17/08/2020
O prefeito Kleber, à esquerda, é candidato a reeleição. Uma desgastante CPI na Câmara, na foto à direita, expôs os erros operacionais e principalmente à falta de transparência do governo municipal
Quem está ouvindo ou lendo as entrevistas dos supostos pré-candidatos a prefeito de Gaspar em 15 de novembro, está descobrindo que o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, além de estar lavando a alma da coluna ele está dizendo o que os leitores e leitoras já sabiam há muito tempo. Kleber – e o seu marketing - começou a temporada de explicações ao invés de louvações. E isso pode ser ruim para ele.
Na verdade, Kleber e seus “çabios” estão sendo comidos pela própria esperteza marqueteira. Nela, Kleber é o garoto propaganda de si mesmo associado à ingênua ou intencional falta de transparência.
Eles - o prefeito e os que governam de fato e nas sombras, principalmente - estão sendo engolidos pela danada da percepção. Ou seja, a impressão que terceiros possuem dele e do governo como um todo e que não bate com a que ele e seus “çabios” querem que a atual administração seja avaliada pela população sobre Kleber, o governo, o MDB, a coligação...
Kleber e os seus sabem o que fizeram de errado tanto na estratégia como na tática. Foram soberbos, intransigentes, exibição em rede sociais e aplicativos de mensagens, além de perseguirem adversários e a imprensa livre.
Se está tudo perdido? Penso que não, mas está seriamente comprometido; a reeleição pode ser mais trabalhosa do que se imaginava no início do governo.
Seria completamente vergonhosa, sempre escrevo, se Kleber vier a perder a reeleição com a quantidade de partidos que o cerca, cabos eleitorais pagos com os pesados impostos dos gasparenses empregados como comissionados na prefeitura, com o poder na mão eu possui, a volta da maioria na Câmara para fazer o que quer, bem como uma máquina de fazer votos há décadas à sua disposição, mesmo sendo a eleição financiada com dinheiro que deveria estar na Saúde, Educação, Assistência Social e Obras Públicas, modelo, do qual Kleber não possuiu culpa direta, mas o usa e avaliza como poucos.
SOBERBA E HUMILDADE
Querem dois exemplos – entre muitos - de soberba com tratamentos diferentes?
O raro, foi aquele que Kleber ameaçou os próprios comissionados e os servidores em cargos de comissão, via aplicativo de mensagens, para fazer massa fake e aplaudi-lo nas redes sociais.
O Sindicato com Lucimara Rosanski Silva, a telefonista, atuou firme. Escândalo. Kleber enfiou a viola no saco, vestiu a sandálias da humildade, reconheceu o exagero que podia dar até violações que o levasse a cassação, não quis saber de polêmica, foi à Câmara e pediu desculpas públicas.
Ou seja, com um gesto pensado, político e simples, cortou o mal pela raiz e o barco seguiu adiante. Fez isso porque estava em desvantagem numérica na Câmara. O tempo se encarregou do sepultamento do episódio, apesar de algumas cicatrizes que ficaram decorrente dele.
O outro exemplo resultou numa CPI: a da drenagem da Frei Solano. E por que ela chegou a ser uma CPI?
Porque se fez coisa errada na gestão de Kleber. Porque ele – mas principalmente os seus “çabios” - decidiram esticar a corda logo neste caso cabeludo e não quis corrigir o errado. Porque se sonegou informações desafiando a independência da Câmara e dos vereadores na função de fiscais do Executivo – e só porque eram da dita oposição. Porque se desafiou até a ordens judiciais. Porque ao final, teve que se usar do Regimento Interno da Câmara para jogar tudo para debaixo do tapete e o relatório final ser o mais ameno possível contra Kleber e os seus.
O governo Kleber e seus “çabios” comemoraram a vitória na CPI, mas em tempos de redes sociais e aplicativos de mensagens, a cidade inteira ficou com a percepção – alguns desconfiados outros com a certeza - de que o governo Kleber esconde dela o essencial, não é transparente e faz dos seus pesados impostos, gato e sapato.
É essa a tal percepção que faz de Kleber – e muito tardiamente o prefeito de fato, o ex-chefe da campanha eleitoral dele, o presidente do MDB de Gaspar, o secretário da toda poderosa secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa, o advogado Carlos Roberto Pereira – entrar no modo defensivo com os eleitores e eleitoras, e ao mesmo tempo, no modo agressivo com os que esclarecem esse tipo de erro estratégico e tático administrativo e político, advindos da marquetagem e da comunicação errática que comandam.
