler Filho, PP. Quem deveria estar lá era o Melato para garantir que se for vereador, vai permitir a volta da secretaria de Agricultura que acabou com o voto para o PT.

Gaspar inova. Os candidatos têm mania de prometer durante a campanha. E não cumprem. Normal. Os eleitores aceitam. Agora, vejam só: tem candidato a prefeito que na falta propostas concretas está prometendo prospectar. É o fim dos tempos.

Há uma disputa para ver quem entrega mais ruas pavimentadas por esses dias. É bom. Todavia, na maioria dos casos, é apenas propaganda enganosa em tempos de campanha. Para as obras que não começam ou não terminam, só desculpas.

A prefeitura do PT anunciou que vai entregar antes das eleições as ruas Pedro Schmitt Júnior e Artur Poffo, depois de rifar a Bonifácio Haendchen. É preciso conferir se consegue. O PMDB promete a Leonardo Pedro Schmitt, num convênio estadual. Mas, na semana passada tudo travou. Uma reunião com a diretoria da Círculo liberou três carradas de asfalto.

Obra que não anda é a Madre Paulina. Na quinta-feira da semana passada o prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, foi fazer propaganda na Rádio 89 FM. Disse que tudo estava resolvido com a empreiteira e a Caixa. Assegurou que os caminhões já estavam chegando naquele momento na obra. Hoje, é sexta-feira. Esta semana a lama atolou a paciência dos moradores.

O governador Raimundo Colombo, PSD, inaugura a ponte dos Sonhos, em Ilhota, e que já está aberta ao tráfego. É à tarde na volta para Florianópolis. A importância será Blumenau pela manhã e que aniversaria.

Colombo – o ainda prefeito de Lages –vai também mostrar um papelinho para atender os candidatos sem discurso. É a tal liberação da revitalização e duplicação da Jorge Lacerda, no entroncamento com a BR 101. Mas, se isto acontecer, só será no ano que vem. Quem acredita? Os políticos no palanque açoitam os eleitores e eles parecem que gostam.

 

Edição 1765

Comentários

Ana Amélia que não é Lemos
05/09/2016 13:14
Sr. Herculano:

Do Blog do Felipe Moura Brasil

"O senador Magno Malta (PR-ES) afirma que o fatiamento inconstitucional do impeachment, que resultou na manutenção da habilitação de Dilma Rousseff para a ocupação de cargos públicos, foi uma aberração previamente combinada nos bastidores; e cobra dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) o devido respeito à Constituição Federal brasileira na análise dos mandados de segurança impetrados na Corte e reunidos para a relatoria de Rosa Weber.

'Espero que o Supremo não se deixe desmoralizar. Senão, não tem como cobrar do cidadão comum que cumpra a lei no Brasil'."


Estou cansada de tanto mimimi sem um posicionamento enérgico de ninguém.
Bando de fracos!
Herculano
05/09/2016 12:03
AO VOLTAR DA CHINA, TEMER TERÁ DE GOVERNAR E NÃO SER GOVERNADO, por Valdo Cruz, para o jornal Folha de S. Paulo

Ao voltar da China, Michel Temer começará, de fato, seu governo. Sem as incertezas da interinidade, terá de mudar de estilo. Governar e não ser governado é o que muitos esperam dele.

Sua fala na reunião ministerial, logo depois que tomou posse definitivamente do comando do país, indicou sua maior disposição de governar do que ser governado pelas circunstâncias e pelos apoiadores.

Mandou recados duros aos aliados que flertam com a infidelidade, como os que deram um doce à petista Dilma Rousseff no julgamento do impeachment ao poupar seus direitos de ocupar funções públicas. Foi além. Disse aos insatisfeitos que desembarquem logo na saída.

Temer, se não quiser repetir o final de mandato melancólico de Sarney, não poderá ficar apenas no discurso. Terá de enfrentar temas espinhosos: limitar gastos e fazer as reformas da Previdência e trabalhista.

Iniciativa de propor, ele já indicou que tem. O difícil será convencer seus aliados no Congresso, que ainda parecem sonhar com a fantasia do período dilmista, quando se gastava sem conexão com a realidade.

O fato é que a arte de governar demanda firmeza, algo que andou um pouco em falta na interinidade, mas Temer sinalizou, antes de zarpar para China, que está disposto a vestir este figurino a partir de agora.

Enfim, o destino e a repulsa de boa parte da classe política à petista Dilma Rousseff entregaram a Temer a missão de governar o Brasil. Não é tarefa fácil, num país tomado por corporações, minorias que sugam a maior parte dos recursos dos contribuintes em detrimento da maioria.

Mas governar é isto. Colocar o essencial como inegociável e mostrar a todos sua coragem de defender o interesse da maioria, sem desprezar toda e qualquer minoria.

Uma boa dica, nesta largada, é evitar o risco de tropeçar nas palavras. Mais de 40 foram às ruas neste domingo. E eles fazem parte do Brasil que Temer terá de governar.
Herculano
05/09/2016 11:52
TEMER BRINCA COM FOGO E PT FLERTA COM A BADERNA, por Josias de Souza

Decidido a demonstrar que falta combustível à oposição petista, Michel Temer adotou uma tática perigosa: riscou um palito de fósforo no interior do tanque de gasolina. Perguntaram-lhe se as manifestações de rua não deslustram o início do seu govenro. E Temer: "As 40 pessoas que quebram carro? Precisa perguntar para os 204 milhões de brasileiros e para os membros do Congresso Nacional que resolveram decretar o impeachment."

Pois bem, neste domingo, com o fogo subindo-lhe pelas meias, Temer foi informado, na China, de que o asfalto ardeu mais forte. Sob o patrocínio de engrenagens como CUT e MTST, a turma do 'fora Temer' encheu pelo menos oito quadras da Avenida Paulista. Os fortões da quebradeira também estavam lá. E não se tem notícia de manifestação do PT condenando a baderna.

Nesse ritmo, Temer ateará fogo às próprias vestes e o petismo, com seu silêncio, acabará confundido com os black blocs - eufemismo para bandido. Se tiverem juízo, Temer fecha a boca e o PT abre o olho.
Herculano
05/09/2016 08:08
POLÍCIA FEDERAL DEFLAGRA PARA INVESTIGAR FUNDOS DE PENSÃO

Conteúdo de Veja.A decisão judicial determinou o sequestro de bens e o bloqueio de ativos e de recursos em contas bancárias de 103 pessoas físicas

A Polícia Federal deflagrou nesta segunda-feira operação para investigar suspeita de fraude em fundos de pensão, incluindo Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Postalis (Correios) e Funcef (Caixa Econômica Federal), com o cumprimento de mandados judiciais em diversos Estados.

Estão sendo cumpridos 127 mandados judiciais expedidos pela 10ª Vara Federal de Brasília: sete de prisão temporária, 106 de busca e apreensão e 34 de condução coercitiva nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Amazonas, além do Distrito Federal, de acordo com informações do site do jornal O Estado de S.Paulo.

A decisão judicial ainda determinou o sequestro de bens e o bloqueio de ativos e de recursos em contas bancárias de 103 pessoas físicas e jurídicas que são alvos da operação no valor aproximado de R$ 8 bilhões.
Herculano
05/09/2016 08:02
NO QUE O PMDB É DIFERENTE DO PT? NO ROUBO E MÁ GESTÃO DO DINHEIRO PÚBLICO É IGUAL.INVESTIGAÇÃO LIGA DOAÇÕES A SENADORES DO PMDB A PROPINAS DE BELO MONTE. ISTO PODE EXPLICAR A RAZÃO PELA QUAL RENAN CALHEIROS COM AJUDA DE LEWANDOWSKI MUDOU A CONSTITUIÇÃO NUMA CANETADA

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Mário César Carvalho. A Polícia Federal aponta indícios de que o PMDB e quatro senadores do partido receberam propina das empresas que construíram a usina de Belo Monte, no Pará, por meio de doações legais, segundo relatório que integra inquérito que corre no Supremo Tribunal Federal.

Um dos indícios é o volume de contribuições que o PMDB recebeu das empresas que integram o consórcio que construiu a hidrelétrica: foram R$ 159,2 milhões nas eleições de 2010, 2012 e 2014, segundo o documento sigiloso, ao qual a Folha teve acesso.

O montante é a soma de doações oficiais de nove empresas que integram o consórcio para o diretório nacional, diretórios estaduais e comitês financeiros do partido.

Como comparação, o valor é mais do que o dobro dos R$ 65 milhões que as principais empresas investigadas na Lava Jato (Odebrecht, OAS, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Engevix, Queiroz Galvão e Galvão Engenharia) doaram oficialmente para a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2014.

O PMDB é acusado de ter recebido propina em Belo Monte porque o partido indicou o ministro de Minas e Energia (Edison Lobão ) e controlava as empresas da área.

Delatores da Lava Jato, como o ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques de Azevedo, contaram em acordos com procuradores que o consórcio que fez a obra da usina teve de pagar suborno de 1% sobre o valor do contrato, de R$ 13,4 bilhões. Segundo essa versão, o suborno seria de R$ 134 milhões.

De acordo com outro delator, Flávio Barra, da AG Energia, boa parte da propina foi paga por meio de doações oficiais a partidos.

O relatório da PF junta essa versão com informações de outro delator, o ex-senador Delcídio do Amaral, de que senadores peemedebistas comandavam esquemas de desvios de empresas do setor elétrico: Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, Jader Barbalho (PA), Romero Jucá (RR) e Valdir Raupp (RO).

A conclusão do documento é que todos os quatro receberam as maiores contribuições de suas campanhas não de empresas, mas do PMDB.

PMDB COMO DOADOR

No caso de Renan Calheiros, a conclusão da análise da PF é que as contribuições vindas do partido equivalem a 97,3% do total arrecadado quando ele se candidatou a senador em 2010.

Os seis maiores doadores de Renan contribuíram com R$ 5,4 milhões. Desse total, R$ 3,4 milhões vieram do diretório estadual do partido e R$ 1,84 milhão do comitê financeiro peemedebista do candidato. Tirando as fontes da sigla, as contribuições somam R$ 147 mil.

O diretório estadual do PMDB de Alagoas, por sua vez, recebeu R$ 1,4 milhão de três empresas que participaram da construção de Belo Monte: OAS, Galvão Engenharia e Camargo Corrêa. A suspeita da polícia é que as empresas estavam pagando suborno com a contribuição oficial.

A assessoria de Renan informa que todas as doações que ele recebeu são legais e foram declaradas à Justiça.

Caso similar ocorreu com a campanha a senador de Jader Barbalho em 2010, ainda de acordo com a análise.

A campanha de Jader teve doações de só cinco pessoas jurídicas, no valor de cerca de R$ 4 milhões.

As contribuições dos diretórios nacional e estadual, no valor de R$ 3,3 milhões, correspondem a 82% do que foi doado por pessoas jurídicas. O diretório estadual recebeu R$ 1 milhão da Queiroz Galvão, que atuou nas obras de Belo Monte.

OUTRO LADO

O PMDB e os senadores citados no relatório da Polícia Federal negam ter recebido suborno por meio de contribuição oficial.

"O PMDB sempre arrecadou recursos seguindo os parâmetros legais em vigência no país. Doações de empresas eram permitidas e perfeitamente de acordo com as normas da Justiça Eleitoral", disse o partido, em nota.

"Em todos esses anos, após fiscalização e análise acurada do Tribunal Superior Eleitoral, todas as contas do PMDB foram aprovadas."

Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, disse por meio de sua assessoria que o "senador reitera que as doações foram dentro das previsões legais e devidamente declaradas".

Romero Jucá (PMDB-RR), por sua vez, afirmou "que todos os recursos para campanhas políticas do PMDB em Roraima foram recebidos oficialmente e fazem parte das prestações de contas". Segundo sua assessoria, todas campanhas do senador foram aprovadas pela Justiça.

Valdir Raupp (PMDB-RO) afirmou que a doação da Queiroz Galvão (R$ 500 mil) não foi para a candidatura dele, mas para o diretório estadual do PMDB, e que o Tribunal Superior Eleitoral aprovou-a.

Já o advogado de Jader Barbalho (PMDB-PA), José Eduardo Alckmin, ressalta que "doação eleitoral em si não é propina nem crime".

Segundo ele, para caracterizar propina é preciso haver algum ato de funcionário público.
Herculano
05/09/2016 07:53
DILMA INSUFLA O ODIO NAS RUAS E VAI MORAR EM IPANEMA, por Vinicius Mota, para o jornal Folha de S.Paulo

De cada 100 policiais militares brasileiros, 49 declaram-se pretos ou pardos. Um soldado paulista ganha menos de cinco mínimos mensais. Já protestos de esquerda têm menos pretos e pardos. A renda do militante supera a de uma família chefiada por um soldado PM e, por muito, a de um lar brasileiro típico.

A elite vermelha pretende falar em nome da maioria da população, mas está distante dela. Policiais, desafiados nas ruas a cada manifestação, estão mais próximos da rotina das classes trabalhadoras.

Ninguém se iluda com críticas furiosas da esquerda ao menor sinal de excesso na repressão. A preocupação com a integridade das pessoas - somente das que se chocam com a polícia, nunca das que são vítimas da brutalidade militante - é mero pretexto de uma disputa de poder.

O PT, em autocrítica sincera, arrependeu-se de não ter infiltrado sua ideologia nas Forças Armadas. Lamentou-se por não ter favorecido a ascensão de oficiais alinhados ao partido. A diretriz para as PMs estaduais há de ser a mesma.

Nesse delírio autoritário, elas serão tratadas como inimigas apenas até o momento em que o partido arrebatar-lhes o comando. Depois disso, poderão produzir feridos e cadáveres sem ser incomodadas pelos intelectuais a serviço do futuro.

A esquerda brasileira, da velha e da nova geração, não sepultou a violência política. Nas derivações subletradas do marxismo de hoje, o culto da revolução - o banho de sangue que abriria caminho para o mundo pacificado - deu lugar ao prazer estético da depredação e do confronto provocado com a polícia.

O comitê central circula os alvos: empresários, imprensa, parlamentares, procuradores e juízes são atingidos dia e noite pela acusação de "golpistas". As tropas de assalto nas ruas entendem o recado e partem para a ação. Dilma Rousseff pronuncia a fatwa e vai morar em Ipanema.
Herculano
05/09/2016 07:49
NÃO SE PODE INTERPRETAR A CONSTITUIÇÃO DE ACORDO COM AS CONVENIÊNCIAS, por Aécio Neves, senador de Minas Gerais, presidente do PSDB, no jornal Folha de S. Paulo

Acaba de ser encerrado o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, pondo fim a um período de desacato à Constituição e de mentiras sistematicamente construídas para manipular a percepção da população sobre a realidade.

Foi uma importante vitória da democracia brasileira. Mas o desfecho do processo foi imperfeito. Na última volta do ponteiro, partidários da ex-presidente e seus aliados, fiéis ou de ocasião, desrespeitaram a Constituição.

A decisão de fatiar a punição aplicada à ex-presidente é uma afronta à nossa lei maior, às instituições e às regras democráticas do país.

A Constituição é claríssima. Prevê a perda do mandato com inabilitação por oito anos para exercício da função pública em caso de prática de crime de responsabilidade pelo presidente da República. Cindir essas duas penalidades, como fez o Senado, a partir de um mero destaque apresentado pela bancada do PT, é atentar contra o que determina a Carta Magna.

Decisões dessa magnitude não podem ter caráter pessoal, mas institucional. Não se pode interpretar a Constituição de acordo com simpatias pessoais e partidárias ou de acordo com conveniências e circunstâncias.

A decisão que foi tomada vai na contramão das seguranças política e jurídica necessárias ao país e fortalece, na população, a percepção da política como território de conchavos e interesses particulares. Como espaço de impunidade.

Com o tempo, é possível que as verdadeiras motivações do acordo, aparentemente realizado no Senado entre o PT e setores do PMDB, fiquem claras. De todas, a mais constrangedora para os que votaram a favor da tese será a eventual confirmação de que o objetivo final teria sido a possibilidade de garantia de foro privilegiado à ex-presidente. Mas, como disse, essa é uma resposta que só o futuro dará aos brasileiros.

Pelo simbolismo, não passou despercebida, no mesmo dia, a entrevista por ela concedida ao fim da votação do impeachment. Nessa entrevista, ao deixar o governo, o PT ofereceu ao país mais do mesmo: intolerância e mistificação.

Ao invés do reconhecimento da realidade, o engodo da vitimização. Ao invés de uma satisfação aos brasileiros pelo caos a que trouxeram o país, a convocação a uma oposição raivosa ao novo governo.

Ironicamente, foi justamente essa oposição intolerante ao governo do PMDB que parte do PMDB do Senado apoiou ao votar com o PT em defesa da manutenção dos direitos políticos da ex-presidente.

O tempo demonstrará a falácia do discurso do golpe. Mas temos pressa: é preciso que, a partir de agora, haja convergência entre as ações e as palavras do novo governo em uma só direção: a da reconstrução do país.
Herculano
05/09/2016 07:43
AMANHÃ É DIA DE COLUNA INÉDITA

Ela é exclusiva para o leitoras e leitoras do portal Cruzeiro do Vale
Herculano
05/09/2016 07:39
PODE ISSO, ARNALDO?, por Ricardo Noblat, para o jornal O Globo

Abre-se, finalmente, uma nova era para o Brasil. A Era sem Dilma e sem Dunga.

O que você responderia à pergunta: "Gosta de café com leite"? Que gosta ou que não. A pergunta não comporta outra resposta. Mas se lhe perguntassem se gosta de café e de leite, você poderia responder que gosta dos dois. Ou então que gosta de um deles. A Constituição diz que presidente cassado pelo Senado perde seu mandato e seus direitos políticos. Ponto. É café com leite. Não é café e leite.

ESTÁ NO parágrafo único do artigo 52: "(...) limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis". Dito de outra maneira: uma vez condenado, o presidente perderá o cargo com inabilitação, etc e tal...

MAS O MINISTRO Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), aceitou o pedido do PT de fazer duas votações: uma para cassar o mandato de Dilma; a outra para inabilitá-la para o exercício de função pública. Procedeu com base na interpretação de artigos do regimento interno do Senado. Ora, desde quando um regimento pode ser superior à Constituição?

SE O MINISTRO entendeu possível cassar o mandato de Dilma sem inabilitá-la, o contrário poderia ser possível: inabilitá-la para o exercício de cargo público, permitindo, contudo, que presidisse o país até o fim do seu mandato. Que tal? Faria sentido? Dilma continuaria no cargo até 2018 apesar de ter sido condenada por crime de responsabilidade e perdido os direitos políticos.

DILMA ACUSA seus adversários de rasgarem a Constituição para poder cassá-la. Lewandowski fez o mesmo em parceria com um grupo de senadores liderados por Renan Calheiros, que responde a mais processos no STF do que o deputado Eduardo Cunha. Ao que parece, Lewandowski, um jurista sem brilho, ainda paga pedágio por ter sido indicado pelo casal Lula para ministro do STF.

LEWANDOWSKI JOGOU no impeachment como muitas vezes joga um time de várzea. Foi bem até quase o fim. Aí fez uma lambança e perdeu o jogo. Na semana passada, Renan acusou o Senado de ter virado um hospício. Pelo visto, não só o Senado. Dilma falou 16 vezes em "golpe" no seu discurso de despedida do cargo. Mas calou-se sobre o verdadeiro golpe que foi a manutenção dos seus direitos.

"ESTAMOS JUNTOS", disse Temer a Renan ao tomar posse como presidente da República. Para menos de uma hora depois, reunido com seus ministros, criticar o "acórdão" que salvou os direitos políticos de Dilma. Antes, autorizara o senador Romero Jucá, presidente do PMDB, a recorrer ao STF da bizarra decisão do Senado. Temer de nada sabia, ele jura.

FOSSE VERDADE que Renan e 12 dos 19 senadores do PMDB passaram a perna em Temer, tenderia a agravar-se a situação de um presidente contestado no comando de um governo fraco. Melhor que ele soubesse e que, acostumado a ceder, tivesse abençoado o acordo. Temer quer passar à História como quem arrumou a economia e pacificou o país.

A CRISE POLÍTICA contaminou o STF. Mas se ele quiser, poderá cingi-la ao governo e ao Congresso. Basta anular a decisão monocrática de Lewandowski que permitiu fatiar o resultado do impeachment. A valer a Constituição, o Senado cassou os direitos de Dilma quando lhe cassou o mandato. É bem verdade que o reajuste salarial do Judiciário, a ser votado em breve, depende do Senado. Aí... sei não.
Herculano
05/09/2016 07:36
VILIPÊNDIO À RAZÃO, por Fernando Collor de Mello, senador por Alagoas, ex-presidente da República, destituído por impeachment, em artigo no jornal Folha de S, Paulo

Escrevo este artigo em 1º de setembro. É um dia simbólico para os dois processos de impeachment vividos pelo país e separados por quase 25 anos. A data é o único ponto em comum entre eles.

Em 1992, nesse dia, duas entidades entraram com uma representação contra mim. Em 1º de setembro de 2015, renomados juristas apresentaram denúncia (aditada em outubro) contra a ex-presidente por crime de responsabilidade.

Aqui acaba a semelhança e aqui começam as disparidades, desde os primeiros aos últimos atos de duas peças que beiram a ficção.

O cotejamento entre os números dos dois processos mostra que, sob a mesma Constituição, sob a mesma lei e sob o mesmo rito, adotaram-se dois pesos, duas medidas.

Basta verificar: o processo da ex-presidente dispôs do triplo do tempo gasto em 1992 - um ano versus quatro meses. A apresentação da denúncia e seu acolhimento pelo presidente da Câmara, naquele ano, deram-se no mesmo dia, 1º de setembro. Dois dias depois, a comissão especial foi instalada.

Em 2015, entre a denúncia inicial (1º/9), o seu acolhimento (2/12) e a instalação da comissão especial (17/3/16) passaram-se 198 dias.

Para o meu afastamento provisório (2/10) bastaram 31 dias. No recente processo, isso se deu em 12/5/16, ou seja, 254 dias após a denúncia inicial. Na fase de admissibilidade no Senado, não houve qualquer participação de minha defesa na comissão. Em 2016, só nessa fase, foram sete participações, incluindo advogado, juristas e ministros de Estado.

Em 1992, o parecer de admissibilidade continha 17 linhas, em meia página, e foi discutido e votado, simbolicamente, em três minutos no Plenário do Senado. Em 2016, o parecer de 128 páginas demandou 20 horas de sessão, foi votado nominalmente e com a participação da defesa.

A sessão de meu julgamento, incluída a suspensão dos trabalhos em função da renúncia e para a posse do vice-presidente, deu-se no dia 29/12 e na madrugada do dia 30. Em 2016, foram cinco dias úteis de intenso trabalho que adentraram madrugadas.

O processo de 1992 foi todo ele reunido em quatro volumes de documentos. O de agora já conta com 72 volumes.

A maior abstração, contudo, foi o ato final das peças. Em 1992, minha renúncia separou as penas de destituição (perda do cargo) da inabilitação para função pública (perda dos direitos políticos).

A resolução do Senado nº 101/92, resultante do processo, é clara: o impeachment ficou prejudicado pela renúncia, mas não a inabilitação por oito anos. Ou seja, o Senado agregou a penalidade, mesmo com a renúncia prévia que extinguiu o objeto do julgamento.

Em 2016, deu-se o inverso. O parágrafo único do artigo 52 da Constituição traz a penalização literalmente conjugada ("perda do cargo com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública"). No entanto, mesmo sem renúncia, o Senado fatiou a pena e transformou o "com" em "e/ou". O mesmo dispositivo diz: "a condenação", e não "as condenações".

