Valéria Melato Cadore conta detalhes da vida marcada por amor e vocação - Jornal Cruzeiro do Vale

Valéria Melato Cadore conta detalhes da vida marcada por amor e vocação

03/04/2013

O sorriso estampado no rosto e o carinho no olhar refletem a bela vida que Valéria Melato Cadore teve. Hoje com 78 anos, ela revela que, apesar de difícil e muitas vezes cansativa, sua trajetória é motivo de muito orgulho. Marcada pela vontade de trabalhar, pela dedicação à família e pelo desejo em querer seguir em frente sempre, a vida desta querida senhora é um exemplo para muitos. Os momentos de maior felicidade, os dias que foram responsáveis por algumas lágrimas e as pessoas que lhe ajudaram a trilhar este longo caminho ainda estão guardados com muito carinho na memória de dona Valéria.

 

História de vocação e amor à família

fotopg11abrecolorMD.jpgSer fotografada é algo que não agrada dona Valéria Melato Cadore. Mesmo assim, ao nos receber, a senhora de 78 anos demonstra simpatia e vontade de relatar parte da longa e bela história de vida. Nascida em 30 de maio de 1934, a filha de Antônio e Ana Melato nasceu e cresceu no bairro Barracão, que na época pertencia a Brusque. Valéria cresceu ao lado de 10 irmãos e era a mais nova entre as seis mulheres. Por ser a caçula, ela não precisou trabalhar na roça como os demais membros da família. Dessa maneira, a querida senhora pôde se dedicar aos estudos, algo que era considerado prioridade, segundo ela. ?Sempre me esforcei ao máximo na escola porque queria orgulhar meus pais?.

Esta paixão pelos estudos desde muito nova fez com que dona Valéria continuasse estudando para que, aos 18 anos, se tornasse professora. Diariamente, ela seguia para a Escola Isolada Municipal do Óleo Grande para trabalhar. Imersa em muitas lembranças e abrindo um grande sorriso, ela revela que amava o que fazia e por isso se dedicava tanto. ?Nasci para ensinar. Realmente, era a minha vocação?, ressalta. Dois anos após começar a trabalhar na escola do Óleo Grande, Valéria conheceu o primeiro e único namorado. Em meio a sorrisos, ela afirma que foi amor à primeira vista. Leonídio Cadore, mais conhecido como Ido, morava na Praia de Laranjeiras, mas vinha constantemente a Gaspar, onde o casal se conheceu.

O namoro durou três anos e em seguida os dois se casaram. A senhora de 78 anos se mudou para Laranjeiras, já que o marido trabalhava por lá. Mesmo assim, dona Valéria fez questão de continuar trabalhando na escola do Óleo Grande. ?Eu amava muito trabalhar na escola?. Todos os dias, ela seguia de carroça, em meio a estradas cheias de buraco e lama, para o educandário. Esta foi sua rotina durante 16 anos, até que ela e seu Ido retornaram ao Barracão, já que em Laranjeiras era muito difícil para os filhos estudarem. Dona Valéria continuou trabalhando na escola durante mais nove anos, até se aposentar em 1981.

Juntos, Valéria e Leonídio tiveram seis filhos, dos quais cinco estão vivos, além de oito netos e um bisneto. Repleta de carinho na voz e no olhar, a simpática senhora destaca que eles são sua grande alegria. Após uma hora de conversa, diversos sorrisos e algumas lágrimas, dona Valéria se despede convidando para um café em uma próxima ocasião ? mas sem a câmera fotográfica.

Um grande amor preservado com o tempo

fotopg11retrancacolorMD.jpgPor mais de três décadas, Valério e Ido Cadore ficaram casados. Ao falar sobre o marido, as lágrimas correm pelo rosto da simpática senhora, revelando o quanto sente sua falta. Seu Ido morreu em 1993, quando, ao levar uma de suas filhas a um casamento, sofreu um acidente de carro. Ele morreu na hora e sua filha ficou gravemente ferida. Desde então, dona Valéria nunca mais se casou e diz que nem pretende, já que nenhum homem será tão incrível e especial quanto seu marido. ?Sei que ninguém é perfeito, somente Deus. Mas eu posso garantir que meu marido era?, diz, emocionada.

Durante todo o tempo em que ficaram casados, Valéria e Ido se tornaram melhores amigos e companheiros. Quando ele partiu, a senhora de 78 anos revela que conseguiu seguir em frente graças ao apoio de amigos e familiares e muita fé em Deus. Hoje, dona Valéria ainda vive no bairro Barracão com uma de suas filhas. Seus dias são preenchidos pela companhia de familiares e amigos e pela atenção que dedica às flores que cultiva no jardim.

 

 

Edição 1476