NÃO SERIA CANDIDATO
Não é à toa, que no ano passado, à Rádio 89 FM, apertado, o prefeito Kleber chegou até a declarar que não sabia se seria candidato à reeleição, quando tudo foi feito exatamente para isso, não em 2016, mas lá em 2012.
É que Kleber – de verdade - não é dono da sua própria candidatura. Ele é apenas a face de quem não tem votos, mas manda em Gaspar.
De outro modo, o MDB de Gaspar – e Kleber e os outros do partido sabem muito bem disso – não possui de verdade ninguém da confiança no grupo que manda atualmente no poder de plantão para substitui-lo, ser empático com os eleitores e vencer um pleito.
Então, Kleber sempre foi e sempre será candidato a reeleição até porque ele quer, afinal nunca foi além de político na sua vida. E sem opções, depois de desdenhar uma possível candidatura capaz de confrontá-lo, Kleber, orientado, entrou no modo defensivo, da paz e amor. Acorda, Gaspar!
Dos R$ 206 milhões que pode tomar de empréstimo, Kleber em quase quatro anos de governo pegou R$60 milhões emprestados e efetivamente até agora, segundo ele, gastou R$40 milhões, algo muito próximo do que custou a ponte do Vale feita por Zuchi sem dinheiro de empréstimos ou dos impostos dos gasparenses.
Quais são os principais pontos que Kleber Edson Wan Dall, MDB, defende ou se explica nas suas entrevistas com raras perguntas que lhe incomodem?
O primeiro e que revela o medo de uma improvável reeleição, que se nega, mas está no subconsciente dele e de seus “çabios”: o adiamento das eleições deste ano. Ele troca a reeleição pela prorrogação de dois anos do mandato.
Ora, quem não tem medo das urnas em 15 de novembro não deveria estar defendendo esta tese de prorrogação dos mandatos sob o manto da economia, da pandemia e outras desculpas esfarrapadas. As eleições, com a sua reeleição, são o referendo da sua própria gestão e um cala boca definitivo a todos que o criticam. Simples assim!
O segundo é de que quanto mais candidaturas houver, para ele é melhor. É? De contas o governo entende bem e os supostos adversários de Kleber, pelo jeito, ainda não.
E por que disso? Com o eleitorado dividido em seis, cinco ou até quatro candidaturas, Kleber e os seus vencerão de braçadas. E por que? Possuem a máquina e o governo nas mãos. É clássico! Entretanto, se vingar o que aconteceu nas urnas em outubro de 2018 (Bolsonaro e Moisés entre outros, incluindo os deputados), essa tese antiga e sacramentada na política e entre os marqueteiros da área, está ameaçada. Kleber e os seus “çabios” sabem disso e daí a mudança de postura em relação as eleições de 15 de novembro.
O terceiro. O candidato que Kleber – e seus “çabios” quer como adversário é o três vezes ex-prefeito Pedro Celso Zuchi ou alguém do PT. Kleber e o MDB já tem o discurso pronto desde que ganhou em 2016. Apontará para a lama do PT. É o roto falando do amassado, mas é um caminho. E Kleber insiste: “fizemos em três anos mais que em 12 anos do PT”.
Se não cuidar, Kleber, MDB, seus agregados e “çabios” podem quebrar a cara. É só o PT mirar para as dúvidas dos três anos de Kleber numa artilharia suicida. Até tudo ser explicado, neste tiro curto que são as eleições, elas já teriam passado. E aí e ver quem teve vantagem com o tiroteio.
O quarto. Kleber abriu uma nova frente e que não estava no radar, para justificar o suposto futuro fracasso ou então para entrar no modo vítima. É a pandemia. Ela realmente dividiu a cidade, inclusive, naquilo que não é justo para ele no meu entender: o ideológico.
Contudo, isso aconteceu em quase todo lugar e em maior proporção, quando não houve comunicação e liderança dos prefeitos ou governadores. É o caso de Gaspar. Então a culpa se houver é de Kleber e os seu “çabios” que tropeçaram nas próprias pernas neste assunto e estão tentando calar quem toque neste ponto nevrálgico, inclusive contra esta coluna. Vergonha.
O quinto é que Kleber e os seus piscaram de fato.
Acordaram muito tarde para uma realidade que está incrustada no inconsciente dos gasparenses: a cara e ampla máquina de empregar cabos eleitorais como comissionados e cargos de confiança na prefeitura de Gaspar, isto sem falar no seu alto salário de R$27.356,69 que ficou intacto durante a crise econômica da pandemia diante do desemprego, da quebradeira e negócios comprometidos de seus apoiadores, eleitores e eleitoras.
