Hospitais das regiões Sul e Norte de Santa Catarina têm greves e atrasos nos repasses. Nesta quarta-feira (7), os funcionários do Hospital São Marcos, em Nova Veneza, no Sul, entraram em greve. Os hospitais Infantil de Joinville, no Norte, e São José de Criciúma, no Sul, têm atrasos em repasses.
Em Nova Veneza, a maioria dos 70 servidores do Hospital São Marcos aderiu à paralisação. O motivo, segundo eles, é o atraso no pagamento dos salários, que deveria ter sido feito na terça (6). Somente pacientes internados e casos graves são atendidos.
Por mês, o Hospital São Marcos atende cerca de 1,8 mil pacientes, mas com a greve do Hospital São José em Criciúma esse número passou para 2,5 mil pessoas.
O hospital é administrado pelo Instituto de Saúde e Educação Vida. Segundo o administrador da unidade, o repasse da prefeitura ao hospital vem no sábado (10) e o do governo do estado, os dias 15 e 20 de dezembro.
Na tarde desta quarta (7), atendendo ao pedido do Ministério Público de Santa Catarina e da Secretaria de Estado da Saúde, a direção do Hospital Infantil resolveu manter o pronto socorro aberto.
Mas alertou: se até a próxima quarta (14) não houver pagamento, o hospital não vai mais ter condições de prestar qualquer serviço. Por enquanto, os atendimentos eletivos continuam suspensos. Até a noite desta quarta (7), aproximadamente 600 crianças e adolescentes deixaram de ser atendidos.
Todos os atendimentos que não são de urgência foram suspensos desde segunda (5). O hospital alega que ainda tem quase R$ 14 milhões a receber do governo do estado. Na terça (6), foram depositados R$ 2,2 milhões, mas o valor só cobriu o pagamento dos funcionários. Falta ainda pagar fornecedores e os médicos.
Por enquanto, a Secretaria de Estado da Saúde não anunciou um novo repasse ao Hospital Infantil.
Outro hospital que também enfrenta problemas é o São José em Criciúma. Na terça (6), o estado anunciou liberação de recursos, mas o défice nas contas da instituição, que depende tanto do estado como do município, ainda não fechou, segundo a unidade.
A dívida é de R$ 25 milhões. Segundo o relatório apresentado pelo Hospital São José, o valor do défice mensal é de R$ 2,5 milhões, dinheiro que deveria ser pago pelos serviços prestados através do Sistema Único de Saúde (SUS) entre dezembro de 2015 até setembro desse ano.
"Nós temos um contrato assinado e já apresentamos todas as notas fiscais de pagamento. Esse relatório já foi entregue para o próprio estado e também para o município, onde consta, referente ao contrato, tudo o que foi recebido", explicou Cristiano da Silva Lazzarin, do departamento financeiro do hospital.
Nesse relatório há todos os valores recebidos, os serviços prestados e o que não foi pago. "Nós recebemos, em bloqueio, R$ 20 milhões. Então, esses R$ 20 milhões divididos pelos 10 meses que estamos sem receber, ficaram R$ 2 milhões por mês, que nós fizeram chegar até aqui", disse Lazzarin.
Há duas semanas, os atendimentos pelo SUS foram suspensos. Só os pacientes graves e os serviços de oncologia e hemodiálise estão funcionando. Mas esses serviços também podem parar. O salário dos funcionários está atrasado e a isntituição já fez até um empréstimo.
Nesta quarta, a Secretaria de Saúde do estado repassou quase R$ 2 milhões para a conta do Fundo Municipal de Saúde. Esses valores são referentes a serviços de oncologia prestados nos últimos seis meses. Esse dinheiro será depositado até sexta (9) na conta do hospital. Só que tanto o município quanto o estado questionam os números apresentados pela instituição.
A Secretaria diz que a dívida do estado está paga. A prefeitura também diz que os números não batem e que o município deve para o hospital R$ 1,5 milhão.
"O Hospital São José pensa que esses valores repassados não são suficientes. O que o município tem de relatório comprova que os pagamentos foram feitos. Nas contas do estado e do município, a dívida está quitada. Nas contas do hospital, não. Por isso, a gente pede um estudo mais aprofundado, com a participação do Ministério da Saúde, para tentar sanar essas dúvidas", disse o presidente do comitê gestor da Prefeitura de Criciúma, Silvio Avila Junior. Essa auditoria deve ser feita até o final do ano.
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