Pesquisa demonstra que erva-mate ajuda a perder peso - Jornal Cruzeiro do Vale

Pesquisa demonstra que erva-mate ajuda a perder peso

16/11/2009

Itajaí/SC - Estudo desenvolvido por pesquisadores do curso de Nutrição da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), sugere que o consumo de erva-mate ajude na perda de peso e gordura no fígado, aumento da taxa de HDL (bom colesterol) no sangue e diminuição da taxa de glicemia. Para a pesquisa foram estudados 36 ratos adultos, da linhagem (raça) Wistar, que possuem características fisiológicas parecidas com as do ser humano.

O estudo conclui que a erva-mate comercializada para fabricar o chimarrão pode ter papel cardioprotetor. Em relação às taxas de LDL (mau colesterol) e colesterol total, não ocorreram reduções. Segundo os pesquisadores, um dos efeitos benéficos constatados (perda de peso) pode ser atribuído à substância cafeína, que promove, no organismo, o efeito lipolítico (uma espécie de quebra de gordura), além de elevar o gasto de energia pelo organismo (taxa de metabolismo basal).

O resultado é uma boa notícia aos apreciadores da erva-mate. No Brasil, a média anual de ingestão, é de 1,2 quilos por pessoa. Como a tradição de tomar chimarrão e tererê é mais forte nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, alguns indivíduos bebem isso em uma semana.

Os pesquisadores advertem, no entanto, que, apesar dos resultados serem favoráveis ao consumo da erva-mate, a forma como é realizada a ingestão pode não ser a ideal para a saúde humana. No caso do chimarrão, a bebida é consumida quente numa temperatura média de 80ºC. Com isso, a população do Rio Grande do Sul, campeã no consumo de chimarrão, também lidera o índice de incidência de câncer de esôfago no país. O costume de tomar chimarrão em temperaturas fora do recomendável é um dos principais motivos.

"A infusão da erva-mate quando consumida fria, parece ter um efeito protetor na carcinogênese, considerando que não foram encontradas evidências de que os compostos químicos presentes na bebida tenham alguma influência no câncer", diz Sandra Soares Melo, pesquisadora do curso de Nutrição da Univali.

As propriedades da erva-mate

Os pesquisadores da Univali relacionam as propriedades terapêuticas ao alto conteúdo de derivados de ácidos caféicos. Estes ácidos e os seus derivados têm exibido propriedade antioxidante em sistemas químicos e biológicos. "É possível que o mate seja um importante condutor de antioxidantes (substâncias capazes de impedir, reparar e reconstituir os danos causados pelos radicais livres nas células, como alteração da molécula de DNA - o que pode levar a mutação - processo de alteração na célula presente no câncer) pela capacidade de suprir os derivados de ácidos caféicos e outros polifenóis", aponta Sandra Soares Melo.

Muitos compostos polifenólicos (presentes também no vinho tinto, chá verde entre outros) têm sido relatados por exibir efeitos preventivos em diferentes sistemas de modelo animal e in vitro por afetar a fase de indução ou promoção da formação do câncer.

Segundo as pesquisas, estes compostos podem inibir a formação de tumores no estômago, cavidade oral e próstata, além de outros órgãos. Entretanto as concentrações utilizadas nos estudos com culturas de células seriam muito superiores àquelas encontradas in vivo e os mecanismos propostos para prevenção do câncer a partir de estudos celulares devem ser capazes de ter os mesmos efeitos demonstrados in vivo.

Testes de genotoxicidade (testa a possibilidade de uma substância ser tóxica ou proteger dos efeitos tóxicos ao DNA da célula) constituem parte importante da pesquisa do câncer para a avaliação de risco de possíveis carcinógenos e seus inibidores. O estudo avaliou o índice de polifenóis totais (substâncias com ação antioxidante) da infusão de erva-mate e seu potencial anti-genotóxico.

Utilização remete ao século 16

A utilização da erva-mate é antiga e remete aos tempos da colonização da América do Sul no século 16, quando os soldados espanhóis aprenderam a apreciar o chá da erva-mate por meio dos índios Guarany. Os historiadores contam que os colonizadores, acostumados a ingerir álcool até a exaustão, sofriam com tremendas ressacas, curadas pelo efeito da erva que ativava o fígado e auxiliava na cura do mal-estar.

 

Fonte: Sandra Soares Melo, pesquisadora do curso de Nutrição da Univali.

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