Até a questão que respondemos na votação, prevista na lei e reproduzida no painel eletrônico, referia-se textualmente à inabilitação como "consequência" da perda do mandato. O trecho, inconstitucionalmente destacado, não era uma pergunta, era uma assertiva.

Decisões amparadas na subjetividade política precisam de limites da objetividade jurídica. Ontem e hoje, o desacerto prevaleceu.

Ao comparar os dois processos, cabe repetir: o rito era o mesmo; o ritmo, o rigor e, agora, o remate, não. O Senado atentou contra o vernáculo, reescreveu a Constituição. Criou insegurança jurídica e, praticamente, decretou a inexistência da lei no Brasil. Foi um vilipêndio ao bom senso e à razão.
Herculano
05/09/2016 07:32
A POLÍCIA FEDERAL ESTÁ NAS RUAS EM VÁRIOS ESTADOS, NUMA MEGA OPERAÇÃO PARA DESBARATAR A QUADRILHA SINDICAL QUE ATUAVA NOS FUNDOS DE PENSÕES
Herculano
05/09/2016 07:29
DILMA GANHOU R$ 2 MILHÕES COMO PRESIDENTE, por Cláudio Humberto, na coluna eu publicou hoje nos jornais brasileiros;

A realidade do desemprego para Dilma Rousseff será muito melhor que a maioria dos 12 milhões de brasileiros que seu governo deixou na rua da amargura. Com todas as despesas pagas pelo contribuinte, a petista teve a oportunidade de poupar os salários que recebeu desde sua posse na Presidência da República, em 2011. Até ser cassada, dia 31, Dilma acumulou mais de R$ 2 milhões somente com seus salários.

BEM BOM
Como presidente, Dilma não gastou um só centavo com residência, transporte, gasolina, viagens e alimentação durante 65 meses.

BELO SALÁRIO
Quando assumiu a Presidência, em 2011, o contracheque de Dilma era de R$ 26,7 mil. No segundo mandato, passou a R$ 30,9 mil.

GARÇONETE?
Dois meses antes do início do impeachment, Dilma cortou em 10% o salário dela, do vice e dos ministros. Foi inútil.

BOQUINHA PRA QUÊ?
Se manteve sua grana na poupança, Dilma terá rendimentos mensais de R$10 mil. Mais que o suficiente para se manter sem cargo público.

DEMISSÕES VOLUNTÁRIAS NA PETROBRAS NÃO CHEGAM
A Petrobras acha que atingiu a meta, com 11,7 mil adesões ao plano de demissão voluntária, investindo R$ 4 bilhões para economizar R$ 30 bilhões até 2020. Não basta, nem contando 30 mil terceirizados já demitidos. E o pior é que nada indica que os inscritos manterão a intenção de aderir. A Petrobras ainda pagará salários a 303.000 efetivos e terceirizados, número maior que os 262.000 empregados das gigantes e rivais Shell, Exxon e a British Petroleum (BP) somadas.

LUCRO É DIFERENÇA
A Exxon emprega 83.500 pessoas em mais de cem países, e registrou lucro de US$ 32,5 bilhões em 2014, contra US$ 1 bilhão da Petrobras.

TRISTE COMPARAÇÃO
A petroleira Royal Dutch Shell paga salários a 94.000 funcionários nos 90 países onde opera, e lucrou US$ 14 bilhões também em 2014.

POSTOS DE GASOLINA
A Petrobras opera 7.000 postos no Brasil e em meia dúzia de países. A Royal Dutch Shell soma 44 mil postos mundo afora

NEM PONTO BATE
Novo dono de confortável boquinha na liderança da minoria no Senado, o ex-ministro petista Gilberto Carvalho, investigado no esquema bilionário no Carf, é dispensado de bater ponto para ganhar R$ 19 mil.

GOZAÇÃO DE TUCANO
Na China, o chanceler José Serra conseguiu encabular o senador Renan Calheiros, ao elogiá-lo mais de uma vez e o chamar de "muito poderoso". Não ficou claro se era bajulação ou gozação de tucano.

DEM DE VOLTA
A interinidade de Rodrigo Maia no Planalto representou o retorno do DEM ao cargo 14 anos depois da posse do vice Marco Maciel na derradeira viagem oficial de FHC ao exterior, em dezembro de 2012.

CHEGANDO NO RIO
Dilma vazou sua intenção de viver no Rio para testar a reação dos cariocas. Mas o teste que vale é pessoal e intransferível, com a desenvoltura de FHC, visto na cidade frequentando teatros e livrarias.

SAINDO DO RIO
Funcionário na UFRJ e membro do grupo que definiu as medidas que custaram o mandato de Dilma, o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa cavou uma vaguinha na Universidade de Brasília (UnB).

REPÚBLICA SINDICALISTA
O Comitê Rio2016 tratava com sindicalistas e não com a própria Receita Federal a liberação de equipamentos retidos na alfândega, desde os eventos-teste até a Olimpíada. O Comitê deveria relatar estas dificuldades em livro, até para ajudar o Brasil a superar suas mazelas.

DE OLHO EM 2018
Eduardo Cunha não quer perder a imunidade, pelo risco de prisão, mas ele já mandou avisar que topa a presepada que beneficiou Dilma: trocar a cassação pela preservação dos direitos políticos.

ÉTICA NO CONSELHO
Além de livrar de processos Jean Wyllys (Psol) e Jair Bolsonaro (PSC), ambos do Rio, o Conselho de Ética da Câmara deve arquivar os casos dos deputados Laerta Bessa (PR-DF) e Wladimir Costa (SD-PA).

PENSANDO BEM...
...o ex-operário Lula, hoje milionário e investigado por corrupção, só dá entrevista a estrangeiros porque eles ainda levam a sério suas lorotas.
Mariazinha Beata
04/09/2016 14:29
Seu Herculano;

TERRA: Papa pede reza pelo Brasil "neste momento triste".

Ele que pegue a Dilma para administrar o banco do Vaticano, e depois nos diga o que achou.

Mas o Papa tem razão, enquanto não prenderem o LuLLaladrão continuaremos muito triste.
Bye, bye!
Ana Amélia que não é Lemos
04/09/2016 13:57
Sr. Herculano:

Veja que acinte:

"Dilma Roussef, cassada por crimes cometidos contra o povo brasileiro, pediu e levou passaporte diplomático."

A informação é de Ancelmo Góes, O Globo.
Sujiro Fuji
04/09/2016 13:52
Tem candidato a vereador que nem a mãe vota nele.
Herculano
04/09/2016 09:57
SOCIEDADE AUT?"NOMA, por Dora Kramer, para o jornal O Estado de S. Paulo

O atrito entre PSDB e PMDB por causa da manobra para mitigar os efeitos do impeachment de Dilma Rousseff e as constantes cobranças dos tucanos contra as concessões do governo no plano de ajuste de contas desenharam no horizonte um cenário de turbulências entre parceiros, semelhante ao que marcou as relações entre pemedebistas e petistas nos últimos anos.

Confere? Depende. Sobretudo do cumprimento do compromisso do presidente Michel Temer de "recolocar o País nos trilhos" mediante a reconstrução dos fundamentos de uma economia estável e a aprovação das reformas mais urgentes: Previdência, relações trabalhistas, sistema político/eleitoral e distribuição de recursos entre União, Estados e municípios.

De razoavelmente longa consulta ao presidente do PSDB, senador Aécio Neves, depreende-se em resumo o seguinte: o PSDB não pretende ser para o PMDB o que o PMDB foi para o PT. Em miúdos, os tucanos não aceitam um papel acessório e pretendem fazer valer o acerto programático feito quando aceitaram a condição de aliados do governo de transição.

"Nosso acordo não incluiu distribuição de cargos, teve como parâmetro a retomada de políticas (notadamente na economia) responsáveis. Respeitados os termos, estaremos juntos para fazer dar certo. Afinal, queremos ser sócios do êxito e não parceiros do fracasso", diz Aécio, com meridiana clareza sobre razões e intenções do PSDB.

"Nós temos um projeto político de retomada da Presidência da República e, por isso, a manutenção firme do elo com a sociedade é imprescindível", alega o senador, questionado em seguida sobre a contradição entre o projeto eleitoral e o plano de administração da economia; óbvia, extrema e necessariamente impopular. "É a única possibilidade de obter o êxito pretendido. Foi a minha proposta na eleição de 2014, é a agenda de arrumação adotada agora pelo PSDB."

Corpo presente. Como ocorreu com Fernando Henrique Cardoso quando era ministro da Fazenda de Itamar Franco, que precisava desesperadamente deixar claro o detalhe como seria o Plano Real, Michel Temer pretende investir pessoalmente na explicação das reformas.

Na reunião ministerial de quarta-feira última pediu aos ministros presença constante no Congresso. A depender do grau de dificuldade irá ele mesmo à Câmara e ao Senado para se reunir com as bancadas dos partidos e explicitar ponto a ponto as questões das reformas.

Estilo é o homem. Em meio às tratativas para conseguir separar a cassação de Dilma da pena de inabilitação para funções públicas, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), prometeu ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que só viajaria com Temer para a China depois de lido o requerimento de urgência para a proposta de aumento do teto salarial do Poder Judiciário.

No mesmo dia da votação do impeachment, Renan pôs o assunto na pauta do Senado, mas o requerimento não foi lido e mesmo assim ele viajou, deixando Lewandowski no ora veja. Como havia deixado os defensores do impeachment (Michel Temer incluído) horas antes na defesa da anistia parcial a Dilma.

Modelagem. Aliados (do PMDB e fora do partido) de Temer ficam um pouco aflitos com seu estilo por vezes excessivamente ameno. E o aconselham a adotar o modelo de Fernando Henrique: conciliador, mas absolutamente implacável no quesito "quem manda aqui sou eu". Sem perder a ternura. Se é que há.
Herculano
04/09/2016 09:49
CHORO DE CARDOZO E CAMPANHA SUJA DE JOÃO SANTANA, por Samuel Pessoa, para o jornal Folha de S. Paulo

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), considera o impedimento da ex-presidente Dilma Rousseff um golpe qualificado, institucional. Destituir a presidente observando todos os ritos legais qualificaria o golpe. A definição do prefeito encerra uma contradição em termos.

Fazendo um esforço de racionalização da lógica de nosso prefeito, eu diria que golpe qualifica- do seria atuar nas zonas cinzentas da lei. Funciona assim: todo contrato é incompleto. Não é possível prever todas as injunções e estados da natureza. Para que as instituições funcionem, é necessário haver compreensão compartilhada dos participantes e, além do cumprimento dos ritos legais, boa vontade na observância do espírito da lei.

O golpe qualificado seria infringir o espírito da lei, mesmo que observando todos os ritos legais. Impedir a presidente por causa de pecadilhos fiscais seria punição excessiva. Emprega-se detalhe legal menor como subterfúgio para atingir o objetivo maior: tirar o PT do poder. Esse seria o golpe.

Em que pese o juízo de valor de nosso prefeito de considerar a gestão fiscal de Dilma detalhe legal menor, ele não percebeu que a sua definição de golpe qualificado transforma a eleição de Dilma em golpe qualificado.

Dilma foi eleita observando todos os ritos legais. O grupo político petista, para não perder a eleição, se dispôs a tudo. Produziu deficit fiscal, já "despedalado", a preços de hoje, de quase R$ 100 bilhões; mentiu à larga; demonizou os adversários etc. O PT, para se perpetuar no poder, atuou em todas as zonas cinzentas possíveis e imagináveis no processo eleitoral.

Mentir sobre a situação fiscal do país é tão grave quanto esconder da população que há uma epidemia de meningite, por exemplo.

No presidencialismo brasileiro, o presidente é extremamente for- te. Tem imenso poder de criar recursos e distribuir gastos. Um grupo político disposto a tudo fazer para se perpetuar no poder constitui enorme risco ao funcionamento da democracia. Degenera-se facilmente em tirania. A Venezuela demonstra.

O suposto golpe qualificado corrige o golpe qualificado anterior, a eleição da presidente.

Entende-se agora a fonte do choro de José Eduardo Cardozo. Ela vem do mesmo lugar de onde veio a campanha suja de João Santana. Da soberba do PT e de sua superioridade moral autoconcedida.

O choro é do João valentão que bate em todos na rua. Um dia, uma nova família se muda para o bairro. Aparece outro maior e mais forte e bate no João. Que retorna à casa chorando.

Oxalá o impedimento da presidente Dilma civilize o PT para a convivência com nossas instituições políticas extremamente consensuais e ensine que responsabilidade fiscal é um valor caro à nossa sociedade, do qual não se pode dispor ao sabor dos projetos de grupos políticos de alma autoritária.
Herculano
04/09/2016 08:49
O COLAPSO DA VONTADE, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Ao contrário do que alardeiam os petistas, o impeachment da presidente Dilma Rousseff não foi um golpe contra a democracia, mas sim a interrupção do processo de degradação da democracia, liderado pelo partido que se dizia campeão da ética na política e que prometia o paraíso da retidão moral contra "tudo isso que está aí". Foram mais de dez anos em que o País foi submetido a uma espécie de lavagem cerebral, por meio da qual se procurou desmoralizar toda forma de crítica ao projeto lulopetista, qualificando desde sempre seus opositores como "inimigos do povo" e, ultimamente, como "golpistas".

Ao mesmo tempo, o PT, sob a liderança inconteste de Lula, passou todos esses anos empenhado em desmoralizar o Congresso, oferecendo a partidos e políticos participação no grande plano de assalto ao Estado arquitetado por aqueles que, tanto na cúpula petista como nos altos escalões do governo, tinham completo conhecimento do que ocorria. Tudo isso visava em primeiro lugar não ao enriquecimento pessoal da tigrada, embora uns e outros tenham se lambuzado com o melado que jorrava de estatais, mas sim à destruição do preceito básico de qualquer democracia: a alternância no poder. A corrupção, um mal que assola o Brasil desde o tempo das naus cabralinas, tornou-se pela primeira vez uma política de Estado e uma estratégia política.

Na mentalidade autoritária petista, a democracia é e sempre foi um estorvo, pois pressupõe que maiorias eventuais não podem tudo e devem se subordinar ao que prevê a Constituição, passando regularmente por testes de legitimidade. Logo, para se manter no poder para sempre, como pretendia, o PT tratou de proceder à demolição da própria política, inviabilizando qualquer forma de debate e dividindo a sociedade em "nós" e "eles".

Com isso, as vitórias eleitorais, a partir da chegada do chefão Luiz Inácio Lula da Silva ao poder, foram tratadas pelos governantes petistas como prova de que estavam acima de quaisquer limites administrativos, políticos, éticos e legais ?" portanto, dispensados de confirmar sua legitimidade. Desde sua fundação, o PT sempre entendeu que não deveria se submeter a nenhum limite de natureza institucional porque se considerava portador da verdade histórica. Com Lula na Presidência, o PT interpretou os votos que recebeu como uma espécie de realização de sua superioridade moral ?" e o partido apresentou-se como o único capaz de entender e satisfazer os desejos populares.

Foi assim que Lula se apresentou ao País e ao mundo como o demiurgo capaz de elevar o Brasil à condição de potência mundial e, de lambuja, transformar os pobres brasileiros em felizes consumidores de eletrodomésticos, carros e passeios de avião. Munido de grande carisma e de notória caradura, Lula prometeu um sem-número de obras grandiosas e projetos miraculosos. Entregou, em vez disso, apenas slogans, discursos e bravatas.

Mas o País, como que hipnotizado pelo gabola de Garanhuns, deixou-se enlevar por aquele palavrório vazio e, aparentemente destituído da capacidade crítica, não apenas reelegeu Lula, como abriu as portas da Presidência da República para a mais inepta administradora pública de que a história brasileira tem registro. Dilma Rousseff, no entanto, não pode ser vista como uma aberração. Ela não existiria politicamente se não fosse Lula, tampouco teria governado do modo desastroso como governou se não fosse petista. Pois os petistas, como demonstrou fartamente a agora destituída presidente, acreditam, graças às suas delirantes fantasias, que dinheiro público surge e se multiplica unicamente em razão da vontade do governante. Quem quer que ouse questionar essa visão irresponsável é considerado "invejoso" e "preconceituoso", como Lula anunciou certa vez em 2007, ocasião em que disse que "é fácil ajudar os pobres".

O impeachment de Dilma e a desmoralização do PT funcionam, portanto, como uma chance de ouro para o restabelecimento da racionalidade política e administrativa no País. Mais importante do que isso, o ocaso da era lulopetista restitui aos brasileiros a própria democracia - imperfeita, incompleta e carente de reformas, mas certamente preferível aos sonhos autoritários de Lula, de Dilma e da tigrada.
Herculano
04/09/2016 08:44
O DILEMA DO PMDB, por Merval Pereira, para o jornal O Globo

O governo recém-convalidado pela decisão do Senado de afastar a presidente Dilma Rousseff quer tudo, menos abrir uma crise em sua base de apoio parlamentar. Com seu jeito conciliador, o presidente Michel Temer, do outro lado do mundo, chamou de "pequenos embaraços" a crise política desencadeada pelo acordo entre o presidente do Senado Renan Calheiros e o ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal, que resultou num benefício à presidente cassada que não estava inscrito na Constituição.

Na verdade, incomoda menos ao novo governo que Dilma continue com plenos direitos políticos, do que a impressão de que participou formalmente do acordo. O ministro das relações institucionais, Geddel Vieira Lima, que ficou no país "tomando conta da lojinha", faz questão de deixar claro que o Palácio do Planalto não participou de nenhum acordo, embora repita o presidente Temer ao dizer que não haveria nenhum problema em participar, se a decisão significasse um gesto de benevolência partido do governo para distender o momento político.

Mas não foi isso o que aconteceu, garante Vieira Lima, que pede o testemunho do ex-líder do PSDB deputado Carlos Sampaio quanto à perplexidade que tomou conta de Temer e seus auxiliares diretos que assistiam ao julgamento juntos.

A decisão de não mandar barrar o acordo foi tomada devido ao receio de que pudesse ser anulada toda a sessão do impeachment, pois "o mais importante já havíamos conquistado" e não valia a pena colocar em risco o impeachment.

O ministro Geddel Vieira Lima acha que não há perigo de que os demais partidos da base, especialmente o PSDB, fiquem desconfiados do PMDB, pois, além do testemunho de Carlos Sampaio, o próprio presidente tucano Aécio Neves conversou com o presidente Temer.

Na verdade, Aécio atribuiu à sua conversa a declaração forte dada por Temer na primeira mensagem como presidente de direito, transmitida pela televisão, repudiando o acordo feito por baixo dos panos. Aliás, o tom excessivamente sincero utilizado nessa primeira fala chamou a atenção, mas tudo indica que ele precisava ali convencer seus parceiros de que não estava fazendo jogo duplo.

O que setores do governo comentaram com certo tom irônico foi o fato de o senador Renan Calheiros não ter desistido de viajar na comitiva oficial para a China depois de ter sido criticado tão duramente, embora sem ser nomeado, pelo presidente. E a expressão "tamos juntos" com que saudou Temer pareceu a muitos mais uma ameaça velada sobre as dificuldades dos dois do que um apoio sincero.

A disposição de Temer, porém, parece ser de conviver com Renan Calheiros apesar dos desencontros que continuarão a se suceder, pois precisará dele para a aprovação das reformas estruturais que enviará ao Congresso em breve.

O PMDB, que é uma federação partidária com diversas lideranças regionais, parece que permanecerá dessa forma durante o governo Temer, e vai depender da capacidade de conciliação do novo presidente para avançar no projeto d e governo.

Se, ao contrário, as disputas regionais e intrapartidárias prevalecerem, são grandes as chances de o terceiro governo do PMDB ter o destino do primeiro, o de Sarney, que teve o mérito de garantir a democracia, mas não o de consertar a economia brasileira, o que teria acontecido com o Plano Cruzado se os interesses políticos imediatos não tivessem tido prioridade naquele momento.

Temer, ao contrário, pode ter o destino de Itamar Franco, que usou sua presidência de transição para encaminhar um projeto de recuperação econômica dos mais bem-sucedidos de nossa História.
Herculano
04/09/2016 08:32
TRISTE FIM, por Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, professor, ex-senador por São Paulo, ex-ministro da Fazenda que implantou o Plano Real, ex-presidente da República por dois mandatos pelo PSDB, que implantou a Lei de Responsabilidade Fiscal e deu a estabilidade econômica ao país, e iniciou os programas sociais institucionais, em artigo no jornal O Estado de S. Paulo

Parte 1

Dilma pagou o preço de sua teimosia e da visão voluntarista da 'nova matriz econômica'

Viramos uma triste página. Melhor teria sido que o governo Dilma Rousseff tivesse competência política e administrativa para chegar ao final. O que sobrou? Ilusões perdidas de quem acreditou no modo PT de governar, economia em recessão, desemprego em massa, escândalos, uma onda de desencanto.

Será a ex-presidente a única responsável? Não. Mas ela foi incapaz de manter as rédeas do governo e deixou evaporar as condições de governabilidade. Juntou-se a isso o crime de responsabilidade.

Uma pessoa eleita por 54 milhões de votos é derrubada, sendo inocente, como repisou a defesa petista? Houve um "golpe congressual" pela perda da maioria, como nos sistemas parlamentaristas? Tampouco. Em sua emotiva, mas racional argumentação, a doutora Janaína Paschoal sumarizou com pertinência o desrespeito às normas constitucionais. O impeachment requer fundamento jurídico (um desrespeito continuado à Constituição), mas é também um processo político (a falta de sustentação congressual e popular) e não tem necessariamente consequências capituladas no Código Penal. Foi jogando com este último aspecto que a presidente Dilma apelou retoricamente para sua "inocência" (não roubei, não tenho conta no exterior, etc.).

Diga-se em sua homenagem que, na parte lida do discurso perante o Senado e em boa parte da arguição, ela se mostrou "uma guerreira". Se a guerrilheira do passado não era tão democrática como afirma, isso não apaga a nobreza de sua resistência ao arbítrio e à tortura. Tampouco, entretanto, sua combatividade justifica as "pedaladas fiscais", os gastos não autorizados pelo Congresso, as centenas de bilhões de reais destinados à maciça transferência de renda em benefício de empresas nacionais e estrangeiras, via BNDES e subsídios fiscais, para não mencionar o fato de que presidia o Conselho de Administração da Petrobrás quando a empresa era assaltada em benefício de seu partido e da "base aliada".

A presidente Dilma Rousseff pagou com o impeachment o preço de sua teimosia e da visão voluntarista que se consubstanciou na "nova matriz econômica". E pagou também pela má companhia. Se a presidente não foi autora dos malfeitos, foi beneficiária política deles. Foram tantos os implicados nessa rede que, aos olhos do povo, ficou condenada toda a "classe política". A ruína do governo petista provoca o desabamento do atual sistema político. Os erros vêm desde quando os partidos social-democratas (grosso modo, PSDB, PT, PSB e PPS) foram incapazes de inibir suas idiossincrasias e de conviver, divergindo quando fosse o caso.
Herculano
04/09/2016 08:31
TRISTE FIM, por Fernando Henrique Cardoso

Parte 2

O PT, herdeiro da visão de um mundo dividido em classes e organizado em torno do eixo direita-esquerda, encarou os liberal-conservadores, especialmente o PFL, como se fossem uma direita reacionária. Ao PSDB quis pintar como um partido da elite conservadora. A fatal decisão do primeiro governo Lula de se aliar aos "pequenos partidos", e não ao PMDB - que representava o "centro" -, e transformar o PSDB em "partido inimigo" deu origem ao mensalão, que posteriormente encontrou réplica mais ampla no petrolão.