Essa máquina é tema quase unânime dos adversários – só não poderá ser do PT -, os quais prometem corrigir esta distorção se eleitos. Ela é uma realidade e contra ela, há pouco o que se explicar.
E em sexto, Kleber está se explicando.
1. Sobre os financiamentos que podem ser tomados ao limite de R$206 milhões, Kleber diz que tudo foi aprovado pelos vereadores. Ou seja, acaba de transferir a responsabilidade. O que Kleber não explica, é como conseguiu isso, rápido e sob pressão. Culpava vereadores que pediam explicações de atrasar a vida da cidade -, inclusive mobilizou terceiros para pressionar a aprovação dos empréstimos, na Câmara.
2. Agora, pelo relato de viva voz dele, desses R$206 milhões e não R$150 como sempre se pontuava, foram tomados apenas R$60 milhões e efetivamente usados até agora, só R$40 milhões, ou seja, menos do que custou a ponte do Vale, feita por Zuchi e que não usou financiamento e nem dinheiro dos gasparenses. Resumindo, quanto mais explica, mais se complica.
3. Para as obras prometidas e que estão inacabadas, que não vão ficar prontas até o fim do seu primeiro mandato, Kleber já tem a desculpa pronta na ponta da língua: a pandemia. É, mais uma vez, esfarrapada. É só comparar, por exemplo, com menos de dois anos de Jair Messias Bolsonaro, sem partido, na BR-470, onde a pandemia não foi desculpa para ele fazer mais do que doze anos do PT (Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Vana Rousseff) e quase três do MDB de Michel Temer.
4. Outra das explicações que não convencem porque só justificam o erro das prioridades. Segundo Kleber, quando ele assumiu, a Folha de Pagamento dos funcionários efetivos e comissionados representava 49% da receita; hoje pouco mais de 45%. Ou seja, Kleber está dizendo que houve espaços para o inchamento porque a receita aumentou e não para rentabilização, a produtividade e aumento dos investimentos em outras frentes em favor da cidade e dos cidadãos. Tudo isso, ele trocou pelo empreguismo político e desqualificado.
5. Pior mesmo é ler e ouvir de que o crescimento de Gaspar se deu por aumento de novas empresas – 123 novos CNPJ em julho em plena pandemia - como se isso fosse algo do trabalho da prefeitura. Para comparar, em Blumenau, em junho e com restrições de atendimento foram expedidos 408 novos alvarás e que aumentou ainda mais em julho. E o governador Carlos Moisés da Silva, PSL, na mesma toada, comemorou 33.480 novas empresas.
6. Na verdade, o quadro mostra um outro lado perverso da crise econômica provocada pela pandemia. Os desempregados formais ou os que não conseguem mais se inserir formalidade a não ser como Pessoas Jurídicas individuais ou micro, emprestando e vendendo conhecimentos, ou até empreendendo. Só isso. Sobre a Havan, fechada há dois anos, nem um pio.
7. Sobre a falta de vagas nas creches, a falta de contraturno ou turno integral nas escolas, o desastre da política de assistência social nada se fala, porque não se pergunta. Assim como os contratos emergenciais para o transporte coletivo, coleta de lixo, guarda de carros apreendidos...
Como se vê, Kleber está se explicando. E isso o deixa exposto. E ele sabe disso, seus “çabios”, tardiamente, também. E quanto mais perseguem, mais fracos ficam. E sob o manto do silêncio de quem está querendo dar o troco como vingança. Acorda, Gaspar!
O ex-prefeito Zuchi (à esquerda) deve ser o consenso do diretório do PT, a vice será uma mulher e Mariluci (ao centro) leva vantagem. A renovação com João Pedro Sansão (à direita) ficará neste jogo, adiada
Esta segunda-feira é dia de reunião do Diretório do PT de Gaspar. É o único partido que não colocou formalmente o seu pré-candidato na praça, embora todos saibam que restam poucas alternativas além do ex-prefeito Pedro Celso Zuchi. Ele já concorreu quatro vezes e venceu em três delas. Se escolhido, vai colocar a sua biografia à prova, aos 67 anos.
O que reflete isto? Que o PT de Gaspar, como o âmbito regional, estadual e o nacional, não se renovou. E adia esse movimento, esperando por um milagre ou para se enterrar ainda mais.
Quem torce por Zuchi ser o candidato do PT? O MDB e os “çabios” que cercam o prefeito Kleber Edson Wan Dall. Eles têm o discurso pronto há muito tempo. Querem fazer dele o mal da terra e o único adversário a ser batido em 15 de novembro.
