O leitor opina - Jornal Cruzeiro do Vale

O leitor opina

29/10/2010 08:29

Transporte Coletivo
Venho manifestar minha indignação sobre o descaso da Prefeitura de Gaspar, Ditran e Auto Viação do Vale com os horários de ônibus praticados em Gaspar. Semana passada, presenciamos cenas lamentáveis na cidade, onde pais enfrentaram dias de filas para conseguir matricular seus filhos no período matutino da escola, simplesmente porque em Gaspar não existe ônibus para quem precisa estudar a tarde. Ora, a Auto Viação do Vale existe somente para atender os empresários? Porque não existe horário para estudantes? É justo ter que enfrentar madrugadas em filas por não ter ônibus? É um absurdo isso!
Bruna Schneider Zimmermann | Gaspar


Figueira
Há algum tempo conheci Gaspar, me apaixonei pela tranquilidade existente no povo e na aura desta cidade. Acabou chamando atenção a qualidade e o cuidado com a limpeza, coisa tão natural para os que aqui vivem, mas para mim diferente a já costumeira mistura de raças e a total falta de cuidado com o meio ambiente paulista. Somente uma coisa entristece e, acredito, passe despercebido do povo da cidade. Olhando para a Praça Getúlio Vargas, uma grande figueira que poderia muito bem ser o símbolo da força e poder deste povo, está totalmente tomada de parasitas, mas forte ela resiste e segue seus dias na sua luta pela vida, mas totalmente abandonada de cuidados. Uma comparação se torna inevitável, entre a política brasileira e esse majestoso símbolo natural de Gaspar. Estamos em época de eleições, quando, desorientados, sentimos a manipulação e a pouca objetividade em cada um dos que desejam uma cadeira na tão ?bondosa? política brasileira, esta árvore segue forte carregando e alimentando bem mais que seria de seu desejo.
E uma pergunta fica no ar:
Será que os responsáveis pela manutenção de parques e praças desta cidade olham pra cima e não só para a grama alta que cresce nas praças?
Não pretendo criticar e sim alertar para que esse símbolo natural de Gaspar seja mais bem cuidado.
Obrigado pela acolhida em sua cidade e gostaria de ?ver? uma resposta quando passar pela Praça Getúlio Vargas.
Jayme Simões Filho |Gaspar


Eleições
Acaba-se o pesadelo, os debates que estão cada vez mais difíceis para chegar a uma decisão. Tantos projetos criativos que a Marina Silva tinha em sua campanha, mas infelizmente a candidata nem chegou a disputar o segundo turno.
Qual dos dois candidatos atuais será menos pior? Não vejo boas propostas de projetos educacionais e honestos ao meio ambiente. Tudo circula livremente e acham isso um crescimento esplendido e atacando de todas as formas as riquezas naturais.
Um avanço desequilibrado que o planeta sofreu nestes últimos oito anos vai comprometer seriamente os sobreviventes para uma vida saudável no futuro. As consequências já estão se manifestando seja através das doenças respiratórias, vírus da nova gripe, depressão em jovens e crianças, insegurança (medo) das fúrias da natureza, as doenças alérgicas estão cada vez mais presente nas áreas rurais. Os insetos estão cada ano mais resistentes, nada é estudado e só se pensa no crescimento e não na prevenção. Até quando vai continuar essa cegueira humana?
As pessoas se protegem com repelente, agasalho, se trancam dentro de suas casas para se defender dos maruins e outros insetos mas os animais não têm como se defender. Já foi descoberto o que faz a alta produção destes insetos? Mas nada é fiscalizado. Isso precisa mudar antes que seja tarde de mais. Acordem políticos ambientalistas e religiosos. Sejam honestos com a natureza, Deus pode até perdoar mas a natureza cobra. O valor é insubstituível, a falta de oxigênio, água limpa, ar puro, vegetação nativa, desaparecimento dos animais e pássaros. Tudo isso está muito próximo se não mudarmos nossas atitudes com a mãe terra. Vamos ser honestos pelo menos com a natureza, que é a razão de todos os sobreviventes. Quem não respeita as criaturas não ama o criador.
Cecilia Werner | Ilhota


Asfalto
Estive em Luis Alves neste final de semana visitando alguns conhecidos e na volta tive a oportunidade de transitar pela via que liga o bairro Belchior Alto, Gaspar, ao município de Luis Alves. Recém asfaltada, fiquei maravilhado, pois conheci esse caminho macadamizado, poeirento e esburacado. Bela obra.
No entanto, uma coisa me deixou triste. Há no trajeto um trecho de cerca de 2 km que não recebeu a camada asfáltica e continua a ser de terra. E ele se inicia justamente na divisa Luis Alves/Gaspar, ou seja, está no nosso município. Fiquei muito chateado com isso, pois o trecho de Luis Alves, que é muito mais longo, está todo asfaltado. Não consegui imaginar nada que justifique essa falha. Quero crer que muito em breve o Poder Público gasparense estará resolvendo esse probleminha.
Paulo Zimmermann | Gaspar