O PT de Lula abriu assim espaço para o oportunismo, o corporativismo dos vários "centrões". O atual amálgama dos ultraconservadores em matéria comportamental com os oportunistas, clientelistas etc., forma o que eu denomino de "o atraso". Meu governo e o de Lula, no início, ainda foram capazes de dar rumo ao País, o que forçou o atraso a jogar como coadjuvante. Mais recentemente, entretanto, houve uma inversão: o atraso passou a comandar as ações políticas, tendo Eduardo Cunha como figura exponencial. O mal-estar na sociedade, somado às informações sobre desmandos e corrupções que circulam numa sociedade livre e ao desenvolvimento de instituições estatais de controle externo, pôs em xeque o arranjo político institucional: o povo e as instituições reagiram e abriram espaço para a mudança de práticas.

Estamos assistindo, e não só no Brasil, aos efeitos das grandes transformações econômicas e tecnológicas. Sociedades estruturalmente fragmentadas por uma nova divisão do trabalho, culturalmente heterogêneas, com muitas dificuldades para manter a coesão social, com ampliação gigantesca da acumulação de capitais e interrogações sobre como oferecer empregos e reduzir a desigualdade.

Nesse tipo de sociedade as distinções de classe se mesclam com outras formas de identificação social. Nelas, paradoxalmente, os partidos perdem espaço e as narrativas capazes de juntar massas dispersas suprem o vazio criado na trama política. Por isso, o slogan: "É golpe". O resto, as ligações efetivas dos petistas com interesses vários, os resultados de suas políticas e a identificação dos grupos que delas se beneficiaram, fica obscurecido pela força eventual da narrativa.

O desafio das lideranças renovadoras será criar, mais do que uma "narrativa", propostas que desenhem caminhos para a Nação. Teremos capacidade, coragem e iniciativa para rever posturas, caminhos e alianças? Terá o PT disposição para uma verdadeira reconstrução e para o diálogo não hegemônico? E os demais partidos, inclusive e principalmente o PSDB, serão capazes de aglutinar a maioria, apesar de inevitáveis divergências?

O que vimos nas semanas passadas foi o rufar de tambores para a construção de um discurso: uma presidente inocente sendo destronada por golpistas ansiosos pelo poder. Mau começo para quem precisa se reinventar. A despeito disso, temos desafios comuns. Ou bem seremos capazes de reinventar o rumo da política ou novamente a insatisfação popular se manifestará nas ruas, sabe-se lá contra quem e a favor do quê. E não basta circus, belas palavras, também é preciso oferecer panis, um rumo concreto para o País e sua gente.
Herculano
04/09/2016 08:21
TEMER DIZ UMA COISA E SEU CONTRÁRIO, por Elio Gaspari, para os jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Empossado na Presidência da República, Michel Temer apareceu duas vezes aos brasileiros. Numa primeira fala, gravada no Jaburu e transmitida à noite, prometeu "um país reconciliado, pacificado". Na segunda, durante uma reunião do ministério, era outra pessoa: "Agora nós não vamos levar ofensas para casa". Não se tratava de responder apenas aos que o insultam chamando-o de "golpista". Diante da divisão de sua base de apoio, que preservou os direitos políticos de Dilma Rousseff, soltou-se: "Se é governo, tem que ser governo. É [uma] divisão, também inadmissível. [...] O que não dá é para aliados nossos se manifestarem lá, no plenário, sem ter uma combinação conosco". No dia seguinte, o "inadmissível" virou um "pequeno embaraço".

Pela clave do "inadmissível" ele não pacificará nem a bancada governista, cujos usos e costumes conhece como ninguém. A ideia de que o Planalto manda e o Congresso obedece destruiu Dilma Rousseff e Fernando Collor. Temer pode acreditar até em disco voador, mas não acredita nesse tipo de ordem unida.

Na simultaneidade e no antagonismo das duas falas expôs-se de forma surpreendente a opção preferencial do atual presidente pela ambiguidade. Não foi ele quem divulgou o teor da carta que enviou a Dilma Rousseff no ano passado. Vá lá. O áudio em que se apresentou como pretendente à "reunificação do país" teria sido conhecido por "acidente". Essa já é mais difícil.

Instalado no Planalto, Temer ofereceu ajuste fiscal e contenção de despesas. Aliviou dívidas de Estados que descumpriram contratos e abençoou um aumento salarial do ministros do Supremo Tribunal Federal, com seu efeito-cascata. Temer quer sanear as finanças, e no Brasil de hoje só um doido acha que as contas públicas podem continuar como estão. Mas, durante seu breve governo, o demônio sempre esteve nos detalhes, e ganhou todas. As mudanças na legislação que regula obras e concessão públicas e levadas para a cozinha do Palácio saíram das despensas das empreiteiras.

Temer deu 31 anos de fidelidade política ao PMDB, mas ganha uma viagem ao Quênia quem souber o que isso significa. É certo, porém, que sempre evitou bolas divididas. Seu temperamento reservado abriga uma personalidade enigmática. Move as mãos, mas não mexe os músculos do rosto nem altera a voz. De certa maneira, lembra Alec Guinness no papel do príncipe beduíno Faisal, do filme "Lawrence da Arábia". Numa interpretação magistral, Sir Alec falava só com os olhos. Temer, nem isso.

Itamar Franco só achou um rumo quando chamou Fernando Henrique Cardoso para o Ministério da Fazenda, José Sarney só conseguiu isso quando, abatido, recolheu-se à ilha do Curupu. A direção de Temer é uma incógnita. Mesmo que suas palavras tivessem o dom de gerar realidade, os dois discursos do dia de sua posse mostram que aquilo que parece ser um enigma é apenas um enigma.

EREMILDO, O IDIOTA, CRÊ QUE TEMER NÃO SABIA DA MANOBRA PARA SALVAR DILMA

Eremildo é um idiota e acredita em tudo o que Michel Temer diz, inclusive na afirmação de que foi surpreendido pela votação que garantiu os direitos políticos de Dilma Rousseff.

O cretino é uma das poucas pessoas capazes de acreditar que uma coisa dessas acontece sem que Michel Temer saiba da manobra. Ele já tinha visto essa notícia nos jornais e viu o tamanho de sua idiotice quando o repórter Ilimar Franco revelou que o parecer amparando a iniciativa, pronto desde o início do mês, tinha o apoio de Renan Calheiros há duas semanas.

O PSDB fica

Assim como o PMDB nunca saiu do governo, o PSDB não sairá da base de Temer.

Se Mário Covas não tivesse apitado, os tucanos teriam entrado para o governo de Fernando Collor.

FILANTROPIA

Na primeira rodada de doações para a candidatura do petista Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo, a liderança ficou com o mineiro Walfrido dos Mares Guia.

Ele doou R$ 300 mil, dinheiro que não lhe fará falta. Mares Guia, ex-ministro de Lula e ex-vice governador de Minas, é um empresário abonado, grande acionista do grupo Kroton, a maior empresa educacional do país, com 1,5 milhão de alunos. (Haddad foi ministro da Educação.)

Atrapalhado no mensalão dos tucanos, Mares Guia foi beneficiado pela prescrição que beneficia cidadãos com mais de 70 anos.

Em março passado, o empresário informou que habitualmente cedia seu jatinho a Lula: "O avião é meu. Empresto para quem desejo".
Herculano
04/09/2016 08:16
DE RIO BRANCO@ORG PARA TEMER@GOV, por Elio Gaspari para os jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Estimado presidente,

Um breve bilhete para lhe lembrar que em menos de seis meses vossa diplomacia já encrencou com a Venezuela, Equador, Bolívia, Uruguai e Cuba. Para cada encrenca o senhor deve ter bons motivos, mas minha experiência de dez anos como ministro das Relações Exteriores (os presidentes Rodrigues Alves, Afonso Pena, Nilo Peçanha e Hermes da Fonseca serviram comigo) ensinou-me que o Brasil é grande demais para isso.

Na América do Sul nós precisamos ser um fator de moderação, pois, como todos sabemos, há na região um antagonismo malsão porém latente com os Estados Unidos.

O secretário John Kerry deve estar feliz. Desse jeito, os americanos conseguirão um papel moderador que nunca tiveram.

Respeitosamente,

Barão do Rio Branco

PODE-SE ESPERAR QUE CANDIDATOS EM 2018 QUEIRAM PROJETO DE CONSTITUIÇÃO

Muita água correrá debaixo da ponte até a campanha eleitoral de 2018. Dada a balbúrdia institucional instalada na política brasileira, pode-se esperar e até mesmo desejar que um ou mais candidatos subam nos palanques anunciando as linhas mestras do anteprojeto de uma nova Constituição que será remetido ao novo Congresso depois de sua posse.

A ideia não é nova. Em 1985, Tancredo Neves pretendia fazer isso, assessorado por uma equipe de juristas. Sua doença e morte mandaram essa intenção para o arquivo e prevaleceu a Assembleia Constituinte de Ulysses Guimarães, que partiu do zero.

MADAME NATASHA

Madame Natasha tem em casa um altarzinho com as imagens dos procuradores da Lava Jato e decidiu conceder uma de bolsa de estudos cumulativa ao doutor Deltan Dallagnol pela seguinte lição:

"No Brasil existe uma cultura de garantismo hiperbólico monocular, ou hipergarantismo".

Em seguida, explicou-se:

"No Brasil existe um garantismo que não olha para os direitos das vítimas e da sociedade, apenas os dos réus. Por isso ele é monocular. E, além disso, é excessivo, hiperbólico".

A senhora acha que o doutor quis dizer apenas que os réus são favorecidos.

FICHA LIMPA

A ministra Cármen Lúcia, futura presidente do Supremo, escolheu quase toda a equipe de assessores mais destacados.

Pediu à Polícia Federal e à Abin o "nada consta" de cada um, tendo o cuidado de comunicar antecipadamente a iniciativa a todos os convidados.
Herculano
04/09/2016 08:00
TEMER PROIBIU A 'CAÇA ÀS BRUXAS' NO ITAMARATY, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O presidente Michel Temer não se chateou com críticas de diplomatas à nomeação dos três ex-ministros de Relações Exteriores de Dilma Rousseff para chefiar postos estratégicos no exterior. Os governos de Lula e principalmente de Dilma são acusados de perseguir diplomatas que não rezavam na cartilha do PT. Temer disse a esta coluna que sua orientação é que o governo não ceda à tentação da "caça às bruxas".

'ESCOLHA PROFISSIONAL'
Apesar de ser ele quem bate o martelo, a escolha dos embaixadores será sempre profissional, a cargo do Itamaraty, afirmou Michel Temer.

ESTADO DE CHOQUE
O governo provocou choque no Itamaraty ao nomear Antônio Patriota para o ambicionado cargo de embaixador em Roma.

PRÊMIO A FIGUEIREDO
Outro ex-chanceler, Luiz Alberto Figueiredo, que ficou pouco tempo no cargo, foi nomeado para chefiar a embaixada do Brasil em Lisboa.

PONTA DE LANÇA NA ONU
Mauro Vieira, derradeiro ministro das Relações Exteriores de Dilma, foi designado para chefiar a missão do Brasil junto à ONU.

SANGRIA EM DIÁRIAS NA 'ERA P' FOI DE R$ 8,5 BILHÕES
Os governos de Lula e Dilma gastaram mais de R$ 8,5 bilhões em diárias para servidores do Executivo, nos 13 anos e 4 meses de gestão petista. Em 2004, Lula acrescentou R$ 385,6 milhões aos ganhos dos servidores com diárias, que atingiram R$ 1,08 bilhão em 2010. Dilma não estancou a sangria, que seguiu no mesmo patamar. Do início do 2º mandato de Dilma até maio, as diárias nos custaram R$ 803 milhões.

COINCIDÊNCIA?
Os gastos com diárias para funcionários do governo federal atingiram R$ 1 bilhão em 2010 e 2014, quando Dilma disputou eleições.

PRÉ-IMPEACHMENT
Somente em 2016, até ser afastada pelo Congresso, o governo Dilma distribuiu R$ 104,7 milhões em diárias.

ROMBO INEVITÁVEL
Dilma, no seu primeiro mandato, aumentou os gastos com diárias, em média, em 12,3% todos os anos.

DIFERENÇA
Na China, após em discurso agradar os ouvidos de empresários brasileiros, o presidente Michel Temer se dispôs a ouvi-los, um a um, pacientemente. Comparações com a irascível Dilma foram inevitáveis.

PRESSÃO
O presidente do PMDB, Romero Jucá (RR), terá de administrar a pressão para expulsar a senadora Kátia Abreu (TO). Adversários de Roberto Requião, que o chamam de "Maria Louca", pedem o mesmo.

PÁGINA EM BRANCO
O ex-senador Pedro Simon (PMDB-RS) afirma que Michel Temer tem uma página em branco. "Ele pode se tornar um estadista ou cair nas armadilhas do PT, que prepara uma campanha contra ele", diz.

UNIDOS PELO MEDO
Dilma odeia Eduardo Cunha, que tem o maior desprezo por Lula, e os três têm o medo em comum de cair nas mãos do juiz Sérgio Moro. Lula já caiu: o magistrado é quem vai julgar o caso do tríplex do Guarujá.

CORONEL SARUÊ
Candidato a prefeito de Maceió, Gustavo Pessoa (PSOL) compara Renan Calheiros ao "Coronel Saruê", vilão da novela: "Por trás de suposto cosmopolitismo, oculta seu modus operandi truculento". Ele acusa Renan de "tentar transformar Alagoas em propriedade pessoal".

REDE DE MAL-ESTAR
A defesa veemente de Randolfe Rodrigues (AP) para o fatiamento do impeachment gerou grande mal-estar na Rede: Marina Silva foi a primeira a contestar a manobra. O senador evitou comentar.

VAMOS COM CALMA
O Palácio do Planalto avisou a aliados que não tolerará resistência ao controle de gastos públicos. Quem estiver fora do clima da proposta, corre risco de ser convidado a ficar na oposição.

KÁTIA QUEM?
Nova velha amiga de Dilma, Kátia Abreu (PMDB-TO) já chamou o MST de "Movimento Sem Lei" e Lula de "bandido". O jornal The Guardian a classifica como "a mais proeminente e perigosa parlamentar do Brasil".

PENSANDO BEM...
...virou pó aquela pose de Dilma como "gestora" ou "gerentona", ao tomar posse pela primeira vez: 65 meses depois, é rejeitada até pelo próprio partido.
Herculano
04/09/2016 07:52
SE O "CONJUNTO DA OBRA" TIROU DILMA, MADURO MERECE MAIS A DEFENESTRAÇÃO, por Clóvis Rossi, para o jornal Folha de S. Paulo

Guardadas as devidas proporções, as manifestações de quinta-feira (1º) na Venezuela pró e contra o governo de Nicolás Maduro lembram as que ocorreram no Brasil a favor e contra o impeachment de Dilma Rousseff: a grande maioria, cá como lá, era contra o governo.

As semelhanças param aí. No Brasil, o governo do PT, tantas vezes equiparado ao bolivarianismo, não mexeu um dedo para dificultar a mobilização pró-impeachment.

Na Venezuela, ao contrário, o governo foi ao extremo, ridículo e autoritário ao mesmo tempo, de proibir até o desembarque de ao menos sete jornalistas estrangeiros, como se possível esconder do mundo o tamanho da massa que participou da chamada "Toma de Caracas".

Exatamente pela truculência do governo venezuelano, é pouco razoável esperar que as marchas contribuam na Venezuela para o desenlace aqui ocorrido, ou seja, o afastamento do presidente de turno.

Se, no Brasil, há uma viva polêmica sobre a legitimidade do impeachment, na Venezuela, ao contrário, o chamado referendo revogatório ?"cuja realização ainda este ano era o grande objetivo da manifestação?" não só está previsto na Constituição como é uma iniciativa do guru do regime, Hugo Chávez.

Dizia ele, sabiamente: "Passada a metade do mandato sempre me pareceu que o povo deve submeter seus governantes a uma avaliação. Três anos é tempo mais que suficiente para que um povo saiba se esse representante está cumprindo [seu papel] ou se lhe deu as costas".

É nessa situação, exatamente, em que está a Venezuela: Maduro foi eleito em abril de 2013, está prestes a cumprir três anos de mandato e, claramente, fracassou.

A Venezuela enfrenta uma recessão brutal, que faz a do Brasil parecer suave; tem uma inflação recorde mundial; falta tudo nos comércios, a ponto de os venezuelanos invadirem, sempre que podem, pobres cidades fronteiriças do Brasil e da Colômbia, como se fossem Miamis, paraísos de consumo.

Sem falar no segundo índice de assassinatos por 100 mil habitantes, atrás apenas de Honduras.

Se o "conjunto da obra" acabou sendo o real motivo para decapitar Dilma, Maduro merece muito mais a defenestração.

Mas, ao contrário da então mandatária brasileira, que seguiu as regras do jogo, Maduro transformou seu país em uma "democracia autoritária", para usar expressão do chanceler Rodolfo Nin Novoa, do Uruguai, último país do Mercosul que ainda não ataca a Venezuela.

Seu antecessor no cargo, o hoje secretário-geral da OEA, Luis Almagro, proclama "o fim da democracia" na Venezuela e classifica o governo como tirania.

Detalhe relevante: Almagro foi chanceler com José Mujica, ícone da esquerda, e não pode, portanto, ser chamado de títere do imperialismo, como Maduro faz com todos os que o criticam.

Nesse contexto, e já que a Venezuela se meteu em assuntos internos brasileiros ao considerar ilegítima decisão soberana do Congresso Nacional, é hora de o Brasil reagir e pôr pressão para tentar salvar a Venezuela de um fracasso que, com Maduro, só se acentuará.
Herculano
04/09/2016 07:49
da série: ainda bem, mas como acreditar numa maluca?

NÃO QUERO SER CANDIDATA A NADA, DECLARA DILMA, por Josias de Souza

Advogado de Dilma Rousseff no processo de impeachment, José Eduardo Cardozo disse à sua cliente que o veredicto do Senado lhe permite ser candidata a qualquer cargo eletivo. No entanto, Dilma disse à amiga Kátia Abreu (PMDB-TO) que não cogita tentar a sorte nas urnas. "Essa hipótese de candidatura é inexistente para a Dilma", declarou Kátia ao colunista. "Ela me disse: 'Não quero ser candidata a nada'."

Acompanhada do marido e do filho, Kátia visitou Dilma na noite de 31 de agosto, horas depois da votação em que os senadores cassaram-lhe o mandato de presidente. Encontrou-a sozinha. Em tom de brincadeira, Kátia chegou a convidar Dilma para se candidatar a senadora ou deputada federal pelo Tocantins. E ela: "Nunca mais!"

Articuladora da fórmula que permitiu cindir a votação do impeachment em duas partes ?"primeiro a aprovação da "perda do cargo", depois a derrubada da "inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública"?", Kátia reiterou que o resultado permitirá a Dilma trabalhar no setor público: "Ela espera receber convites."

Dilma também afirmou à senadora que ainda não decidiu se trocará o Palácio da Alvorada pelo seu apartamento, em Porto Alegre, ou pelo da mãe, Dilma Jane, no Rio de Janeiro. "Ela me disse que há 70% de chance de ir para Porto Alegre e 30% para o Rio."

Kátia ponderou que Dilma talvez devesse evitar a capital gaúcha, onde o anti-petismo é mais arraigado. Dilma deu de ombros. Respondeu que anda de bicicleta pela cidade em ser importunada.
Herculano
04/09/2016 07:44
O CRIME ANTROPOLOGICO ESTATAL E CULTURAL QUE SE COMETE COM A FALSA INCLUSÃO SOCIAL. BOLSA FAMÍLA MUDA ROTINA DOS ÍNDIOS E ESVAZIA ALDEIA TRAZENDO MAIS POBREZA PARA AS PERIFIRIAS DAS CIDADES

Parte 1

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Fabiano Maisonnave, enviado especial ao parque indígena do Xingu e a Canarana, no Mato Grosso

Nascida e criada no Xingu, Leiru Mehinaku entende pouco o português. Não sabe ao certo a própria idade nem a dos quatro filhos, que cria sozinha. Em 2014, um ano após ingressar no programa Bolsa Família, deixou sua aldeia e se mudou para Canarana (a 607 km a leste de Cuiabá).

"Achei que fosse o suficiente. Mas, depois que me mudei aqui, vi que era muito caro", disse, traduzida por um sobrinho, em conversa na casa de tijolo aparente e três cômodos nos fundos de um bar. Um fogão velho de quatro bocas é o único eletrodoméstico. Sobre a mesa, seis sacos de arroz, três garrafas de óleo e dois pacotes de café.

"Quando morava na aldeia, não precisava de dinheiro. Aqui, fico um pouco com dinheiro e acaba", disse Leiru. Apesar das dificuldades, ela pretende continuar na cidade para que seus filhos "estudem e entendam melhor o português do que eu". O sustento é assegurado principalmente pelo filho adolescente, que trabalha numa borracharia - sua renda mensal do Bolsa Família é de R$ 300.

Assim como Leiru e os filhos, quase metade da população indígena no Brasil participa do principal programa social do país. Só na Amazônia Legal, são 63.165 famílias, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social.

Implantados em terras indígenas de todas as regiões do país sem nenhuma adaptação, o Bolsa Família - e outros benefícios com menor abrangência, como a aposentadoria rural e o auxílio-maternidade?", vem provocando mudanças profundas no modo de vida tradicional.

O principal motivo é que esses programas obrigam os beneficiários a se deslocar durante dias até a cidade para sacar o dinheiro no caixa eletrônico e realizar trâmites burocráticos. No Xingu, essa viagem dura até 20 dias; no alto rio Negro (AM), o deslocamento chega a três meses.

Durante nove dias, a reportagem da Folha conversou com famílias e lideranças indígenas no Xingu e em Canarana, a principal cidade do entorno do parque. Eles afirmam que o benefício ajuda a comprar produtos do cotidiano, como facões e material de pesca. Por outro caso, relatam casos de endividamento para pagar o transporte, mudanças mal planejadas para a cidade, consumo excessivo de comida "do branco" e retenção ilegal de cartões por comerciantes.

"A família acaba gastando todo o dinheiro com frete, muito caro. Paga R$ 600 só de ida. Pra buscar [o benefício], acaba se endividando", afirma Marcelo Kamayurá, 41, agente de saúde e liderança da aldeia Morená.

"Se perder o foco, a pessoa fica dez, 15 dias dependendo de uma carona. Atrasa a roça, o serviço na aldeia."

Os obstáculos do Bolsa Família e de outros programas sociais não se restringem ao Xingu, segundo o presidente interino da Funai, Artur Mendes. Ele diz que, apesar de o programa financiar compras de produtos já incorporados, como sal e pilha, o vínculo obrigatório com a cidade altera a rotina dos indígenas de comunidades mais isoladas.
Herculano
04/09/2016 07:44
O CRIME ANTROPOLOGICO ESTATAL E CULTURAL QUE SE COMETE COM A FALSA INCLUSÃO SOCIAL. BOLSA FAMÍLA MUDA ROTINA DOS ÍNDIOS E ESVAZIA ALDEIA TRAZENDO MAIS POBREZA PARA AS PERIFIRIAS DAS CIDADES

Parte 2

"Há um esvaziamento das aldeias e uma mudança de hábito, de vida, inclusive afetando os mais velhos, porque isso também acontece na aposentadoria [rural]", afirma Mendes.