Querem com isso, impedir à terceira via e fazer do próprio MDB e Kleber, a tábua de salvação da cidade contra o “malvado”, “incompetente”, “empregador” e “pouco transparente” PT. E vão desenterrar as minhas colunas para isso, as mesmas que deram discurso e vitórias ao MDB, o mesmo que quer me calar e pelos mesmos motivos. Nada como um dia após o outro, no adágio que diz: o tempo é o senhor da razão.
Precisam combinar esse discurso, mais uma vez, com os russos. Porque neste momento, Kleber e sua penca de partidos pendurados na prefeitura – incluindo o socialista PDT que estava no governo de Zuchi - é o roto e o PT, o amassado. Então são farinhas do mesmo saco, mas embaladas de formas diferentes.
Ambos sabem disso. Tanto que torcem para um número maior candidatos. Aliás, foram as múltiplas candidaturas que levaram Zuchi ao primeiro mandato para catapulta-lo a mais outros dois posteriormente quando o MDB se meteu na história com Adilson Luiz Schmitt e deu no que deu.
No outro extremo, todos estão desconfiados da tal terceira via. Duvida-se que ela aglutine o conservadorismo e os que não toleram o jeito do MDB, PP e PT administrem a cidade, num processo que dura mais de 30 anos e que no cardápio dessas gestões, está à exclusão, a perseguição e à falta de transparência.
Até agora, a terceira via não apareceu como algo lógico e possível. Está dividida. Está brigando entre si por vaidades e não por projetos e mudanças. Mas, isso é papo para outra coluna.
TUDO OU NADA
Zuchi é a chance do PT permanecer aceso em Gaspar, de salvar os padrinhos Décio Neri e Ana Paula de Lima, mesmo que o PT não vença. E por que? Zuchi poderá ajudar a puxar votos para a nominata de vereadores. Hoje são três titulares. Sem Zuchi, avalia-se, o risco real é até de não ter nenhum eleito em novembro.
Zuchi quer uma mulher de vice. Isso fecha a porta para os atuais vereadores Dionísio Luiz Bertoldi e Rui Carlos Deschamps, que diz que nem concorrerá à reeleição de vereador.
Dessa forma, abre-se espaços para berçarista Mariluci Deschamps Rosa. Ela já foi vice nos dois últimos mandatos de Zuchi e está vereadora. A primeira vice de Zuchi também foi uma mulher: Albertina Maria dos Santos Deschamps. Ela, aliás, foi a primeira mulher a assumir oficialmente o cargo de prefeita de Gaspar, nas licenças de Zuchi.
Voltando. Sem Rui e Mariluci, dois puxadores de votos, a proporcional também se enfraquece. Um petista de carteirinha me diz sobre a vice de Zuchi ser mulher e sem expressão: “O que puxa votos, é o cabeça”.
Nos dias de hoje e em Gaspar, não é bem assim. Tanto que os “çabios” de Kleber estão rifando o atual vice Luiz Carlos Spengler Filho, numa briga sem precedentes com o PP, para ter Marcelo de Souza Brick, PSD, e que supostamente faria mais transferência de votos para a chapa de Kleber na busca da reeleição. Então...
O que fazer para a estrela do PT brilhar de novo em Gaspar? A possibilidade estaria num projeto de renovação com colheitas a médio prazo. Apostar numa nova geração que não se bandeou para o conservadorismo populista.
E o PT de Gaspar possui um nome para isso: é João Pedro Sansão. Entretanto, para isso, o PT teria que considerar o jogo desse ano perdido. E para não se arriscar neste ano e nos outros, o PT de Gaspar vai levar Sansão a vereador. E se ele for bem-sucedido na área profissional (advocacia focada nos tribunais superiores), descobrirá que a política é um problema para ampliar suas ambições.
O próprio Sansão não é um entusiasta dessa ideia e ele faz parte do próprio dilema do partido no curto prazo por aqui.
Porque no médio prazo o PT faz duas apostas: a volta dele ao poder, ou então a reeleição de Kleber ampliando o desgaste para abrir a porteira em 2024 ao PT nos votos que são hoje de Kleber. A eleição de uma terceira via neste ano, por outro lado, se valer o histórico, colocaria de qualquer forma o MDB novamente forte na disputa em 2024 e deixaria tudo mais complicado para o PT. Acorda, Gaspar!
Quando puderam encaixar a vice Daniela (à esquerda) com o governador Moisés (ao centro), o impeachment ganhou corpo e foi aceito pelo presidente da Assembleia Júlio Garcia, PSD (à direita)
É atribuída ao político conservador alemão Otto Von Bismark (1815/98) a frade de que “a política é a arte do possível”. Ele acentua: “Toda a vida é política”. Uau!