Parque
No mês de outubro comemoramos o dia das crianças e é muito triste ver que o único parque infantil público da cidade está em péssimas condições de uso.
Os banheiros estão imundos e o parque está sem manutenção. Uma das grades de proteção está caída no chão, várias madeiras onde as crianças andam estão quebradas e soltas, com pregos e pontas das madeiras expostos, podendo ocasionar algum acidente sério.
Fala-se tanto em prevenção de doenças e proliferação de bactérias, higienização das mãos, mas fica a pergunta: como prevenir nossas crianças do contágio dessas doenças se  o próprio banheiro construído especialmente para elas está em horrorosas condições de uso? Cadê o responsável pela limpeza e manutenção?
O parque precisa urgente de uma reforma e limpeza!
Nossas crianças não têm muita opção de lazer, ou quase nenhuma. Toda vez que desejamos levar nossas crianças para brincarem em um parque precisamos nos deslocar até outros municípios como Pomerode e Brusque, que possuem praças com parques e zoológicos.
Espero que algo seja feito para melhoria do nosso bem público. As crianças gasparenses agradecem!
Viviane Corrêa Ender | Gaspar


Correção
Informamos que a Festa dos Servidores Públicos Municipais foi uma organização da Associação dos Servidores Municipais, Asmug, do Sindicato da Categoria, Sintraspug, e da Administração Pública, em conjunto; e não do Sintraspug com o apoio da Asmug e da Administração, conforme divulgado na matéria publicada na edição 1241 do Jornal Cruzeiro do Vale.


Festa dos Servidores
Tive a honra de estar presente na festa em homenagem aos servidores públicos municipais. Foi um encontro com velhos amigos e com membros da nova geração. Quem foi homenageado pelos 20 anos de serviço iniciou suas atividades no nosso tempo. Chegando ao local, um fato me chamou a atenção: o grande número de veículos estacionados, parecia a Festa de São Pedro. No tempo das nossas festas eram muito comum ter poucos veículos estacionados, pois somente o prefeito e os cargos comissionados tinham carros. Nunca esqueço do fusca azul do Pedro Camisola. Hoje, a grande maioria dos servidores têm seu veículo; coisas da evolução. Teve até ônibus para levar pessoal para o interior. A festa foi muito bem organizada, merecem nossos cumprimentos o SINTRASPUG, a ASMUG, e a Municipalidade, que se empenharam com força total. Poderia ficar falando o dia todo que não chegaria transmitir toda a minha felicidade de estar junto aos meus amigos de trabalho.
Homenageando o servidor público, que já foi taxado de marajá, quero parabenizar Dona Edite da Silva (talvez a mais idosa dos presentes), servente aposentada que nos brindou muitas vezes com um cafezinho em nossa mesa de trabalho, juntamente com Dona Rosa Laguna e Maria José.  Não falo dos cargos mais importantes, eles me entendem, falo do Pepe e do Elásio (mudinho) que transmitem com humildade o que representa uma família de servidores municipais.
Meus amigos servidores: independente de cor, religião e de partido político, quero lhes pedir que façam da Prefeitura a sua empresa e dos munícipes seus clientes. Ao Prefeito Celso e a vice Mariluce, desejo de que tenham sempre em mente que o administrador passa e os servidores permanecem, no futuro vocês serão gratificados.
Odir Barni | Gaspar


Festa servidores II

A Prefeitura fez uma festa para todos os funcionários públicos, incluindo  jantar e baile e pediu a participação de todos. Achei legal a festa, acho que merecem, porém, a organização esqueceu que no dia 28, quinta-feira, as escolas e CDI?s tiveram que trabalhar. Vai a pergunta: como os funcionários das escolas e CDI?s poderiam participar desta festa se no outro dia teriam que estar cedo aos seus postos de trabalhos normalmente? Enquanto as outras secretarias estiveram todas de folga, mais uma vez, sobrou para eles.
Nelson Nuhs Junior | Gaspar