ALIMENTAÇÃO

Um dos impactos mais fortes da entrada do dinheiro dos programas sociais e das visitas à cidade está na alimentação. No Xingu, o café açucarado pela manhã, o refrigerante e outros produtos industrializados têm cada vez mais penetração.

Há três décadas atuando no Xingu, o médico e professor da Unifesp (Universidade Federal de SP) Douglas Rodrigues afirma que o Bolsa Família tem um peso, ainda não medido, na aceleração desse processo, com efeitos devastadores na saúde.

Em 1986, ninguém foi diagnosticado com hipertensão ou diabetes durante amplo inquérito de saúde no Xingu do qual Rodrigues participou. Nos últimos anos, essas doenças estão cada vez mais comuns por causa das mudanças na dieta.

"A comida que vem de fora não tem regra nem a nossa variedade. Eles acabam usando de maneira completamente equivocada. Muito óleo, sal, açúcar", afirma a antropóloga e médica da Unifesp Sofia Mendonça, mulher de Rodrigues e também com larga experiência no Xingu.

Para Rodrigues, a implantação ativa do Bolsa Família em terras indígenas "parte de uma visão equivocada do que é pobre": "Na medida em que a política de demarcação de terras vai sendo abandonada, sobretudo a partir da segunda gestão do governo Lula [2007-2010], sobram aos índios esses programas assistencialistas, que drenam a sua população para as cidades e para o mercado".

ADAPTAÇÃO

Para minimizar esses problemas, algumas aldeias criaram soluções coletivas. Em uma comunidade da etnia waura, os cartões do Bolsa Família ficam com estudantes que moram na cidade e são mantidos pela comunidade. Com isso, os beneficiários não precisam ir à cidade no prazo máximo de 90 dias, depois do qual o dinheiro fica indisponível.

As lideranças indígenas defendem que a solução não é eliminar a Bolsa Família, mas fazer adaptações, como a implantação de pontos de saque em locais estratégicos do Xingu ou criar programas específicos à realidade local.

"Lá fora, a aplicação desse programa é pra tirar a família da miséria. Mas, no nosso caso, temos a nossa alimentação: peixe, milho, mandioca. O importante é fazer um programa de incentivo para continuarmos fazendo as roças do nosso modo", afirma Kamayurá.

Liderança do Xingu e funcionário da Funai, Ianukula Kaiabi Suia, 38, afirma que o dinheiro "é o transformador de tudo" e que não há volta atrás: "Os povos indígenas estão cada vez mais inseridos nesse sistema".

"Mas, se o dinheiro é tão desequilibrador, existe uma ausência de conversa mais aprofundada. Caso contrário, daqui a um tempo vamos ficar cada vez mais egoístas. O costume de compartilhar a nossa comida e as nossas coisas com os parentes talvez venha a desaparecer. É a minha preocupação."
Herculano
04/09/2016 07:30
TIRO AO ALVO, por Carlos Brickmann

Dilma, enfim, é vista pelas costas. Não é o ideal, mas bem melhor do que quando era ela que nos olhava pelas costas.

Entretanto, não imagine que a inédita demissão em fatias de Dilma encerre a crise. Ao contrário, marca o início de outra: além da disputa no Supremo sobre o fatiamento, há a nova fase das denúncias e investigações, agora com mira direta em Lula. O ex-líder do Governo no Senado, Delcídio do Amaral, passou dois dias em Curitiba, depondo basicamente sobre Lula.

Aguarda-se a apresentação de três denúncias contra o ex-presidente, as três por corrupção e lavagem de dinheiro:

1 - Por R$ 2,4 milhões oferecidos pela OAS em obras no apartamento do Guarujá e na guarda de objetos da Presidência que Lula trouxe com ele;

2 - Pelo pagamento de R$ 11,8 milhões à LISL, sua empresa de palestras;

3- pelas obras no sítio de Atibaia que também não é dele.

Está na moda: as denúncias serão fatiadas, esperando que a Procuradoria Geral da República retome a delação de Leo Pinheiro, da OAS.

E haverá mais: foi confirmado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo o envio das investigações do Ministério Público paulista sobre o apartamento triplex do Guarujá que não é de Lula para o juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Essas investigações atingem a esposa e um dos filhos do líder petista.

Há muita gente querendo matar a Lava Jato. E sabem direitinho por que.

ME INCLUA...

O inédito impeachment fatiado até pode ser aprovado pelo Supremo, onde oito dos onze ministros foram nomeados por Lula e Dilma; mas terá maus efeitos, beneficiando políticos que só não foram ainda cassados porque sabem se equilibrar, como Eduardo Cunha, ou utilizam seu prestígio para convencer aqueles dispostos a ser convencidos, como Renan Calheiros. Se Cunha for cassado sem perder os direitos políticos, será eleito em seguida, e poderá dizer que voltou nos braços do povo, que o absolveu. Se for punido pela via branda, ficará mais forte do que hoje. No caso, é melhor esquecer problemas passados e mergulhar juntos na geleia geral.

...DENTRO DISSO

O julgamento de Cunha está previsto para 12 de setembro. Ele tem cartas suficientes para conseguir um adiamento. Só que em seguida os parlamentares saem de férias para ajudar candidatos a prefeito e vereador, há eleições, negociações, festas de fim de ano e outro recesso. Para Cunha, ótimo: ele mantém o mandato até 2017. Se o método-Dilma pegar, ainda ganha um cargo público, dentro da lei, para reforçar sua posição eleitoral.

E TEMER?

O presidente da República falou grosso contra o impeachment brando de Dilma, disse que quem está no Governo tem de votar com o Governo. Em seguida, viajou com um dos articuladores da traição, Renan Calheiros, e na chegada à China já dizia coisas bem mais suaves. Alguns senadores do PMDB garantem que Temer sabia de tudo e tudo aprovou.

É possível: ninguém chega ao comando do PMDB sem jogar o jogo do partido.

GENTE MÁ

Gente maliciosa estranhou quando, ao ser informado de uma medida jurídica tão pouco ortodoxa, Lewandowski tenha sacado na hora anotações, cópias de leis, etc. Existe gente que vê maldade em tudo. Lewandowski contou como as coisas de fato aconteceram: no sábado, ele imaginou que os partidários de Dilma talvez propusessem o fatiamento do impeachment, e mergulhou, com sua equipe, no estudo da tese. Pois não é que a intuição do ministro deu certo e o PT decidiu seguir o caminho por ele imaginado?

JORNAIS DE GLORIA

Em 1925, o Club Athletico Paulistano fez a primeira viagem de um time brasileiro de futebol à Itália. Sucesso total: nove vitórias em dez jogos. Mais: os europeus, nessa época, começaram a chamar os brasileiros - um timaço, com Araken e Evangelista atacando pela esquerda, e Friedenreich de centroavante - de reis do futebol, Só que até agora não havia imagens em movimento desses jogos; e os gols de Friedenreich eram registrados apenas em fotos. O Club Athletico Paulistano melhorou bem a situação: encomendou a Beto Duarte, filho do magnífico Orlando Duarte, um filme com as imagens disponíveis do time que apresentou nosso futebol aos europeus. O filme 1925, o ano em que nos tornamos reis foi exibido, para convidados, no dia 1º, numa bela festa no Club.

A propósito, há gols de Friedenreich. Ele seria hoje titular de qualquer time brasileiro.

QUEM FEZ O QUE

O fatiamento do impeachment foi sugerido por José Eduardo Cardozo e aceito por Ricardo Lewandowski, aconselhado por Renan Calheiros. O Brasil é um país rico em personalidades multiculturais: em que outro país um ministro do Supremo tem um conselheiro do nível de Renan Calheiros?
Paty Farias
03/09/2016 19:13
Oi, Herculano

O ex-presidente Lula internou-se no Hospital Sírio-Libanês, SP, para fazer novo check up.
Do Blog do Políbio


Deve ser para fugir de depoimento da Lava-Jato.

Mas que "mali" pergunte; eLLe procurou o postinho de saúde para tirar uma ficha para ser encaminhado aos nossos hospitais que atendem pelo SUS com os médicos cubanos?
Sidnei Luis Reinert
03/09/2016 17:03
A lavanderia chamada "Instituto Lula" vai fechar
Posted on 3 de setembro de 2016 by CristalVox


Nos últimos dias, o QG do lulopetismo foi abatido. Não bastassem as investigações da Lava Jato sobre os milionários e suspeitos pagamentos por empreiteiros no Petrolão a Lula e a seu instituto, a Receita Federal constatou "desvios de finalidade" na entidade e suspendeu a isenção tributária a que ela tinha direito. Em outras palavras, a Receita descobriu que o instituto não funcionava como um organismo de preservação da memória do ex-presidente e de parte do acervo que pertencia ao País. Ficou comprovado que a entidade era usada como uma verdadeira empresa de Lula. Por essa empresa, o ex-presidente, segundo investigações da Lava Jato, estaria movimentando recursos cuja origem estão em apuração. Mais do que retirar a isenção tributária, a Receita multou o instituto em cerca de R$ 8 milhões (valor ainda não definido, que pode chegar a R$ 12 milhões) . Afundada em denúncias de corrupção, a organização, dirigida por Paulo Okamotto, é o semblante público do lulismo e demonstra à perfeição os estertores do Partido dos Trabalhadores. Daqui para frente, deve minguar e acabar. Depois da operação Lava Jato e das delações feitas por empreiteiros presos, as palestras de Lula no exterior e as doações de empresas, as duas maiores fontes de receita, secaram.

"O fisco suspendeu a isenção tributária da entidade, além de aplicar uma multa milionária na organização"

O dinheiro que preenche o caixa do Instituto Lula deverá diminuir muito nos anos vindouros, porque as construtoras envolvidas com a Lava Jato pagavam por boa parte das palestras do ex-presidente, além de fazerem doações diretamente à entidade. Daqui para frente, a saída do PT do poder e a dificuldade natural de continuar abastecendo o instituto com diretores atrás das grades farão com que as carteiras das empreiteiras se fechem. E não eram poucos os recursos que saíam delas. O Ministério Público Federal descobriu recentemente que, de 2011 a 2014, mais da metade dos rendimentos da entidade, um total de R$ 27,3 milhões, foi oriundo de companhias em dívida com a Justiça.
Herculano
03/09/2016 15:08
O OBVIO. ISSO MOSTRA COMO OS POLÍTICOS ESTÃO DISSOCIADOS DOS SEUS ELEITORES E AFEITOS UNICAMENTE A SEUS INTERESSES DE PODER.61% DOS BRASILEIROS SÃO CONTRA DILMA PERMANECER COM SEUS DIREITOS POLÍTICOS

Conteúdo e texto de Mauricio Lima, de Veja.Feita na semana passada pela internet, uma pesquisa do instituto QualiBest dá a medida do que pensam os brasileiros sobre Dilma Rousseff permanecer com seus direitos políticos: 61% responderam que são contra. Em relação ao impeachment, 64% a favor.
Herculano
03/09/2016 14:29
PT E SUAS FASES, por Miriam Leitão, de O Globo

A era PT teve várias fases e muitos ângulos. As louvações e as críticas gerais são sempre imperfeitas. Houve a primeira fase da política econômica que ajudou a estabilização da economia, houve política anticíclica na hora certa. Mas o governo perdeu o ponto de interromper os estímulos e passou a ser irresponsável na área fiscal e no combate à inflação. Isso levou o país à crise.

Não se pode separar os erros e os acertos entre Lula e Dilma. É mais sútil. No período do ex ministro Antonio Palocci, uma equipe econômica competente fez a política que reduziu a inflação e arrumou o país. O medo do PT e das políticas que defendera durante a campanha elevou o dólar e a inflação e gerou uma crise de confiança.

Foi nesse momento que Palocci e o presidente do Banco Central Henrique Meirelles trabalharam em conjunto para combater a crise. A inflação chegou a 17% em 12 meses até maio de 2003. Sem uma política econômica correta, ela continuaria subindo e certamente a história seria outra. O país não suportaria o escândalo do mensalão, mantendo Lula no cargo, se a inflação estivesse fora do controle.

O combate ao descontrole dos preços por uma política fiscal responsável e uma política monetária firme foi tão eficiente que em março de 2007 a inflação havia caído para 2,96% em 12 meses. Em 2005, os ministros Palocci e Paulo Bernardo propuseram a meta do déficit nominal zero. Naquele momento, seria possível e o ideal é que tivessem reduzido a meta inflacionária.

Foi quando as ideias antigas do PT deram a resposta na voz da então chefe da Casa Civil Dilma Rousseff. Ela considerou a ideia "rudimentar". Estava ficando mais forte e, em torno dela, os economistas da velha guarda do PT se reuniram. Após a queda de Palocci, em 2006, a política econômica permanece com alterações periféricas, mas o grupo que havia ajudado Palocci já estava fora e restava apenas Meirelles, no BC, defendendo a política monetária.

O economista e presidente do Insper, Marcos Lisboa, peça fundamental da equipe do primeiro governo Lula, avalia que o Brasil viveu duas fases de política econômica desde os anos 80:

?" A primeira fase é mais liberal, voltada para inserção do Brasil na economia mundial, e vai do final do governo Sarney até o meio do período Lula. Depois, voltasse à política de Geisel. Visões diferentes na economia há em todos os partidos, mas no governo do PT a política nacional desenvolvimentista ganhou força com a saída de Palocci e predominou após 2008.

A crise internacional de 2008 foi o momento considerado perfeito para a guinada mais heterodoxa. Primeiramente, as políticas de estimulo fiscal e monetário protegeram o país do pior da crise, mas em 2010 passaram a ser usadas com o objetivo de eleger a ex-presidente Dilma. No seu governo, esse caminho do descontrole fiscal, benefícios a empresários, intervencionismo e descuido com a inflação se aprofundou.

?" A estagnação dos anos 80 é reflexo dos erros dos anos 70. E o crescimento dos anos 2000 é resultado das reformas dos anos 90. O Brasil voltou a errar no final do governo Lula e no governo Dilma e agora precisa fazer reformas estruturais, de longo prazo, para garantir o crescimento da década seguinte ?" disse Lisboa.

Um dos piores erros foi na política energética. Dilma errou ao segurar os preços em 2013 e depois teve que soltá-los de uma só vez em 2015. Quando foi feito o realinhamento tarifário, não havia como manter a repressão aos preços porque as empresas estavam quebrando. Dilma cometeu o erro sozinha: quis manipular o setor elétrico, em uma intervenção que se revelou desastrada, com o objetivo de usar isso em campanha. Hoje, reescreve a história e culpa a falta de chuvas. Mas o período seco só agravou a crise que ela criou.

Na área social, as políticas de transferências de renda ficaram mais fortes e foram responsáveis pelos resultados favoráveis em inclusão e aumento de consumo. Mas se não houvesse a estabilização monetária elas não teriam tido o mesmo efeito. Há muitos mitos nos números da retirada da pobreza. O PT fala deles como se fossem estáticos, mas a economia é dinâmica: ao gerar a crise, o PT retirou parcelas do grupo dos incluídos.

O governo Temer já está errando, na visão de Marcos Lisboa, quando faz reajuste salariais de servidores que beneficiam "o topo da pirâmide" e manda sinais ambíguos sobre o ajuste fiscal. É na economia que a política se perde ou se encontra.
Herculano
03/09/2016 12:02
da série: mas alguém tinha dúvida disso? Em Gaspar o PT não faz o mesmo constrangendo pessoas, entidades e instituições como se o Partido fosse o único possível de existir? Lembram do que fizeram do a juíza Ana Paula Amaro da Silveira... Acorda, Gaspar!

FACISTAS, CONVOCADOS POR DILMA E PELO PT, ATACAM O LOCAL DE TRABALHO DE INTEGRANTE DO MBL EM FLORIANOPOLIS, por Reinaldo Azevedo, de Veja

É preciso que fique claro: hoje, a ex-presidente e seu partido são os principais responsáveis pelos atos violentos que minorias de extremistas praticam em várias cidades

Vândalos Brasil afora estão atendendo ao chamamento de Dilma. São uma extrema minoria onde quer que se manifestem. Mas se mostram notavelmente violentos. Afinal, foi a impichada quem deu a ordem: é para lutar no limite do possível contra um governo dito "golpista". Ora, se o poder instalado é ilegítimo, então todos os meios são lícitos para fazê-lo ir ao chão. São Paulo, por exemplo, assistiu, mais uma vez, à explosão de vandalismo, com incêndio nas ruas e depredação de lojas. Oh, claro!, Guilherme Boulos não tem nada com isso, tá, gente? Ele é apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco, mas com parentes e amigos importantes? A turma, no entanto, é menos desorganizada do que parece. E a prova é o que aconteceu em Florianópolis.

Na capital de Santa Catarina, onde a manifestação também foi notavelmente truculenta, um grupo de vândalos se dirigiu às respectivas empresas em que trabalham três membros do MBL e picharam a fachada, gritando palavras de ordem: "Fora, golpistas" e "Fora, MBL". As vítimas são Daniel Porto e Munyck Carneiro, donos, respectivamente da "Yes" (um "call center") e da Ilha Print. Também a Qualirede, da qual Maria Eduarda Bernardo é funcionária, foi atacada. As empresas ficam num mesmo centro comercial. A canalha também aproveitou para fazer uma fogueira no local

Entenderam o ponto? Na conversa com a Folha Boulos tenta fazer crer que as manifestações violentas são explosões de ira sem centralização, que não obedecem a um comando, uma espécie de espontaneísmo anarquista que não teria vínculos com milicianos graúdos, como ele é.

Uma ova! Os que foram ameaçar Porto, Munyck e Maria Eduarda sabiam muito bem o que estavam fazendo. Tanto é assim que seus locais de trabalho foram atacados, e palavras de ordem foram lançadas contra o MBL, que eles integram, um dos principais grupos que organizaram as magajornadas em favor do impeachment.

Eis o exemplo de democracia e tolerância que nos dão Dilma Rousseff e o PT. E olhem que a mulher está fora do poder. Imaginem se, numa tramoia lewandowskiana, ela voltasse ao poder?

Lei 12.850 neles!

Lei 7.170 neles!
Herculano
03/09/2016 10:53
ANTES DO TEMPO

O Partido Comunista, o PSD de Marcelo de Souza Brick , o PSB de Giovânio Borges e o PPL entraram na Justiça para saber detalhes da coleta da pesquisa que seria publicada.

O juiz eleitoral de Gaspar Rafael Germer Condé, indeferiu simplesmente não tinha objeto: a pesquisa publica.

Agora que saiu favorável à coligação será que ela reapresentará o pedido?
Herculano
03/09/2016 08:32
TRAMA DO 'FATIAMENTO' DEIXOU OPOSIÇÃO PERPLEXA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A antiga oposição a Dilma e ao PT ainda permanece atordoada com a trama do presidente do Senado, Renan Calheiros, para "fatiar" o impeachment. Apesar dos indícios de que o "estupro coletivo" da Constituição foi uma jogada para "melar" o impeachment e torná-lo sujeito a recursos no Supremo Tribunal Federal (STF), há senadores ainda achando que Renan apenas foi "gentil" com a ex-presidente.

TEATRO SENADO
O conchavo para "fatiar" o impeachment foi selado em jantar de Renan com o PT no dia em que ele se disse "indignado" com Gleisi Hoffmann.

CATATONIA
Senadores da antiga oposição não se perdoam: eles não perceberam o golpe do "fatiamento" sendo armado debaixo das suas barbas.

CAIU A FICHA
Agora os senadores entendem as visitas inapropriadas do presidente do Senado, Casa Julgadora, à presidente cujos crimes julgaria dia 31.

CASO DE AMOR
"Há relação de amor entre PMDB (de Renan Calheiros) e PT, um amor que não estava exposto", diz o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES).

LULA AGORA TEME SER PRESO A QUALQUER MOMENTO
Para desespero do ex-presidente Lula, será mesmo o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara de Curitiba, encarregado da Lava Jato, o responsável pelo caso do triplex no Guarujá, litoral paulista, onde foi indiciado. O ex-presidente é acusado de crimes considerados graves, por isso quis virar ministro de Dilma para ganhar foro privilegiado e escapar do juiz; apelou ao Supremo, e até às Nações Unidas. Tudo resultou inútil.

CRIMES
Lula pode ser preso a qualquer momento. Ele pode ser condenado por corrupção, ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro.

INDICIADO
O ex-presidente Lula, sua mulher Marisa e filhos foram indiciados pela Polícia Federal no caso do triplex e do sítio Santa Bárbara.

RÉU
O procurador-Geral Rodrigo Janot pediu e a Justiça Federal de Brasília tornaram réu o ex-presidente Lula por tentar melar a Lava Jato.

MASCATE BRASILEIRO
O ministro Blairo Maggi (Agricultura), que integra a comitiva de Michel Temer à China, vai permanecer na Ásia até o dia 23, prospectando negócios para o Brasil. Temer brincou: "Sinto inveja do ministro...".

COMPROMISSO
Renan Calheiros fez o discurso mais elogiado em Shangai, no Seminário Empresarial de Alto Nível Brasil-China. Prometeu que o Congresso será parceiro do governo no esforço para recuperar o País.

NÃO TINHA O QUE FAZER
Juristas têm censurado o comportamento do presidente do Senado, Renan Calheiros, que nem sequer deveria estar à Mesa, no julgamento de Dilma. De lá, ele deu a senha para a trama do "fatiamento".

PONTUALIDADE
Para não chegar atrasado em Shangai, o presidente Michel Temer permitiu parar só para reabastecimento. Foram duas paradas. Dilma, ao contrário, sempre intercalava longo percurso com pit-stop turístico.

NEM UM 'OPS, FOI MAL'
Investigado por 544 torturantes dias, o senador Edison Lobão (PMDB-MA) enfrentou humilhações, insultos, teve a casa devassada na 22ª fase da Lava Jato etc. Seu prestígio político ruiu. Há dias, o ministro Teori Zavascki arquivou o inquérito. Ninguém lhe pediu desculpas.

INSULTOS TROCADOS
Xingado de "golpista", o ministro Geddel Vieira Lima (Governo) reagiu com uma ofensa ainda mais grave: "petista!" O senador Cassio Cunha Lima (PSDB-PB) adorou a ideia e a adotou prontamente.

CONTRA O CENTRÃO
Aliados de Michel Temer voltam a tentar destituir o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE). Alegam que ele não conseguirá os votos para aprovar o limite de gastos públicos. O centrão já reclama.

RANKING NEGATIVO
Preso, o ex-prefeito de São Bento Luiz Gonzaga Barros (PCdoB-MA) já é considerado um dos prefeitos mais corruptos do país. Correligionário do governador Flávio Dino, ele é acusado de desviar R$26 milhões.

PERGUNTA NA PLANÍCIE
Com Léo Pinheiro fora de combate, alguém se habilita a fazer uma surpresa a Dilma, reformando o apartamento dela sem prévio aviso?
Herculano
03/09/2016 08:26

oscar vilhena vieira



O BRASIL VIVE UMA GUERRA DE NARRATIVAS, por Oscar Vilhena Vieira, doutor em direito, para o jornal Folha de S. Paulo

Uma das questões mais difíceis de serem respondidas neste momento é se vivemos uma crise meramente política, por mais aguda que seja, ou se essa crise já se transformou numa crise de natureza constitucional.