Contudo, foi o economista keynesiano, o canadense John Kenneth Galbraith (1908/2006) que melhor a explicou: “a política não é a arte do possível. Ela consiste em escolher entre o desagradável e o desastroso“. Por não conhecer o ensinamento de ambos e de muitos outros experientes, é que o governador catarinense Carlos Moisés da Silva, PSL, vai ter que reescrever à sua própria frase no impeachment em que está metido na Assembleia Legislativa de Santa Catarina.
Resumindo tudo: Carlos Moisés precisa agora e urgentemente, no mínimo de 14 votos dos 40 deputados estaduais para se livrar da admissibilidade deste e outros impeachments, os quais, alguns deles, por birra e protagonismo, viraram rotina na Alesc, mídia tradicional, redes sociais e aplicativos de mensagens nos últimos dias e horas.
Se o governador Carlos Moisés não possuir esses 14 votos para espantar os espertos, oportunistas e os saudosistas que sempre estiveram de uma ou outra forma no poder, pode fechar a quitanda e se recolher definitivamente à reserva bem remunerada, onde está como tenente coronel do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. Será página virada na política Barriga-Verde, para ficar no ambiente histórico da farda.
Os necessários mínimos 14 votos serão estratégicos até para Carlos Moisés ganhar fôlego em outra frente onde tentam pegá-lo: a CPI. Se demonstrar articulação e proteção mínima, Carlos Moisés mandará sinais claros e poderá “indicar” o boi-de-piranha desses erros operacionais e dúvidas administrativas que a CPI tenta esclarecer e punir.
Aliás, aos que cobravam mais efetividade como governador, Carlos Moisés desdenhava e sempre os lembrava que estava sossegado de “pijama”, em casa, curtindo a precoce “aposentadoria”. Tiram-no daquele “seu sossego” familiar e de amigos. Para o governador, só por isso, tudo tinha que ser no seu tempo e seu jeito.
Está descobrindo tarde demais que o buraco é mais embaixo, há um incêndio, e quem se escalou para apaga-lo não só não possui as técnicas e diz que como voluntário apaga quando e como quer. Vai ser queimado ou culpado.
Eu por exemplo, não quero concorrer a nenhum cargo eletivo. E nem vou colocar o meu nome à disposição só para ver o que acontece, pelo simples fato de que tudo pode acontecer, até vencer e ter que trabalhar naquilo que não gosto, não quero ou não sei fazer. Simples assim!
O TEMPO E O JEITO DE CARLOS MOISÉS
O tempo está provando – mais uma vez – para Carlos Moisés que na política, o tempo é de quem ocupa os espaços; lê o futuro e presente sobre e contra as manhas dos adversários; e com alguma maestria, ou sabedoria produz resultados aos objetivos como o de governar para os cidadãos e cidadãs. Estão faltando ambas a Carlos Moisés e aos que ele escolheu, a dedo, para servi-lo.
A maciça votação dos catarinenses em Carlos Moisés foi por mudanças, não foi para ele não fazer política. Carlos Moisés, entendeu mal, certamente, o recado das urnas.
Carlos Moisés, deveria antes ter lido Galbraith. Também deveria ter feito distinção entre comandar e governar e se informado melhor sobre as teses do florentino Nicolau Maquiavel (1.469/1527). É clássico. Nele se detalha as duas formas de governo sob principado, ou seja, com a espada, o comando, a centralização ou à República, no jogo político de forças e contra-forças.
Como estamos num ambiente democrático, disputado e nem sempre ético, Carlos Moisés deveria ter prestado mais atenção ao que Maquiavel nos relatou sobre a República.
Experiente como comandante – tanto que usou a expressão à exaustão na campanha política para exatamente dar sentido de que tudo podia e mudaria, Carlos Moisés desejou ser o príncipe num ambiente de República. Ou seja, estava escrito há mais de 500 anos que não daria certo. E não deu!
O resultado está aí. Nem entre os seus, Carlos Moisés foi capaz de aglutinar e comandar. Por isso, o PSL da vice, Daniela Cristina Reinehr – que ninguém a quer e o impeachment só surgiu quando se viu que ela poderia ir junto para casa com Carlos Moisés -, é um dos responsáveis pelo enfraquecimento político no sentido republicano do próprio atual governador catarinense. Impressionante!
Ora se as fortalezas do governo catarinense estão fragilizadas, os adversários não viram qualquer problema ético para invadi-las. Melhor, avaliaram e estão achando fáceis ocupa-las.
