Recentemente li um artigo do Sociólogo Wagner Iglecias da USP, intitulado ?o que sabemos sobre a América Latina??. Nesse texto o professor descreve o quanto que o brasileiro médio desconhece sobre o nosso continente, sobre nossa história e cultura, nossas similitudes e diferenças e a posição da América Latina na geopolítica internacional.
Desde o período da colonização parece que a América Lusitana virou as costas para a América Espanhola, talvez por uma disputa de rivalidade entre as duas antigas potências. Nesse sentido, construímos nossa cultura (a cultura brasileira) esquecendo-nos de nossos vizinhos e mirando o modelo de vida e de organização social dos europeus, e mais recentemente dos estadunidenses. Enquanto que a maioria dos países da América espanhola foram construídos com bases culturais muito similares.
O ensino nas escolas brasileiras, tanto público quanto privado, demonstra o déficit de atenção que se dá para os temas ligados à América Latina. Em História fala-se mais da Europa do que da América Latina. Ensina-se sobre a Idade Média, o Iluminismo, a formação dos Estados nacionais, a Primeira e Segunda Guerra Mundial, mas não de estuda a história latino-americana. Na filosofia, estuda-se os filósofos europeus: Immanuel Kant, Fredrich Nietzsche, entre outros, mas pouco ou nada se fala dos pensadores latino-americanos ou mesmo sobre os modos de pensar do nosso povo, como a cosmovisão indígena por exemplo. O estudo sobre a América Latina se dá em pinceladas rápidas ao longo de todos os anos de ensino, o que demonstra o quanto nosso sistema de ensino é eurocêntrico.
Acontece que na atual conjuntura geopolítica em que vivemos, as parcerias entre vizinhos ganham cada vez mais força e nesse sentido, a formação do MERCOSUL, UNASUL e CELAC, por exemplo, ganham cada vez mais destaque em nível internacional. Dessa forma, pensando na integração latino-americana e na valorização das culturas aqui presentes, é necessário se pensar em novas formas de ensino nas escolas tanto públicas quanto privadas, que não sejam tão eurocêntricas, que se preocupem com a interculturalidade e sobretudo com a valorização do que é do sul. É por meio disso que aprenderemos a valorizar a nossa identidade e cultura.
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