A gente sempre tem mais alguma coisa pra dizer, dos elogios que deixamos de dar, das desculpas em nossas discussões, das vezes que deixamos de dizer ?Eu te amo?. Por isso tinha esse fio de esperança.
Meu pai só fez amigos durante a vida, a presença de todos vocês no momento de despedida comprova a pessoa especial que ele é. Tantos amigos que provavelmente eu nem saiba o nome da maioria, espalhados em todo o lugar, parentes, familiares e amigos. Amigos que vieram de Florianópolis, aos amigos que nos mandaram homenagem de Recife. Se por um acaso esqueci de mencionar alguém nessa homenagem, por favor, desculpe, pois são todos pessoas especiais.
De perto ou de longe, agradeço o carinho por virem se despedir do meu pai, uma pessoa especial, companheira. O Ricardo, meu pai, fez escolhas na vida. Há 10 anos, foi escalado para outro jogo, mas escolheu ficar conosco. Um pouco mais atrás, escolheu ser pai, meu pai, pai da Desi, pai da Mayra. Escolheu assumir o lugar de pai do Marcelo, do Rodrigo e da Isabel. Como irmão mais velho, escolheu ser forte.
Meu pai escolheu ser pai quando um grande amigo e companheiro nos deixou. Ser pai do Dado, do Ique e do Felipe, meus primos. Quando o Danilo veio de São Paulo sozinho, meu pai o adotou como filho, e que com a Desi nos trouxe a Beatriz. Alegria da casa, que mesmo neste momento de tristeza, nos deixa com um sorriso no rosto. Lembro que esse vô adorava essa neta.
Champ e Lú, cunhado e namorada, meu pai já nos deixou a nova família formada quando os adotou como filhos. Meu pai escolheu ser sempre amigo, dos grandes companheiros Kathia e Pigatto, Dái e Serginho, Elza e Camarão; e ser a parte forte da família, unindo-nos Marcelo e Elane, Ricardo e Isabel, Lili e Dudu, tio Junior (Ah, tio Junior, como você é especial para o meu pai), Rodrigo, vovós que hoje não puderam estar presentes, Vida e Dalila, nossas cachorras (A Vida nessa última semana foi companheira inseparável do pai, desde a internação ficou deitada sobre o seu travesseiro, e ontem, quando o terno escolhemos, o que sobrou sobre a cama, virou sua nova estada).
O Ricardo tinha dois compromissos inadiáveis na semana, onde tinha grandes amigos: a Bocha de terça-feira, nos Canarinhos, e o futebol de quinta, com a turma do Sítio Saíra São João, o Sítio do Vile. Escolheu viver o que o fazia feliz. Ele não queria que ninguém sofresse por ele, talvez por isso esse ocaso repentino. De todos os amigos que fez, ninguém conseguia guardar rancor dele. Mesmo nas discussões sabíamos que era coisa da hora, que passava na hora. Ele é um cara de coração puro.
Mas meu pai companheiro, de ninguém foi mais companheiro do que da minha mãe. Mãe, todos os dias ele diz que te ama. Talvez por isso que ele construiu toda essa rede de conforto, tinha tantos amigos, para que quando esse momento chegasse, tenhamos estrutura para estar sem sua presença.
Obrigado, pai, por nos deixar memórias tão ricas e cheias de amor e alegria. Durante esta noite, pensando nessas palavras, pensei numa música que pudesse dizer o que é meu pai. A música de Roberto Carlos fala isso: ?Amigo de fé?.
Ricardo Fontes Schramm Junior
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