Mais cultura, mais vida.
?A cultura de um povo é o seu maior patrimônio. Preservá-la é resgatar a história, perpetuar valores, permitir que as novas gerações não vivam sob as trevas do anonimato?. Em 5 de novembro comemora-se o ?Dia da Cultura?, devendo ser considerada uma ?data de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais?.
 As nações desenvolvidas têm em sua origem a base da educação e da cultura, porém acredito que nunca houve um projeto sólido de políticas públicas com ênfase na cultura, apesar da nossa ?Constituição Cidadã?, determinar em seu art. 215, que ?o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais?.
A ?Constituição Barriga Verde?, destaca no art. 173, que cabe ao ?Estado garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional e catarinense?, tendo como princípios o ?incentivo e valorização de todas as formas de expressão cultural?, em ampla ?integração com as políticas de comunicação, ecológica, educacional e de lazer? e plena ?preservação da identidade e da memória catarinense?.
Cabe às instituições governamentais da área da cultura a missão de ?valorizar a cultura através de ações que estimulem, promovam e preservem a memória e a produção e difusão cultural?, com o objetivo da plena ?inserção da cultura em modelos sustentáveis de desenvolvimento socioeconômico?. ?A cultura é a busca da nossa perfeição total mediante a tentativa de conhecer o melhor possível o que foi dito ou pensado no mundo, em todas as questões que nos dizem respeito?.
Vá à biblioteca, pois ?uma biblioteca é o desfrutar do paraíso por inteiro?. Ouça música, face ?a música expressar o que não pode ser dito em palavras mas não pode permanecer em silêncio?. Aprecie uma obra de arte, pois ?a arte diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o intraduzível?. Visite o museu, pois terás a oportunidade de conhecer ?grandes novidades?. Vá ao teatro, face ser o ?teatro o primeiro soro que o homem inventou para se proteger da doença da angústia?.
 O Ministério da Cultura adverte: ?Cultura não faz mal para ninguém, quanto maior for o conhecimento, melhor será a sabedoria?. A cultura dever estar acima da diferença da condição social, pois é a ampliação da mente e do espírito. ?Quem tem imaginação, mas não tem cultura, possui asas, mas não tem pés?. Viva a ?revolução na cultura?.
Prof. MARIOLY OZE MENDES, Msc.


Literatura catarinense de luto

Faleceu o escritor Lauro Junkes, maior divulgador da literatura catarinense das últimas décadas, também professor e presidente da Academia Catarinense de Letras.
Eu o considerava um participante do Grupo Literário A ILHA, pois desde o início do grupo, há trinta anos, ele divulgou as nossas atividades, nossas publicações e publicou textos no Suplemento Literário A ILHA. Inclusive, para provar isso, ele é um dos verbetes do meu livro ?A Nova Literatura Catarinense ? Escritores Catarinenses e o Grupo Literário A ILHA?, volume com biografia, bibliografia, fortuna crítica e amostra da obra de autores que participam ou participaram do nosso grupo.
Lauro sempre foi um incansável leitor e pesquisador da literatura que se produzia e se produz nesse estado Catarina, além de resgatar a obra de grandes escritores da terra, como Cruz e Sousa, Luiz Delfino e tantos outros.
Santa Catarina perde o porta-voz da sua literatura, o homem que dedicou grande parte de sua vida a apreciar e avaliar os novos escritores catarinenses, revelando novos talentos e valorizando cada nova obra que aparecia.
Ele era a sentinela sempre atenta, tomando conhecimento de tudo o que se escrevia em Santa Catarina, para registrar, publicando sua apreciação para que o público leitor também soubesse das novidades.
É uma lacuna que dificilmente vai ser preenchida. Lauro Junkes era a literatura catarinense personificada. Temos outros divulgadores da literatura catarinense, mas o trabalho como ele o fazia, não se fará mais. Ele não era, simplesmente, um crítico literário: era um apreciador, um incentivador, um motivador da cultura em nosso estado.
Vai fazer muita falta. Os escritores, os alunos, os amigos, o meio literário e cultural catarinense já sentem a sua ausência, já sentem a imensa perda que os acometeu.
A saudade que ele deixa é grande e vai ficar muito maior.
Por Luiz Carlos Amorim ? Escritor

 