Uma das funções mais essenciais de uma constituição é habilitar que o conflito e a disputa política, inerentes a toda sociedade, possam ser institucionalmente processados. Para isso servem as eleições, os partidos, os parlamentos com suas barganhas inomináveis e um sistema subsidiário de resolução de conflitos, que é o Judiciário. Assim, por mais extremos que sejam os desacordos entre os diversos atores sociais e mesmo entre as instituições responsáveis por canalizar seus conflitos, enquanto esses desacordos estiverem sendo razoavelmente metabolizados institucionalmente, não há que se falar em crise constitucional.

Em caso de crises políticas graves, as democracias constitucionais contam ainda com mecanismos institucionais especiais, como o estado de sítio, a intervenção federal ou o próprio impeachment, que devem ser disparados quando os instrumentos ordinários não se demonstram mais eficientes para estabilizá-las. A ativação desses mecanismos designa um agravamento da crise política, mas não necessariamente uma crise constitucional.

É natural que no momento em que esses instrumentos, pouco utilizados na vida política ordinária, entram em ação, surja uma dura disputa interpretativa sobre como estão sendo implementados. É exatamente este tipo de disputa narrativa que parece ter se acirrado após a decisão do Senado Federal.

De um lado, Senado e Câmara estão sendo acusados de terem dado um golpe na Constituição e no eleitorado ao ter cassado, sem base na lei, o mandato popular que foi legitimamente conferido à ex-presidente. De outro lado, o Senado também é acusado de estar violando a Constituição ao fatiar a votação e deixar de suspender os direitos políticos da ex-presidente, destituída do poder por fraudar as condições para o seu exercício.

Essa guerra de narrativas constitucionais vai muito além de uma mera discordância jurídica sobre o modo como se comportou o parlamento. O Supremo, em menos de 24 horas, foi convocado para julgar qual dessas narrativas mais se conforma à estrutura e ao sentido da Constituição. Embora isso demonstre a clara falta de confiança no Senado como agente especial para a solução da crise política, também aponta que os atores em disputa continuam investindo nos canais institucionais para a resolução de seus conflitos.

Ainda que o Supremo tenha uma jurisprudência razoavelmente assentada sobre os limites da sua interferência no processo de impeachment, a enxurrada de ações o obrigará a revisitar até onde será deferente ao Senado, ainda que dele discorde, e a partir de que momento se permitirá rever os atos do Senado.

A questão fundamental é se a decisão do Supremo, qualquer que seja, será capaz de amenizar a atual guerra de narrativas, recompondo a lealdade constitucional, ou se acentuará o esgarçamento do diálogo político, intensificando os conflitos sociais e o desafio à institucionalidade. Se isso ocorrer, saberemos que a grave crise política terá se transformado numa verdadeira crise constitucional. Creio, no entanto, que nosso constitucionalismo se demonstrará mais uma vez resiliente.
Herculano
03/09/2016 08:22
O FIASCO DA CAMPANHA PETISTA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

A campanha de desinformação liderada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pela presidente cassada Dilma Rousseff e por seus simpatizantes mundo afora, a título de denunciar um certo "golpe" no Brasil, foi amplamente desmoralizada por Estados Unidos, China e Argentina. Os governos americano e chinês, que lideram a economia global, e o governo da Argentina, principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul, trataram de reconhecer Temer como presidente de fato e de direito, e com a nova administração brasileira pretendem tocar a vida adiante.

Assim, a desvairada tese do "golpe" só sobrevive na boca dos incautos, dos intelectuais e artistas divorciados da realidade, dos chefes de Estado bolivarianos e dos petistas destituídos das preciosas boquinhas federais.

Logo depois do desfecho do impeachment e da posse de Temer, segundo informou o Palácio do Planalto, o secretário de Estado americano, John Kerry, enviou mensagem ao novo presidente dizendo que os Estados Unidos confiam na manutenção do forte relacionamento com o Brasil.

O porta-voz do Departamento de Estado americano, John Kirby, em entrevista coletiva, informou que, no entender do governo americano, tudo se deu "de acordo com o ordenamento constitucional do Brasil". Questionado por um repórter fiel à versão do "golpe", que lhe perguntou mais de uma vez se o governo americano não tinha mesmo nenhuma preocupação a respeito do impeachment, Kirby foi enfático: "Esta é uma questão interna do Brasil, e eu acho que você deveria procurar as autoridades brasileiras para colher informações sobre o assunto. E nós acreditamos que as instituições democráticas do Brasil atuaram de acordo com a Constituição".

Na China, onde acontece a reunião do G-20, Temer foi recebido pelo presidente Xi Jinping. Num encontro de 40 minutos, o líder chinês expressou o desejo de fazer diversos negócios com o Brasil. Qualificou Temer como "amigo".

Por fim, o governo da Argentina, que já havia respaldado o governo interino de Temer, expressou seu respeito pela decisão do Congresso de destituir Dilma e reafirmou sua "vontade de continuar pelo caminho de uma real e efetiva integração, no marco do absoluto respeito aos direitos humanos, às instituições democráticas e ao direito internacional". Outros países sul-americanos, como Peru, Chile e Paraguai, foram na mesma linha.

Já o Equador, a Bolívia e a Venezuela, países governados por autocratas inspirados na cartilha antidemocrática chavista, convocaram seus embaixadores no Brasil ?" uma dura medida diplomática ?" em protesto contra o desfecho do processo de impeachment, que eles chamam de "golpe parlamentar". Para Nicolás Maduro, responsável pela transformação da Venezuela em um inferno, "esse golpe não é apenas contra Dilma Rousseff, é contra a América Latina e países do Caribe, é um ataque contra os movimentos populares, progressistas, contra os partidários das ideias de esquerda".

Enquanto isso, Lula, provavelmente consciente de que as principais potências mundiais e os mais importantes parceiros regionais do Brasil já reconheceram o governo Temer, tenta desesperadamente angariar ainda algum apoio internacional. Ele enviou uma carta a governantes e ex-governantes com quem se relacionou quando foi presidente, na qual diz que o impeachment não passa de uma ação das "forças conservadoras" para "impedir a continuidade e o avanço do projeto de desenvolvimento e inclusão social liderado pelo PT". Nem é o caso de perder tempo com as inúmeras mentiras do texto. O que importa é notar que a carta se presta a denunciar a perseguição de que Lula se diz vítima, pois está claro, a esta altura, que está chegando o momento em que o chefão petista terá de prestar contas de suas maracutaias à Justiça.

Ao fim e ao cabo, parece mesmo não haver alternativa a Lula e a seus colegas latino-americanos inimigos da democracia ?" não por acaso os únicos a defender Dilma - senão esperar que o mundo seja acometido de um surto de ingenuidade e lhes dê ainda algum crédito.
Herculano
03/09/2016 08:20
E GASPAR NÃO ESTÁ NO ROTEIRO? OS ADVERSÁRIOS ESTÃO ANSIOSOS

APOS PERÍODO DE DESCANSO, DILMA RODARÁ O PAÍS PARA APOIAR CANDIDATOS DO PT, por Natuza Neri, no Painel do jornal Folha de S. Paulo

Diz que fui por aí
Contrariando apostas, a ex-presidente Dilma Rousseff não pretende ficar reclusa fora do cargo. A petista deve atravessar um período de descanso de cerca de dez dias. Depois disso, pretende viajar pelo país para participar de algumas campanhas municipais. Ela já recebeu convite de Raul Pont (PT), candidato a prefeito em Porto Alegre, e organiza viagens para Estados do Nordeste, como Pernambuco e Bahia, onde pesquisas de opinião apontam rejeição maior ao impeachment.
Herculano
03/09/2016 08:13
APOS IMPEACHMENT, PT TIROU CÃES FURIOSOS DA CENA E ESCALOU MODERADOS, por Demétrio Magnoli, geógrafo e sociólogo para o jornal Folha de S. Paulo

Depois da cisão, a conciliação. Concluída a votação do impeachment, o PT tirou seus cães furiosos da cena e, no lugar deles, escalou vozes moderadas. Kátia Abreu, uma liberal de estimação, apelou ao sentimento de seus pares; um sereno Jorge Viana invocou a necessidade de preservar "o dia de amanhã aqui no Senado". No fim, graças à notável criatividade jurídica de Ricardo Lewandowski, que propiciou a mudança do artigo 52 da Constituição pela vontade minoritária de um terço dos senadores, obtiveram a manutenção dos direitos políticos de Dilma Rousseff. Ali, plantou-se a mudinha de uma espécie singular de "união nacional".

"A política da conciliação é um antídoto contra o levante, um relaxamento da tensão entre a vida como ela é e a vida como deve ser", escreveu James David Barber. A "vida como deve ser": o retorno à velha ordem, abalada nessa quadra de crise pelo impeachment e pelos processos contra políticos e empresários. A política da conciliação, explicou Barber, "é um romance de restauração": no caso do Brasil, a recuperação do privilégio da elite política de submeter a coisa pública às redes de interesses partidários e privados. A absolvição parcial de Dilma descortina um caminho promissor: perdão e redenção.

"Não poderíamos fazer um acordo com os nossos algozes", disfarçou Humberto Costa, como se pudesse permanecer em segredo o pacto costurado na residência de Renan Calheiros e avalizado por Lewandowski. Do ponto de vista do PT, cisão e conciliação funcionam como polos complementares de uma mesma estratégia. A página do golpe não foi virada, mas passa a conviver com um novo texto. Quem liga para a coerência? A denúncia do "golpe parlamentar", cantada por Dilma, ecoada por "intelectuais orgânicos" e artistas, continuará a desempenhar as funções subsidiárias de reunir a base militante e oferecer um discurso eleitoral. Mas será devidamente subordinada ao imperativo da conciliação, que promete reerguer uma ponte bombardeada. Lula precisa de perdão e de redenção.

O senador Álvaro Dias enxergou na manobra um "jeitinho brasileiro" destinado a "proteger a poderosa Dilma". Mas Dilma funciona no episódio como mero precedente: a chance de fraudar as leis à sombra do STF. Se um "jeitinho" vale em benefício dela, por que expedientes similares não valeriam para Eduardo Cunha e muitos outros, presos na teia das investigações judiciais? Daqui em diante, ao menos em tese, a perda do mandato seria apenas um ponto de partida rumo à redenção eleitoral. Os senadores da maioria governista que votaram com o PT não protegiam Dilma, mas compravam um seguro contra acidentes. O bravo Calheiros, em particular, um personagem arqueado sob o peso de tantos processos, operou em defesa própria, enviando uma mensagem ao governo Temer. Ele está dizendo que a desordem foi longe demais: é tempo de construir uma ampla coalizão política contra a Lava Jato.

No Brasil oficial, esse mundo assolado pelo medo, angustiado pelas incertezas, avança a "pacificação" invocada por Temer em seu discurso de posse. Se a impunidade absoluta está morta, que tal inventar o perdão? A reunificação, ainda uma planta tenra, já parece capaz de dar frutos. O PSDB e o DEM rejeitaram o santo pacto em plenário para, na sequência, recuarem da efêmera intenção de contestá-lo no STF. "A questão essencial está resolvida", decretou Aécio Neves, como quem desenha um ponto final ?"apenas para, sob pressão da opinião pública, recuar do recuo no dia seguinte, apresentando o recurso judicial.

O impeachment de Dilma e a patética posse de Temer assinalam uma crise maior. Estilhaça-se a "Nova República" proclamada no discurso de posse de Tancredo Neves, lido por José Sarney há 31 anos. O ensaio de conciliação é uma tentativa de colar seus cacos, salvando "o dia de amanhã" de uma elite política acossada
Herculano
03/09/2016 08:08
da série: com a imprensa livre e investigativa, os políticos ficam nús nas suas manobras e revoltados com as revelações públicas de suas sacanagens entre eles, que só foram possíveis com o voto dos eleitores a quem querem enganar ou sonegar as informações das tramoias para continuarem políticos reeleitos. Triste é saber que o Judiciário faz parte do segredo e da sacanagem que chega ao cúmulo de rasgar obrigação expressa da Constituição

ARTICULAÇÃO PRO-DILMA FOI INFORMADA A LEWANDOWSKI NOVE DIAS ANTES DA SESSÃO, por Josias de Souza.

Parte 1

No último dia 22 de agosto, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, abriu uma fenda na agenda para encaixar uma visita. Recebeu em seu gabinete a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO). Autorizada pela amiga Dilma Rousseff, Kátia foi conversar sobre a sessão de julgamento do impeachment, que ocorreria dali a nove dias, na manhã do dia 31.

Ex-ministra da Agricultura de Dilma, a senadora informou a Lewandowski que os aliados de Dilma apresentariam um requerimento inusitado aos 45 minutos do segundo tempo do julgamento do impeachment. Desejava-se votar separadamente a deposição de Dilma e a punição que poderia bani-la da vida pública por oito anos. Confirmando-se o afastamento da presidente, Kátia tinha a esperança de livrá-la do castigo adicional.

A senadora foi à presença de Lewandowski acompanhada de João Costa Ribeiro Filho, um personagem cujo anonimato não faz jus ao protagonismo que desempenhou no enredo que produziu mais uma jabuticaba brasileira: o impeachment de coalizão, no qual o PMDB, partido do "golpista" Michel Temer, juntou-se ao PT para suavizar a punição imposta à "golpeada" Dilma, preservando-lhe o direito de ocupar funções públicas mesmo depois de deposta.

Partiu de João Costa - um advogado mineiro que cresceu em Brasília e entrou para a política no Tocantins - a ideia de fatiar o julgamento do impeachment. Por ironia, o autor da tese que atenuou o suplício de Dilma já pertenceu aos quadros do tucanato. Em 2010, filiado ao PSDB, tornou-se suplente do senador Vicentinho Alves (PR-TO). Em 2011, trocou o ninho pelo PPL, Partido da Pátria Livre. Chegou a assumir a poltrona de senador por alguns meses, entre outubro de 2012 e janeiro de 2013.

Até ser apresentado à tese de João Costa, Lewandowski não cogitava realizar senão uma votação no julgamento do impeachment. Assim pedia o parágrafo único do artigo 52 da Constituição: "Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis."
Herculano
03/09/2016 08:06
da série: com a imprensa livre e investigativa, os políticos ficam nús nas suas manobras e revoltados com as revelações públicas de suas sacanagens entre eles, que só foram possíveis com o voto dos eleitores a quem querem enganar ou sonegar as informações das tramoias para continuarem políticos reeleitos. Triste é saber que o Judiciário faz parte do segredo e da sacanagem que chega ao cúmulo de rasgar obrigação expressa da Constituição

ARTICULAÇÃO PRO-DILMA FOI INFORMADA A LEWANDOWSKI NOVE DIAS ANTES DA SESSÃO, por Josias de Souza.

Parte 2

Quatro dias antes da visita a Lewandowski, João Costa telefonara para Kátia Abreu. Pedira para ser recebido. Atendido, abrira a conversa afirmando à interlocutora que a defesa de Dilma cometia um erro comum nos tribunais de júri: preocupava-se obsessivamente com o mérito da acusação, sem atentar para a pena. Ele havia estudado a matéria. Apresentou um roteiro que levaria à votação fatiada. Passava, em essência, pelo regimento interno do Senado, que prevê o DVS (destaque para votação em separado) e pela Lei 1.079, que contempla a votação em fatias.

Kátia Abreu, até então mergulhada no esforço para tentar conquistar os 28 votos que enterrariam o pedido de impeachment, impressinou-se com os argumentos de João Costa. "Liguei para a Dilma", recordou a senadora, numa conversa com o blog. "Preciso ir aí, tenho um assunto seríssimo para falar com a senhora. É particular, sem ninguém por perto." Kátia rumou para o Palácio da Alvorada. Levou João Costa a tiracolo. Imaginou que a amiga reagiria mal à prosa. Falar sobre dosimetria de pena àquela altura significava admitir que a condenação era mesmo inevitável. "Para minha surpresa, ela entendeu e recebeu muito bem."

Sabendo-se praticamente cassada, Dilma autorizou Kátia Abreu a dar sequência à articulação. Por sugestão da senadora, organizou-se uma reunião com José Eduardo Cardozo, o advogado petista de Dilma. Que também reagiu com naturalidade. Firmou-se um pacto de sigilo. A notícia de que Dilma já guerreava pela atenuação do castigo seria interpretada como símbolo da rendição. Algo que a confinada do Alvorada preferia não admitir em público.

Informado da articulação por Dilma, Lula comentaria mais tarde, em privado, que enxergou sensatez na estratégia de cuidar também da pena que poderia ser imposta a Dilma. A própria Kátia Abreu cuidou de comunicar os planos ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Apresentado ao roteiro, Renan entusiasmou-se. Disse que considerava "certíssimo" livrar a ex-aliada da proibição de ocupar cargos públicos por oito anos. "A Dilma merece que a gente faça isso por ela."

Kátia pediu calma a Renan. Esclareceu que o fatiamento ainda era o Plano B. "Não entrego o jogo antes da hora. Vamos até o final." Sem alarde, um assessor da liderança do PT foi acionado para elaborar o requerimento para desmembrar a votação do impeachment em duas. O documento foi formalmente apresentado pelo líder do PT, Humberto Costa (PE).

Na conversa com Lewandowski, Kátia Abreu testemunhou um telefonema do presidente do Supremo para o secretário-geral da Mesa do Senado, Luiz Fernando Bandeira, um dos principais assessores de Renan nas sessões plenárias. O ministro pediu-lhe que estudasse o tema. A ordem foi cumprida com esmero. No dia da sessão, Lewandowski estava munido de um autêntico tratado. Não havia questão levantada pelos rivais de Dilma que ele não trouxesse a resposta na ponta da língua.

Afora os encaminhamentos de praxe ?"dois senadores a favor e outros dois contra?"Renan Calheiros discursou, ele próprio, em defesa do abrandamento da punição de Dilma. ''No Nordeste, costumamos dizer uma coisa: 'Além da queda, coice'. Não podemos deixar de julgar, mas não podemos ser maus, desumanos.'' Foi nesse diapasão que os senadores livraram Dilma do coice da inabilitação para o exercício de funções públicas depois de tê-la derrubado da Presidência da República. Tudo com o aval de Lewandowski.
Herculano
03/09/2016 07:57
DILMA IRÁ MORAR EM APARTAMENTO DE LUXO A 200 METROS DA PRAIA NO RIO

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Felipe de Oliveira, do Rio de Janeiro e Marina Dias, da sucursal de Brasília. Um apartamento com cerca de 125 m², a 200 m da praia de Ipanema, na zona sul do Rio, será o destino da ex-presidente Dilma Rousseff quando deixar o Palácio da Alvorada, em Brasília.

Localizado na região com um dos maiores IPTUs da cidade, o imóvel fica no terceiro pavimento de um prédio que tem quatro apartamentos por andar.

É de propriedade de Dilma Jane, mãe da petista.

Segundo moradores, cada um tem valor aproximado de R$ 3,5 milhões.

Dos 32 apartamentos, somente 20 têm direito a uma vaga de garagem.

A petista era presença bissexta no local - sua última visita, segundo moradores, foi ainda na época de presidente, acompanhada de forte esquema de segurança.

A perspectiva de ter Dilma como vizinha dividiu a opinião de moradores ouvidos pela Folha. Um deles, que não quis se identificar, afirmou que a ex-presidente não é bem vista pelos demais.

Já para Fernanda Carla, que vive em um prédio vizinho, a presença poderá trazer benefícios.

"Ela já veio aqui outras vezes, não vejo problema em morar. Pode ser até bom, quem sabe a polícia não aparece mais aqui?"

O futuro endereço da ex-presidente fica próximo a pontos turísticos famosos como o Arpoador, o parque Garota de Ipanema e o Forte de Copacabana. Na esquina da rua está o hotel Fasano.

Para manter sua rotina de pedaladas, a ex-presidente terá uma das maiores ciclovias do Rio de Janeiro à disposição, que vai de Copacabana até São Conrado.

Se passear pela avenida da praia, a Vieira Souto, Dilma passará em frente ao apartamento do senador Aécio Neves ?"que fica a cerca de 950 m de distância do da petista.

Ainda em Brasília, a ex-presidente comentou pela primeira vez nesta sexta (2) a divisão da votação no julgamento de seu impeachment.

Ela disse que a medida "não atenua" a decisão dos senadores de cassar seu mandato. Segundo ela, o afastamento definitivo foi a decretação de sua "pena de morte política".

O advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo, diz que, com a absolvição na segunda votação, Dilma pode se candidatar a qualquer cargo eletivo. A chefe, por sua vez, afirma que "não tem projeto eleitoral elaborado".

O PSDB protocolou nesta sexta (2) um mandado de segurança que questionar a legitimidade do fatiamento. O documento tem o apoio do DEM, PPS e Solidariedade.
Herculano
03/09/2016 07:51
RENATO DUQUE RELATA CONVERSAS SOBRE PROPRINA NO INSTITUTO LULA

Conteúdo do jornal Valor Econômico. Texto de André Guilherme Vieira. O ex-diretor de Serviços da Petrobras indicado ao cargo pelo PT, Renato Duque, afirmou à Operação Lava-Jato ter participado pessoalmente de reuniões para discutir a suposta divisão de propinas envolvendo contratos da estatal com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.

Os encontros teriam ocorrido na sede do instituto, em São Paulo, de acordo com a versão apresentada pelo ex-diretor. As informações foram apuradas pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. Segundo Duque, as reuniões eram periódicas e nelas se discutia a questão do financiamento do PT com recursos originados em desvios da petrolífera.

O ex-diretor da Petrobras está muito próximo de fechar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba. Ele afirmou dispor de meios para provar que as reuniões aconteceram. Duque também se comprometeu a indicar elementos de prova sobre supostas irregularidades que afirma ter discutido com Lula e Okamotto nos encontros.

O ex-chefe da área de Serviços e Engenharia da Petrobras já prestou informações escritas aos investigadores por meio de anexos elaborados por seus advogados. O material é considerado relevante. Outros anexos de informações serão entregues aos procuradores da força-tarefa a partir do dia 8 de setembro.

Se o MPF aceitar a delação de Duque, ele começará a depor como colaborador em data a ser definida pelos procuradores da República. Neste caso, as oitivas deverão ocorrer na sede da Polícia Federal (PF) em Curitiba, onde o ex-executivo deverá ser mantido para prestar os depoimentos em delação premiada.

Negociação
Condenado em primeira instância a mais de 51 anos de prisão e cumprindo execução provisória de três sentenças no Complexo Médico Penal em Pinhais (PR), Duque levou mais de um ano para aceitar as condições previstas em lei para tornar-se colaborador. O ex-diretor era considerado arrogante e de temperamento explosivo.

A negociação para o acordo do ex-diretor, alçado à Petrobras em 2003, durante o primeiro ano de governo de Lula, contou com dezenas de revezes e incidentes que quase o inviabilizaram.

O Valor também apurou que Duque fez um relato sobre o que chamou de "verticalização" das ordens de comando na Petrobras. Segundo ele, as decisões tomadas pela estatal - que deveriam obedecer a critérios técnicos - eram ordenadas com viés politico.

Na pré-delação premiada o ex-diretor também apontou o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli como participante do suposto esquema de corrupção nas diretorias da petrolífera.

A posição de Duque como diretor de Serviços conferia a ele acesso a todos os contratos firmados pela estatal, mesmo em outras diretorias estratégicas, como a de Internacional e a de Abastecimento. Segundo a Lava-Jato, elas eram cotas políticas do PMDB e do PP, respectivamente. A área de Serviços era loteada pelo PT, de acordo com as investigações.

Tanto a defesa de Lula como a de Gabrieli têm negado qualquer envolvimento com ilícitos ocorridos na Petrobras. Até a publicação desta nota, a reportagem ainda não tinha conseguido contato com os advogados de ambos.