IMPEACHMENT POLÍTICO
Se por um lado o impeachment é o pior sinal de alerta para Carlos Moisés, por outro, é muito ruim à exposição desse embate para seus adversários perante à opinião pública, mesmo a que eles não morram de amores pelo governador.
Os adversários sabem que há uma forçada de barra neste jogo político brutal. Tanto que os possíveis postulantes à vaga de Carlos Moisés no voto direto – se o impeachment sair antes de 31 de dezembro -, estão providencialmente quietos ou escondidos, à espreita dos resultados na Alesc, sobras e aliança entre os velhos, para que desta vez, não haja surpresas como as de outubro de 2018.
E o hábil e experimentado deputado Júlio Garcia, PSD, de livre trânsito, um político por essência, é o operador eficaz neste processo com nomes e sobrenomes, os quais também se escondem do debate público. Nem mais, nem menos. Mas, é o jogo jogado e que Carlos Moisés se negou a jogar até agora. Exatamente por isso, está sob check mate.
Na guerra do impeachment, Carlos Moisés acaba de perder a primeira batalha jurídica no Supremo Tribunal Federal.
O impeachment não é técnico como se rotula aos afoitos, partidários e desinformados, mas é essencialmente político. Ele é ainda oportunista e beira à vergonha. O impeachment em debate e os que estão na fila, são alimentados pela matreirice de sempre aos que se revezaram na Casa Rosada, Centro Administrativo e Palácio da Agronômica por quase um século.
Entretanto, quem ofereceu a oportunidade para tudo isso? Carlos Moisés.
Se o governador resolver proteger à sua permanência no cargo pelo embate jurídico, vai apenas se desgastar, e muito, perder tempo e Santa Catarina andar para trás contra os catarinenses e à esmagadora maioria que o elegeu.
O embate é político e quem deve querer vencê-lo é Carlos Moisés e seu grupo – se é que tem. Aliás, neste momento, ele deveria estar sob a proteção de um gabinete de crise multidisciplinar. Os adversários, informalmente e pela experiência que possuem neste assunto, já estão instalados num gabinete de crise em busca do poder.
Carlos Moisés precisa apenas de 14 votos na Alesc para tampar o buraco da fortaleza que ele deixou exposto para a invasão dos oportunistas.
Estancada sangria da estocada, Carlos Moisés precisará de muita habilidade e comunicação para ao mesmo tempo em que se desnuda para a sociedade o oportunismo dos adversários, consiga ele, ao menos 21 votos, para fazer o seu governo funcionar, deslanchar e terminar o mandato. Fácil não será. Não foi nem ao tempo do hábil (e já falecido) Luiz Henrique da Silveira, MDB.
Como escreveu Galbraith “a política não é a arte do possível. Ela consiste em escolher entre o desagradável e o desastroso“. Desagradável para Moisés, ao que parece, é fazer política; e desastroso parece ser não fazer a chamada “nova política” em favor da sociedade que elegeu para isso com 71,09% dos votos válidos nas urnas.
Se Carlos Moisés não quer fazer política; não quer ser político e governador de verdade dos catarinenses, não quer mudar e formar uma nova liderança no Estado, está mais do que na hora d’ele deixar o governo, antes de se manchar com um impeachment oportunista para se tornar um mártir na narrativa ou na história política de Santa Catarina.
Tem gente do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, que foi às redes sociais duvidar que o jornal Cruzeiro do Vale, mais antigo em circulação, é o que mais circula em Gaspar e Ilhota, que tem o portal com mais acessos e é o de maior credibilidade.
Primeiro, o interlocutor extraoficial do poder de plantão luta contra a história, os números auditáveis e as provas, isso dá bem a dimensão do seu chororô e descrédito notório. Segundo, para ele, só Kleber pode fazer propaganda de si próprio. Terceiro, se o Cruzeiro não é tão importante e influente assim na comunidade, qual a razão de tanta preocupação? A vergonha que essa gente passa ao defender as boquinhas dos seus nos ambientes públicos beira a zomba!
Sai o viaduto da Mafisa, entra o trevo ou complexo viário da Mafisa, o que dá o verdadeiro sentido à duplicação da BR-470, em Blumenau. O viaduto é uma invenção eleitoreira do PT da senadora Ideli Salvatti, em campanha para a volta do ex-prefeito e então deputado Federal, Décio Neri de Lima, ao comando de Blumenau onde esteve por dois mandatos. Ideli até trouxe o então ministro dos Transportes de Luiz Inácio Lula da Silva, PT, Alfredo Nascimento, PR, para fazer palanque sem a obra estar pronta.