edição 1242

Comentários

João Baptista Herkenhoff
29/10/2010 22:40
Sentença muda a rota de uma vida

João Baptista Herkenhoff

Dentre as milhares de decisões que proferi na carreira de juiz, há uma que me traz especial alegria e feliz lembrança porque, com a ajuda de Deus, mudou a rota de uma vida. Veio a se tornar muito conhecida porque pessoas encarregaram-se de espalhá-la: por xerox, primeiramente; depois por mimeógrafo; depois por e-mail; finalmente, veio a ser estampada em sites da internet através de primorosos trabalhos de arte com som e imagens, produzidos por pessoas que não conheço pessoalmente: Odair José Gallo e Mari Caruso Cunha.
Hoje, aos 74 anos, a memória visual me socorre. Sou capaz de me lembrar do rosto de Edna, a protagonista do caso, e do ambiente do fórum, naquela tarde de nove de agosto de 1978, há trinta e dois anos portanto. Uma mulher grávida e anônima entrou no fórum sob escolta policial. Essa mesma mulher grávida saiu do fórum, não mais anônima porém Edna, não mais sob escolta porém livre.
Após ouvir, palavra por palavra, o despacho que a colocou em liberdade, Edna disse que se seu filho fosse homem ele iria se chamar João Batista. Mas nasceu uma menina, a quem ela colocou o nome de Elke, em homenagem a Elke Maravilha.
Edna declarou no dia da sua liberdade: poderia passar fome, porém prostituta nunca mais seria.
Passados todos estes anos, perdi Edna de vista. Nenhuma notícia tenho dela ou da filha. Entretanto, Edna marcou minha vida. Primeiro, pelo resgate de sua existência. Segundo, pela promessa de que colocaria no filho por nascer o nome do juiz. Era o maior galardão que eu poderia receber, superior a qualquer prêmio, medalha, insignia, consagração, dignidade ou comenda. Lembremo-nos de Jesus diante da viúva que lançou duas moedinhas no cesto das ofertas: ?Eu vos digo que esta pobre viúva lançou mais do que todos, pois todos aqueles deram do que lhes sobrava para as ofertas; esta, porém, na sua penúria, ofereceu tudo o que possuía para viver.? (Lucas, 21, 1 a 4). Edna era humilde e pobre. Sua maior riqueza era aquela criança que pulsava no seu ventre. Ela não me oferecia assim alguma coisa externa a ela, mas algo que era a expressão maior do seu ser. Se a promessa não se concretizou isto não tem relevância, pois sua intenção foi declarada. O que impediu a homenagem foi o fato de lhe ter nascido uma menina. Em razão do que acabo de relatar, se eu encontrasse Edna, teria de agradecer o que ela fez por mim. Edna me ensinou a ser juiz. Edna me ensinou que mais do que os códigos valem as pessoas. Isso que eu aprendi dela tenho procurado transmitir a outros, principalmente a meus alunos e a jovens juízes.
Segue-se a íntegra da decisão extraída da folha 32 do Processo número 3.775, da Primeira Vara Criminal de Vila Velha:
A acusada é multiplicadamente marginalizada: por ser mulher, numa sociedade machista; por ser pobre, cujo latifúndio são os sete palmos de terra dos versos imortais do poeta; por ser prostituta, desconsiderada pelos homens, mas amada por um Nazareno que certa vez passou por este mundo; por não ter saúde; por estar grávida, santificada pelo feto que tem dentro de si, mulher diante da qual este juiz deveria se ajoelhar, numa homenagem à Maternidade, porém que, na nossa estrutura social, em vez de estar recebendo cuidados pré-natais, espera pelo filho na cadeia.
É uma dupla liberdade a que concedo neste despacho: liberdade para Edna e liberdade para o filho de Edna que, se do ventre da mãe puder ouvir o som da palavra humana, sinta o calor e o amor da palavra que lhe dirijo, para que venha a este mundo tão injusto com forças para lutar, sofrer e sobreviver.
Quando tanta gente foge da maternidade; quando milhares de brasileiras, mesmo jovens e sem discernimento, são esterilizadas; quando se deve afirmar ao mundo que os seres têm direito à vida, que é preciso distribuir melhor os bens da Terra e não reduzir os comensais; quando, por motivo de conforto ou até mesmo por motivos fúteis, mulheres se privam de gerar, Edna engrandece hoje este Fórum, com o feto que traz dentro de si.
Este Juiz renegaria todo o seu credo, rasgaria todos os seus princípios, trairia a memória de sua Mãe, se permitisse sair Edna deste Fórum sob prisão.
Saia livre, saia abençoada por Deus, saia com seu filho, traga seu filho à luz, que cada choro de uma criança que nasce é a esperança de um mundo novo, mais fraterno, mais puro, algum dia cristão.
Expeça-se incontinenti o alvará de soltura.

João Baptista Herkenhoff, professor pesquisador da Faculdade Estácio de Sá de Vila Velha (ES), palestrante e escritor. Autor de Mulheres no banco dos réus ? o universo feminino sob o olhar de um juiz. Rio, Editora Forense, 2008.
E-mail: jbherkenhoff@uol.com.br
Homepage: www.jbherkenhoff.com.br

N. B. ? É livre a divulgação deste artigo. Proponho-me a enviar novos textos para os jornais impressos ou virtuais que manifestem interesse em recebê-los.

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