Outro lado
Por meio da assessoria, o Instituto Lula afirmou que não comentará sobre "supostas delações". "Reiteramos que o ex-presidente Lula não cometeu ilícitos e não comentaremos delações negociadas com procuradores para a obtenção de benefícios judiciais. A delação em si não tem valor de prova."
Herculano
03/09/2016 07:49
SHAKESPEARE VAI AO PLANALTO, por André Singer, ex-assessor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT, para o jornal Folha de S. Paulo

A guilhotina, afiada por 61 votos contra 20, estava quase sobre o pescoço da ex-presidente Dilma Rousseff na última quarta-feira (31), quando a ruralista Katia Abreu, no papel de primeira amiga, gritou: "Parem"! Bravamente secundada pelos cavaleiros Ricardo Lewandowski e Renan Calheiros, e mais uma tropa de 19 apoiadores do impeachment, conseguiu transmutar a pena de morte numa espécie de prisão perpétua. A condenada perde o poder, porém, fica viva. Aplausos e vaias. Desce o pano.

A cena conclusiva do espetáculo senatorial foi digna de um drama shakespeariano, no qual tragédia e farsa se misturam em doses equivalentes. Para efeitos imediatos, pouco muda. O golpe parlamentar se consumou, encerrando este ciclo do lulismo, com danos à democracia. Mas, ao garantir, no último minuto, a manutenção dos direitos de Dilma, o Senado mandou um recado à plateia, com uma piscadela: não houve mesmo crime de responsabilidade, a ré é inocente, caiu por razões políticas.

O longo interrogatório a que fora submetida dois dias antes revelou-se decisivo para o desfecho. Embora não tenha o dom da oratória, Dilma conseguiu evidenciar, perante o tribunal da opinião pública, a fragilidade das acusações que lhe eram imputadas. Ao levantar-se da cadeira, 14 horas depois de iniciada a sessão com um competente discurso lido, a rainha prestes a perder o cetro tinha conseguido colar as palavras traição e usurpação na imaginária coroa que, sequestrada por Eduardo Cunha, Michel Temer envergaria.

Ao preservar a dignidade da mandatária deposta, os peemedebistas cordiais do Senado, dentre os quais ex-ministros da era lulista, levaram o nosso Ricardo III a começar o mandato na defensiva. Indignados, os demais partidos da aliança exigiam retaliações contra os traidores do PMDB. Em lugar da comemoração morna prevista para a noite, o novo monarca foi obrigado a endurecer e ameaçar, instando os descontentes a deixarem o palácio.

Chegou, assim, manco ao trono, manchado de sangue. Nem por isso menos temível, pois se formou bloco social de grande envergadura disposto a retomar o projeto neoliberal de onde ele havia parado nos anos 1990. Subestimar o tamanho da onda que vem por aí seria grave erro de avaliação.

A balbúrdia na base parlamentar, as ameaças da Lava Jato, a má avaliação do eleitorado que acometem o novo príncipe serão revertidos se os empregos reaparecerem. A coalizão vitoriosa está consciente do assunto. O empenho em viajar à China logo depois da desastrada posse o demonstra. Tem início uma peça diferente.
Erva Daninha
02/09/2016 19:54
Olá, Herculano;

Às 15:30hs, na rua Silvano Cândido da Silva, um automóvel Chevrolet na cor prata era dirigido perigosamente sem obedecer as leis de trânsito.
Até aí, tudo bem, porque é público e notório que o brasileiro dirige sem responsabilidade.
Mas o que me chamou a atenção é que o carro estava
"decorado" com fotos do Kleber.
Se o pitoco que faz campanha é um irresponsável, o candidato também é?
Herculano
02/09/2016 19:03
DELCÍDIO AFIRMA EM DEPOIMENTO QUE LULA "COMANDAVA" A CORRUPÇÃO NA PETROBRAS, por Josias de Souza

O ex-senador Delcídio Amaral prestou depoimento à força-tarefa da Lava Jato nesta quinta-feira (1º), um dia depois da deposição de Dilma Rousseff. Falou na condição de delator ao procurador da República Januário Paludo. No trecho mais relevante, Delcídio declarou que Lula comandava o esquema de corrupção na Petrobras.

Deve-se a revelação sobre o conteúdo do depoimento ao repórter Daniel Pereira. Em notícia veiculada no site de Veja, ela conta que, de acordo com Delcídio, Lula cuidou pessoalmente do rateio político de diretorias da Petrobras. Envolvia-se na divisão dos postos e na escolha dos nomes indicados pelos partidos.

De resto, Delcídio disse ao procurador da Lava Jato que Lula tinha pleno conhecimento de que as legendas - PT, PMDB e PP - usavam as diretorias da estatal para cobrar propinas de empreiteiras e fornecedores da Petrobras. Tratava-se, na definição do delator, de uma ação de governo voltada à compra de apoio parlamentar no Congresso.

Encrencado desde que foi pilhado tentando comprar o silêncio do também delator Nestor Cerveró, Delcídio respondia a processo no Supremo Tribunal Federal. Cassado, perdeu o anteparo do mandato e viu o caso descer para a primeira instância do Judiciário. As informações que prestou em Curitiba devem ser usadas em inquéritos que correm contra Lula, também submetido à Justiça de primeiro grau.
Herculano
02/09/2016 18:52
MBL QUE NÃO QUIS IR PARA A RUA EM JULHO ALEGANDO QUE "NÃO VIA" MOTIVOS PARA TAL. AGORA, CORRE ATRÁS DO PREJUÍZO E ARRROGANTE ACOMODAÇÃO.DIZ QUE VAI ENTRAR COM PEDIDO DE IMPEACHMENT DE LEWANDOWSKI, QUE SO FEZ O QUE FEZ COM RENAN E O PMDB POR FALTA DE PRESSÃO POPULAR. MBL TEM CULPA NESTE CARTORIO. SEM PRESSÃO E MEDO DE PERDER A BOQUINHA VINDA DOS VOTOS DOS ELEITORES, POLÍTICO NÃO FUNCIONA

Texto é de Reinaldo Azevedo, de Veja.O movimento se baseia nas informações de que ministro participou de tratativas para o fatiamento inconstitucional do julgamento de Dilma.

Com base nas informações de que o ministro Ricardo Lewandowski, que preside o Supremo e presidiu o julgamento de Dilma, participou das tratativas de bastidores que resultaram no fatiamento do julgamento - distinguindo a perda do mandato da inabilitação -, o Movimento Brasil Livre vai entrar com uma denúncia contra o ministro no Senado, pedindo o seu impeachment, conforme prevê a Alínea 5 do Artigo 39 da Lei 1.079, que prevê essa pena para o titular da Corte que "proceder de modo incompatível com a honra dignidade e decoro de suas funções".

O fatiamento é inconstitucional; viola o Parágrafo Único do Artigo 52 da Constituição.

Se Lewandowski participou dessas conversas de bastidores, é claro que pode ser impichado.

A denúncia tem de ser oferecida ao Senado. Segundo o Regimento Interno, a decisão inicial cabe soberanamente ao presidente da Casa. É ele quem põe a questão para tramitar ou quem decide arquivar.

O presidente do Senado é Renan Calheiros (PMDB-AL), que, segundo as reportagens, participou ativamente da articulação.

Por isso, o MBL estuda também uma maneira de pedir a suspeição de Renan para cuidar desse caso.
Herculano
02/09/2016 13:57
POR QUE LEWANDOWSKI PODE, SIM, SER ALVO DE UM PROCESSO DE IMPEACHMENT, por Reinaldo Azevedo, de Veja

Ministro participou de conversações prévias de políticos que buscavam livrar Dilma da inabilitação para cargos públicos

Abaixo, escrevo um post sobre a entrevista que um tal Luiz Fernando Bandeira, secretário-geral do Senado, concede a Leandro Colón, da Folha. O rapaz afirma que foi sua a ideia de fatiar a Constituição, separando perda de mandato de inabilitação. Mais: sugere que Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo, não sabia de nada e decidiu tudo na hora. Ocorre que a apuração de Colón, que integra a categoria dos jornalistas sérios, evidencia que se trata de uma mentira.

Leiam primeiro mais um trecho da entrevista de Bandeira:
Quando esse destaque surgiu?
Na abertura da sessão desta quarta, apareceu o requerimento do senador Humberto Costa (PT-PE) apresentando o destaque. Neste momento o ministro Lewandowski virou para mim e disse: 'Eu posso aceitar isso?'. Eu mostrei para ele o parecer (da consultoria legislativa), ele leu o regimento interno, as disposições aplicáveis e entendeu que era o caso de admitir. Acho muito importante salientar que a própria lei do impeachment, na sua redação original, lá em 1950, previa primeiro votar a perda do cargo e, depois, a inabilitação.
Então o presidente Lewandowski não chegou à sessão com decisão tomada?
Tenho certeza que foi tomada na hora.
(?)

Agora leiam o que apurou Colón. Volto em seguida:
A estratégia de fatiar o julgamento de Dilma Rousseff vinha sendo discutida há duas semanas pela bancada do PT no Senado.

Além disso, durante a sessão de quarta (31), o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), aconselhou o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, a aceitar o pedido apresentado de última hora pelo PT.

Segundo a Folha apurou, quando estava ao lado do ministro na Mesa do plenário, Renan disse, em rápidas e discretas palavras, que, na sua opinião, Lewandowski poderia decidir como presidente do plenário do Senado, soberano para o assunto, e não como magistrado do STF.

A articulação contou também com o apoio da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), aliada e ex-ministra de Dilma.

O assunto foi levantado pela primeira vez numa reunião de líderes no dia 17 de agosto. Nela estavam Lewandowski, Renan e senadores contra e a favor do impeachment.

No encontro, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) perguntou se o próprio Lewandowski poderia dividir o quesito do julgamento a ser votado no plenário.

A ideia dele era que o ministro separasse perguntas sobre os crimes cometidos por Dilma e suas consequências, como a inabilitação para função pública. Lewandowski teria lido trecho da Constituição que reúne os temas num só item ?" ou seja, naquele momento, para ele, seria inviável quebrar por conta própria o quesito.

Não se comentou no encontro a estratégia apresentada pelo PT na sessão de quarta de protocolar um requerimento para "destacar" (recortar parte do texto) e votar o trecho sobre função pública.

A possibilidade foi discutida cinco dias depois, em 22 de agosto, quando Abreu, em visita ao presidente do STF, questionou-o sobre o tema. Na mesma hora, Lewandowski telefonou a assessores, e sua equipe passou a se debruçar sobre o assunto.

O PT adotou a tática de apresentar o requerimento somente na manhã de quarta, dia da sessão que cassou Dilma, diminuindo, assim, o tempo para contestações.

Retomo
Segundo o que vai acima, Lewandowski não apenas sabia como foi parte ativa da ação. Como se nota, houve uma espécie de condução do processo para livrar a cara da Dilma.

Bem, dizer o quê? O inciso II do Artigo 52 da Constituição - aquele mesmo cujo parágrafo único Lewandowski estuprou - prevê impeachment de ministro do Supremo. E a lei que disciplina a questão é a mesma 1.079, que cassou o mandato de Dilma. A alínea 5 do Artigo 39 prevê impeachment para o ministro que "proceder de modo incompatível com a honra dignidade e decoro de suas funções".

Acho que foi precisamente isso o que fez Lewandowski ao se entregar a essas articulações.

Sim, eu sei: uma denúncia cairia nas mãos de Renan Calheiros, presidente do Senado, que mandaria arquivá-la. Até porque atuaram em parceria. Nem por isso, entendo, ela deve deixar de ser apresentada. Trata-se de escrever direito a história.
Herculano
02/09/2016 13:44
da série: a visão estrangeira

QUEDA DE DILMA ASSINALA DERROCADA DO PT NO BRASIL, por Claire Gatinois, para o Le Monde, de Paris/França

Parte 1

Impeachment da presidente marca o fim de um ciclo iniciado pela chegada do presidente Lula ao poder em 2003

Dividida entre raiva e exaustão, Elizabeth Galvão foi até o palácio da Alvorada, em Brasília, para dar um último "adeus" a Dilma Rousseff. A destituição da presidente brasileira, nesta quarta-feira (31), revoltou a professora, eleitora do Partido dos Trabalhadores (PT) desde 1986. Mas nesse dia a tristeza superou todos os outros sentimentos.

"É o fim de uma era", ela acredita, assim como muitos militantes do PT parados em frente aos portões do palácio presidencial. O impeachment decidido por mais de dois terços dos senadores assinala o fim de um ciclo, iniciado em 2003 pela chegada de Luiz Inácio Lula da Silva ao poder, o ex-menino pobre do Nordeste que se tornou porta-voz dos esquecidos, dos pobres e dos sem voz.

Em treze anos de poder, essa esquerda, oriunda em parte do movimento sindical que lutou contra a ditadura militar (1964-1985), transformou a cara do país. Tirou da miséria milhões de brasileiros, deu a jovens desfavorecidos acesso às universidades, impediu que se morressem de fome nas zonas mais áridas como o sertão e permitiu que os mais humildes tivessem acesso à sociedade de consumo.

Elizabeth Galvão tem certeza de que o novo governo de Michel Temer, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), ex-aliado do PT, quer acabar com todos esses programas sociais. "Cheira ao fim de um reinado", descreve uma pessoa próxima do partido.

"Nós voltaremos"

"A história não acaba assim", afirmou Rousseff aos militantes que foram apoiá-la nesse dia, "nós voltaremos". Lula, de rosto fechado, observa à distância sem nada dizer àquela que já foi sua protegida. A destituição de Dilma Rousseff é seu fracasso também. Mas sua saída, ainda que traumatizante, é quase um alívio. Ela coloca fim a um segundo mandato presidencial que mais parecia um calvário, durante o qual a imagem do partido foi manchada pelos erros de Dilma, pela crise e pelos casos de corrupção.

Agora começa outra luta: restaurar o mito Lula e reconstruir um partido fragmentado antes da eleição presidencial de 2018, uma tarefa quase impossível. Já afetado pelo escândalo do mensalão (compra de votos de parlamentares) em 2005, o ex-sindicalista é suspeito de ser um dos elos do esquema de corrupção envolvendo a estatal Petrobras e os gigantes da construção civil.

Esse caso respingou em toda a classe política e foi trazido à tona pela investigação Lava Jato, conduzida pelo juiz Sérgio Moro, inimigo declarado do ex-presidente.
Herculano
02/09/2016 13:43
da série: a visão estrangeira

QUEDA DE DILMA ASSINALA DERROCADA DO PT NO BRASIL, por Claire Gatinois, para o Le Monde, de Paris/França

Parte 2

Como contra-ataque, PT e Lula passaram a mobilizar a opinião pública, acusando as elites conservadoras de estarem conspirando para destruir o partido e seu carismático líder. Segundo analistas, essa retórica de um complô orquestrado pelo grande capital pode funcionar a curto prazo. Mas para permitir que o PT renasça de verdade, "falta um mea culpa", observa o cientista político Marco Antônio Carvalho Teixeira, professor da Fundação Getúlio Vargas.

Beijo da morte

O poder desgastou o PT. Esse partido, que prometia ser tão diferente dos outros, foi aos poucos se perdendo em um sistema que ele criticava, provocando a decepção de parte dos eleitores.

"O PT não é mais a esquerda", acredita o ex-ministro da Educação de Lula, Cristovam Buarque, senador do Partido Popular Socialista (PPS), que votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff. A sociedade evoluiu sem que o discurso do PT acompanhasse. "A revolução não é mais feita nas fábricas, mas sim nas escolas", diz o senador.

Jean Wyllys, deputado do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), embora estivesse do lado de Dilma Rousseff contra o impeachment, também espera que o PT reconheça suas falhas, como o fato de ter feito alianças espúrias com partidos conservadores e fundamentalistas religiosos para governar.

"De uma certa maneira, o PT pediu para ser aceito no condomínio do poder e agora está sendo expulso dele por aqueles que sempre foram proprietários desse condomínio", ele resume.

Prova desse descrédito é o fato de o apoio de Lula aos candidatos do PT nas eleições municipais de outubro parecer, em certos distritos, um beijo da morte. Em São Paulo, 73% dos eleitores afirmam que não votariam "de jeito nenhum" em uma pessoa apoiada pelo ex-presidente, segundo uma pesquisa Datafolha publicada no dia 25 de agosto.

A "grife" PT não é mais tão popular. Tanto que os candidatos agora estão tentando apagar os sinais ostentatórios de sua filiação ao PT, reduzindo o tamanho da estrela em seus cartazes ou evitando a cor vermelha. "É um desastre", diz em pânico uma pessoa próxima do PT.

O Partido dos Trabalhadores também deve imaginar o pior: uma condenação de Lula, que impediria que o septuagenário se candidatasse em 2018. As suspeitas se acumularam nos últimos meses.

Segundo o jornal "Estado de São Paulo", de 26 de agosto, os investigadores agora estariam tentando incriminar o ex-presidente nos casos do "tríplex" e da casa de Atibaia: um apartamento no Guarujá e uma casa de férias, que Lula e sua mulher Marisa teriam - de acordo com os policiais- recebido de presente de construtoras envolvidas na Lava Jato.

Será que o PT conseguiria sobreviver à morte política daquele que continua sendo um ídolo? "Enquanto Lula estiver por aqui, é impossível criticar o PT, muito menos falar em um pós-Lula", diz com preocupação uma pessoa próxima do partido.
Herculano
02/09/2016 13:29
A BADERNA COMO LEGADO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Dilma Rousseff é, finalmente, carta fora do baralho, apesar da trama, urdida por Renan Calheiros com apoio dos petistas e a benevolência de Ricardo Lewandowski, para lhe garantir a manutenção dos direitos políticos

Se "a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer" - como prometeu em seu discurso de despedida a ex-presidente Dilma Rousseff - inclui insuflar irresponsavelmente a escalada da violência nas ruas, como tem acontecido em São Paulo e outras capitais do País, a própria banida e as chamadas "forças progressistas" que se alinharam contra o impeachment terão de assumir que a barbárie é um meio plenamente justificado para defender "os interesses populares". Esse, na verdade, é o argumento daqueles que pregam a adoção de regimes de força ou o emprego de meios do terror para dobrar a sociedade a seus desejos ?" ou "sonhos", como gostam de dizer.

O que está acontecendo nas ruas ?" mas também em repartições públicas e universidades ?" é extremamente preocupante. Em primeiro lugar, porque pode ser o prenúncio de uma grave disruptura política e social cuja simples possibilidade é preciso exorcizar. Em segundo lugar, porque ocorre no momento em que a pacificação nacional é indispensável para que toda a energia do governo e da sociedade se concentre no enorme desafio da reconstrução nacional.

A ex-presidente já se havia dedicado, com sua incompetência, arrogância e sectarismo, a levar o País à beira do abismo. Alardeando sua condição de "mulher honesta", ela se beneficiou sem hesitação do ambiente de corrupção generalizada que sempre esteve ao seu redor tanto para se reeleger como, no primeiro mandato, para manter uma base parlamentar que coonestou todas as barbaridades da "nova matriz econômica". Agora, ela própria dá um passo adiante, incitando os brasileiros à divisão, por todos os meios. Despenca no abismo que ela própria abriu a seus pés, mas quer ser seguida pela Nação.

Dilma Rousseff é, finalmente, carta fora do baralho, apesar da trama, urdida por Renan Calheiros com apoio dos petistas e a benevolência de Ricardo Lewandowski, para lhe garantir a manutenção dos direitos políticos. Ela muito dificilmente conseguirá ter voz ativa em qualquer articulação política de oposição ao governo. Mas os insensatos frequentemente sofrem a tentação do abismo e, infelizmente, não perdem a capacidade de convencimento e arregimentação de quem pensa ?" ou pensa que pensa ?" como eles. O discurso de despedida da ex-presidente, por exemplo, é um claro estímulo à extrapolação dos limites legais para as manifestações de protesto contra o governo.

Cabe às autoridades constituídas reprimir a baderna e impedir que a desordem se torne rotina. É preciso saber distinguir o legítimo e democrático direito a manifestação no espaço público da baderna que atenta contra o direito da população de viver seu cotidiano em paz. No primeiro caso, o poder público tem o dever de oferecer aos cidadãos a garantia de se manifestar pacificamente. No segundo, tem a obrigação de impedir a ameaça potencial ou a ação daqueles que infringem a lei. A baderna nas ruas, longe de ser uma forma legítima e democrática de manifestação popular, é um grave atentado ao direito fundamental que os cidadãos, o povo, têm de viver em paz.

Agrava a configuração criminosa das manifestações de crescente violência nas ruas o fato de que, como se tem visto em São Paulo, os confrontos com a polícia são deliberadamente provocados pelos próprios baderneiros, que têm sistematicamente descumprido os acordos previamente estabelecidos com a polícia a respeito de percursos a serem cumpridos, exigência óbvia de qualquer esquema de segurança pública.

O que se viu na quarta-feira nas ruas de São Paulo e ontem em pleno recinto do Senado Federal - onde baderneiros interromperam os trabalhos de uma comissão presidida pelo senador Cristovam Buarque ?" são exemplos de que os movimentos "populares" estão a transgredir de forma abusiva os limites estabelecidos pela lei. Pois não há "direito" que justifique a violência nas ruas ou a ela sobreviva.

Se as autoridades responsáveis ?" de modo especial o governador paulista, sempre hesitante nesse assunto - não tiverem a coragem de adotar medidas duras, mas necessárias para impedi-la, essa escalada da violência alimentada pelo ressentimento e pelo revanchismo colocará em risco, real e imediato, as liberdades fundamentais dos cidadãos.
Alerta servidores
02/09/2016 13:25
Quero ver se o Marcelo Brick vai ter coragem na campanha em confessar para os professores da rede municipal que seu patrono estadual, deu gancho de 3 longos anos sem dar aumento aos professores da rede estadual. Somado isto a um partido comunista e teremos um retrocesso da educação em décadas se estes caras forem eleitos. Ah, o Kischna deveria de confessar na campanha seu salário mensal e confessar ao povo o quanto seu patrono governo do estado paga anualmente por criança na rede estadual, que não deve de chegar aos R$ 30,oo anuais, não paga nem a energia elétrica!
Herculano
02/09/2016 13:18
da série: mas quem é o responsável por este estado deplorável contra a sociedade? O político? Ou o cidadão omisso, pouco esclarecido ou que avaliza esta com o seu voto?

A BADERNA COMO LEGADO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Dilma Rousseff é, finalmente, carta fora do baralho, apesar da trama, urdida por Renan Calheiros com apoio dos petistas e a benevolência de Ricardo Lewandowski, para lhe garantir a manutenção dos direitos políticos

Se "a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer" - como prometeu em seu discurso de despedida a ex-presidente Dilma Rousseff - inclui insuflar irresponsavelmente a escalada da violência nas ruas, como tem acontecido em São Paulo e outras capitais do País, a própria banida e as chamadas "forças progressistas" que se alinharam contra o impeachment terão de assumir que a barbárie é um meio plenamente justificado para defender "os interesses populares". Esse, na verdade, é o argumento daqueles que pregam a adoção de regimes de força ou o emprego de meios do terror para dobrar a sociedade a seus desejos ?" ou "sonhos", como gostam de dizer.

O que está acontecendo nas ruas ?" mas também em repartições públicas e universidades ?" é extremamente preocupante. Em primeiro lugar, porque pode ser o prenúncio de uma grave disruptura política e social cuja simples possibilidade é preciso exorcizar. Em segundo lugar, porque ocorre no momento em que a pacificação nacional é indispensável para que toda a energia do governo e da sociedade se concentre no enorme desafio da reconstrução nacional.

