Crescêncio nasceu em 11 de setembro de 1946, no bairro Gasparinho, em Gaspar. Filho de Hermógenes e Evelina dos Santos, com apenas três anos mudou-se com a família para Ilhota, onde cresceu cercado pelo ritmo da vida na roça. Foi neste ambiente, rodeado pela simplicidade e pelo trabalho árduo, que aprendeu os valores que carrega até hoje.
Seu Crescêncio estudou até o quarto ano e frequentou a Escola Ilhotinha. Como a maioria das famílias da sua época, dedicou-se desde cedo ao trabalho na roça. Ao lado do pai e dos irmãos, plantou alimentos como milho e aipim e cuidou do gado, aprendendo na prática a importância da disciplina, da paciência e do cuidado com tudo ao seu redor.
Até os 22 anos, seu Crescêncio trabalhou na roça, onde aprendeu na prática o valor do esforço diário. Depois, começou a trabalhar como tintureiro na Linhas Círculo, em Gaspar. Ainda morando em Ilhota, fazia diariamente o percurso até o trabalho de trem e liturina. Permaneceu na Círculo por 12 anos, até decidir abrir seu próprio negócio: uma venda/mercado em Ilhota, que manteve por cinco anos.
Trabalhar nunca foi um problema para ele. Com muita força de vontade, passou por empresas como Viação Verde Vale e Plasvale, sempre com dedicação e disciplina. Mesmo diante das mudanças e desafios da vida, a fé foi seu porto seguro. Ao fechar sua empresa, lembra-se de ter se ajoelhado em frente ao sacrário, pedindo saúde e emprego: “E Deus nunca deixou faltar essas duas coisas”. É essa fé inabalável que sempre guiou seus passos.
Algumas pessoas descobrem seu verdadeiro dom já no primeiro emprego, na adolescência. Outras passam a vida inteira procurando, e mesmo assim não se encontram. No caso de Crescêncio dos Santos, foi nas vendas que ele encontrou sua verdadeira vocação.
Ao longo da vida, seu Crescêncio exerceu diferentes funções: trabalhou na roça, foi tintureiro, passou por empresas de diversos segmentos e até foi patrão. Mas foi como vendedor que se reconheceu plenamente: o prazer de lidar com pessoas, entender suas necessidades e construir relações de confiança tornou-se seu maior legado.
Depois de passar por empresas do ramo de embalagens em Gaspar, Blumenau e Brusque, seu Crescêncio encontrou, há sete anos, na Distribuidora Schmitt, de Gaspar, um ambiente onde seu talento como vendedor é reconhecido e respeitado, e onde pode seguir trabalhando com alegria e no seu próprio ritmo.
Seu Crescêncio é aposentado, mas continua trabalhando como vendedor com grande satisfação. “Eu nasci para ser vendedor. Sou acostumado a lidar com pessoas. Se eu parar de trabalhar, vou entrar em depressão”.
Com carga horária flexível, que lhe permite bastante tempo para atividades de lazer, dedica-se ao atendimento aos clientes. Vestindo a camiseta azul do uniforme e segurando sua pasta preta, percorre Gaspar e Ilhota a pé ou de ônibus. Com cronograma definido, visita cada cliente no dia certo, mantendo o ritmo que escolheu e fortalecendo laços que, muitas vezes, se transformaram em amizade. “Nesses anos todos como vendedor, muitos clientes viraram amigos”.
Em toda sua trajetória como vendedor, Crescêncio trabalhou de diversas maneiras. Houve épocas em que lançava os pedidos em blocos de papel, fazia a entrega das mercadorias e ainda realizava as cobranças. Hoje, mesmo aos 79 anos, adaptou-se às tecnologias e utiliza o celular para registrar suas vendas. “Seu Crescêncio é um exemplo dentro da nossa empresa. Para ele, não existe tempo ruim. Faça chuva ou faça sol, ele pega a maleta de trabalho e sai para atender os clientes. Tem uma situação que me marcou muito: um certo dia de chuva e frio, ele estava muito gripado. Pedi para ele ir para casa tomar um chá e descansar. Mas ele não foi, disse que não podia deixar os clientes na mão. Temos muito orgulho de tê-lo em nossa equipe”, disse Gilberto Schmitt Filho, proprietário da Distribuidora Schmitt.
Enquanto muitos aproveitam a aposentadoria para descansar, Crescêncio dos Santos encontra alegria e propósito em se manter ativo. Nos momentos de folga, se dedica à horta, cuidando pessoalmente de cada fruta ou legume plantado. Com a enxada na mão, capina, arruma a terra e cultiva uma grande variedade de alimentos: alface, repolho, batata doce, abóbora, banana, cenoura, couve-flor, brócolis e muito mais.
A música também faz parte da sua vida. Desde os 18 anos, toca gaita, instrumento que foi aperfeiçoando ao longo dos anos, e anima missas em diversas comunidades de Gaspar, levando alegria e emoção a quem o escuta. Viajar é outra paixão, sempre acompanhado dos grupos de que participa, como o ‘Amigos de Fé’, que se reúne regularmente para conhecer novos destinos. Também é integrante ativo da Capela Santa Rita, no bairro Sete de Setembro, onde, junto da esposa, dedica-se a manter vivas as atividades e tradições da comunidade.
Para seu Crescêncio, lazer não é apenas descanso: é oportunidade de cultivar a vida, espalhar alegria e continuar fazendo parte do mundo ao seu redor.
Algumas histórias de amor inspiram pela força, pela cumplicidade e pela perseverança. A de Crescêncio e Teresa Ferrari dos Santos é assim: construída com mãos dadas, superando desafios, celebrando alegrias e mantendo a fé como guia.
Essa história de amor começou oficialmente em março de 1970, com o início do namoro, e foi tão certeira que em seis meses o noivado já estava anunciado e o casamento aconteceu em 5 de junho de 1971. Desde então, estiveram lado a lado em todas as fases da vida: nos altos e baixos, nos momentos de tristeza e alegria, de dor e de felicidade... enfrentando desafios e comemorando conquistas juntos. “Nunca perdemos a fé nem desanimamos. Sempre lutamos juntos”, resume seu Crescêncio, lembrando que a força da família e da religião foi o alicerce para superar todas as dificuldades e manter a paz e a união que hoje tanto agradece a Deus.
Da união de Crescêncio e Teresa vieram cinco filhos: José Roizy, Leninha, Rosiane e os gêmeos Roberto e Rogério, que faleceram ainda bebês. A família ficou completa com a chegada dos cinco netos, que são a alegria dos encontros.
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