Não adiantou. João Paulo Kleinübing, PFL, foi reeleito em 2008 com 63,67% dos votos válidos e o viaduto, ao longo dos anos, provou ser uma aberração de engenharia rodoviária patrocinada por políticos atrás de votos fáceis. Ele apenas favoreceu parte dos moradores da Itoupava Central, mas, por outro lado, atrapalhou o trânsito da BR 470, trouxe insegurança aos que passavam por lá e retirou o sentido da duplicação da rodovia. Um exemplo de desperdício de tempo dos políticos com o dinheiro dos pesados impostos de todos.
Sem festas – por enquanto – o complexo viário da Mafisa é aberto hoje para se experimentar as soluções e se ver o quanto estavam errados os políticos – e técnicos - no passado. A obra verdadeiramente avançou em tempo recorde para os padrões governamentais, sem registro de dúvidas quanto foi feito e gasto lá.
Esse trevo é mais uma marca do tocador de obras de infraestrutura no Brasil, ministro do Transporte, o engenheiro militar Tarcísio Gomes de Freitas. O presidente Jair Messias Bolsonaro, sem partido, até prometeu vir hoje para a abertura do trânsito, mas cancelou. Iria atrapalhar. É melhor marcar para um domingo ou feriado.
A NSC Blumenau voltou ao velho esquema da RBS TV em relação a Gaspar. Desgastado pelas atitudes que tomou durante a pandemia, o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, apareceu nas edições jornalísticas estaduais para anunciar as reaberturas.
Faria sentido se a mesma emissora tivesse dado o tratamento para os fechamentos e polêmicas de Gaspar. Faria sentido, se os processos de reabertura de municípios maiores como Brusque e Rio do Sul cobertos pela emissora de Blumenau tivessem tidos o mesmo tratamento. Ou ao menos, isso fosse pauta aos municípios limites como Timbó, Indaial e Pomerode, parecidos no tamanho de Gaspar, e onde o número de mortes é bem menor.
Pulga só em cachorro magro. Na imprensa se insiste que há seis pré-candidatos a prefeito em Gaspar nas próximas eleições. Eu conto quatro. E na minha conta não está Marcelo de Souza Brick, PSD. Sabe o porquê? Ele está vestido de pré-candidato a vice do atual prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB. E em campanha por ela e com Kleber.
Dias atrás, por exemplo, ele apareceu na reunião da comunidade da Rua Conceição, no Pocinho. Estava lá, como “representante” oficial do prefeito ao lado dos seus pares de partido. Era para apresentar o projeto de pavimentação da rua já programada pelo orçamento participativo do MDB e caçar votos.
O pré-candidato a prefeito pelo PSL de Gaspar, o funcionário público, sindicalista e ex-vereador Sérgio Luiz Batista de Almeida, PSL, anunciou em sua rede social na semana passada que o ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, tinha desistido da corrida eleitoral. O PT desmentiu. Só o tempo dirá quem está com a razão.
Sérgio erra o taco mais uma vez. Os votos do PT dificilmente irão para o PSL que se vende como conservador, liberal e de direita. O adversário de verdade do PSL e de Sérgio, é o MDB e os pendurados na estrutura da barrosa, incluindo os evangélicos – onde transita - que dizem estar “fechados” com Kleber. Na coligação que sustenta Kleber é que estão os votos que flutuam para – na surdina – migrarem à uma possível candidatura conservadora igual a dele.
O vereador Cícero Giovane Amaro, PL, funcionário público lotado no Samae, é o alvo preferencial dos governistas na Câmara. Eles até aceitam a reeleição do capeta, mas não a de Cícero. Estão expostas várias cicatrizes sem cura, mas nenhuma delas é tão doída e feia de se ver quanto o relatório da CPI da drenagem da Rua Frei Solano. Nele, os defensores de Kleber tiveram que emendar – e mandar a sujeira para debaixo do tapete - sob exposição e desgaste popular.
Amanhã é dia de sessão da Câmara de Gaspar. Será remota devido a pandemia. Mais uma vez, não estará na pauta e já divulgada, os Projetos de Resolução do vereador governista Roberto Procópio de Souza, PDT. Um corta apenas 20% do salário do vereador e só por dois meses, para dá-los em doação ao Fundo Municipal de Saúde. O outro, as diárias até o fim do ano.
Assunto proibido. A morte do menino Samuel Miranda de Oliveira, 12 anos, continua sendo um tabu para a administração de Kleber Edson Wan Dall, MDB. A coluna “Olhando a Maré” da edição impressa de sexta-feira do jornal Cruzeiro do Vale, mais uma vez, teve grande repercussão na cidade.