A ex-presidente já se havia dedicado, com sua incompetência, arrogância e sectarismo, a levar o País à beira do abismo. Alardeando sua condição de "mulher honesta", ela se beneficiou sem hesitação do ambiente de corrupção generalizada que sempre esteve ao seu redor tanto para se reeleger como, no primeiro mandato, para manter uma base parlamentar que coonestou todas as barbaridades da "nova matriz econômica". Agora, ela própria dá um passo adiante, incitando os brasileiros à divisão, por todos os meios. Despenca no abismo que ela própria abriu a seus pés, mas quer ser seguida pela Nação.

Dilma Rousseff é, finalmente, carta fora do baralho, apesar da trama, urdida por Renan Calheiros com apoio dos petistas e a benevolência de Ricardo Lewandowski, para lhe garantir a manutenção dos direitos políticos. Ela muito dificilmente conseguirá ter voz ativa em qualquer articulação política de oposição ao governo. Mas os insensatos frequentemente sofrem a tentação do abismo e, infelizmente, não perdem a capacidade de convencimento e arregimentação de quem pensa ?" ou pensa que pensa ?" como eles. O discurso de despedida da ex-presidente, por exemplo, é um claro estímulo à extrapolação dos limites legais para as manifestações de protesto contra o governo.

Cabe às autoridades constituídas reprimir a baderna e impedir que a desordem se torne rotina. É preciso saber distinguir o legítimo e democrático direito a manifestação no espaço público da baderna que atenta contra o direito da população de viver seu cotidiano em paz. No primeiro caso, o poder público tem o dever de oferecer aos cidadãos a garantia de se manifestar pacificamente. No segundo, tem a obrigação de impedir a ameaça potencial ou a ação daqueles que infringem a lei. A baderna nas ruas, longe de ser uma forma legítima e democrática de manifestação popular, é um grave atentado ao direito fundamental que os cidadãos, o povo, têm de viver em paz.

Agrava a configuração criminosa das manifestações de crescente violência nas ruas o fato de que, como se tem visto em São Paulo, os confrontos com a polícia são deliberadamente provocados pelos próprios baderneiros, que têm sistematicamente descumprido os acordos previamente estabelecidos com a polícia a respeito de percursos a serem cumpridos, exigência óbvia de qualquer esquema de segurança pública.

O que se viu na quarta-feira nas ruas de São Paulo e ontem em pleno recinto do Senado Federal - onde baderneiros interromperam os trabalhos de uma comissão presidida pelo senador Cristovam Buarque ?" são exemplos de que os movimentos "populares" estão a transgredir de forma abusiva os limites estabelecidos pela lei. Pois não há "direito" que justifique a violência nas ruas ou a ela sobreviva.

Se as autoridades responsáveis - de modo especial o governador paulista, sempre hesitante nesse assunto - não tiverem a coragem de adotar medidas duras, mas necessárias para impedi-la, essa escalada da violência alimentada pelo ressentimento e pelo revanchismo colocará em risco, real e imediato, as liberdades fundamentais dos cidadãos.
Herculano
02/09/2016 13:08
da série: não há diferença entre o PMDB e o PT no poder, para o poder vale tudo, mudar a Constituição, dar aumentos e comprar simpatia com o dinheiro dos pesados impostos do povo até ministros do Supremo com mais altos salários e que só aplicam as leis ao pobres, pretos e putas e não aos poderosos reunidos em gabinetes e plenários

TETO DO JUDICIÁRIO NA BASE DO ACORDÃO, por Dora Kramer, para o jornal O Estado de S. Paulo

O presidente do Senado, Renan Calheiros, prometeu ao ministro Ricardo Lewandowski que o aumento do teto dos salários no Poder Judiciário poderia ser votado antes da saída dele da presidência do Supremo Tribunal Federal, que será no próximo dia 12. A última sessão do Senado antes disso será no dia 8, quinta-feira que vem. A contrapartida da promessa ocorreu na sessão de votação do impeachment de Dilma Rousseff, na decisão sobre a proposta de votar em separado a cassação dos mandato e a inabilitação para ocupação de cargos públicos.

Na sexta-feira da semana passada já circulava no STF a informação de que o assunto da elevação do teto já estaria resolvida. Alguns senadores foram informados a respeito, mas não ligaram isso aos boatos de que o PT tentaria separar as votações. Daí a surpresa quando Ricardo Lewandowski na condição de presidente do processo de impeachment mostrou-se completamente preparado para responder com longa dissertação jurídica à questão de ordem apresentada pelo senador Randolfe Rodrigues, em tese, naquela hora.

Ainda assim, a ficha de senadores do PSDB e do DEM não caíra completamente. Estranharam quando Renan Calheiros depois de votar a favor do impeachment passou a defender a separação e ficaram surpresos quando parte do PMDB atendeu ao apelo dele, resultando na "anistia" a Dilma. A ficha completa viria a cair no dia seguinte quando o PT que até então defendia a não aprovação do aumento do teto do Judiciário, foi o responsável por tentar acelerar a votação da proposta. O senador Jorge Viana (PT-AC) foi quem leu o requerimento de urgência, passo essencial para permitir a votação.

Horas depois, petistas começaram a admitir aos pares que mudariam de posição. Um senador do PT comunicou a um colega tucano que fora cobrar-lhe a posição contrária ao teto: "As coisas mudaram, não vamos poder ficar contra". Na semana que vem, dia 8, haverá nova tentativa de resolver o assunto no plenário e "entregar" o trunfo a Lewandowski antes que ele deixe a presidência. PSDB e DEM prometer obstruir a sessão a fim de deixar o exame do projeto para quando a ministra Carmen Lúcia já tenha assumido o comando do STF.
Herculano
02/09/2016 13:01
ATUAÇÃO DE LAWANDOWSKI CONTRANGEU COLEGAS, por Josias de Souza

De passagem por Brasília, um conhecido advogado de São Paulo encontrou-se casualmente com um ministro do Supremo Tribunal Federal na noite passada. Deu-se num restaurante. Trocaram um dedo de prosa sobre o impeachment meia-sola, que resultou na deposição de Dilma sem o inconveniente da inabilitação para ocupar cargos públicos por oito anos.

Lero vai, lero vem o ministro classificou de "constrangendora" a atuação do colega Ricardo Lewandowski na condução do último ato. O doutor concordou: "De fato, o aval do ministro à votação fatiada não o deixou bem na foto." E o colega de Lewandowski: "Ele presidiu o julgamento como chefe do Supremo. Deixou mal o tribunal inteiro."

O ministro contou ao advogado que se disseminaram na coxia do Supremo as críticas à atuação de Lewandowski. Perto do que se ouve atrás das cortinas, as observações feitas na boca do palco por Gilmar Mendes e Celso de Mello soam como elogios. O primeiro tachou o julgamento fatiado de "bizarro" e "extravagante". O outro classificou o modelo de "não muito ortodoxo."
Herculano
02/09/2016 12:47
da série: como funciona as sacanagens dos políticos contra a sociedade, os desempregados, os pagadores de pesados impostos. Como PT e PMDB trabalham juntos para piorar mais a crise econômica, os privilégios e impor mais sacrifícios aos trabalhadores e empreendedores. Se chegaram até mudar a Constituição na cara dura e diante de todos pela tevê para se protegerem naquilo que a lei condena...

STF, ENTRE A LEI E A POLÍTICA, por Eliane Cantanhede, para o jornal O Estado de S. Paulo.Os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal estão sendo empurrados para a fogueira do impeachment tanto pelos defensores quanto pelos acusadores de Dilma Rousseff e vão arder em praça pública durante o julgamento do julgamento final da agora ex-presidente no Senado. Pode não dar em nada, mas pode acontecer o impensável: o Supremo anular a votação de quarta-feira e determinar uma nova. Michel Temer voltaria a ser interino nesse ínterim?

Até ontem já eram nove mandados de segurança mirando na votação do Senado. Para os aliados de Dilma, não houve caracterização de crimes de responsabilidade. Para os adversários, é uma aberração jurídica votar, primeiro, metade de um parágrafo do artigo 52 da Constituição e, depois, a outra metade.

Esse parágrafo refere-se à "perda do cargo, COM inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública". Porém, o presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, permitiu e o plenário do Senado votou a "perda do cargo" e, em seguida, a "inabilitação". Assim, criou-se uma excrescência e, pior, um precedente perigoso: a presidente foi cassada, mas SEM inabilitação para ocupar qualquer cargo público.

Para o decano do Supremo, Celso de Mello, uma coisa (inabilitação) é "efeito natural" da outra (perda de mandato), e não haveria possibilidade de votação autônoma. Para o ministro Gilmar Mendes, a solução "foi bizarra e não passa nem no jardim de infância do Direito". Se não passa nem no jardim de infância, passará no Supremo?

Há duas opções, basicamente, para a alta Corte: ou julga politicamente, lava as mãos e decide que o Senado era o juiz e poderia fazer o fatiamento; ou julga tecnicamente, segue a "letra fria da lei" e conclui que um mero destaque em plenário não pode se contrapor ao que diz a Constituição. Neste último caso, o julgamento final teria de ser refeito e ficaria uma dúvida: Temer voltaria a ser interino e Dilma a ser só "afastada"? Seria um pandemônio ?" senão uma palhaçada.

Do ponto de vista técnico, jurídico, os especialistas não veem alternativa para o Supremo que não a anulação da votação e do fatiamento de uma mesma frase, de um mesmo parágrafo, de um mesmo artigo, de uma mesma Constituição, para favorecer casuisticamente Dilma Rousseff. Condenando a presidente da República por crime de responsabilidade, mas inocentando a cidadã.

A sensação generalizada é que o fatiamento foi uma trama do PT com uma parte do PMDB, passando por três personagens: o ex-presidente Lula, o presidente do Senado, Renan Calheiros, e Lewandowski, que, apesar de todos terem sido surpreendidos pelo destaque do PT, fez um longo discurso para alegar que ele não era juiz, os juízes eram os senadores. De tão longo, pareceu previamente elaborado.

Assim, Lewandowski decidiu monocraticamente acatar o destaque e autorizar que os senadores votassem o mérito, em separado, das duas penas impostas a Dilma. Já que os senadores eram os juízes, ele não deveria ter levado o acatamento ou não do destaque ao plenário, para só então abrir a votação do mérito? Grande dúvida em Brasília: teria sido convencido por Lula?

Renan foi o primeiro a defender o direito de Dilma ocupar cargos públicos e disputar eleições, seguido por vários pemedebistas. Há duas interpretações. Uma, edulcorada, é que Dilma já estava sendo duramente punida com o impeachment e a inabilitação seria cruel. A outra, ácida, é que a intenção foi favorecer atuais e futuros réus da Lava Jato ?" a começar de Eduardo Cunha, o ex-presidente da Câmara.

O fato é que alguns senadores votaram, sim, por deferência a Dilma ?" ou por "consciência pesada", como me disse Lindbergh Farias (PT) -, mas a maioria votou simplesmente por interesse próprio, gerando precedente para quando o carnaval e suas próprias cassações chegarem.
Herculano
02/09/2016 12:21
VICES E VERSOS, por Nelson Motta, para o jornal O Globo

No papel, Michel Temer parece até mais qualificado do que Itamar Franco. O problema são as companhias?

Temer em más companhias. Com os escândalos de Collor e PC Farias explodindo na mídia, em algum momento caiu a ficha: se elle sair, quem vai entrar? Itamar Franco??? Meu Deus! Foi a reação geral. Mas foi ele, tido como um provinciano simplório e antiquado, que, em decisão de sábia audácia, nomeou um sociólogo ministro da Fazenda e bancou a criação do Plano Real, resolvendo um problema que durante 30 anos parecia insolúvel, nos dando uma moeda e mudando a História do Brasil. Pois é, Itamar, do pão de queijo, do topete ridículo...

O ex-vice Michel Temer só agora é presidente, antes esteve pressionado por exigências, ameaças e chantagens, de partidos, de políticos, de corporações, que não podia enfrentar como in Engoliu tudo e esperou sua hora. Agora não tem mais desculpas, tem que fazer o que tem que ser feito. Seu look de mordomo de filme de terror, seu carisma zero, sua aparência antiga e conservadora não ajudam na missão ciclópica de resgatar o Brasil da beira do abismo de nossas desesperanças. As esperanças são sua vasta experiência e habilidade politica, fundamentais para qualquer mudança, sua carreira de jurista emérito, seu temperamento conciliador. No papel, Temer parece até mais qualificado do que Itamar. O problema são as companhias... O que esperar de velhas raposas, muitas delas agatunadas, algumas competentíssimas, de volta ao poder, onde na verdade sempre estiveram, terino. inclusive no governo Dilma? Mas ao menos há muita gente competente na área econômica, a base de tudo.

Agora é o melhor momento para uma reforma política. A opinião pública está mobilizada, o país exige mudanças, os líderes políticos e os parlamentares têm uma oportunidade de reabilitação perante os eleitores. Neste reinício, com a sociedade vivendo uma mudança de paradigmas que está levando políticos e empresários poderosos aos tribunais e à cadeia, o que esperar de Temer e seus aliados de ocasião?

As reformas política, previdenciária e tributária podem ser o Plano Real de Temer e justificar seu mandato - e como chegou ao poder. Se não, vai virar o ex-vice Sarney, que também escrevia versos.
Doralino da Silva
02/09/2016 11:31
Alôôô meus queridos comentarias.


Vamos falar da pesquisa realizada? A turma do que defende fielmente a Andreia, está vendo que o discurso de ataque não está dando retorno! Piada é ver gente que se intitula MBL só pra se promover! Está eleição é diferente!
Briga boa na Ilhota
02/09/2016 08:50
A briga será boa na Ilhota então Herculano,
Só estão aguardando o PMDB querer jogar sujo, porque tem um certo vídeo de uma festinha privada que tem só autoridades kkkkkkkk O cerveró sabe o que é kkkkkkkk
Herculano
02/09/2016 08:48
COMO FUNCIONA OS BASTIDORES DA POLÍTICA. E OS ELEITORES SÃO FEITOS DE TOLOS A TODO O MOMENTO POR QUEM OS SUSTENTA NA FARRA E MANOBRAS COM OS PESADOS IMPOSTOS QUE ESTÃO FALTANDO NOS POSTOS DE SAÚDE, SEGURANÇA, OBRAS E EDUCAÇÃO. IDEIA DO PT, MANOBRA PARA "FATIAR" VOTAÇÃO FOI CONCEBIDA HÁ DUAS SEMANAS

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Leandro Colon. A estratégia de fatiar o julgamento de Dilma Rousseff vinha sendo discutida há duas semanas pela bancada do PT no Senado.

Não foi adotada de última hora, embora o requerimento pedindo a divisão entre a condenação e a habilitação para ocupar funções públicas tenha sido apresentado somente na quarta (31), pouco antes da votação final.

Além disso, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), aconselhou o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, a aceitar o pedido do PT.

Segundo a Folha apurou, na quarta-feira, enquanto estava sentado ao lado do ministro no plenário, Renan disse, em rápidas e discretas palavras, que, na sua opinião, Lewandowski poderia decidir como presidente do plenário do Senado, regimentalmente, e não como magistrado do STF.

A articulação contou também com o apoio da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), aliada e ex-ministra de Dilma, que visitou Lewandowski no dia 22 de agosto para tratar do assunto.

Cinco dias antes, numa reunião de líderes, a bancada do PT já havia discutido a hipótese de fatiamento numa reunião com Lewandowski, Renan e senadores contra e a favor do impeachment.

No encontro, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) perguntou se o próprio Lewandowski poderia "formular" mais do que um quesito no julgamento.

A ideia era que o ministro do STF separasse, por ele mesmo, as perguntas sobre os crimes cometidos por Dilma e suas consequências.

Lewandowski teria lido trecho da Constituição que reúne os temas num só item - ou seja, naquele momento, para ele, seria inviável quebrar por conta própria o quesito.

Não se comentou a estratégia que viria a ser apresentada depois pelo PT, na sessão de quarta, de sugerir um "destaque" (recortar parte do texto) para o plenário do Senado votar o trecho sobre função pública separadamente.

Essa hipótese foi debatida depois, na conversa entre Kátia Abreu e o presidente do STF. Na mesma hora, Lewandowski telefonou a assessores para saber se era possível utilizar o "destaque" no julgamento.

Sua equipe passou a se debruçar sobre o tema e um estudo técnico foi solicitado aos consultores do Senado.

No sábado à noite, o presidente do STF foi alertado de que o PT realmente pretendia levar a ideia adiante. Na terça à tarde, véspera da votação, o senador Jorge Viana (PT-AC), aliado de Dilma, foi procurado para confirmar se o requerimento seria apresentado. O petista desconversou.

O partido não queria que a manobra viesse a público na véspera. Somente na manhã de quarta, a bancada entregou a proposta de dividir a votação, diminuindo, assim, o tempo para contestações.
Herculano
02/09/2016 08:07
PENSANDO BEM

O PT sumiu de Blumenau, Joinville, Chapecó, Criciuma, Itajaí, Brusque e agora do Brasil.

O PT continua vivo em Gaspar com os mesmos defeitos que o tiraram de Blumenau (que manda aqui), Joinville, Chapecó, Criciuma, Itajaí, Chapecó e o Brasil. Isto pode explicar por que Gaspar continua Gaspar e as outras cidades evoluindo.

Outra. Em Blumenau o PMDB desapareceu ao ponto de não apenas ter candidato minimamente viável a prefeito, mas o partido nem ser influente na estruturação das coligações. Se perdeu na prática de ser gigolô permanente do poder e ser liderado por um grupo fechado e restrito.

Em Gaspar, nos últimos 20 anos o PMDB elegeu dois prefeitos. Nenhum terminou o mandato no cargo ou no partido. Numa situação o ex-prefeito Bernardo Leonardo Spengler, o Nadinho, foi afastado pela Justiça por erros administrativos. Na outra, Adilson Luiz Schmitt, teve que sair do partido para continuar no poder, terminar o mandato e perder a reeleição para o PT de Pedro Celso Zuchi.

Agora, Adilson não voltou ainda para o PMDB, mas declarou voto ao PMDB. Mais, vai ter participação muito importante no governo de Kleber Edson Wan Dall, se eleito. Acorda, Gaspar!
Herculano
02/09/2016 07:53
VIAGEM COM RENAN SUAVIZOU VALENTIA DE TEMER, por Josias de Souza

Antes de embarcar para a China, Michel Temer reagiu com uma veemência própria dos valentes à dissidência aberta entre os governistas do Senado para premiar Dilma Rousseff com a manutenção do seu direito de ocupar cargos públicos mesmo depois de deposta. Em reunião ministerial, Temer classificou de "inadmissível" a divisão de sua infantaria. "Se é governo, tem que ser governo. [?] Não será tolerada essa espécie de conduta."

O Temer que desceu do avião presidencial na cidade chinesa de Xangai era outra pessoa, uma espécie de ex-valente. Depois de voar ao lado de uma comitiva que incluía Renan Calheiros, capitão da manobra pró-Dilma, Temer suavizou o timbre. O que era inadmissível tornou-se aceitável:

''Não se tratou de uma manobra, tratou-se de uma decisão que se tomou. Desde o começo, ainda como interino, digo sempre que aguardo respeitosamente a decisão do Senado Federal. Se o Senado tomou essa decisão, certa, errada, não importa, o Senado tomou a decisão'', disse o presidente.

No Brasil, Temer insinuara que seus correligionários do PMDB haviam beneficiado Dilma sem consultá-lo. Questionado na China, desconversou. Disse apenas estar acostumado a "acompanhar permanentemente esses pequenos embaraços, que logo são superados em seguida."

O futebol talvez seja a melhor metáfora para a sessão de julgamento do Senado. Pelo menos oferece analogias que ajudam a interpretá-la. O impeachment era a bola. Estava combinado que o time do governo, que recebera o 'bicho' antecipadamente, dominaria a situação no peito e colocaria Dilma no chão. Mas o PMDB aparou com o nariz a emenda pró-Dilma, formulada pelo PT. Liderado por Renan, ajudou a aprová-la.

Para complicar, Eduardo Cunha embolou o meio de campo da Câmara, posicionando seus atacantes para exigir o mesmo tratamento dedicado a Dilma: cassação sem inabilitação. Ou ainda melhor: suspensão do mandato, sem cassação. Se Cunha prevalecer, o desgaste será debitado na conta de Temer.

Num instante em que se esperava que o governo exibisse musculatura congressual, o bloco parlamentar de Temer mostra as primeiras fissuras. Os neogovernistas PSDB e DEM olham de esguelha para o PMDB. Enxergam Renan, Jucá, Eunício, Jáder, Cunha? E concluem: a união faz a farsa. Temer pode lidar com o fenômeno de diversas maneiras. Minimizar é a pior delas.
Herculano
02/09/2016 07:51
da série: a perda do poder e liderança, é também a perda do dinheiro disponível

ENQUANTO PT SOFRE DIMINUIÇÃO NA VERBA PARA ELEIÇÕES DESTE ANO, GOVERNISTAS LIDERAM EM RECEITA

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de André Monteiro e Artur Rodrigues. Candidatos de partidos que formam a base aliada do governo Michel Temer (PMDB) lideram a arrecadação nas eleições deste ano, de acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Atingido pelo impeachment de Dilma Rousseff e pela Operação Lava Jato, o PT foi o que mais arrecadou em 2012 mas viu suas receitas de campanha despencarem e caiu agora para a sétima colocação, proporcionalmente.

Os dados tabulados pela Folha correspondem a informações financeiras entregues ao TSE até o último dia 31.

No novo status quo, o PMDB é o partido com mais receita entre os postulantes a prefeito e vereador, com cerca de R$ 44 milhões. Em relação a 2012, a fatia continua na mesma faixa do total.

Em seguida vem o PSDB, que voltou ao governo federal após 14 anos. Os candidatos da sigla arrecadaram R$ 35 milhões ?"com quase 12% em ambas campanhas.

A fatia do PP, ex-aliado do PT, foi a que mais cresceu.

Os candidatos da sigla que comanda a pasta da Saúde no governo Temer arrecadaram R$ 26 milhões até agora. Em quatro anos, foram de 5,4% para 7,8% da receita total.

Em 2012, os petistas conseguiram 15% dos recursos. Agora, com R$ 19,9 milhões, estão com menos de 6% do total e caíram para o sétimo lugar ?"atrás de siglas menores, como PSD, PSB e PDT, os primeiros com ministros no governo do peemedebista.

O levantamento considera a receita declarada diretamente pelo comitê dos candidatos. A arrecadação também pode ser feita pelos partidos ?"que decidem depois a quem distribuir a verba. Por este critério, a sigla que lidera é o PRB, que arrecadou R$ 6 milhões, 15% do total.

OPCIONAL

Além da receita, o PT também encolheu 43% no número de candidaturas, ao passar de 41.756 (2012) para 23.893 (2016), enquanto outros grandes partidos permaneceram com quantidade parecida.

Em São Paulo, onde o prefeito Fernando Haddad (PT) tenta a reeleição, a legenda adota discurso de que a quantidade menor de candidatos a vereador é uma opção. "O PT optou por ter quantidade de candidatos menor, mas priorizar e ampliar o apoio a eles", afirma Paulo Fiorilo, presidente municipal do PT.

