Desde os anos 1970 é possível verificar que a cultura popular passou por um grande processo de massificação, erguendo os pilares do que hoje se conhece por indústria da cultura. Esse processo de massificação adentra na lógica mercantil concebendo que a cultura deve ser um produto que se compra no supermercado e que se renova a cada mês, fazendo surgir novas sensações que levam a grande massa a comprar e comprar.
Um grande exemplo atual da indústria da cultura é a ?degeneração? da música brasileira. Recentemente uma tese de doutorado foi realizada em cima dessa temática pelo Professor da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN) Jean Henrique Costa, onde aborda a relação do forró eletrônico com a indústria cultural e com a massificação da cultura no Brasil. Entretanto, não é necessário um grande esforço intelectual para perceber que a produção cultural de massa atualmente não se pauta mais na reflexão crítica, na ideologia e na condição humana. Hoje, as músicas que fazem sucesso são uma apologia ao sexo e a ?bebedeira?. Elas demonstram o nível de autoritarismo que existe na sociedade brasileira ao tentar padronizar as relações sociais e ao tentar imprimir um status social único, onde o sexo, prazer e diversão movem o cotidiano. As grandes indústrias da cultura ganham dinheiro ao patrocinar esse tipo de música, com temáticas fáceis, sem nenhum tipo de pensamento crítico e racional, onde só há repetição e reprodução do que existe.
Não há nada de novo nisso. O empobrecimento da música brasileira cada vez faz mais parte do cenário social, em detrimento da cultura crítica e filosófica, que cada vez mais vem perdendo espaço. Isso tudo, claro, é influenciado pela mídia sensacionalista, que desova na sociedade todas as mazelas das produções ditas culturais dessa indústria, e por meio disso faz nascer as novas ?sensações? do momento, que daqui a três meses nunca mais se ouvirá falar.
Mas, há uma luz no fim do túnel. Temos que valorizar a cultura popular, produzida pelo povo e para o povo, e não a cultura de massa produzida pelas grandes empresas para o povo. É valorizando o que é nosso que podemos construir uma sociedade com mais cultura, arte e mais feliz.
Thiago Burckhart
Estudante de Direito
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