E nas redes sociais, os atrelados ao governo de Kleber, por pouco não me culparam pela morte do menino. Nos comentários, de outros que usam a rede pública de saúde e o Hospital de Gaspar, pode se constatar que esta é uma área frágil e que nenhuma narrativa, discurso, propaganda oficial ou processo do governo, consegue abafar ou calar na marra como querem contra usuários ou comentaristas. A má imagem está impregnada no inconsciente popular.
Querem ver mais um exemplo manco nesta área e dado pelo vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, na última sessão da Câmara? Enquanto o líder do MDB, Francisco Hostins Júnior se esforçava para mostrar números de zeramento de filas e superlativos de atendimentos pela secretaria de Saúde na gestão de Kleber, Bertoldi pedia providências para a via crucis de um paciente pronto para operação de varizes.
Todos as consultas e exames foram feitos em 2019. Eles começaram em abril. Concluídos, o paciente não foi chamado no ano passado como se previa e devia. Se for, terá que fazer tudo de novo, por longo período, contra a saúde do doente, e pior: onerando mais uma vez os pagadores de pesados impostos. E teve gente do governo Kleber durante a sessão, que marotamente, quis ainda culpar a pandemia pelo atraso. Tratam todos como tolos.
Um político de verdade. Quando secretário não foi capaz de fazer uma política pública consistente aos vulneráveis da cidade, como pré-candidato a vereador está distribuindo esmolas aos necessitados e fotografando o ato para inundar as redes sociais, num triste espetáculo de falsidade. Conclusão: está pronto. É um político de verdade. Só falta ser eleito.
Um que quer ser político. Eder Muller, PL, que também disputa a pré-candidatura a vereador, escreveu sobre o mesmo assunto na sua rede social. “O pior político é aquele que usa a fragilidade, a vulnerabilidade de seres humanos, para fazer fotos constrangedoras para a campanha política antecipada. ‘Quem doa de coração, não expõe’”, exemplifica.
Aliás, Eder anda infernizando a vida dos que estão empoleirados no poder de plantão com flagrantes que rodam as redes sociais e aplicativos de mensagens. Um deles, mostra gente da Ditran depois de usar o carro da repartição, sai para comprar a Trimania, pagar as contas na Viacredi, tudo na hora do expediente.
Ele que é microempresário e rala, comenta: “que bom se a gente pudesse trabalhar numa empresa das sete as cinco horas. E lá pegar o carro da empresa, cara; ir pro banco, fazer as coisas... fazem o que querem; não tem ordem isso ai...”
Como funciona o assédio moral. Funcionário da prefeitura de Gaspar publicou – fora do horário do expediente - um comentário desta coluna na rede social dele. Recebeu um telefonema do chefe para responder pelo conteúdo, pois havia uma denúncia na Ouvidoria da prefeitura. E o poder de plantão diz não entender a razão pela qual os funcionários estão reclamando de perseguição.
Ginástica. O funcionário efetivo motorista de ambulância Sérgio Luiz Batista de Almeida pediu para suspender o gozo da licença-prêmio na prefeitura de Gaspar. Em contrapartida, ele se licenciará com remuneração para concorrer em 15 de novembro. As férias para depois, da licença.
Também estarão fora da prefeitura para fazer política e com remuneração: Dulcineia Santos, Amauri Bornhausen, Alan Luciano dos Santos, Silvio Cleffi, Katia Milene de Souza, Mari Inês Testoni Theiss, Simone Chiminelli, André Pasqual Waltrick, Santiago Martin Navia, Eva Cristina de Souza, Dalva Terezinha Friolin da Silva, Luiz Otávio Rebouças Bastiani, Doraci Vanz, Márcio Sansão, além de Cícero Giovane Amaro e Daniel Cardoso, ambos do Samae e cujos atos não tinham sido publicados no Diário Oficial dos Municípios – aquele que se esconde na internet e não tem horário para ser publicado.
Sem remuneração, foram exonerados os comissionados Simone Carime Makki Voigt, Marisa Isabel Tonet Beretta, Renato da Costa Brambillla Marquetti, Rafaelle Vancini, Inácio Florêncio Furtuoso, Norberto dos Santos, que era o diretor de obras do Distrito do Belchior, Artur Renato Millbratz, Salésio Antônio da Conceição. Ufa!
Agora é esperar as convenções para ver se todos vão ser homologados candidatos. E no dia 15 de novembro esperar o escrutínio eletrônico para ver quem tem café no bule, e quem foi pires para o cafezinho. Acorda, Gaspar!
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