Sobre as verbas, ele admite o "momento delicado", mas afirma que parte da diferença em relação a outras legendas se deve à menor utilização do fundo partidário nas campanhas ?"com o dinheiro, o PT afirma desenvolver atividades como manter a Fundação Perseu Abramo.

Outra aposta do partido, que são as doações pela internet, ainda estão empacadas por questões burocráticas, afirma o dirigente.

Segundo a assessoria de imprensa da secretaria nacional de finanças do PT, a orientação que vem sendo dada aos candidatos é que busquem realizar campanhas mais baratas e criativas, apoiadas principalmente na força da militância. O partido quer priorizar formas de arrecadação como campanhas de doação e eventos.

Para o cientista político Carlos Pereira, da FGV, a menor a arrecadação é um prenúncio do provável encolhimento do partido e reflete a situação nacional. "O PMDB é o governo agora, vai atrair recurso. O PT sai como derrotado, e manchado."

O cientista político Milton Lahuerta, da Unesp, afirma, porém, que o impeachment pode acabar motivando a militância. "Essa diminuição da arrecadação terá impacto, mas é provável que o PT transforme as eleições num espaço de engajamento".

RECURSOS PR?"PRIOS

Com o fim das doações de empresas, a maior parte dos recursos veio do bolso dos próprios candidatos. Até agora, isso representa mais da metade do total, enquanto na eleição de 2012 foi de 24%.

As doações pela internet também não decolaram. De acordo com o TSE, representam R$ 201 mil, menos de 1% da receita arrecadada pelos candidatos até o momento.
Herculano
02/09/2016 07:44
AGENDA DECISIVA EXIGE UNIÃO NA BASE, editorial do jornal O Globo

Manobra para livrar Dilma da inabilitação a cargos públicos cria fissura entre PSDB e PMDB, no dia da posse de Temer, e, se a crise não for contida, impedirá as reformas

Não haveria mesmo por que o presidente Michel Temer usufruir a trégua que costuma acompanhar as primeiras semanas de novo governante. Afinal, cumpriu um período de 112 dias de interinidade. Deveria mesmo é tomar posse no cargo de forma definitiva e manter o ritmo de trabalho, pois não faltam problemas, à margem da guerra política que o lulopetismo promete fazer contra ele. Mas não se esperava que logo na sessão final da votação do impeachment surgiria um princípio de rusga entre tucanos e o Planalto, em torno da "pedalada" que, pelo menos por enquanto, livrou Dilma da inabilitação para cargos públicos, contra claro dispositivo constitucional acerca do alcance do impeachment.

Esta é uma história ainda a ser revelada por inteiro, em que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), seus liderados no PMDB, o PT, com a ajuda do ministro do Supremo Ricardo Lewandowski, atuaram para que o impeachment de Dilma fosse pela metade, o que tornou em parte impune a presidente afastada. Razão tem Collor de Mello de se considerar injustiçado, ao também perder os direitos políticos, na sua cassação, em 92. Restou a dúvida se Temer atuou na manobra. Ele nega. Temer, PSDB, PMDB e demais aliados precisam é se manter unidos. A base do governo tem de ficar coesa para enfrentar a desafiadora, urgente e crucial pauta de reformas: o teto para os gastos públicos, a Previdência, a legislação trabalhista e medidas decorrentes.

O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) chegou a entregar o cargo de líder do governo, recusado por Temer. Não é mesmo hora para isto, embora PSDB e DEM tenham razão em ser firmes no ajuste fiscal. Não faz mesmo sentido elevar agora o teto das remunerações do funcionalismo por meio de um aumento dos ministros do Supremo. O efeito cascata sobre toda a máquina pública, também estadual e municipal, será absurdo e contraditório com a crise fiscal.

Temer, que já não teria mesmo a clássica trégua de início de mandato, agora precisará agir de forma rápida e firme, com as lideranças responsáveis da base parlamentar, a fim de evitar fissuras diante de votações cruciais de reformas. Sem elas não haverá governo, e o futuro do país voltará a ficar incerto, com todos os desdobramentos negativos para a economia e, por consequência, a sociedade, decorrentes da súbita perda de confiança na gestão Temer.

Há alguns sinais de melhorias em indicadores, reflexo de expectativas positivas criadas pela possibilidade de impeachment de Dilma e sua substituição por Temer. Entre as informações liberadas na divulgação do PIB do segundo trimestre, há alguma recuperação nos investimentos e no setor industrial, por exemplo. Mas tudo retrocederá se, com urgência, o Planalto não enviar ao Congresso os projetos das reformas necessárias e, mais do que isso, demonstrar que a base responsável por dar os votos para o impedimento de Dilma conseguirá o mesmo na aprovação dos projetos.

Emendas constitucionais, como a da criação do teto para os gastos, essencial a fim de permitir a recuperação da economia, requerem três quintos dos votos das duas Casas do Congresso (60%), e em dois turnos. Não é tão amplo quanto o necessário para o impeachment (dois terços ou 67%), mas da mesma grandeza. É imperioso que divergências fiquem em segundo plano
Herculano
02/09/2016 07:30
O ÚNICO GOLPE A QUE SE ASSISTIU FOI O DADO POR LEWANDOWSKI, por Reinaldo Azevedo, para o jornal Folha de S. Paulo

Os petralhas deixaram o poder. Não sinto saudade antecipada nem terei crise de abstinência. Sei que continuarão rondando. É da natureza rapace das hienas. Não estão só no PT. A rosa teria igual perfume se tivesse outro nome, a exemplo do monturo moral caso se chamasse rosa. O petralhismo é uma legião.

Está no PSOL, no PSTU, na Rede - nesse caso, vem acompanhado com uma espuma de Banco Central independente e uma redução de ecologia balsâmica. Mas a crença é a mesma. A cozinha molecular de Marina Silva tem a idade do atraso.

Um bando de vagabundos, protegidos por boa parte da imprensa paulistana, voltou a causar tumulto em São Paulo no pós-impeachment. Como sempre, meia dúzia de gatos pingados. Como sempre, depredaram agências bancárias. Como sempre, queimaram lixeiras. Como sempre, atacaram a polícia. Uns tontos picharam a porta desta Folha com a palavra "golpista".

Justamente a Folha, o maior celeiro de colunistas de esquerda do país. Há mais colunistas de esquerda na Folha do que no "Granma", o jornal oficial do Partido Comunista de Cuba. Esquerdista é assim: não respeita clube que o aceita como sócio. Esquerdistas são como Gleisi Hoffmann: pensam que a Casa que os abriga não tem moral.

A PM teve de recorrer a bombas de gás. Sabem como é... A democracia de uniforme precisa de meios de dissuasão. Leio no "O Estado de S. Paulo" que, na quarta à noite, "em menos de dois minutos, os policiais lançaram 10 bombas"... Não entendi se o jornalista acha muito ou acha pouco...

Se o bando estiver quebrando um banco, atacando um prédio público ou tentando rachar a cabeça de adversários, como de hábito, acho pouco. Se estiver lendo os Evangelhos e atrapalhando o trânsito, acho muito.

Eis um vício, um sestro, uma deformação mesmo, muito típica da imprensa paulistana. A PM está sempre errada, mesmo quando certa. Entendo a razão: boa parte da mão de obra é contratada entre formados de jornalismo que tiveram aulas com professores do PSOL e do PSTU. Há até moderados dando aula. São os petistas... Mesmo quando manifestantes batem em jornalistas, estes sempre compreendem por que estão apanhando.

Eis o tipo de gente que o PT e Dilma mobilizam com a sua conversa mole de golpe.

O único golpe a que se assistiu na quarta-feira foi o desferido por Ricardo Lewandowski ao ignorar a letra explícita da Constituição. O parágrafo único do artigo 52 da Carta não deixa margem a interpretações. Vota-se a "perda do cargo, COM inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis." E ponto!

A menos que o senhor presidente do Supremo me apresente um tratado sobre o sentido derivado da palavra "com", ele rasgou a Constituição. Quero discutir gramática com Lewandowski. Cabe mandado de segurança. Cabe ADPF. Rodrigo Janot terá a coragem?

Qualquer decisão que não atrele a inabilitação à perda do mandato é exercício picareta do direito. Se o fundamento teve uma aplicação torta (e teve!) no caso Collor de Mello, dois erros não fazem um acerto. Em dobradinha com Renan Calheiros, Lewandowski resolveu sobrepor um artigo meramente procedimental do Regimento Interno do Senado a um fundamento constitucional.

Nas ruas, os dilmistas queimam lixo e pneus; no Senado, Lewandowski e Renan Calheiros queimam a Constituição.

Dia desses, chamando-me várias vezes de cachorro, Guilherme Boulos, a hiena, perguntou no site da Folha o que eu escreveria quando o PT se fosse.

Em país em que há Lewandowski, Boulos e Renan, infelizmente, fala-se menos de rosa do que de monturo moral.

Ah, sim! Tchau, petralhas! É só o começo.
Herculano
02/09/2016 07:23
TEMER S?" VAI PARA O ALVORADA APOS 'DEDETIZAÇÃO', por Cláudio Humberto nos jornais que publicou hoje

O presidente Michel Temer afirmou a esta coluna que "por enquanto" vai permanecer morando no Palácio Jaburu, residência oficial da vice-presidência. Não fixou data, apenas considera que fará sua mudança "no momento adequado". Discreto, o presidente não se refere aos últimos ocupantes, os antecessores Lula e Dilma, mas um assessor fez ironia, lembrando a necessidade de "dedetizar" o Palácio Alvorada.

INSETICIDA À MÃO
O assessor de Temer lembrou, divertido, o gesto do ex-presidente Jânio Quadros, ao assumir a prefeitura de São Paulo, em 1988.

ERRO FATAL DE FHC
Na campanha, FHC, rival de Jânio, cometeu o erro de posar para fotos sentado na cadeira de prefeito. Jânio a dedetizaria antes de assumi-la.

INVENTÁRIO NECESSÁRIO
Após a saída de Dilma, um inventário apontará o que há no Palácio Alvorada, para só depois adaptá-lo às necessidades da família Temer.

PÚBLICO X PRIVADO
Ao sair do Alvorada, Lula e Marisa levaram até um cocho que D. Sarah ganhou e D. Marli Sarney. Criativa, transformou em vaso de planta.

STF NÃO DEVE INTERFERIR NO IMPEACHMENT DE DILMA
O Supremo Tribunal Federal não deverá interferir no impeachment da ex-presidente Dilma, na avaliação de juristas da Fundação Getúlio Vargas ouvidos pela coluna. Em dezembro, o STF rejeitou ações que pretendiam extinguir o processo e alterar o mérito do julgamento. Os ministros Celso de Mello, Luiz Fux e Gilmar Mendes até já decidiram, em ações anteriores, não interferir em decisões do Congresso.

AÇÃO IMPROVÁVEL
Segundo professor Thomaz Pereira, a ação contra o impeachment "foi anunciada durante todo o processo", mas é "improvável" prosperar.

SEM VOLTA
"Não há possibilidade de o STF aceitar o recurso", diz o professor Ivar Hartmann: "A Constituição é clara. O impeachment não será revertido".

JURISPRUDÊNCIA
Já em abril de 2016, o STF também negou por 8x2 um ação da Advocacia-Geral da União que pretendia liquidar o impeachment.

PALPITE CERTEIRO
Com seu jeito tranquilo de lidar com caboclos perguntadores, o presidente Michel Temer antecipou para esta coluna, às vésperas do impeachment de Dilma, sem hesitar: "Serão 61 votos". Não deu outra.

CUNHA SE ANIMOU
Animados com o conchavo de Renan que livrou Dilma de perder os direitos políticos, aliados de Eduardo Cunha tentam articular o adiamento da votação de cassação, marcada para o próximo dia 12.

CONCHAVO NO CONCHAVO
O conchavo PT-PMDB na "emenda informal" à Constituição que livrou Dilma da perda de direitos políticos, acabou reaproximando Kátia Abreu (PMDB-TO) da cúpula do partido que ameaça expulsá-la.

GENTILEZA GEROU GENTILEZA
Michel Temer foi gentil ao receber o chinês Xi Jinping quando Dilma o esnobava, numa visita ao Brasil. Jinping não esqueceu: hoje presidente da China, fez questão de agendar um demorado encontro bilateral com o novo presidente do Brasil, durante a reunião do G-20, em Hangzhou.

OSCAR DA CONSTRUÇÃO
O empresário Paulo Octavio, ex-vice-governador do DF, recebeu em São Paulo o Prêmio Master Imobiliário 2016, Oscar da construção civil, na categoria Empreendimento Comercial. É seu oitavo Master.

MANCADA
O deputado Artur Bisneto (PSDB-AM) ironiza "o maior erro" do pai, Artur Virgílio, prefeito tucano de Manaus: "Lançar Vanessa Grazziottin na política". A senadora do PCdoB-AM foi da tropa de choque dilmista.

POSSE NO ESTADO-MAIOR
O general Fernando Azevedo e Silva, um dos mais admirados na tropa, assume nesta sexta (2), às 11h, o comando do estado-maior do Exército. O evento será no salão de honra do Comando do Exército.

ESPELHO MEU
Os jornalões do país descobriram nesta semana o que os leitores da coluna já sabem há três meses: a turma do marqueteiro petista João Santana está por trás da produção de documentário sobre o golpe.

PERGUNTA NO SENADO
Lula faz silêncio ensurdecedor sobre o impeachment porque quem cala, consente?
Herculano
02/09/2016 07:17
da série: quando a água bate na própria casa, o discurso muda. O jornal Folha de S. Paulo é um jornal progressista e plural. Sempre achou que a Polícia bate nos tadinhos dos indefesos manifestantes baderneiros sem causa. Intolerantes bateram no jornal. Agora, o jornal acha que falta polícia.

FACISTAS À SOLTA, editorial do jornal Folha de S. Paulo.

Toda democracia digna desse nome assegura a mais ampla liberdade de manifestação, desde que pacífica. Atos de violência são reprimidos - e seus autores detidos e processados pelas autoridades.

Essa distinção essencial entre o legítimo e o intolerável em protestos de rua vem-se perdendo no Brasil. Desde as jornadas de junho de 2013, agentes provocadores caracterizados como "black blocs" praticam depredações e outras formas de vandalismo e continuam impunes.

Alegam ser adeptos de uma ideologia anarcoide que utiliza a "violência simbólica" como suposta tática política. Os extremos do espectro político se confundem de tal modo que o comportamento desses milicianos, dispostos a impor seu ponto de vista pela truculência e pela intimidação, merece antes o epíteto de fascista.

Não foi nada "simbólica", aliás, a violência empregada contra o cinegrafista Santiago Andrade, assassinado por dois "black blocs" numa manifestação no Rio em fevereiro de 2014, sem que os criminosos tenham ido a julgamento até hoje.

O roteiro é conhecido. Esses soldados da arruaça se infiltram em protestos de esquerda, cujas lideranças têm medo de repudiá-los. Além de danificar propriedade pública e privada, agridem a polícia com o objetivo de provocar retaliação.

A polícia revela-se pouco preparada para manter a ordem e garantir que apenas os manifestantes violentos sejam coibidos. Não faltaram episódios em que policiais cruzaram os braços em face da baderna ou exorbitaram na repressão, atingindo inocentes.

Desaparecidos de cena, os delinquentes voltaram a agir em meio aos protestos contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) nas noites de quarta-feira (31) e quinta-feira (1º) em São Paulo, atacando prédios no centro da cidade, entre eles a sede deste jornal.

Grupelhos extremistas costumam atrair psicóticos, simplórios e agentes duplos, mas quem manipula os cordéis? O que pretendem tais pescadores de águas turvas? Quem financia e treina essas patrulhas fascistoides? Está mais do que na hora de as autoridades agirem de modo sistemático a fim de desbaratá-las e submeter os responsáveis ao rigor da lei.

Democracias incapazes de reprimir os fanáticos da violência são candidatas a repetir a malfadada República de Weimar, na Alemanha dos anos 1930, tragada pela violência de rua até dar lugar à pior ditadura que jamais houve.
Joquinha Faceiro
02/09/2016 00:07
Herculano

Realmente o PMDB e o Adilson deram um belo discurso para o PT. É lógico que o PMDB negociou a volta do Adilson, prometeram a ele a recriação da Secretaria da Agricultura para que ele seja o secretário, por isso que foram correndo para a Dona Ivanilde dizer que iriam recriar a secretaria da Agricultura, para buscar o apoio dela. Se a Andreia for experta anuncia o Dr Renato Beduschi para ser seu secretário de Agricultura, tenho certeza de que o PMDB e o PT iriam se estreparem. Se o eleitor Gasparense for inteligente mandaria uma banana para estes dois partidos podres. Vamos eleger a Andréia, a mais preparada, essa sim será a verdadeira mudança que precisamos em Gaspar. Taca-lhe pau Andreia, taca-lhe pau...












Herculano
01/09/2016 20:32
SENHOR PRESIDENTE!!!, por Vlady Oliver (Augusto Nunes), de Veja

Vale tudo. Até dar de presente àquela que faliu o país um carguinho qualquer com foro privilegiado, para evitar que a Lava-Jato e o juiz Sergio Moro passem a limpo este país

Vamos combinar, meus caros amigos. Quantas vezes fomos surpreendidos pela sorrateira mudança nas regras do jogo no processo de impeachment dessa mamulenga? Mais uma vez fomos vítimas de uma empulhação. Cabe aqui salientar a solerte participação do Randolfe, aquela coisinha que é a Marina das Selvas falando no Senado, e boa parte do PMDB que pratica o "culpa, mas não pune" para liberar geral a impunidade.

Quer dizer que dona du chefe é culpada pelos crimes que cometeu contra a nação, mas não é punida pelos seus desmandos? Não é porque eu quero. A lei deixa bem claro que a cassação do mandato implica a consequente perda dos direitos políticos. Mas aqui vale tudo. Vale dar de presente para aquela que faliu o país e ludibriou os desejos de milhões de brasileiros um carguinho qualquer com foro privilegiado, para evitar que a Lava-Jato e o juiz Sergio Moro passem a limpo este país e acabem com essa vigarice de vez.

O apelo ao sentimentalismo barato e ao senso de grandeza não colam. A tal casa do espanto é um antro de bandidos, que convivem impunemente com seus pares marretas e querem, todos juntinhos e irmanados, promoverem seus interesses mais pusilânimes. O lugar certo para corrigir essa vigarice é a urna, caro cidadão-eleitor feito de besta. Onde estava a cidadania que elegeu esses canalhas, canalhas, canalhas? Quem foi o responsável por petetizar todos os aposentos dessa casa de tolerância?

Somos reféns silenciosos de uma minoria barulhenta e vagabunda, por conta da consciência pesada de todo aquele que se elegeu para participar desse circo em que nos metemos. Como bem lembrou a senadora Ana Amélia, os ilustres vigaristas que legislam não estão lá mais sozinhos, fazendo o que bem entendem de suas ilustres biografias barrocas. São agora escrutinados e acompanhados por uma poderosa ferramenta de dissuasão de suas intenções mais torpes: as redes sociais.

Por elas fomos às ruas e exigimos o fim da era da safadeza. Por elas construímos nossas opiniões e consensos. Por elas, fica claro que essa classe de nojentos merece o lixo. Lembrarei de cada um deles ao depositar meu voto na urna nos próximos pleitos. Quero saber o que dona du chefe fará com este indulto de natal que recebeu de seus pares no Congresso. Estamos de olho, meus caros senadores. Em vocês, eu não voto nunca mais. Que venham os próximos.
Herculano
01/09/2016 20:30
O EX-PREFEITO ADILSON LUIZ SCHMITT DECLAROU HOJE VOTO EM KLEBER EDSON WAN DALL

Ele jurava que estaria em silêncio nesta campanha e ficaria assim por quatro anos, mas não resistiu.

Todos duvidavam e apostavam que Adilson não resistiria.

E hoje o ex-histórico peemedebista Adilson, cumpriu o seu ritual de se posicionar e voltar ao PMDB que se divorciou e tem uma relação ainda extremecida.

Fez o anúncio na sua rede social com o tradicional bordão que o deixou famoso: "Para deixar bem claro... Nesta eleição o meu voto é de Kleber Edson Wan Dall para prefeito e Ciro André Quintino, para vereador. Puro PMDB.

A coluna já estava pronta quando ele vinculou a notícia. Ele está olhando e calculando a ressaca que causou.

Kleber ainda não agradeceu. Ciro ficou aliviado pois lhe informavam que Adilson tinha preferência por Delgio Roncaglio. Adilson que genro do ex-prefeito, presidente de honra do PMDB e patrono da campanha de Kleber, Osvaldo Schneider, o Paca, também cumpriu um ritual familiar.

O PT queria Adilson declarando voto. Agora, tem discurso.

Na coluna de terça-feira, inédita e só para os internautas do portal do Cruzeiro do Vale, na coluna mais acessada, do mais antigo, mais acessado, mais atualizado e de maioria credibilidade, ampliarei este assunto. Até lá.
Herculano
01/09/2016 20:18
MINISTROS DO STF CRITICAM DECISÃO SOBRE DILMA, por Josias de Souza

Dois ministros do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello e Gilmar Mendes, criticaram o julgamento fatiado do impeachment de Dilma Rousseff. Os senadores depuseram Dilma, mas mantiveram intacto o seu direito de ocupar cargos públicos. Para os magistrados, o Senado deveria ter realizado apenas uma votação. Aprovado o impedimento, a inabilitação para ocupar vagas no serviço público seria automática.

"[?] A sanção constitucional (do impeachment) tem uma estrutura unitária porque compreende globalmente, de um lado, a medida de destituição ou privação do mandato, e, de outro lado, como uma natural consequência da destituição, a inabilitação temporária por oito anos para qualquer outra função pública eletiva ou de nomeação'', disse Celso de Mello.

O ministro acrescentou: "Isso significa que a sanção constitucional é una e, sendo una, é incindível. Portanto, parece não muito ortodoxo que tenha havido tratamento autônomo como essa separação de duas medidas, que, na verdade, mutuamente, interagem'', afirmou.

Gilmar Mendes soou ainda mais cáustico. Tachou de "bizarro" o fatiamento autorizado pelo presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, que comandou o julgamento de Dilma. "Vejam vocês como isso é ilógico: se as penas são autônomas, o Senado poderia ter aplicado à ex-presidente Dilma Rousseff a pena de inabilitação, mantendo-a no cargo. Não passa na prova dos 9 do jardim de infância do direito constitucional. Do ponto de vista da solução jurídica, parece realmente extravagante".
Herculano
01/09/2016 20:14
A PIADA LEWANDOWSKIANA, NOVO NOME DO SURREALISMO, por Reinaldo Azevedo, de Veja

Segundo o preclaro, um presidente poderia se tornar inelegível, mas sem ser condenado...

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, chamou de "extravagante" e de "bizarra" a decisão do Senado que permitiu à ex-presidente Dilma Rousseff exercer funções públicas apesar de sua condenação no processo de impeachment. O magistrado falou sobre esse assunto após sessão do TSE, Corte da qual é presidente.

"Vejam vocês como isso é ilógico: se as penas são autônomas, o Senado poderia ter aplicado à ex-presidente Dilma Rousseff a pena de inabilitação, mantendo-a no cargo. Então, não passa na prova dos noves do jardim de infância do direito constitucional. É, do ponto de vista da solução jurídica, realmente extravagante".

Em conversa com jornalistas, Gilmar disse ainda que a decisão tem caráter político.

Dizer o quê? Já imaginaram? Poder-se-ia tornar alguém inelegível, mas sem condená-lo por crime de responsabilidade.

É uma piada lewandowskiana, o novo nome do surrealismo

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